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edição de 22 de fevereiro de 2016

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eyond the line<br />

Marina Cota<br />

Freio <strong>de</strong> arrumação<br />

Em vez <strong>de</strong> ficarmos nos lamuriando pelos<br />

cantos, é hora <strong>de</strong> pensar nas adaptações<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

Diz o dito popular: “É no chacoalhar do<br />

caminhão que as melancias se ajeitam”.<br />

E o nosso caminhão da macroeconomia<br />

vem chacoalhando e fazendo curvas<br />

perigosas pelas estradas <strong>de</strong> <strong>2016</strong>. Mas,<br />

além <strong>de</strong> chacoalhar (e como chacoalha!),<br />

ele também freia. E, a cada freada mais<br />

brusca, provoca uma arrumação na sua frágil<br />

carga.<br />

Mas o caminhão não para: aos trancos e<br />

barrancos, vai tocando a sua jornada épica<br />

para chegar a algum <strong>de</strong>stino. Paro por<br />

aqui com a metáfora e parto para a realida<strong>de</strong>.<br />

Na semana passada, acompanhei o<br />

evento Lacte 11, focado no segmento <strong>de</strong><br />

viagens corporativas, incentivo e eventos.<br />

O evento é realizado pela Alagev (Associação<br />

Latino-Americana <strong>de</strong> Gestores <strong>de</strong><br />

Eventos e Viagens Corporativas).<br />

Como faz todo ano, a Alagev apresentou<br />

o seu IEVC (Indicadores Econômicos<br />

das Viagens Corporativas), baseado em<br />

estudo feito pela instituição, em parceria<br />

com o Senac.<br />

Os números referem-se à movimentação<br />

econômica do setor no ano passado.<br />

Como se esperava, o caminhão do setor <strong>de</strong><br />

viagens corporativas (lá vou eu com a metáfora<br />

outra vez...) pisou no freio em 2015.<br />

Depois <strong>de</strong> acompanhar anos seguidos<br />

<strong>de</strong> crescimento, o setor apresentou uma<br />

redução <strong>de</strong> 3,6%, chegando a um total <strong>de</strong><br />

receitas equivalente a R$ 38,73 bilhões,<br />

em comparação com os R$ 40,17 bilhões<br />

<strong>de</strong> 2014.<br />

Consequentemente, o impacto direto<br />

na economia também diminuiu <strong>de</strong> R$<br />

75,93 bilhões em 2014 para R$ 70,57 bilhões<br />

em 2015. E, nesse dominó perverso,<br />

os empregos também sofreram: foram gerados<br />

725.589 vagas diretas e indiretas, o<br />

que também representou queda em relação<br />

ao ano anterior, quando o setor gerou<br />

752.921 postos <strong>de</strong> trabalho.<br />

Olhando os números com mais atenção,<br />

porém, vemos que a “arrumação” acaba<br />

<strong>de</strong>sfavorecendo alguns setores, mas o impacto<br />

é menor em outros. Por exemplo, o<br />

setor aéreo (o mais importante na composição<br />

da receita do setor), que representa-<br />

va 52,81% da receita em 2014, reduziu sua<br />

importância para 44,29%.<br />

Enquanto que o <strong>de</strong> hospedagem – o segundo<br />

do ranking <strong>de</strong> receitas – subiu <strong>de</strong><br />

28,64% para 33,69%. Os subsetores <strong>de</strong> alimentação<br />

e <strong>de</strong> locação <strong>de</strong> carros também<br />

cresceram em importância. É esse tipo<br />

<strong>de</strong> arrumação que as freadas econômicas<br />

provocam.<br />

Quem consegue se segurar e se a<strong>de</strong>quar<br />

a cada chacoalhada vai sobrevivendo e até<br />

crescendo no meio da turbulência. Em um<br />

dos painéis do evento, vi Wilson Ferreira<br />

Junior, presi<strong>de</strong>nte da Ampro (Associação<br />

<strong>de</strong> Marketing Promocional) apresentar<br />

um quadro sobre o setor <strong>de</strong> eventos,<br />

constatando que as ativida<strong>de</strong>s continuam<br />

sendo realizadas, mesmo com a retração<br />

econômica.<br />

Quem fazia evento <strong>de</strong> premiação em Paris,<br />

foi para Miami. Quem fazia em Miami,<br />

veio para um resort brasileiro. Quem fazia<br />

em resort sofisticado, foi para um hotel<br />

urbano. Quem fazia em hotéis 5 estrelas,<br />

foi para 4 estrelas. E assim por diante...<br />

O importante é acompanharmos atentamente<br />

os movimentos <strong>de</strong> “arrumação”.<br />

No setor <strong>de</strong> propaganda, a recente pesquisa<br />

organizada pela Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração<br />

Nacional das Agências <strong>de</strong> Propaganda), no<br />

fim do ano passado, mostrou agências se<br />

a<strong>de</strong>quando rapidamente.<br />

No campo digital, por exemplo, <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> sofrer com perdas <strong>de</strong> receita advindas<br />

da mídia tradicional, aproximadamente<br />

30% das agências incorporaram com sucesso<br />

esse tipo <strong>de</strong> serviço em seu portfólio.<br />

Os serviços digitais já representam,<br />

em media, 11% da receita das agências.<br />

Outro movimento <strong>de</strong> arrumação no setor<br />

<strong>de</strong> agências <strong>de</strong> propaganda é a terceirização.<br />

Há claramente uma tendência <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>legar a terceiros aquilo que não é estratégico.<br />

E assim vai se dando a arrumação.<br />

É muitas vezes dolorosa, mas necessária.<br />

Em vez <strong>de</strong> ficarmos nos lamuriando<br />

pelos cantos, é hora <strong>de</strong> pensar nas adaptações.<br />

E rapidamente! Como ouvi alguém<br />

dizer no evento.<br />

Nesses tempos <strong>de</strong> arrumação contínua,<br />

existirão apenas dois tipos <strong>de</strong> empresas:<br />

as rápidas e as mortas.<br />

Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda)<br />

alexis@fenapro.org.br<br />

jornal propmark - <strong>22</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> 37

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