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eyond the line<br />
Marina Cota<br />
Freio <strong>de</strong> arrumação<br />
Em vez <strong>de</strong> ficarmos nos lamuriando pelos<br />
cantos, é hora <strong>de</strong> pensar nas adaptações<br />
Alexis Thuller PAgliArini<br />
Diz o dito popular: “É no chacoalhar do<br />
caminhão que as melancias se ajeitam”.<br />
E o nosso caminhão da macroeconomia<br />
vem chacoalhando e fazendo curvas<br />
perigosas pelas estradas <strong>de</strong> <strong>2016</strong>. Mas,<br />
além <strong>de</strong> chacoalhar (e como chacoalha!),<br />
ele também freia. E, a cada freada mais<br />
brusca, provoca uma arrumação na sua frágil<br />
carga.<br />
Mas o caminhão não para: aos trancos e<br />
barrancos, vai tocando a sua jornada épica<br />
para chegar a algum <strong>de</strong>stino. Paro por<br />
aqui com a metáfora e parto para a realida<strong>de</strong>.<br />
Na semana passada, acompanhei o<br />
evento Lacte 11, focado no segmento <strong>de</strong><br />
viagens corporativas, incentivo e eventos.<br />
O evento é realizado pela Alagev (Associação<br />
Latino-Americana <strong>de</strong> Gestores <strong>de</strong><br />
Eventos e Viagens Corporativas).<br />
Como faz todo ano, a Alagev apresentou<br />
o seu IEVC (Indicadores Econômicos<br />
das Viagens Corporativas), baseado em<br />
estudo feito pela instituição, em parceria<br />
com o Senac.<br />
Os números referem-se à movimentação<br />
econômica do setor no ano passado.<br />
Como se esperava, o caminhão do setor <strong>de</strong><br />
viagens corporativas (lá vou eu com a metáfora<br />
outra vez...) pisou no freio em 2015.<br />
Depois <strong>de</strong> acompanhar anos seguidos<br />
<strong>de</strong> crescimento, o setor apresentou uma<br />
redução <strong>de</strong> 3,6%, chegando a um total <strong>de</strong><br />
receitas equivalente a R$ 38,73 bilhões,<br />
em comparação com os R$ 40,17 bilhões<br />
<strong>de</strong> 2014.<br />
Consequentemente, o impacto direto<br />
na economia também diminuiu <strong>de</strong> R$<br />
75,93 bilhões em 2014 para R$ 70,57 bilhões<br />
em 2015. E, nesse dominó perverso,<br />
os empregos também sofreram: foram gerados<br />
725.589 vagas diretas e indiretas, o<br />
que também representou queda em relação<br />
ao ano anterior, quando o setor gerou<br />
752.921 postos <strong>de</strong> trabalho.<br />
Olhando os números com mais atenção,<br />
porém, vemos que a “arrumação” acaba<br />
<strong>de</strong>sfavorecendo alguns setores, mas o impacto<br />
é menor em outros. Por exemplo, o<br />
setor aéreo (o mais importante na composição<br />
da receita do setor), que representa-<br />
va 52,81% da receita em 2014, reduziu sua<br />
importância para 44,29%.<br />
Enquanto que o <strong>de</strong> hospedagem – o segundo<br />
do ranking <strong>de</strong> receitas – subiu <strong>de</strong><br />
28,64% para 33,69%. Os subsetores <strong>de</strong> alimentação<br />
e <strong>de</strong> locação <strong>de</strong> carros também<br />
cresceram em importância. É esse tipo<br />
<strong>de</strong> arrumação que as freadas econômicas<br />
provocam.<br />
Quem consegue se segurar e se a<strong>de</strong>quar<br />
a cada chacoalhada vai sobrevivendo e até<br />
crescendo no meio da turbulência. Em um<br />
dos painéis do evento, vi Wilson Ferreira<br />
Junior, presi<strong>de</strong>nte da Ampro (Associação<br />
<strong>de</strong> Marketing Promocional) apresentar<br />
um quadro sobre o setor <strong>de</strong> eventos,<br />
constatando que as ativida<strong>de</strong>s continuam<br />
sendo realizadas, mesmo com a retração<br />
econômica.<br />
Quem fazia evento <strong>de</strong> premiação em Paris,<br />
foi para Miami. Quem fazia em Miami,<br />
veio para um resort brasileiro. Quem fazia<br />
em resort sofisticado, foi para um hotel<br />
urbano. Quem fazia em hotéis 5 estrelas,<br />
foi para 4 estrelas. E assim por diante...<br />
O importante é acompanharmos atentamente<br />
os movimentos <strong>de</strong> “arrumação”.<br />
No setor <strong>de</strong> propaganda, a recente pesquisa<br />
organizada pela Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração<br />
Nacional das Agências <strong>de</strong> Propaganda), no<br />
fim do ano passado, mostrou agências se<br />
a<strong>de</strong>quando rapidamente.<br />
No campo digital, por exemplo, <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> sofrer com perdas <strong>de</strong> receita advindas<br />
da mídia tradicional, aproximadamente<br />
30% das agências incorporaram com sucesso<br />
esse tipo <strong>de</strong> serviço em seu portfólio.<br />
Os serviços digitais já representam,<br />
em media, 11% da receita das agências.<br />
Outro movimento <strong>de</strong> arrumação no setor<br />
<strong>de</strong> agências <strong>de</strong> propaganda é a terceirização.<br />
Há claramente uma tendência <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>legar a terceiros aquilo que não é estratégico.<br />
E assim vai se dando a arrumação.<br />
É muitas vezes dolorosa, mas necessária.<br />
Em vez <strong>de</strong> ficarmos nos lamuriando<br />
pelos cantos, é hora <strong>de</strong> pensar nas adaptações.<br />
E rapidamente! Como ouvi alguém<br />
dizer no evento.<br />
Nesses tempos <strong>de</strong> arrumação contínua,<br />
existirão apenas dois tipos <strong>de</strong> empresas:<br />
as rápidas e as mortas.<br />
Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />
da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências<br />
<strong>de</strong> Propaganda)<br />
alexis@fenapro.org.br<br />
jornal propmark - <strong>22</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> 37