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MIOLO ELA POR ELAS Nº 8

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27<br />

Dessa forma, sobre a escolaridade,<br />

com nível superior completo estão<br />

84,3% das deputadas eleitas e 80%<br />

das senadoras. Apenas uma senadora<br />

tem nível superior incompleto e uma<br />

deputada não terminou o ensino fundamental.<br />

ARQUIVO PESSOAL<br />

Raça: desigualdade<br />

ainda maior<br />

Além da sub-representação de gênero,<br />

também chamou a atenção a<br />

grande desigualdade de “raça”/cor na<br />

legislatura eleita neste ano. As candidaturas<br />

ao cargo de deputada/o federal<br />

significam 41% de candidatos do sexo<br />

masculino e brancos, as mulheres brancas<br />

foram 17,4%, ao passo que os homens<br />

negros correspondem a 6,2%<br />

das candidaturas e as mulheres negras<br />

um percentual de apenas 3,7%.<br />

Para o demógrafo e professor da<br />

Escola Nacional de Ciências Estatísticas<br />

(ENCE/IBGE), José Eustáquio Diniz<br />

Alves, a situação é bem melhor do que<br />

há 30 anos, antes do processo de redemocratização,<br />

mas ainda falta um<br />

longo caminho para se atingir a equidade<br />

“racial” e de gênero. Uma ampla<br />

reforma política poderia mudar o quadro<br />

desigual das instituições representativas<br />

da república brasileira”, afirma.<br />

Os dados preliminares do TSE indicam<br />

que, entre as/os 513 deputadas/os<br />

eleitas/os, 410 (79,9%) se autodeclararam<br />

brancas/os, 81 deputados<br />

(15,79% ) se disseram pardas/os e 22<br />

(4,29%), pretas/os. “O que demonstra<br />

que os negros (pretos + pardos) ficaram<br />

apenas com 20% dos assentos da Câmara.<br />

Assim, os pardos e pretos estão<br />

também sub-representados na representação<br />

parlamentar. Nenhum candidato<br />

que se autodeclarou como amarelo<br />

ou índio foi eleito para a Câmara dos<br />

Deputados para a atual legislatura. As<br />

pessoas que se autodeclaram amarelos<br />

(orientais) possuem os melhores níveis<br />

educacionais, mas não conseguiram<br />

assentos no Congresso”, afirma o<br />

professor.<br />

Segundo ele, outro dado alarmante<br />

diz respeito aos povos indígenas que,<br />

mais uma vez, foram excluídos da Câmara<br />

dos Deputados. “As mulheres indígenas<br />

continuam sendo o grupo social<br />

mais discriminado do país e há 500<br />

anos sofrem com as consequências da<br />

colonização portuguesa em terras tupiniquins<br />

e com a violência real e simbólica<br />

de gênero. A população indígena sofreu<br />

um genocídio nos primeiros 300 anos<br />

da história do Brasil, sendo hoje o<br />

grupo populacional em pior condição<br />

social e o mais excluído da política e<br />

dos espaços de poder”, reforça.<br />

Vera Soares coordenadora da<br />

elaboração da nota técnica da SPM.<br />

Mais mulheres<br />

no Poder<br />

De acordo com a nota técnica As<br />

Mulheres nas Eleições de 2014, da<br />

Secretaria de Políticas para as Mulheres<br />

(SPM), o cenário decepcionante de candidaturas<br />

e das eleições que continuam<br />

excluindo a mulher e, em especial a<br />

negra e a indígena, é um indicativo da<br />

insuficiência do sistema eleitoral e político,<br />

presente hoje no Brasil. “Esse sistema<br />

necessita de mudanças urgentes<br />

para incluir de forma efetiva as mulheres<br />

na política, não só porque os partidos<br />

políticos são comandados por<br />

homens, mas também porque as candidaturas<br />

femininas não são prioritárias<br />

em termos do recebimento de financiamento<br />

por falta de apoio partidário”,<br />

diz a nota.<br />

Para a coordenadora da elaboração<br />

da nota técnica da SPM, Vera Soares,<br />

Revista Elas por Elas - Abril 2015

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