diagrama_3_set_2017
Revista Diagrama N.º 3 de setembro de 2017
Revista Diagrama N.º 3 de setembro de 2017
Transforme seus PDFs em revista digital e aumente sua receita!
Otimize suas revistas digitais para SEO, use backlinks fortes e conteúdo multimídia para aumentar sua visibilidade e receita.
AMA — Agência para a Modernização Administrativa, I.P. • ama.gov.pt • ama@ama.pt • facebook.com/ama.gov.pt • twitter.com/ama_gov_pt<br />
SETEMBRO <strong>2017</strong><br />
Joaquim<br />
Rodrigues<br />
Presidente<br />
do Conselho<br />
Diretivo do<br />
IGFEJ<br />
Município<br />
de Murça<br />
Tem o<br />
melhor<br />
sítio na<br />
Internet<br />
Cláudia<br />
Joaquim<br />
Secretária<br />
de Estado<br />
da Segurança<br />
Social<br />
Data<br />
Science<br />
for Social<br />
Good<br />
Em<br />
Portugal<br />
Entrevista<br />
Boas Práticas<br />
Entrevista<br />
Reportagem
Ficha técnica<br />
Índice<br />
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
Propriedade e Edição<br />
AMA<br />
Agência para a Modernização<br />
Administrativa, I.P.<br />
Direção<br />
Pedro Silva Dias<br />
Coordenação Editorial:<br />
Comunicação /AMA<br />
Editores<br />
Pedro Silva Dias<br />
Presidente Conselho Diretivo/AMA<br />
António Cruz<br />
Chefe Equipa Comunicação/AMA<br />
Florbela Batalha<br />
Equipa de Comunicação/AMA<br />
Fotografia<br />
Comunicação/AMA<br />
Projeto gráfico<br />
RPVP Designers<br />
Paginação<br />
Elsa Perdigão<br />
Comunicação/AMA<br />
Impressão<br />
Soartes<br />
Tiragem<br />
1500 exemplares<br />
Periodicidade<br />
Trimestral<br />
ISSN<br />
2183-9751<br />
Depósito Legal<br />
423678/17<br />
Distribuição Gratuita<br />
AMA<br />
Agência para a Modernização<br />
Administrativa, I.P.<br />
ama.gov.pt | ama@ama.pt<br />
facebook.com/ama.gov.pt<br />
twitter.com/ama_gov_pt<br />
3<br />
4<br />
6<br />
8<br />
18<br />
24<br />
26<br />
32<br />
38<br />
42<br />
44<br />
48<br />
51<br />
52<br />
56<br />
58<br />
60<br />
Editorial<br />
Pedro Silva Dias<br />
António Cruz<br />
Projeto AMA<br />
Interoperabilidade<br />
Notícias<br />
Entrevista<br />
Joaquim Carlos Pinto Rodrigues<br />
Opinião<br />
Marlene Oliveira das Neves<br />
Sara Carrasqueiro<br />
Estratégia TIC 2020<br />
Boas Práticas<br />
Município de Murça<br />
Entrevista<br />
Cláudia Joaquim<br />
Loja do Cidadão<br />
Coimbra<br />
Estatísticas<br />
Portugal InCoDe 2030<br />
Reportagem<br />
Data Science for Social Good<br />
SAMA 2020<br />
IMT online<br />
OPP<br />
Projetos vencedores<br />
Notícias<br />
Números<br />
Agenda
Editorial<br />
2 — 3<br />
Pedro Silva Dias<br />
Editor<br />
Presidente — AMA, I.P.<br />
António Cruz<br />
Editor-Adjunto<br />
Comunicação — AMA, I.P.<br />
A<br />
modernização e a simplificação<br />
dos serviços públicos tem vindo<br />
a evoluir nos últimos anos para<br />
o desenho de serviços centrados<br />
no cidadão (ou na empresa) em<br />
detrimento da focalização em quem os presta<br />
ou disponibiliza. Tem sido, por isso, cada vez<br />
mais evidente a preocupação em eliminar<br />
deslocações desnecessárias, evitar pedidos<br />
de informação em excesso ou, ainda, em<br />
concentrar num único local, físico ou digital,<br />
a prestação de um serviço que antes requeria o<br />
acesso a vários locais.<br />
Para este desígnio, e para a implementação<br />
do princípio “uma só vez” (consagrado na Lei),<br />
é fundamental a aposta na Interoperabilidade<br />
entre todos os agentes envolvidos num<br />
determinado serviço, nomeadamente todos<br />
aqueles que necessitam de trocar dados<br />
entre si. Atentas todas as vertentes inerentes<br />
à privacidade dos dados, e ao direito dos<br />
cidadãos quanto à proteção dos seus dados<br />
pessoais, só com uma Interoperabilidade fluída<br />
e funcional entre os organismos públicos<br />
poderemos algum dia atingir um estado de<br />
maturidade elevado na prestação de serviços<br />
públicos modernos e totalmente centrados no<br />
cidadão.<br />
Havendo vários níveis de Interoperabilidade<br />
a assegurar, os níveis semântico (assegurar<br />
uma linguagem comum entre os vários<br />
organismos) e técnico (garantir as ligações<br />
técnicas e comunicações entre os sistemas<br />
de informação) são porventura os mais<br />
simples de resolver. A Interoperabilidade<br />
organizacional e cultural continua a ser,<br />
como em tantas outras matérias, o maior<br />
desafio de todos nós. Nesta edição iremos<br />
aprofundar algumas destas questões<br />
e partilhar excelentes exemplos de<br />
Interoperabilidade e de modernização. ≤
Projeto AMA Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
Interoperabilidade no contexto<br />
da disponibilização de Serviços<br />
Públicos Eletrónicos<br />
Interoperabilidade é uma palavra comprida e, por vezes, difícil de pronunciar.<br />
Mas será apenas uma palavra complexa para um tema simples ou uma palavra<br />
complexa para um tema igualmente complexo?<br />
As várias dimensões que a Interoperabilidade<br />
apresenta tornam-na, de facto, um tema<br />
complexo de abordar e de implementar.<br />
Não existe por isso apenas uma definição<br />
de Interoperabilidade, mas várias, consoante<br />
as diferentes áreas e âmbitos a que é aplicada.<br />
Contudo, mesmo a definição dentro de<br />
uma mesma área e âmbito tem vindo a ser<br />
completada à medida que vamos evoluindo e<br />
“descobrindo” a sua abrangência.<br />
No contexto da disponibilização de<br />
serviços públicos a EIF 1 (Framework<br />
de Interoperabilidade Europeia) define<br />
Interoperabilidade como a capacidade de<br />
diversas organizações interagirem para<br />
atingirem objetivos comuns acordados e com<br />
mútuos benefícios, envolvendo a partilha<br />
de informação e conhecimento entre os<br />
processos de negócio por elas suportadas<br />
através da troca de dados entre os respetivos<br />
sistemas de informação.<br />
Mas qual a sua verdadeira importância no<br />
contexto Nacional e Europeu?<br />
Os processos de Interoperabilidade<br />
permitem um aumento da eficiência e eficácia<br />
nos processos de negócio das diferentes<br />
entidades a nível nacional e em grau mais<br />
elevado a nível transfronteiriço.<br />
São assim essenciais numa Europa<br />
que se pretende única e sem barreiras<br />
transfronteiriças, permitindo reduzir<br />
consideravelmente os custos administrativos<br />
das diversas Instituições e Países através da<br />
desmaterialização de processos e tarefas de<br />
introdução de dados.<br />
Esta importância tem sido expressa a<br />
nível nacional pelo estabelecimento de uma<br />
estratégia para o Governo Eletrónico que inclui<br />
a Interoperabilidade e que tem vindo a ser<br />
adaptada ao longo dos anos, mais recentemente<br />
através do PGETIC e do CTIC e a nível europeu<br />
na Agenda Digital para a Europa em 2010 e mais<br />
recentemente na Estratégia para o Mercado<br />
Único Digital.<br />
A experiência portuguesa teve um dos seus<br />
marcos na implementação do Projeto do Cartão<br />
de Cidadão.<br />
Este projeto, pela sua complexidade e pela<br />
necessidade da troca de informação entre<br />
sistemas de informação de diversos Ministérios<br />
(Justiça, Finanças, Segurança Social, Saúde e<br />
Administração Interna), apresentou desafios no<br />
âmbito da Interoperabilidade e da Proteção de<br />
Dados Pessoais que foram ultrapassados através<br />
da utilização da iAP 2 , nomeadamente das<br />
funcionalidades de Modelo de Dados Canónico<br />
(que permite a normalização semântica) e<br />
Federação de Identidades (que permite a troca<br />
de informação anónima entre os diversos<br />
sistemas de informação).<br />
Neste projeto aprendemos a importância<br />
da implementação de mecanismos de<br />
1<br />
A EIF (Framework de Interoperabilidade Europeia ) é parte da Comunicação (COM(<strong>2017</strong>)134) da Comissão Europeia disponível<br />
em http://ec.europa.eu/transparency/regdoc/rep/1/<strong>2017</strong>/EN/COM-<strong>2017</strong>-134-F1-EN-MAIN-PART-1.PDF<br />
2<br />
Mais informação em https://www.iap.gov.pt
4 — 5<br />
governação tanto a nível estratégico como<br />
igualmente ao nível dos diferentes projetos.<br />
De igual modo, o suporte ao mais alto nível<br />
e a existência de um quadro legal foram<br />
essenciais para se ultrapassar as barreiras<br />
e ser possível a implementação do projeto<br />
sem grandes derrapagens temporais,<br />
ficando deste modo demonstrada a<br />
importância da Interoperabilidade legal como<br />
mecanismo de alavancagem de processos de<br />
Interoperabilidade.<br />
A nível Europeu esta importância também<br />
ficou bem patente no desenvolvimento<br />
dos mecanismos de Interoperabilidade<br />
no âmbito dos processos abrangidos pela<br />
Diretiva Inspire, em contrapartida com outras<br />
áreas de igual ou maior importância mas<br />
onde não existe um quadro legal relativo à<br />
Interoperabilidade bem definido.<br />
A não existência deste quadro legal<br />
não se deve a um desleixo por parte das<br />
Instituições Nacionais e Europeias, mas sim a<br />
dificuldades na sua elaboração e aprovação,<br />
principalmente devido a questões de proteção<br />
de dados pessoais.<br />
Contudo, existem vários esforços tanto<br />
a nível Nacional como Europeu, sendo<br />
de destacar em Espanha o Real Decreto<br />
4/2010, que regula a estratégia Nacional<br />
de Interoperabilidade no âmbito da<br />
Administração Eletrónica e em Portugal a<br />
RCM 42/2015.<br />
A Comissão Europeia através do<br />
lançamento de diversos pilotos de grande<br />
escala e de diversos programas como<br />
programa ISA 3 (Interoperability Solutions<br />
for European Public Administrations) tem<br />
procurado a promoção e implementação da<br />
Interoperabilidade dos Serviços Públicos.<br />
Destes esforços tem resultado vários<br />
avanços nesta área com a elaboração da EIF e<br />
de todas as suas componentes.<br />
Um esforço considerável tem igualmente<br />
sido feito na estratégia de partilha e<br />
reutilização (Sharing and Reuse 4 ) através<br />
da criação e disponibilização para todas<br />
as Administrações Públicas de diversas<br />
ferramentas abertas que podem ser adaptadas<br />
e usadas pelas diversas entidades.<br />
Esta aposta deve-se à tentativa de baixar<br />
o elevado investimento inicial necessário à<br />
criação de ferramentas de Interoperabilidade,<br />
permitindo baixar consideravelmente o<br />
investimento nacional através da reutilização<br />
das diversas ferramentas desenvolvidas<br />
e reduzir o tempo de implementação das<br />
mesmas.<br />
Que desafios ainda se colocam nesta área?<br />
Estamos perante uma área extremamente<br />
dinâmica e onde o trabalho é contínuo e<br />
muito baseado na aprendizagem dos diversos<br />
projetos.<br />
Por isso é necessário continuar os esforços<br />
para melhorar os mecanismos de governação,<br />
de redefinir e adaptar a estratégia consoante<br />
os novos desafios e de promover, elaborar e<br />
aprovar nova legislação relativa a processos de<br />
Interoperabilidade.<br />
Contudo, um novo desafio é colocado<br />
pela aplicação do Regulamento Europeu de<br />
Proteção de Dados (RGPD) aos processos de<br />
Interoperabilidade e a conceção e adaptação<br />
dos sistemas de informação.<br />
Neste aspeto é fundamental encontrar um<br />
equilíbrio entre a garantia de privacidade<br />
dos dados e a necessidade de rastreabilidade<br />
e auditabilidade, entre a necessidade de<br />
utilização da informação para tratar os<br />
processos de negócio e a necessidade de os<br />
anonimizar para proteção dos mesmos.<br />
Dado que a existência de soluções<br />
tecnológicas nunca foi uma barreira na<br />
implementação da Interoperabilidade, mas<br />
sim uma preciosa ajuda, penso que neste<br />
caso também assim será, com o advento de<br />
novas soluções tecnológicas ou a adaptação de<br />
tecnologias já existentes para fazer face a estes<br />
novos desafios.<br />
Paulo Lobo<br />
Colaborador da AMA<br />
3<br />
Mais informação disponível em https://ec.europa.eu/isa2/home_en<br />
4<br />
Mais informação disponível em https://joinup.ec.europa.eu/community/isa/document/sharing-and-reuse-framework-it-solutions-fostering-collaboration-among-public
Notícias<br />
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
Protocolos de colaboração para a<br />
abertura de cinco novas Lojas de Cidadão<br />
assinados em Leiria<br />
Foram assinados, no dia 18 de julho de <strong>2017</strong>, protocolos com vista à instalação e gestão de cinco<br />
novas Lojas de Cidadão nos Municípios de Leiria, Tondela, Oliveira de Frades, Alvaiázere e<br />
Pedrógão Grande.<br />
A cerimónia de assinatura decorreu nos Paços do Concelho de Leiria e contou com a presença<br />
da Secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa, Graça Fonseca, dos<br />
representantes dos respetivos Municípios, e do Presidente da AMA, Pedro Silva Dias, e<br />
representa um investimento de 4,5 milhões de euros e a criação ou manutenção de cerca de<br />
200 postos de trabalho nestas localidades.<br />
A implementação destes novos espaços vem reforçar a rede atual de 45 Lojas de Cidadão, dando<br />
seguimento à política de aproximação dos serviços públicos à população, de forma a facilitar a<br />
relação dos cidadãos e das empresas com a Administração Pública.≤<br />
Loja de Cidadão de Torres Vedras<br />
inaugurada<br />
Foi inaugurada no dia 31 de julho de <strong>2017</strong> a nova Loja de Cidadão de Torres Vedras. A<br />
infraestrutura, localizada na Av. General Humberto Delgado, irá disponibilizar aos munícipes,<br />
serviços de mais de uma dezena de entidades da Administração Pública que até esta data se<br />
encontravam dispersos pela cidade.<br />
Coube à Secretária de Estado da Justiça, Anabela Pedroso, a inauguração desta nova instalação.<br />
Estiveram presentes a Secretária de Estado Adjunta e da Modernização Administrativa, Graça<br />
Fonseca, o Secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, e o Presidente da Câmara<br />
Municipal de Torres Vedras, Carlos Bernardes.<br />
Paralelamente foram também inaugurados diversos Espaços Cidadão, localizados em sedes<br />
de Juntas de Freguesia, estando previsto a entrada em funcionamento de onze novos Espaços<br />
Cidadão no Concelho. ≤
6 — 7<br />
Governo e Estratégias Digitais<br />
Portugal acolheu reunião anual<br />
de E-Leaders<br />
Este ano, o evento E-Leaders decorreu no Centro Cultural de Belém, nos dias 21 e 22<br />
de <strong>set</strong>embro. Trata-se de uma organização da OCDE e da Agência para a Modernização<br />
Administrativa. O tema deste ano foi a transformação digital no <strong>set</strong>or público, estiveram em<br />
debate várias matérias como as competências digitais e os serviços centrados nos cidadãos.<br />
Neste fórum, reúnem-se regularmente os responsáveis pela Governação Digital nos<br />
Estados-membros/parceiros da OCDE, sendo a AMA a representante nacional.<br />
Este evento contou com delegações de diversos países, organizações internacionais e<br />
sociedade civil, que debateram estratégias digitais governamentais, fomentando a troca de<br />
experiências e boas práticas para governos com maior transparência, inclusão e eficiência.<br />
Hoje, mais do que nunca, as sociedades digitais exigem aos seus elementos de governação<br />
um elevado grau de agilidade, adaptabilidade e, sobretudo uma enorme capacidade para<br />
decidir de uma forma célere entre diferentes opções alternativas, em que cada uma dessas<br />
opções reflete um panorama com potencial para ser explorado.<br />
Foi com este objetivo em mente que o E-Leaders foi fundado em 2013 na estrutura do<br />
Comité de Governação Pública da OCDE e desenvolvido com base nos encontros de Tóquio<br />
(2015) e Tallinn (2016). ≤
Entrevista Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong>
8 — 9<br />
Joaquim Carlos Pinto Rodrigues<br />
Presidente do Conselho<br />
Diretivo do Instituto de Gestão<br />
Financeira e Equipamentos da<br />
Justiça (IGFEJ)<br />
É licenciado em Direito e desempenhava até ao final de março de 2016,<br />
o cargo de adjunto da Ministra da Justiça. Antes, exerceu funções<br />
na Inspeção-Geral de Finanças, na área de avaliação de programas<br />
e serviços e auditorias às autarquias locais. Foi Inspetor-Geral,<br />
Subdiretor-Geral de Pessoal e Secretário-Geral Adjunto do Ministério da<br />
Defesa Nacional, onde esteve particularmente ligado às transformações<br />
organizacionais associadas à profissionalização das Forças Armadas,<br />
modelos de recrutamento e relação entre os jovens e a Defesa Nacional.<br />
Foi ainda, Secretário-Geral Adjunto do Ministério da Economia, entre<br />
2012 e 2014, com responsabilidades na área dos assuntos jurídicos,<br />
contencioso, comunicação e com os pelouros de gestão dos recursos<br />
financeiros e de coordenação orçamental.<br />
O IGFEJ é o Instituto Público, integrado na administração indireta do<br />
Estado, responsável por assegurar a gestão orçamental, financeira e<br />
patrimonial da Justiça.<br />
Tem por missão, na área tecnológica assegurar a conceção, execução e<br />
manutenção dos recursos tecnológicos e dos sistemas de informação<br />
da Justiça, mantendo a sua operacionalidade e garantindo a segurança<br />
da rede de comunicações, promovendo a unificação de métodos e<br />
processos.<br />
Este Instituto acompanha de perto a evolução tecnológica e as<br />
necessidades globais de formação, desenvolvimento e manutenção de<br />
sistemas e elaborando e desenvolvendo ainda as propostas de projetos<br />
de investimento e alinhadas com o plano estratégico dos sistemas de<br />
informação em matéria de informática e comunicações, para toda a área<br />
da Justiça.
Entrevista Joaquim Carlos Pinto Rodrigues<br />
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
A oferta de serviços aos cidadãos e às<br />
empresas assenta cada vez mais em<br />
meios digitais. Qual o papel do IGFEJ neste<br />
processo?<br />
O papel do nosso Instituto é essencialmente<br />
de suporte transversal às atividades dos outros<br />
organismos da Justiça, embora seja central<br />
nos desenvolvimentos aplicacionais e na<br />
manutenção da rede de comunicações. Mesmo<br />
na fase mais moderna do digital, a nossa<br />
relação com o cidadão e com as empresas é<br />
muito intermediada por serviços de primeira<br />
linha, quer na área dos Registos quer na<br />
área dos Tribunais. A preocupação com a<br />
qualidade dos nossos produtos e serviços com<br />
impacto para a sociedade, para o cidadão e<br />
para as empresas, é crescente mas sempre em<br />
articulação e parceria com as outras partes<br />
interessadas que são, no fundo, os serviços e<br />
instituições do Sistema de Justiça.<br />
Os meios digitais, mas também os aspetos<br />
ligados à segurança da informação e do<br />
ciberespaço, exigem que o IGFEJ assuma<br />
cada vez mais um papel dinamizador de<br />
processos seguros e eficientes, mas também<br />
ágeis, que induzam a inovação e que tragam<br />
proximidade ao cidadão e às empresas.<br />
Nesta linha, o nosso compromisso é<br />
especialmente forte no desenvolvimento<br />
e implementação das medidas e novos<br />
serviços para os cidadãos, no âmbito do<br />
Plano Justiça+Próxima e Simplex+. Os<br />
exemplos mais relevantes que gostaria de<br />
salientar, naturalmente em parceria com o<br />
Instituto de Registos e Notariado (IRN) e/<br />
ou com a Direção-Geral da Administração<br />
da Justiça (DGAJ), são: a emissão e consulta<br />
da Certidão Judicial Eletrónica; as novas<br />
Certidões Online - casamento, nascimento;<br />
o Registo Criminal Online; o Nascer Cidadão<br />
+; os Acordos Parentais sempre atuais e as<br />
Notificações eletrónicas (por mensagem/SMS<br />
e email) direcionadas e disponibilizadas para<br />
o cidadão.<br />
Mais dirigido às empresas, destacaria a<br />
Empresa na Hora com pedido de Livro<br />
de Reclamações; as Empresas registadas<br />
com CAE secundária em articulação com a<br />
Autoridade Tributária e o Instituto Nacional<br />
de Estatística; e os Documentos sempre<br />
válidos com o envio de notificações de<br />
caducidade para renovação automática das<br />
certidões do registo comercial e predial.<br />
O desenvolvimento das TIC na<br />
Administração Pública tem assumido uma<br />
relevância crescente nos últimos anos.<br />
Quais são as prioridades do IGFEJ neste<br />
momento relativamente à gestão das TIC na<br />
Justiça?<br />
Como questão prévia de enquadramento à<br />
área das TIC e às outras grandes áreas que o<br />
IGFEJ assegura, como os empreendimentos<br />
e a gestão do património, temos procurado<br />
encontrar um ponto de equilíbrio entre<br />
projetos cuja manutenção e sustentabilidade<br />
de médio prazo é assegurado pelo Instituto,<br />
no âmbito das suas responsabilidades, com<br />
projetos que têm uma forte componente<br />
de inovação digital incorporada e muito<br />
acompanhadas por uma lógica de produção<br />
de políticas públicas.<br />
o nosso compromisso é especialmente forte no<br />
desenvolvimento e implementação das medidas e<br />
novos serviços para os cidadãos
10 — 11<br />
As nossas prioridades estão diretamente<br />
associadas à concretização dos objetivos<br />
de vários planos específicos que têm de<br />
ser compatibilizados nos grandes eixos de<br />
atuação.<br />
Esses eixos estruturantes têm sempre<br />
presentes duas preocupações, “reforçar<br />
a segurança e a robustez dos sistemas de<br />
informação” e “a modernização e melhoria da<br />
qualidade de serviço” para os diversos grupos<br />
de utilizadores, internos e externos, sejam os<br />
próprios cidadãos, sejam os diversos agentes<br />
institucionais do sistema como os advogados,<br />
solicitadores, magistrados ou funcionários dos<br />
tribunais, sem esquecer o papel das ordens<br />
profissionais.<br />
O esforço de centralização da função<br />
informática no desenvolvimento dos<br />
grandes sistemas como o Sistema de<br />
Gestão Processual nos Tribunais Judiciais<br />
(Citius) e o Sistema de Informação dos<br />
Tribunais Administrativos e Fiscais (SITAF),<br />
acompanhado das amplas competências no<br />
domínio financeiro e orçamental, permitemnos<br />
atingir e perspetivar maiores patamares<br />
de racionalização, centralização de soluções<br />
e a normalização de processos. Esta nossa<br />
reflexão mantem-se sempre em curso com<br />
o envolvimento das principais instituições<br />
reguladoras do Sistema de Justiça.<br />
na partilha e colaboração entre entidades<br />
públicas e na relação entre Administração<br />
Pública e a Ação Governativa.<br />
Estamos numa fase muito interessante, em<br />
que os processos de transformação digital<br />
e de modernização dos serviços públicos se<br />
encontram atualmente em várias dimensões e<br />
velocidades dentro do <strong>set</strong>or público, embora<br />
não sejam ainda percecionadas em toda<br />
a sua extensão. A Justiça, apesar das suas<br />
especificidades, pretende estar na linha da<br />
frente na implementação das melhorias que<br />
proporcionam um maior acesso e usabilidade<br />
para os cidadãos, empresas e organismos da<br />
Administração Pública.<br />
Hoje temos consciência que não basta<br />
estar na web, é necessário “estar” nos<br />
dispositivos móveis e disponibilizar o acesso<br />
às plataformas através de aplicações (APP).<br />
Temos vindo a fazer pilotos relativamente<br />
ao atendimento dos tribunais e à relação de<br />
requisição e prestação de certos serviços<br />
de manutenção, entre os tribunais e os<br />
serviços de suporte do Ministério, que serão<br />
disseminados no ano de 2018.<br />
Que desafios chave considera que temos de<br />
preparar para a evolução que se perspetiva<br />
para os próximos anos?<br />
Usando o mote editorial desta publicação, eu<br />
diria que os desafios chave são aqueles que<br />
permitem contribuir para uma maior partilha<br />
de recursos, simplificar processos e métodos<br />
de trabalho e, essencialmente, inovar. A<br />
inovação vista aqui, também na dimensão<br />
participativa e inclusiva dos cidadãos, ao<br />
encontro de novas fórmulas nas parcerias<br />
entre agentes públicos e fornecedores,
Entrevista Joaquim Carlos Pinto Rodrigues Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
reforçar a segurança e a<br />
robustez dos sistemas de<br />
informação<br />
No entanto, num plano superior, quanto<br />
a questões estratégicas que estejam<br />
numa posição de catalisadores da própria<br />
transformação, é interessante abordar e<br />
associar a inovação, às respostas que temos<br />
que dar a alguns desafios chave. Neste eixo<br />
destacaria quatro tópicos: novas formas<br />
de afetar os recursos dos contribuintes e<br />
fazer a sua avaliação para disponibilizar<br />
informação fiável e de qualidade aos<br />
cidadãos e às instituições; novas formas de<br />
governação integrada que permitam quebrar<br />
as barreiras tradicionais quando as soluções<br />
envolvam departamentos diferentes da AP;<br />
compatibilizar um ambiente de elevados<br />
riscos, nomeadamente na segurança da<br />
informação, com o aperfeiçoamento das<br />
normas de ética e conduta e reforçando as<br />
boas práticas ligadas à gestão de utilizadores e<br />
a compreensão do novo contexto regulatório<br />
internacional em particular no seio da União<br />
Europeia. Em todas estas áreas, no Instituto,<br />
procuramos encontrar respostas adequadas<br />
desenvolvendo estratégias inovadoras com<br />
enfoque nas boas práticas, qualidade de<br />
serviços e modernização da Administração<br />
Pública.<br />
No segundo tópico quanto à governação<br />
integrada, gostaria de destacar a nossa<br />
participação num projeto com caraterísticas<br />
únicas que é o Balcão Único Predial – BUPi,<br />
que está numa fase de arranque do Projetopiloto<br />
e que vai agregar informação registral<br />
com representação georreferenciada<br />
envolvendo entidades tão diferenciadas como<br />
a Autoridade Tributária (AT), o Instituto<br />
de Registos e Notariado (IRN), a Direção-<br />
-Geral do Território (DGT), o Instituto de<br />
Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP)<br />
e o Instituto da Conservação da Natureza<br />
e das Florestas (ICNF). Este projeto terá<br />
formas inovadoras na sua gestão, recolha e<br />
integração de bases de dados, com fontes<br />
muito diferenciadas desenvolvendo novas<br />
metodologias de trabalho, novos modelos de<br />
governação e novas formas de participação de<br />
entidades públicas e dos cidadãos.<br />
Em sede de modernização administrativa<br />
o IGFEJ tem vindo a desenvolver projetos<br />
importantes. Quais destacaria?<br />
Nesta fase da transformação digital onde<br />
a informação flui no instante imediato ao<br />
acontecimento, quer para os utilizadores<br />
internos quer externos, o IGFEJ tem<br />
procurado disponibilizar soluções de<br />
modernização tecnológica à medida das<br />
necessidades, dando particular relevo aos<br />
princípios de Interoperabilidade, partilha de<br />
recursos e introdução de novas ferramentas.<br />
Estão em curso dois programas agregadores<br />
de vários projetos que o Instituto tem vindo<br />
a acompanhar e participar nas suas fases<br />
piloto e que têm potencial de melhoria para o<br />
funcionamento dos tribunais, novos órgãos de<br />
gestão das comarcas e para os cidadãos.<br />
Refiro-me ao “Tribunal +” e “O Meu<br />
Tribunal”, que fazem parte de um conjunto<br />
de iniciativas com elevado valor para a<br />
proximidade e para a inovação de processos<br />
de trabalho. O piloto desenvolvido no<br />
Palácio da Justiça, em Sintra, veio confirmar<br />
que a aposta em novas metodologias de<br />
gestão, possibilitando a combinação com<br />
a disponibilização de tecnologia, tudo ao<br />
serviço de maior efetividade do serviço<br />
público. Foram bem-sucedidos os testes<br />
nas três diferentes dimensões que estavam
12 — 13<br />
à prova: criação de um novo modelo de<br />
atendimento ao público, o front-office, a<br />
simplificação administrativa das secretarias<br />
e o desenvolvimento de ferramentas de<br />
suporte à gestão e à atividade dos órgãos de<br />
gestão das comarcas.<br />
No plano dos utilizadores internos obtivemos<br />
bons resultados no projeto “O Meu<br />
Tribunal”, que transporta para o telemóvel<br />
alguns processos de reporte que antes<br />
exigiam o preenchimento de formulários,<br />
ofícios e outros processos burocráticos,<br />
ficando agora centralizados numa aplicação<br />
que categoriza imediatamente o tipo<br />
de problema, direcionando-os para a<br />
área do património ou das Tecnologias<br />
de Comunicação e Informação (TIC).<br />
Esta aplicação permite referenciar as<br />
várias classes ou espécies de problemas<br />
para resolução, como o mobiliário, a<br />
iluminação e até a climatização. Por fim, dá<br />
a oportunidade dos utentes fazerem uma<br />
avaliação sobre a qualidade da resolução do<br />
problema reportado.<br />
Quanto ao conceito Tribunal +, o próximo<br />
passo será a sua implementação ao nível<br />
nacional após a definição de tipologias de<br />
tribunais, que variam na sua combinação<br />
entre a dimensão física, movimento<br />
processual e recursos humanos, estando<br />
sujeitos a uma avaliação do seu Rollout,<br />
caso a caso.<br />
Saíram recentemente publicadas em Lei<br />
várias novidades relativamente ao Cartão<br />
de Cidadão. Na sua perspetiva qual o papel<br />
do Cartão de Cidadão na sociedade hoje em<br />
dia, e qual a sua importância em matéria de<br />
governação eletrónica?<br />
A sua natureza eletrónica a que se associa<br />
o facto de dispor de certificados de<br />
autenticação e assinatura, opcional e<br />
para maiores de 16 anos, providencia a<br />
disponibilização de serviços ao cidadão<br />
através dos quais é possível agilizar e<br />
não basta estar na web, é necessário “estar” nos<br />
dispositivos móveis e disponibilizar o acesso às<br />
plataformas através de aplicações
Entrevista Joaquim Carlos Pinto Rodrigues Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
melhorar os serviços prestados pelos serviços<br />
públicos. Verifica-se a existência de iniciativas<br />
crescentes que promovem o uso do Cartão de<br />
Cidadão nas suas várias possibilidades como<br />
por exemplo, através da disponibilização do<br />
Registo Criminal Online<br />
(https://registocriminal.justica.gov.pt).<br />
Quais as novidades do Cartão de Cidadão nas<br />
quais o IGFEJ se encontra a trabalhar?<br />
Saliento que na área dos registos e nos<br />
processos associados ao Cartão de Cidadão,<br />
são atividades complementares de relevo,<br />
com grande componente de modernização<br />
tecnológica do sistema envolvente do Ciclo<br />
de Vida do Cartão de Cidadão (CVCC) e o<br />
desenvolvimento para suporte às alterações<br />
legislativas referentes ao CC.<br />
Das alterações à Lei do Cartão de Cidadão<br />
decorrem alterações com impacto<br />
nos sistemas de informação do IGFEJ,<br />
nomeadamente a alteração à data de<br />
validade, a emissão com datas de nascimento<br />
parcialmente desconhecidas (dia ou mês),<br />
a emissão de Cartão de Cidadão provisório,<br />
estando ainda previsto a adesão à chave móvel<br />
digital.<br />
O IGFEJ encontra-se a desenvolver outras<br />
funcionalidades que promovem o acesso<br />
online à informação pelo cidadão e outros<br />
operadores judiciais com recurso ao CC, como<br />
a disponibilização de Certidões Permanentes<br />
de Registo Civil e o acompanhamento<br />
do Estado de Processos em tribunal com<br />
salvaguarda do segredo de Justiça.<br />
A Interoperabilidade é tida como um dos<br />
pilares mais importantes na modernização<br />
dos serviços de qualquer Estado. Qual a<br />
sua visão sobre o grau de maturidade da<br />
Interoperabilidade em Portugal?<br />
Atualmente, já existe um nível elevado<br />
de maturidade na Interoperabilidade<br />
entre os sistemas de Justiça e de múltiplos<br />
organismos de vários Ministérios, que<br />
asseguram uma troca segura e eficiente de<br />
informação entre os mesmos. De um modo<br />
mais transversal, e também na Justiça, no<br />
âmbito do Cartão de Cidadão, existe elevada<br />
integração em termos de Interoperabilidade<br />
na Administração Pública (iAP), a Plataforma<br />
de Interoperabilidade da AMA, consumindo<br />
também serviços aí disponibilizados no<br />
âmbito do envio de SMS e de mecanismos de<br />
pagamentos multicanal.<br />
Há algum projeto que gostaria de elencar<br />
nesta matéria?<br />
Existem diversas ações em curso e outras<br />
já concretizadas, nas áreas dos registos<br />
(civil, automóvel, etc.) e dos tribunais<br />
(jurisdição comum e administrativa e<br />
fiscal), bem como no plano interno, como o<br />
Sistema de Normalização Contabilística para<br />
Administrações Públicas (SNC-AP).<br />
No que diz respeito à Interoperabilidade,<br />
podemos indicar como exemplo as<br />
comunicações entre a Polícia de Segurança<br />
Pública (PSP) e o Ministério Público (MP)<br />
na emissão do registo criminal na área<br />
da educação, via Interoperabilidade na<br />
Administração Pública (iAP) e Enterprise<br />
Service Bus (ESB) da Justiça.<br />
Quanto à desmaterialização também podem<br />
ser elencadas diversas implementações, de<br />
notificações eletrónicas e troca de informação
14 — 15<br />
Balcão Único Predial (…) vai agregar<br />
informação registral com representação<br />
georreferenciada<br />
online, com diversos profissionais forenses<br />
e com outros organismos da AP como por<br />
exemplo a Autoridade Tributária (AT).<br />
E de que forma é que acha que a<br />
Interoperabilidade pode ser uma alavanca<br />
para uma maior transparência e para mais<br />
inovação?<br />
Um alinhamento estratégico de<br />
Interoperabilidade na área da Justiça,<br />
estabelece uma metodologia padrão a todos<br />
os serviços e organismos, permite uma<br />
maior agilização na prestação de informação<br />
aos cidadãos e consequente aumento da<br />
capacidade de resposta em tempo útil. Desta<br />
forma desenvolvemos ações de divulgação<br />
das potencialidades que a Interoperabilidade<br />
apresenta, apostando em exemplificações<br />
concretas de implementações que possam<br />
servir de referência e suporte para um<br />
crescente alinhamento tecnológico no Estado.<br />
Uma área que pretendemos desenvolver<br />
com estas características, é da informação<br />
e gestão integrada do apoio judiciário com<br />
maior disponibilização de informação sobre<br />
os beneficiários, bem como de um maior<br />
escrutínio sobre esta importante política<br />
pública constitucionalmente consagrada.<br />
Vai ser necessário aprofundar os mecanismos<br />
existentes quer no processo de concessão<br />
do apoio quer nos automatismos associados<br />
aos vários serviços prestados e respetivos<br />
pagamentos. Além da parceria com a Ordem<br />
dos Advogados, nesta matéria gostaríamos<br />
de ver mais estudos académicos nos quais é<br />
fundamental a disponibilização de dados.<br />
A Justiça tem previsto um novo Portal. Que<br />
funcionalidades pode já destacar e para<br />
quando está previsto o seu lançamento?<br />
A nova Plataforma Digital da Justiça entrou<br />
em produção no passado dia 29 de agosto e<br />
tem como endereço eletrónico<br />
http://justica.gov.pt<br />
Esta plataforma constitui o novo ponto central<br />
de acesso a diferentes serviços da Justiça<br />
unificando a sua presença online, com o papel<br />
de canal de comunicação com os agentes do<br />
<strong>set</strong>or e com o cidadão. Estamos a falar de uma<br />
progressiva disponibilização fácil e rápida<br />
de todos os serviços da Justiça, incluindo<br />
Registos, Tribunais e outros.<br />
Facilita uma nova forma de relacionamento<br />
com o cidadão, na disponibilização de<br />
informação e dados que permita o seu acesso<br />
pleno à Justiça com informação atualizada,<br />
interativa e completa, incluindo indicadores,<br />
jurisprudência e legislação.<br />
Permite também um fácil acesso à informação<br />
e comunicação dos organismos do Ministério<br />
da Justiça, promovendo o valor da<br />
transparência.<br />
O IGFEJ e a AMA são parceiros em vários<br />
projetos há já vários anos. Qual é para<br />
si a importância das redes e de garantir<br />
uma elevada colaboração entre os vários<br />
organismos da AP?<br />
Temos promovido a adoção dos serviços<br />
eletrónicos nos organismos e instituições<br />
do Ministério da Justiça com uma<br />
colaboração cada vez mais estreita com a<br />
AMA. A implementação dessas melhorias
Entrevista Joaquim Carlos Pinto Rodrigues Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
“Tribunal +” e “O Meu Tribunal”, que fazem parte<br />
de um conjunto de iniciativas com elevado valor<br />
para a proximidade e para a inovação de processos<br />
de trabalho<br />
nas infraestruturas e serviços que vão<br />
desde a evolução da rede de comunicações<br />
à consolidação da Interoperabilidade e<br />
usabilidade dos sistemas de informação.<br />
Saliento que a integração europeia plena e<br />
o nosso nível nas avaliações internacionais,<br />
implicam necessariamente uma maior<br />
colaboração com a AMA e outros organismos<br />
da AP, nomeadamente nas aferições sempre<br />
presentes da eficácia dos processos mais<br />
ligados à situação económico-financeira e à<br />
chamada Justiça Económica. Será valorizada<br />
a utilização de infraestruturas e software<br />
partilhado nos projetos europeus, sendo<br />
um claro exemplo a aplicação das regras<br />
do quadro de Interoperabilidade europeu,<br />
a regulamentação eIDAS (identificação<br />
eletrónica e aos serviços de confiança para as<br />
transações eletrónicas no mercado interno),<br />
a gestão de candidaturas aos programas de<br />
financiamento para o <strong>set</strong>or das comunicações<br />
ou o Connecting Facility in Telecom (CEF<br />
Telecom), estando relacionadas com tópicos<br />
como a ciber segurança, o transporte de<br />
documentos e dados digitais nas relações<br />
transfronteiriças, a nível europeu e não só.<br />
Para finalizar, fala-se muito da explosão da<br />
Inteligência Artificial. É algo que o preocupe?<br />
Acha que está próximo o dia em que vamos<br />
ter Inteligência Artificial nos sistemas de<br />
informação da Justiça, por exemplo?<br />
O Instituto é a entidade responsável pela<br />
operação e evolução dos sistemas da<br />
Justiça Portuguesa. Nesse âmbito estamos a<br />
desenvolver uma Plataforma de Sistema de<br />
Recuperação e Gestão de Ativos (SIREGA)<br />
cujos principais objetivos são o aumento<br />
da eficiência das equipas que investigam<br />
ativos associados a investigações e processos<br />
judiciais, com a libertação de tarefas<br />
administrativas. Este projeto será conduzido<br />
pelo Gabinete de Administração de Bens<br />
(GAB) do IGFEJ, que coordenará uma equipa<br />
constituída pelo Ministério Público (MP) e pelo<br />
Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA) da<br />
Policia Judiciária.<br />
Um dos objetivos pretendidos é a criação de<br />
um sistema de machine learning através<br />
do qual se poderá automatizar a vertente de<br />
identificação de padrões e relações que hoje<br />
é a que consome mais tempo em processos<br />
de investigação da criminalidade económica,<br />
bem como realizar a análise estruturante<br />
sobre grandes volumes de informação<br />
estruturada originalmente em papel ou<br />
PDF, com o objetivo de apresentar dados<br />
para investigações de forma a identificar e<br />
localizar ativos financeiros relacionados com<br />
investigações judiciais.<br />
Com a criação deste sistema de informação<br />
comum ao MP, ao GRA e GAB irá permitir<br />
atingir os objetivos de eficiência e eficácia<br />
através de uma cuidada otimização do sistema,<br />
para facilitar cada uma das suas atividades.<br />
Atendendo à sensibilidade do tema, creio que é<br />
também matéria para reflexão e promoção de<br />
mais estudos académicos. ≤
16 — 17<br />
+<br />
40<br />
Mil utilizadores<br />
Mais simples<br />
uma senha para todos os sítios<br />
Mais seguro<br />
código enviado por SMS ou email<br />
Mais cómodo<br />
sem deslocações nem tempos de espera
Opinião Marlene Oliveira das Neves<br />
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
Marlene Oliveira das Neves<br />
Tarifa Social para a Energia<br />
A<br />
Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março, que aprovou o Orçamento do Estado para<br />
2016, redesenhou o modelo das tarifas sociais para a energia, aplicáveis aos<br />
clientes finais economicamente vulneráveis, para o fornecimento de energia<br />
elétrica e de gás natural, no seu artigo 121.º, com vista à definição de um<br />
modelo único e de reconhecimento automático para o acesso ao benefício da<br />
tarifa social da energia elétrica e do gás natural e ao alargamento do número<br />
de beneficiários efetivos, com efeitos a partir de 1 de julho de 2016.<br />
A tarifa social de energia é um apoio social que permite um desconto, sem<br />
custos financeiros ou burocráticos para o consumidor de energia, através<br />
do recurso à Interoperabilidade entre sistemas da Administração Pública,<br />
que após validação automática, é aplicado na tarifa de acesso às redes de<br />
eletricidade em baixa tensão e/ou de gás natural em baixa pressão, que<br />
compõe o preço final faturado ao cliente de eletricidade e/ou de gás natural.<br />
Para efeitos do referido redesenho, a Lei Orçamental procedeu,<br />
nomeadamente, nos seus artigos 199.º e 200.º, à alteração do Decreto-Lei<br />
n.º 138-A/2010, de 28 de dezembro e do Decreto-Lei n.º 101/2011, de 30<br />
de <strong>set</strong>embro, relativo à tarifa social de energia elétrica e de gás natural,<br />
respetivamente, e, no seu artigo 215.º, à revogação do Decreto-Lei n.º<br />
102/2011, de 30 de <strong>set</strong>embro, relativo ao apoio social extraordinário do<br />
consumidor de energia.<br />
De acordo com as alterações legislativas identificadas, cabe à Direção-<br />
Geral de Energia e Geologia (DGEG), designadamente, proceder ao<br />
apuramento e confirmação dos clientes elegíveis para efeitos de aplicação<br />
da tarifa social de energia, i.e. dos consumidores de energia elétrica e de<br />
gás natural que, estando abrangidos pelo âmbito de aplicação definido no<br />
Decreto-Lei n.º 138-A/2010, de 28 de dezembro, alterado pelo Decreto-<br />
-Lei n.º 172/2014, de 14 de novembro e do Decreto-Lei n.º 101/2011, de<br />
30 de <strong>set</strong>embro, alterados pela Lei n.º 7-A/2016, de 30 de março, sejam<br />
beneficiários de alguma das prestações sociais previstas no n.º 2 do artigo 2.º<br />
dos mesmos diplomas, ou que obtenham até ao rendimento anual máximo<br />
de acordo com o previsto no n.º 3 do mesmo artigo para a energia elétrica.<br />
Por forma a permitir o apuramento e confirmação acima referidos, cabe,<br />
por sua vez, aos comercializadores prestar à DGEG a informação necessária<br />
acréscimo de beneficiários<br />
na ordem dos 685.478
18 — 19<br />
à identificação dos titulares de contratos de<br />
fornecimento de energia.<br />
Os comercializadores de energia<br />
mandataram para o efeito, os Gestores do<br />
Processo de Mudança de Comercializador<br />
(GPMC), para a transmissão dos dados<br />
necessários ao processamento à DGEG, por<br />
forma a assegurar que esta Direção-Geral<br />
tenha um único interlocutor neste processo,<br />
com benefícios para a agilidade e eficácia do<br />
mesmo.<br />
A autorização e transmissão desta<br />
informação integraram Protocolos relativos<br />
ao acesso, transmissão e tratamento de<br />
dados pessoais de consumidores de energia,<br />
com vista à aferição da condição para efeitos<br />
de benefício da tarifa social de energia,<br />
celebrados entre a DGEG, a Agência para a<br />
Modernização Administrativa, I.P. (AMA) e<br />
a GPMC/Autoridade Tributária e Aduaneira<br />
(AT)/Instituto da Segurança Social, I.P. (ISS).<br />
Estes Protocolos foram aprovados por<br />
deliberação da Comissão Nacional de<br />
Proteção de Dados (CNPD) e pelos membros<br />
do Governo, responsáveis pelas áreas da<br />
modernização administrativa, dos assuntos<br />
fiscais, da segurança social e da energia.<br />
O processamento automático implica<br />
que os GPMC forneçam à DGEG, por<br />
meios eletrónicos, a lista dos clientes<br />
potencialmente elegíveis que no momento<br />
da transmissão reúnam as condições de<br />
elegibilidade energéticas.<br />
A DGEG envia os dados através da<br />
plataforma de Interoperabilidade da AMA,<br />
para o IISS e para a AT, estes cruzam os<br />
dados recebidos com as suas bases de dados,<br />
e devolvem à DGEG os dados devidamente<br />
tratados, com “Sim” e “Não” em termos de<br />
elegibilidade para atribuição da tarifa social.<br />
Efetivamente esta verificação da condição,<br />
em termos de rendimento é conferida pela AT<br />
e a verificação da condição, em termos das<br />
prestações sociais é conferida pelo IISS. Estas<br />
entidades, para além do envio do resultado<br />
do seu cruzamento de dados, remetem ainda<br />
as moradas registadas nestas entidades,<br />
relativamente aos dados invocados.<br />
Para as situações de “Sim” vindos da AT e/<br />
ou do IISS, o sistema de informação da DGEG<br />
através de algoritmo confronta a morada<br />
vinda destas entidades com a morada do local<br />
de consumo, de modo a aferir a condição<br />
de elegibilidade em termos de “habitação<br />
permanente”, tal como estabelecido na<br />
legislação.<br />
Após este processo, a DGEG comunica<br />
a identificação dos clientes elegíveis para<br />
benefício da tarifa social, por transmissão<br />
eletrónica de dados aos GPMC, que os<br />
disponibiliza aos operadores de rede de<br />
distribuição e aos comercializadores de<br />
energia.<br />
Com o processamento automático de<br />
atribuição da Tarifa Social para a Energia, o<br />
número de clientes com tarifa social passou<br />
de cerca de 154.648, em março de 2016, para<br />
840.126 com o processamento trimestral<br />
de junho de <strong>2017</strong> (último processamento<br />
concluído à data), ou seja, 803.653<br />
beneficiários da tarifa social de energia<br />
elétrica e 36.473 beneficiários da tarifa social<br />
de gás natural. Conclui-se assim que, desde o<br />
início do processamento automático da tarifa<br />
social para a energia houve um acréscimo de<br />
beneficiários na ordem dos 685.478. ≤<br />
Marlene Oliveira das Neves<br />
Direção-Geral de Energia e Geologia<br />
Chefe de Divisão de Mercados da Direção<br />
de Serviços de Planeamento Energético e<br />
Estatística
Opinião Sara Carrasqueiro Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
Sara Carrasqueiro<br />
Interoperabilidade na Saúde<br />
O<br />
s serviços no âmbito da Saúde desenrolam-se frequentemente num fluxo<br />
de atividades e decisões através de diferentes intervenientes do Sistema<br />
de Saúde, integrados em várias instituições, abarcando diversas profissões<br />
e especialidades e recorrendo a múltiplas tecnologias de saúde e sistemas<br />
informáticos. Tais interações requerem articulação e partilha de informação<br />
com vista a promover a segurança, qualidade e continuidade dos cuidados<br />
de saúde, a comodidade e qualidade da experiência dos cidadãos, e ainda<br />
a eficiência, correção e auditabilidade dos processos administrativos e<br />
financeiros associados. Ou seja, é essencial garantir a Interoperabilidade<br />
dos Sistemas (organizacionais, humanos e tecnológicos), entendida como<br />
a capacidade que têm para comunicar e interagir uns com os outros.<br />
Assim, a Interoperabilidade dos Sistemas de Informação abarca aspetos<br />
organizacionais (quando e com quem devo interagir, quem coordena o<br />
processo), semânticos (que vocabulários são comummente entendidos por<br />
ambas as partes em interação), técnicos (como se processa a comunicação) e<br />
legais (o que é ou não legalmente autorizado ou requerido).<br />
O caminho que temos vindo a percorrer nos últimos anos levounos<br />
a concluir que existem três aspetos críticos para atingir o objetivo<br />
Interoperabilidade: um modelo de governança efetivo, uma estratégia clara<br />
e suportada, e uma arquitetura de sistemas de informação formalizada.<br />
Em relação ao primeiro aspeto, é importante a definição de estruturas<br />
e papéis de suporte aos processos de transformação, garantindo a<br />
participação das diversas partes interessadas e explicitando mecanismos<br />
de coordenação. A SPMS é a entidade do Ministério da Saúde que coordena<br />
a área dos sistemas de informação, com vista, entre outros, à garantia da<br />
Interoperabilidade. Constatámos a relevância da qualidade da interação<br />
entre as partes interessadas em diversos processos de transformação<br />
digital, por exemplo no programa nacional “Receita Sem Papel” em que<br />
foi essencial a participação ativa e continuada de ordens profissionais,<br />
associações de farmácias, unidades da rede do Serviço Nacional de Saúde,<br />
entre outros. Ao nível interministerial, a constituição do CTIC – Conselho<br />
para as Tecnologias de Informação e Comunicação na Administração<br />
Pública 1 e o papel coordenador da AMA tem-se revelado essencial<br />
para garantir a convergência dos organismos dos diversos <strong>set</strong>ores da<br />
Administração Pública em torno de objetivos e normativos comuns,
20 — 21<br />
com vista a melhorar o serviço ao cidadão.<br />
Por último, refira-se que a SPMS integra a<br />
estrutura eHealth Network que promove<br />
a governança e Interoperabilidade a nível<br />
europeu dos sistemas de informação da saúde,<br />
no âmbito da Diretiva Europeia relativa ao<br />
exercício dos direitos dos doentes em matéria<br />
de cuidados de saúde transfronteiriços.<br />
No que respeita à estratégia, a SPMS<br />
respalda a sua atividade na ENESIS 2020<br />
– Estratégia Nacional para o Ecossistema<br />
de Informação da Saúde 2 , na TIC 2020 –<br />
Estratégia para a Transformação Digital 3 e no<br />
Plano de Ação Plurianual da eHealth Network,<br />
que está neste momento em definição para<br />
o próximo triénio. A existência destas linhas<br />
estratégicas é essencial para mobilizar o<br />
amplo leque de intervenientes em torno de<br />
objetivos, prioridades e calendários comuns,<br />
assim como assegurar monitorização e<br />
transparência em todo o processo. Em todas<br />
estas orientações estratégicas as iniciativas<br />
de promoção da Interoperabilidade assumem<br />
destaque, estando em plano a elaboração<br />
de guias de referência no âmbito da<br />
Interoperabilidade e o desenvolvimento de<br />
mecanismos de coordenação e auditoria.<br />
Por último, a definição e adoção de<br />
uma arquitetura de referência permite<br />
uniformizar requisitos de usabilidade,<br />
segurança, Interoperabilidade e conformidade<br />
legal, assim como reutilizar componentes<br />
arquiteturais, tirando melhor partido dos<br />
investimentos e projetos TIC. A SPMS está<br />
a promover a definição da arquitetura<br />
de referência do eSIS – ecossistema de<br />
existem três aspetos<br />
críticos para<br />
atingir o objetivo<br />
Interoperabilidade<br />
informação da saúde, garantindo a federação<br />
à arquitetura de referência da Administração<br />
Pública, coordenada pela AMA.<br />
Para promover a componente semântica<br />
da Interoperabilidade, a SPMS, em parceria<br />
com a DGS - Direção Geral da Saúde e a ACSS<br />
- Administração Central do Sistema de Saúde,<br />
coordena o CTC.PT - Centro de Terminologias<br />
Clínicas, que tem vindo a desenvolver e<br />
disponibilizar Catálogos Portugueses em<br />
diversas temáticas, em alinhamento com<br />
normas internacionais 4 . Com a utilização<br />
destas terminologias harmonizadas visa-se<br />
um incremento da utilidade da informação<br />
registada nos sistemas, permitindo por<br />
exemplo desencadear alertas e outras<br />
ferramentas de apoio à decisão clínica<br />
no decurso da prestação de cuidados de<br />
saúde, ou consolidar grandes quantidades<br />
de informação para efeitos de vigilância<br />
epidemiológica e saúde pública.<br />
No que respeita à Interoperabilidade<br />
Técnica, a SPMS desenvolveu um conjunto de<br />
componentes que permitem facilitar a troca<br />
1<br />
Resolução do Conselho de Ministros n.º 33/2016, de 3 de junho<br />
2<br />
Aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 62/2016, de 15 de <strong>set</strong>embro, disponível em<br />
http://enesis.spms.min-saude.pt/<br />
3<br />
Aprovada pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 108/<strong>2017</strong>, de 02 de março, disponível em<br />
https://tic.gov.pt/<br />
4<br />
Mais informação em http://www.ctc.min-saude.pt/
Opinião Sara Carrasqueiro<br />
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
de mensagens entre os vários aplicacionais<br />
ao nível local (de uma unidade de saúde),<br />
nacional, interministerial ou internacional,<br />
como se ilustra na figura 1. Cada um destes<br />
componentes permite entregar a informação<br />
certa, no momento certo, ao destinatário<br />
certo, potenciando a qualidade dos registos,<br />
a segurança, a auditabilidade, o desempenho<br />
do sistema e o alinhamento com normas<br />
internacionais.<br />
A Light- Local Interoperability Gateway<br />
for Healthcare é o motor de integração<br />
utilizado dentro de cada instituição de saúde<br />
para a Interoperabilidade das diferentes<br />
soluções usadas a este nível, por exemplo:<br />
sistema administrativo hospitalar, sistema de<br />
informação clínica, sistemas de laboratórios,<br />
entre outros. Teve a sua primeira utilização<br />
há cerca de 1 ano e atualmente está adotada<br />
em 7 instituições com mais de 20 milhões de<br />
eventos processados. O PNB - Portuguese<br />
National Broker é o componente que permite<br />
padronizar e distribuir os fluxos de dados<br />
entre os sistemas centrais do Ministério da<br />
Saúde e os sistemas das diversas instituições<br />
de saúde (públicas ou privadas). Implementa<br />
um modelo de integração central, assíncrono,<br />
baseado em eventos, genérico e escalável,<br />
implementando serviços RESTful e mensagens<br />
HL7 FHIR e recorrendo à tecnologia opensource<br />
Mirth. É através deste componente<br />
que são encaminhados dados para a iAP<br />
– Plataforma de Interoperabilidade da<br />
Administração Pública, gerida pela AMA,<br />
com vista a desmaterializar processos<br />
através de várias áreas governativas. A<br />
sua utilização tem vindo a crescer, tendo<br />
processado cerca de 8 milhões de mensagens<br />
no passado mês de julho. Por fim refira-se o<br />
broker de Interoperabilidade internacional,<br />
NCP – National Contact Point, desenvolvido<br />
e testado ao abrigo dos projetos europeus<br />
epSOS e Expand, nos quais a SPMS participou<br />
e cuja utilização real se perspetiva já para<br />
2018, com a troca de dados sobre o Resumo<br />
Clínico dos Utentes e sobre Prescrição<br />
Figura 1 – Arquitetura de interoperabilidade da saúde 5<br />
5<br />
Mais informação em http://spms.min-saude.pt/product/interoperabilidade/
22 — 23<br />
A Light-Local Interoperability Gateway for<br />
Healthcare (…) está adotada em 7 instituições com<br />
mais de 20 milhões de eventos processados<br />
e Dispensa de Medicamentos através de<br />
diversos países do espaço europeu.<br />
Um exemplo concreto destes conceitos em<br />
ação foi a implementação do projeto ACC –<br />
Atestados Médicos para Carta de Condução.<br />
Esta iniciativa fez parte da Medida “Carta<br />
sobre rodas” integrada no Simplex+ 2016.<br />
O modelo de governação implementado<br />
consistiu na constituição de um grupo<br />
de acompanhamento do projeto ao nível<br />
interministerial e diversos grupos <strong>set</strong>oriais. No<br />
âmbito da Saúde, a DGS e a SPMS conduziram<br />
o processo de transformação, articulando<br />
com as diversas partes interessadas,<br />
nomeadamente a Ordem dos Médicos, as<br />
redes de unidades de saúde e as empresas<br />
tecnológicas que desenvolvem softwares<br />
clínicos. O projeto consistiu na emissão de<br />
normativos legais e na criação de soluções<br />
informáticas habilitantes à desmaterialização<br />
do processo de emissão do atestado médico<br />
para a carta de condução e sua transmissão<br />
eletrónica ao IMT - Instituto da Mobilidade<br />
e dos Transportes, IP. Incluiu adaptações aos<br />
softwares clínicos do SNS, desenvolvimento<br />
de funcionalidade para médicos em<br />
exercício a título individual (“pequenos<br />
prescritores”) na PDS – Plataforma de Dados<br />
da Saúde, e desenvolvimento de normas e<br />
especificações para todos os SW utilizados<br />
em âmbito público e privado e serviços de<br />
Interoperabilidade com o sistema central<br />
que é responsável por validar os registos<br />
locais e emitir o ACC. Do ponto de vista<br />
organizacional, o projeto contemplou também<br />
os processos de verificação de conformidade<br />
dos diversos softwares emissores. Na<br />
componente interministerial, desenvolveramse<br />
serviços de Interoperabilidade através do<br />
PNB com a iAP, que se encarrega de transmitir<br />
as mensagens ao IMT. As primeiras emissões<br />
ocorreram a 01 de março de <strong>2017</strong>, data em<br />
que se iniciou a fase piloto no âmbito dos<br />
cuidados de saúde primários. O projeto foi<br />
rapidamente alargado, visto que a 15 de maio<br />
se tornou obrigatória a emissão eletrónica<br />
deste atestado. Até ao início de agosto, já<br />
tinham sido emitidos mais de 12 mil ACC,<br />
provenientes de entidades públicas e privadas<br />
através de 19 SW emissores (3 dos quais<br />
produtos da SPMS e os outros 16 fornecedores<br />
de SW privados). Este é um caso de sucesso<br />
de um projeto de Interoperabilidade que veio<br />
trazer benefícios ao cidadão (disponibilidade,<br />
comodidade e rapidez do serviço) e aos<br />
serviços da Administração Pública (melhor<br />
qualidade de dados, redução de erros e atrasos<br />
processuais e redução de carga de trabalho). ≤<br />
Sara Carrasqueiro<br />
Diretora de Sistemas de Informação<br />
SPMS – Serviços Partilhados do Ministério<br />
da Saúde, EPE
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
ESTRATÉGIA TIC 2020<br />
Estratégia para a Transformação Digital<br />
na Administração Pública<br />
F<br />
melhorar<br />
os serviços<br />
públicos para<br />
Cidadãos e<br />
Empresas<br />
oram publicados no dia 26 de julho em Diário da República a Estratégia<br />
TiC 2020 e os respetivos Planos Setoriais de cada uma das 17 áreas<br />
governativas.<br />
O Conselho para as Tecnologias de Informação e Comunicação – CTIC,<br />
um grupo constituído há cerca de um ano, e do qual a AMA faz parte<br />
enquanto responsável pela direção do Comité Técnico.<br />
A estratégia TIC 2020 assenta em 3 eixos específicos que consagram<br />
12 medidas, com o objetivo de melhorar os serviços públicos para os<br />
Cidadãos e Empresas, assente na segurança, resiliência e privacidade<br />
de dados, na transformação digital da Administração Pública (AP) com<br />
foco na eficiência, usabilidade e inclusão assim como o reforço das<br />
competências e partilha de recursos.<br />
Os 3 EIXOS da estratégia TIC 2020 são:<br />
1. Integração e Interoperabilidade<br />
2. Inovação e Competitividade<br />
3. Partilha de Recursos<br />
Relativamente ao primeiro eixo, considera-se que só com integração<br />
e Interoperabilidade haverá serviços organizados por eventos de vida<br />
dos cidadãos ou das empresas, concretizando o princípio “once only”,<br />
que permite evitar pedir várias vezes a mesma informação ao cidadão. A<br />
plataforma de Interoperabilidade da AP (iAP), usada pela primeira vez<br />
em 2007 no projeto Cartão de Cidadão, assume-se como um instrumento<br />
fundamental para assegurar, por um lado, que os serviços são<br />
organizados em pontos de contacto únicos e, por outro, para permitir que<br />
a AP utilize a informação que já detém quando o cidadão assim o permite.
24 — 25<br />
Um exemplo de medidas que se enquadram neste eixo, são por exemplo, as Notificações<br />
Eletrónicas, que permitem aos cidadãos receber alertas, por subscrição através de SMS e email,<br />
das diversas áreas da AP.<br />
Tal como refere Maria Manuel Leitão Marques, Ministra da Presidência e da Modernização<br />
Administrativa, no texto introdutório do documento, “não basta, contudo, utilizar a<br />
tecnologia como de costume. Para fazermos dela um instrumento transformador é preciso<br />
arriscar, desenhar e prototipar novos serviços ou novas formas de os prestar, usar os dados<br />
disponíveis para antecipar necessidades, melhorar os serviços públicos e reduzir custos<br />
administrativos, favorecendo a competitividade das empresas”.<br />
Num segundo eixo consagrou-se a inovação e competitividade, agregada a mais de 500<br />
medidas transversais e <strong>set</strong>oriais. Segundo se lê no documento, “a inovação tornou-se tão<br />
importante para o <strong>set</strong>or público como sempre foi para o <strong>set</strong>or privado”. Apesar da mesma<br />
não depender única e exclusivamente do uso da tecnologia, ela surge como um facilitador<br />
importante do desenho de novos serviços. Deste eixo decorre ainda um olhar atento para<br />
aquilo que a ciência e a tecnologia disponibilizam e para as possibilidades que as mesmas<br />
abrem à inovação no <strong>set</strong>or público. Exemplo disso, pode ler-se no documento “ é o uso de<br />
data analytics ou inteligência artificial, como modo de tratamento automático de dados<br />
para prevenir problemas e/ou antecipar necessidades. Esse tratamento da informação de<br />
que dispomos permite, por exemplo, prestar melhores serviços aos cidadãos através de<br />
sistemas de atendimento totalmente automáticos em linguagem natural ou na prevenção de<br />
doenças.”<br />
Temas como a realidade aumentada no desenho físico de novos serviços, por exemplo,<br />
através da utilização na prototipagem de espaços de atendimento ao cidadão, é outra das<br />
abordagens presentes neste eixo da Inovação e Competitividade, que a par de outras podem<br />
vir a influenciar novas formas de trabalho e a própria configuração de produtos e serviços<br />
públicos.<br />
O terceiro eixo, Partilha de Recursos, consubstancia-se na viabilização dos eixos<br />
anteriores. Partilhar recursos e investir nas competências digitais.<br />
As soluções na nuvem (“cloud”), por exemplo, permitem armazenar, processar e<br />
salvaguardar informação de um modo distribuído e de acordo com as necessidades de cada<br />
momento, alterando o modo como desenvolvemos e consumimos a tecnologia.<br />
Também neste eixo se incluem medidas ligadas à dinamização de aplicações em código<br />
aberto, já utilizado, por exemplo, no “Portal de Cidadão +” e na “Bolsa de Documentos”, este<br />
último lançado no início do verão e integrado no Portal de Cidadão, permite gerir e partilhar<br />
documentos eletrónicos ou digitais, funcionando como um repositório central que garante<br />
a disponibilização segura dos documentos, a sua certificação e a notificação dos utilizadores<br />
acerca da evolução do estado dos mesmos.<br />
O documento Estratégia TIC 2020 refere que “é urgente pôr em prática o programa<br />
comum de competências digitais para favorecer o uso de serviços públicos digitais e a<br />
qualificação e especialização das pessoas que para eles contribuem. Só assim, através<br />
deste esforço coordenado de diferentes áreas governamentais, será possível manter o país<br />
competitivo no século XXI e garantir que a Administração Pública se mantém relevante,<br />
confiável e inclusiva, dispondo de recursos financeiros e humanos que lhe permitam<br />
responder às expectativas dos cidadãos em constante evolução.“ ≤
Boas Práticas Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
Câmara de Murça<br />
tem o melhor sítio na Internet<br />
É referência a nível nacional e revela o Índice da Presença na<br />
Internet (IPIC 2016) das 308 Câmaras Municipais<br />
Segundo dados da mais recente edição do estudo, divulgado a 7 de maio deste ano,<br />
a Câmara Municipal de Murça assume a primeira posição globalmente ao nível das<br />
autarquias mais digitais, seguida de Vila do Bispo e Bragança.<br />
O estudo avalia o tipo de conteúdos disponibilizados pelas Câmaras, a acessibilidade,<br />
navegabilidade e facilidade de utilização dos sítios Web, os serviços online disponíveis<br />
para os cidadãos e os meios que permitem a participação dos munícipes nos assuntos<br />
da Câmara Municipal.<br />
As Câmaras do litoral são as que, em média, apresentam melhores resultados e a Área<br />
Metropolitana de Lisboa a melhor por região.<br />
Nas 10 primeiras posições estão cinco Câmaras de média dimensão, quatro de pequena<br />
dimensão e apenas duas de grande dimensão.
26 — 27<br />
Para o cálculo do índice, são avaliados e<br />
classificados, por observação direta, os 308<br />
sítios camarários, divididos em 32 grupos de<br />
indicadores organizados em quatro critérios:<br />
Conteúdos: tipo e atualização; acessibilidade,<br />
navegabilidade e facilidade de utilização,<br />
serviços online e participação.<br />
O trabalho que está na base do ranking IPIC é<br />
totalmente desenvolvido no âmbito do<br />
Gávea - Laboratório de Estudos e<br />
Desenvolvimento da Sociedade da Informação<br />
da Universidade do Minho.<br />
A Câmara Municipal de Murça regista a maior<br />
evolução desde a existência deste estudo,<br />
saltando da 236.º posição em 2012, para a<br />
19.º em 2014, colocando-se agora no topo da<br />
classificação.<br />
José Maria Costa, Presidente da edilidade<br />
aceitou responder a algumas questões para a<br />
Diagrama.<br />
O que está na base desta evolução?<br />
Na base desta evolução está a aposta clara<br />
deste executivo municipal que lidero para a<br />
modernização administrativa da autarquia,<br />
onde se enquadra a comunicação digital<br />
promovida pela Câmara Municipal de Murça.<br />
A nossa principal preocupação e objetivo<br />
foram disponibilizar ao cidadão, o maior<br />
número de informação da autarquia, desde<br />
a disponibilização das atas, despachos,<br />
contratação pública, entre muitos outros,<br />
aliada a disponibilização do acesso aos<br />
serviços municipalizados online. A<br />
disponibilização de notícias sobre a ação<br />
municipal e agenda de atividades municipais é<br />
também uma das nossas preocupações.<br />
Depois do excelente resultado obtido<br />
no IPIC 2016, o executivo municipal e<br />
técnicos envolvidos, pretendemos melhorar<br />
os resultados ao nível da atualização de<br />
conteúdos, acessibilidade, navegabilidade<br />
e facilidade de utilização, o resultado do<br />
primeiro lugar criou na equipa uma forte<br />
vontade de melhorar ainda mais a forma como<br />
a autarquia comunica com os munícipes na<br />
Internet.<br />
Para responder a esse objetivo, já este<br />
ano o município contratualizou uma nova<br />
Plataforma Integrada de disponibilização<br />
integrada de serviços ao cidadão, com a qual<br />
pretendemos tornar a Câmara Municipal de<br />
Murça 100 % digital.<br />
Quais foram as grandes mudanças operadas<br />
nestes últimos 2 anos?<br />
Com a disponibilização dessa Plataforma<br />
Integrada de Serviços ao Cidadão, a qual<br />
incluímos num Plano de Modernização<br />
Administrativa que a Câmara Municipal de<br />
Murça tem em curso, foi elaborado um novo<br />
site autárquico, lançado em 16 de dezembro<br />
de 2016, este que veio substituir o premiado<br />
pelo IPIC 2016. Esse novo site foi construído<br />
com o intuito de melhorar a disponibilização<br />
de informação ao cidadão, para além de<br />
assegurar a correção de algumas dificuldades<br />
de segurança que o anterior site apresentava.<br />
Contudo, a equipa que estruturou todo<br />
o projeto é exatamente a mesma que vinha<br />
do site anterior, dois profissionais do<br />
Município de Murça na área da informática<br />
e da informação. A nossa aposta, com a<br />
disponibilização deste novo site, passa<br />
por criar mais interação com os cidadãos<br />
murcenses para além de prestar melhores<br />
serviços. Este espaço está num crescimento<br />
constante e será sempre um projeto inacabado<br />
pretendemos tornar a Câmara Municipal<br />
de Murça 100 % digital
Boas Práticas Câmara de Murça Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
tendo em conta as diversas revoluções<br />
tecnológicas em curso, as quais desejamos<br />
acompanhar.<br />
Já este ano e em junho último, deu-se mais<br />
um importante passo, com o lançamento de<br />
uma aplicação móvel de forma gratuita nas<br />
duas plataformas: Android e IOS denominada<br />
“Murça em rede”. O objetivo é permitir ao<br />
cidadão acompanhar toda a atualidade do<br />
Município de Murça, incluindo eventos e<br />
pontos de interesse turísticos, gastronómicos<br />
e culturais sem descurar o acesso aos serviços<br />
online.<br />
Compatível com a maioria dos smartphones<br />
e tablets, esta aplicação da Câmara Municipal<br />
de Murça dá acesso a notícias, agenda de<br />
eventos, informações meteorológicas,<br />
informações da proteção civil, informações ao<br />
nível do alojamento e restauração e de pontos<br />
de interesse patrimoniais, listagem e contactos<br />
de associações existentes, entre outros.<br />
Através desta aplicação o munícipe poderá<br />
comunicar ocorrências, como um poste<br />
sem iluminação, uma rotura de água, um<br />
buraco na sua rua ou até votar no Orçamento<br />
Participativo.<br />
A aplicação possui ainda um conjunto de<br />
funcionalidades que permitem uma maior<br />
interação entre a Câmara Municipal de Murça<br />
e os seus munícipes e visitantes. Permite ainda<br />
que todos aqueles que, por várias razões, se<br />
encontram distantes, acompanhem de perto as<br />
novidades do concelho.<br />
Para que o nosso município seja 100%<br />
digital, falta apenas disponibilizar a nova<br />
plataforma de acesso aos serviços municipais<br />
online, uma vez que este processo requer<br />
preparar em primeiro lugar os vários recursos<br />
nova plataforma de<br />
acesso aos serviços<br />
municipais online<br />
envolvidos, nomeadamente ao nível de<br />
recursos humanos. Contudo esperamos ainda<br />
em <strong>2017</strong> ter esse serviço a funcionar.<br />
As TIC foram determinantes neste processo?<br />
Claro que sim. A Câmara Municipal de Murça<br />
aposta nas Tecnologias da Informação e<br />
Comunicação por considerar uma ferramenta<br />
essencial para o ensino e para a aprendizagem<br />
como um instrumento privilegiado para o<br />
exercício pleno da cidadania.<br />
Quer dar exemplos?<br />
A implementação do Orçamento Participativo<br />
Municipal do Município de Murça e a<br />
Plataforma de Comunicação de Ocorrências<br />
da Câmara Municipal de Murça.<br />
Entende as TIC como instrumentos<br />
que permitem reforçar e consolidar<br />
a proximidade e confiança dos seus<br />
munícipes?<br />
Claro que sim, contribuem significativamente<br />
para a aproximação de eleitos e eleitores.<br />
Um dos critérios deste estudo, onde os<br />
municípios apresentam médias mais<br />
baixas são os mecanismos de participação<br />
disponibilizados ao cidadão, através da<br />
internet. Como é que a C.M. Murça marca a<br />
diferença neste campo?<br />
A Câmara Municipal de Murça tem feito uma<br />
evolução significativa a este nível. Foi em<br />
primeiro lugar a conceção e disponibilização<br />
de um site autárquico que respondesse às<br />
necessidades digitais dos nossos munícipes.<br />
Depois foi a disponibilização e implementação<br />
do Orçamento Participativo Municipal onde<br />
disponibilizamos uma plataforma online,<br />
onde decorre todo o processo, aliás, é uma<br />
obrigatoriedade do próprio regulamento que<br />
todo o processo aconteça via Internet.<br />
Agora e com a disponibilização da nossa APP<br />
interligada com o site municipal, em poucos<br />
minutos o cidadão poderá comunicar uma<br />
ocorrência na sua rua e no seu bairro, de<br />
forma rápida e segura.
28 — 29<br />
Em matéria de participação, na edição deste<br />
ano do orçamento participativo municipal<br />
foi criada de uma plataforma online para<br />
submissão e votação de propostas. Está a<br />
revelar-se um bom instrumento?<br />
Sim. Todo o processo acontece nessa<br />
plataforma, uma opção que visa tornar<br />
transparente todo o processo. Aqui o cidadão<br />
pode acompanhar quantas propostas foram<br />
apresentadas com georreferenciação,<br />
inclusive, seguir o seu estado no processo e<br />
aceder a uma conta individual. Na edição de<br />
<strong>2017</strong> neste concelho com cerca de seis mil<br />
habitantes, duzentos fizeram a sua inscrição e<br />
participaram ativamente neste processo, um<br />
número superior aos 2% da média nacional.<br />
Certamente vamos superar esses valores com<br />
o trabalho que tem estado a ser feito pela<br />
autarquia de Murça neste domínio.<br />
Para chegar aqui, à primeira posição global<br />
ao nível das autarquias mais digitais,<br />
foi necessário um grande investimento<br />
financeiro?<br />
O investimento da Câmara Municipal de<br />
Murça foi muito reduzido, a nossa principal<br />
aposta passou pelo aproveitamento<br />
de recursos humanos internos, uma<br />
equipa constituída por dois elementos, o<br />
coordenador do Gabinete de Informática e o<br />
funcionário responsável pela comunicação da<br />
autarquia.<br />
um site autárquico<br />
que respondesse às<br />
necessidades digitais<br />
dos nossos munícipes<br />
transparência do Município de Murça, com<br />
o reforço da disponibilização de conjunto de<br />
itens de informação relativa à organização,<br />
composição social e funcionamento do<br />
Município; planos e planeamento; impostos,<br />
taxas, tarifas, preços e regulamentos;<br />
contratação pública e transparência,<br />
designadamente, na área do urbanismo.<br />
No Índice de Transparência Municipal (ITM)<br />
Murça é também um exemplo, subiu em<br />
3 anos da 285.º posição para a atual 22.º,<br />
chegar ao topo é o próximo grande desafio?<br />
A Câmara Municipal de Murça manteve em<br />
2016 a sua classificação a nível de ranking,<br />
passando da posição 21 obtida em 2015, para<br />
a 22 em 2016, que apesar na descida de uma<br />
posição vê aumentado o seu score global de<br />
ITM, dos 74,72 pontos verificados em 2015<br />
para os 89,01 pontos obtidos em 2016.<br />
Existe algum investimento na capacitação<br />
digital dos murcenses?<br />
Neste momento não, estivemos focamos na<br />
organização interna da autarquia, mas para<br />
breve haverá novidades neste contexto.<br />
O Município de Murça aposta na utilização<br />
dos instrumentos de comunicação digital<br />
enquanto instrumentos de transparência da<br />
sua atuação. A implementação do Plano de<br />
Transparência Municipal é mais um exemplo?<br />
Sim, desde 2014 que temos em curso a<br />
implementação do Plano Municipal de<br />
Transparência, que visa aumentar o grau de
Boas Práticas Câmara de Murça Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
A pontuação obtida, em 2016, coloca<br />
ainda Murça como o segundo Município<br />
mais transparente do Distrito de Vila Real e<br />
o primeiro da Comunidade Intermunicipal<br />
do Douro (CIM-Douro) pelo segundo ano<br />
consecutivo, representando uma subida de<br />
score superior aos 89 pontos relativamente<br />
aos 74 registados em 2015.<br />
Murça é ainda um dos 25 municípios<br />
portugueses que conseguiram ultrapassar<br />
a fasquia dos 85 pontos, designado pela<br />
promotora do estudo como classificação<br />
positiva (boa), ou seja, toda a informação<br />
“determinante” e mais de 50% da<br />
“importante” é disponibilizada no seu<br />
website oficial. Em 2016 chegou-se a uma<br />
pontuação de 89,01, sendo que no caso de<br />
Murça ultrapassou os 85 pontos. A média<br />
nacional ronda os 52.<br />
O nosso objetivo é estar em <strong>2017</strong> no top 15<br />
a nível nacional e chegar aos 5 primeiros em<br />
2020.<br />
Murça, Horizontes que convidam.<br />
Esta é a vossa assinatura, podemos<br />
perguntar a que é que nos convidam?<br />
Murça é seguramente uma Terra de Encanto<br />
onde os horizontes convidam à descoberta<br />
das suas <strong>set</strong>e freguesias e dos muitos encantos<br />
naturais que estas terras têm.<br />
Murça é uma terra de contrastes, entre a<br />
zona Norte, cravada de encostas e penhascos,<br />
e a zona Sul, repleta de vinhas e olivais. O<br />
património encontra-se distribuído pelas <strong>set</strong>e<br />
freguesias, sendo a Porca de Murça, escultura<br />
representante de uma divindade do povo<br />
celta, o seu expoente máximo.<br />
A origem do concelho de Murça remonta as<br />
épocas longínquas, que antecedem a formação<br />
de Portugal, o que explica os vários vestígios<br />
encontrados, originários de povos celtas,<br />
romanos, suevos e árabes, espalhados por<br />
nove freguesias. Contudo, só em 1224 é que<br />
Murça recebeu uma carta de foral, a mando do<br />
rei D. Sancho II (1209-1248).<br />
Quem visitar Murça não pode deixar de<br />
provar o mel e o queijo de cabra produzidos<br />
na região. Os maravilhosos enchidos resultam<br />
da matança do porco, tradição que ainda se<br />
pratica no concelho.<br />
Perspetivando o turismo, não apenas<br />
como lazer, mas como uma forma de cultura,<br />
podemos afirmar que existem nestas terras<br />
os condimentos indispensáveis para que o<br />
visitante possa simultaneamente deleitar-se e<br />
enriquecer a sua capacidade de absorção dos<br />
valores etnográfico-culturais aqui existentes.<br />
O concelho de Murça está situado no<br />
extremo oriental do distrito de Vila Real, no<br />
limite com o vizinho distrito de Bragança.<br />
É delimitado a norte por Valpaços, a sul por<br />
Alijó e a oeste por Vila Pouca de Aguiar.<br />
Situado em pleno centro geográfico da<br />
Região de Trás-os-Montes e Alto Douro, é<br />
formado atualmente por <strong>set</strong>e freguesias:<br />
Candedo, Carva e Vilares, Fiolhoso, Jou,<br />
Murça, Noura e Palheiros e Valongo de<br />
Milhais.<br />
Concelho misto de “terra fria” e “terra<br />
quente” é atravessado pelo rio Tinhela e<br />
balizado em parte pelo rio Tua.<br />
É apreciável a sua produção de azeite e de<br />
vinhos. Constituindo uma parte da Região<br />
Demarcada do Douro e de Trás-os-Montes,<br />
tem na vinicultura a sua economia essencial<br />
(embora muito associada ao azeite).<br />
Área: 189,4 km 2<br />
População residente: 5.676 . ≤<br />
segundo Município mais transparente<br />
do Distrito de Vila Real
30 — 31<br />
SERVIÇO<br />
DIGITAL<br />
CADA<br />
VEZ<br />
MAIS<br />
PERTO<br />
DE TODOS<br />
Mais de<br />
500<br />
espacos<br />
Servem melhor o cidadão, de forma mais rápida e próxima,<br />
promovendo a literacia digital por via do apoio assistido na<br />
prestação dos serviços públicos digitais.
Entrevista Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong>
32 — 33<br />
Cláudia Joaquim<br />
Secretária de Estado<br />
da Segurança Social<br />
Cláudia Joaquim nasceu em Torres Vedras em 1975.<br />
É licenciada em Economia, pelo Instituto Superior de Economia e<br />
Gestão (ISEG), pós-graduada em Contabilidade, Finanças Públicas e<br />
Gestão Orçamental, pelo IDEFE/ISEG, e Mestre em Políticas Públicas,<br />
pelo ISCTE-IUL.<br />
Foi Assessora, desde 2014, na Assembleia da República, dos deputados<br />
do Grupo Parlamentar do Partido Socialista que integram a Comissão<br />
de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP).<br />
Foi Subdiretora-Geral do Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP)<br />
do Ministério da Solidariedade e Segurança Social (MSSS),<br />
entre 2010 e 2012.<br />
Exerceu funções de Adjunta do Gabinete do Secretário de Estado<br />
da Segurança Social, entre 2009 e 2010, tendo exercido funções de<br />
Assessora nesse mesmo Gabinete entre 2005 e 2009.<br />
É Técnica Superior do Instituto da Segurança Social, I.P., desde 2001.<br />
Membro da Assembleia Municipal de Sobral de Monte Agraço,<br />
desde 2013.<br />
Quais as prioridades na área da Segurança<br />
Social para esta legislatura, em matéria de<br />
transformação digital?<br />
O Programa de Governo defende uma<br />
Segurança Social mais próxima das pessoas<br />
e das empresas. Para tal, é fundamental<br />
trabalhar em diversas áreas: capacitar os<br />
recursos humanos, melhorar a comunicação<br />
mas, também, apostar na transformação<br />
digital e na desmaterialização de processos e<br />
procedimentos.<br />
Para este ministério e para esta equipa é<br />
fundamental incluir a transformação digital<br />
numa ampla estratégia de aproximação<br />
dos serviços da segurança social com a<br />
população, integrando-a como um dos<br />
principais motores geradores de boas<br />
experiências e eficácia no desenvolvimento<br />
das políticas públicas.<br />
Para tal, a Segurança Social lançou,<br />
desde o início da atual legislatura, uma<br />
estratégia de modernização, que reflete<br />
bem os pressupostos de eficiência e<br />
proximidade com os cidadãos. Criámos o<br />
portal Segurança Social Consigo para que<br />
todos possam acompanhar as medidas e a
Entrevista Cláudia Joaquim Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
sua execução, como uma forma de “prestação<br />
de contas”.<br />
Esta estratégia assenta em seis valores<br />
estratégicos: confiança, simplificação,<br />
transparência, proximidade, eficiência<br />
e inovação e pressupõe a concretização<br />
de, pelo menos, 43 medidas que vão ser<br />
paulatinamente implementadas até ao final<br />
de 2018, sendo que muitas delas já estão<br />
finalizadas.<br />
Estamos a trabalhar para uma segurança<br />
social mais simples, mais transparente e<br />
mais eficaz. Queremos reforçar e promover a<br />
concretização do direito à segurança social.<br />
Por esse motivo tem havido nos dois<br />
últimos anos um esforço enorme de<br />
desenvolvimento de medidas de simplificação<br />
tecnológica, muitas das quais com destaque<br />
no Programa Simplex +.<br />
Saliento medidas importantes já<br />
implementadas, como a Nova Declaração de<br />
Remunerações ou no âmbito do pagamento<br />
de dívidas à segurança social, através de<br />
novas funcionalidades que facilitam a relação<br />
dos contribuintes com a segurança social no<br />
cumprimento da sua obrigação contributiva<br />
ou medidas como a nova App Siga que<br />
permite a marcação do atendimento em<br />
diversos serviços através do telemóvel.<br />
O relacionamento entre as empresas e a<br />
Segurança Social é um processo decisivo<br />
para o relançamento da economia, para<br />
a criação de investimento e redução de<br />
custos de contexto. Qual o papel das TIC na<br />
prossecução de medidas que facilitem este<br />
processo?<br />
A Segurança Social Direta enquanto portal<br />
funcional da Segurança Social é o meio<br />
privilegiado de relacionamento entre a<br />
Segurança Social e as empresas e agentes<br />
económicos.<br />
reforçar e promover a<br />
concretização do direito<br />
à segurança social<br />
As TIC são fundamentais na promoção<br />
e na melhoria do relacionamento dos<br />
contribuintes com a segurança social. A<br />
melhoria deste portal, tornando-o mais<br />
intuitivo e user friendly e o desenvolvimento<br />
de novas funcionalidades têm sido uma forte<br />
aposta deste Governo.<br />
Ao criarmos funcionalidades como a<br />
“agenda” e a “posição atual”, ao melhorarmos<br />
a qualidade da informação nas declarações de<br />
remuneração, estamos, simultaneamente, a<br />
facilitar o trabalho dos agentes económicos<br />
mas também a melhorar os procedimentos<br />
dos serviços. Este duplo ganho de eficiência,<br />
reduz os custos de contextos, facilita e<br />
incentiva o aumento do investimento mas,<br />
acima de tudo, cria relações de confiança<br />
entre os agentes económicos e o Estado.<br />
Esta relação é fundamental para fortalecer a<br />
nossa economia, criando postos de trabalho e<br />
fixando investimento.<br />
Reduzir em 15% o tempo consumido pelas<br />
entidades empregadoras na interação com a<br />
segurança social é uma das metas definidas<br />
pelo Governo. Que projetos estão em curso<br />
para lá chegarmos?<br />
Como já referi, a estratégia de modernização<br />
Segurança Social Consigo está em marcha e já<br />
com medidas implementadas ou em avançado<br />
desenvolvimento. Podemos referir a Senha<br />
de Acesso à Segurança Social Direta na hora<br />
que vai permitir a sua emissão no momento
34 — 35<br />
Em breve queremos ter igualmente implementada<br />
a plataforma de serviços de Interoperabilidade da<br />
Segurança Social<br />
da inscrição online de uma empresa. A<br />
Secção de Processo Online é outra das nossas<br />
grandes apostas já implementadas. Com<br />
este passo é possível uma empresa, ou um<br />
cidadão, fazer a gestão online de dívidas em<br />
execução fiscal, com emissão de documentos<br />
de pagamento, extratos de dívida e planos<br />
prestacionais. Em breve, queremos ter<br />
igualmente implementada a plataforma de<br />
serviços de Interoperabilidade da segurança<br />
social, que será um serviço de comunicação<br />
segura e automática entre os sistemas de<br />
informação das empresas e a Segurança Social<br />
para consulta e admissão de trabalhadores e<br />
entrega de declarações de remuneração.<br />
Mas aquela que é a mais ambiciosa e, ao<br />
mesmo tempo, mediática aposta é a reativação<br />
do call center da Segurança Social, desativado<br />
pelo anterior Governo. Esta medida vai<br />
permitir o atendimento de 12.000 chamadas<br />
diárias, por uma primeira linha preparada<br />
para responder ou encaminhar as mais<br />
diversas dúvidas relacionadas com o universo<br />
da Segurança Social. Pretendemos que esteja<br />
em funcionamento ainda em <strong>2017</strong>, pois todo<br />
o processo administrativo já se encontra<br />
bastante adiantado.<br />
Qual a avaliação que faz do novo processo de<br />
entrega da Declaração de Remunerações?<br />
Faço uma avaliação muito positiva. Foi<br />
um processo muito complexo, que correu<br />
de forma exemplar, com um grande esforço<br />
por parte dos serviços e um forte empenho<br />
por parte dos trabalhadores da Segurança<br />
Social, mas também com uma adesão enorme<br />
por parte das entidades empregadoras.<br />
Com esta medida foi possível eliminar um
Entrevista Cláudia Joaquim Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
dos principais constrangimentos ao nível<br />
da qualidade de informação no sistema de<br />
Segurança Social porque todos os meses<br />
eram submetidas milhares de Declarações de<br />
Remunerações com erros, as quais tinham que<br />
ser tratadas manualmente. Essa situação tinha<br />
um impacto negativo na correta participação<br />
de dívida e condicionava a decisão sobre os<br />
pedidos de prestações sociais.<br />
Este era um passo essencial para que<br />
pudéssemos caminhar para a emissão de<br />
Declarações de Remunerações Oficiosas,<br />
medida na qual estamos a trabalhar e que<br />
permitirá reduzir a evasão contributiva e<br />
contribuir assim para a sustentabilidade da<br />
Segurança Social.<br />
O que pode ser melhorado na relação digital<br />
da Segurança Social com os cidadãos e as<br />
empresas, nomeadamente para aumentar a<br />
adesão aos serviços digitais?<br />
A Segurança Social tem uma missão muito<br />
humana e de proximidade com os cidadãos e<br />
com as empresas. Somos dos poucos serviços<br />
que acompanham os cidadãos e as empresas<br />
em todas as jornadas do seu ciclo de vida.<br />
Assim sendo, temos de ter um cuidado<br />
especial com as necessidades de quem nos<br />
procura e a quem nos dirigimos, não podendo<br />
centralizar esforços apenas num único canal<br />
de comunicação ou interação. A Segurança<br />
Social tem três canais de relacionamento,<br />
o presencial, o telefónico e o online, e é<br />
fundamental que se complementem entre<br />
si. O contacto humano será sempre uma<br />
das principais características dos serviços<br />
prestados pela Segurança Social, mas há um<br />
enorme potencial de desenvolvimento do<br />
relacionamento online.<br />
Os objetivos estão bem definidos: melhorar<br />
e aumentar o leque de opções disponibilizadas<br />
na plataforma digital, tornando-a num<br />
marco de confiança na relação com cidadãos<br />
e empresas. Só com esta aposta podemos<br />
esperar aumentar o número de “utilizadores<br />
digitais” dos serviços da Segurança Social,<br />
principalmente no que se refere aos<br />
beneficiários das prestações sociais, uma vez<br />
que os contribuintes já manifestam uma forte<br />
adesão aos serviços digitais.<br />
Na sua opinião, qual a importância<br />
de compartilhar e reutilizar soluções<br />
tecnológicas no <strong>set</strong>or público?<br />
Faz-me todo o sentido. Se existir uma solução<br />
tecnológica, eficaz, que facilite a vida das<br />
pessoas, penso que a mesma deve ser utilizada<br />
por outras áreas <strong>set</strong>oriais, se adaptáveis. Posso<br />
dar um exemplo, no Instituto de Informática<br />
foi desenvolvido um sistema de senhas para<br />
o atendimento (o SIGA) que é utilizado por<br />
diversos serviços públicos.<br />
Qual a importância de ter uma Administração<br />
Pública cada vez mais interoperável?<br />
A troca de informação e a Interoperabilidade<br />
entre serviços e sistemas da Administração<br />
Pública são fundamentais para aumentar<br />
a eficácia dos serviços, fornecendo uma<br />
resposta cada vez mais célere.<br />
Vou dar-lhe mais uma vez um exemplo.<br />
Pela primeira vez, com o aumento
36 — 37<br />
extraordinário de pensões efetuado em agosto<br />
passado. Este aumento extraordinário só foi<br />
possível com recurso à Interoperabilidade<br />
entre sistemas. Na sequência desta medida<br />
foi possível sabermos, pela primeira vez,<br />
o número de pensionistas da Segurança<br />
Social e da Caixa Geral de Aposentações.<br />
Até então só sabíamos o número de pensões<br />
pagas mensalmente pela Segurança Social<br />
e Caixa Geral de Aposentações. A troca<br />
de informação entre os serviços e os seus<br />
sistemas permitiu saber que íamos aumentar<br />
a pensão a praticamente 2 milhões de<br />
pensionistas, independentemente do número<br />
de pensões que cada um recebia e recebe.<br />
A Interoperabilidade fornece ao decisor<br />
político os mecanismos necessários para<br />
um planeamento e consequente execução<br />
de políticas públicas mais assertivas mas,<br />
também, mais justas.<br />
A Diagrama é uma publicação que se quer<br />
de todos, capaz de partilhar o enorme<br />
desafio que a AP tem feito com vista à<br />
modernização e simplificação dos serviços<br />
públicos. Que papel acha que a comunicação<br />
e a divulgação devem ocupar na missão de<br />
levar as iniciativas e soluções até todos?<br />
Interoperabilidade?<br />
É fundamental passar a mensagem correta.<br />
Muitas vezes a desmaterialização de processos<br />
e a disponibilização de soluções digitais são<br />
olhados com alguma desconfiança, até pelos<br />
serviços públicos. Precisamos de desmistificar!<br />
É verdade que estamos culturalmente<br />
mais disponíveis para uma Administração<br />
Pública mais digital e mais próxima, mas<br />
nunca podemos esquecer a comunicação<br />
dessas soluções, chegando a quem realmente<br />
pode com elas beneficiar: os cidadãos e as<br />
empresas.<br />
Que outras áreas de modernização acha<br />
que são necessárias para termos uma<br />
administração cada vez mais próxima<br />
e intuitiva para os cidadãos e para as<br />
empresas?<br />
É complicado falar de outras áreas. Prefiro<br />
falar da Segurança Social! Acho que tem<br />
havido um esforço muito grande por parte das<br />
áreas que mais contacto têm com os cidadãos,<br />
que são as áreas sociais, a Educação, a Saúde e<br />
a Segurança Social, e claro, também por parte<br />
das finanças. Penso que seria importante um<br />
esforço por parte das autarquias locais pela<br />
proximidade que têm com os cidadãos.<br />
E deixar uma mensagem, a todos nós, que<br />
prestamos serviço público?<br />
Prestar serviço público, seja na Administração<br />
Central, Local ou no <strong>set</strong>or empresarial do<br />
Estado, é uma missão que nunca se esgota. Mas<br />
esse desafio é o que nos deve mover: melhorar<br />
a cada dia, para que os cidadãos confiem<br />
no Estado, nas Autarquias e nas empresas<br />
públicas. Enquanto governante só posso<br />
agradecer a todos aqueles que, diariamente,<br />
trabalham com total profissionalismo para que<br />
os serviços da Segurança Social sejam mais<br />
eficientes e com soluções dirigidas a quem<br />
precisa. ≤<br />
permitirá reduzir a evasão contributiva e<br />
contribuir assim para a sustentabilidade da<br />
Segurança Social
Loja do Cidadão Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong>
38 — 39<br />
Loja do Cidadão<br />
de Coimbra<br />
A Loja do Cidadão de Coimbra completou, no passado dia 25 de<br />
junho, o 14.º aniversário.<br />
Apresenta uma média de 783 mil atendimentos por ano, com<br />
um total de mais de 11 milhões ao longo dos seus catorze anos,<br />
posicionando-se no quinto lugar do TOP 10 das lojas com maior<br />
número de atendimentos.<br />
É gerida pela AMA – Agência para a Modernização Administrativa,<br />
I.P. - e coordenada, localmente, por Carla Gisela, e é ela quem nos<br />
recebe e mostra como se fazem os dias nesta loja.<br />
Como é o dia-a-dia da Loja do Cidadão de Coimbra?<br />
As estatísticas mostram um número de atendimentos que representa um movimento<br />
de pessoas considerável e constitui um desafio aliciante, com uma dinâmica de<br />
resposta permanente a todo o tipo de solicitações dos clientes internos e externos -<br />
uma vez que o trabalho da Unidade de Gestão é de charneira entre entidades parceiras,<br />
empresas prestadoras de serviços e fornecedores, departamentos da sede e demais<br />
entidades e autoridades -, sempre com o cliente como ponto inicial e de destino de<br />
todas a ações, de segunda a sábado, em horário contínuo e alargado, para um dia-a-dia<br />
mais fácil.<br />
É também compromisso e responsabilidade de fazer sempre melhor, cumprindo as<br />
nossas competências e procurando ajudar no encaminhamento das solicitações para<br />
matérias que nos ultrapassam, bem como disponibilidade e contributo para novas<br />
formas de desempenho da nossa arte.<br />
Como gere os conflitos e reclamações?<br />
Foram recebidas 3201 reclamações, que representam 0,08% do total de atendimentos.<br />
Nesses momentos procuramos fazer uso do recurso ao bom senso e compreender as<br />
motivações, além de prestar todos os esclarecimentos.<br />
Além disso, procuramos igualmente aprender e estar mais atentos às situações<br />
registadas que mereçam efetiva adaptação, conforme os casos naturalmente.
Loja do Cidadão de Coimbra<br />
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
Já alguma vez lhe deram um aplauso?<br />
Sim. Mas mais relevante é termos<br />
diariamente a melhor de todas as<br />
compensações que é o reconhecimento<br />
do público e dos colegas numa palavra de<br />
agradecimento: obrigado!<br />
Quer contar uma história?<br />
A Loja do Cidadão de Coimbra foi inaugurada<br />
há 14 anos e as histórias continuam a<br />
acontecer.<br />
Uma que é recorrente está relacionada com<br />
as senhas prioritárias, quando questionamos<br />
o motivo da opção pela senha prioritária,<br />
obtemos a resposta pronta:<br />
- oh menina, estou cheio de pressa!<br />
Ainda com as senhas, quando<br />
substituímos um rolo e perguntamos<br />
aos utentes que aguardam:<br />
- quem está a seguir?<br />
invariavelmente recebemos uma<br />
resposta decidida e em coro:<br />
- sou eu!<br />
No primeiro sábado que estivemos<br />
abertos ao público apareceram<br />
os convidados e os noivos para a<br />
cerimónia de casamento civil, que<br />
não era aqui. Espantados (nós) lá<br />
encaminhamos os clientes mais<br />
bonitos que tivemos. ≤<br />
disponibilidade e contributo<br />
para novas formas de<br />
desempenho<br />
Loja do Cidadão de Coimbra<br />
Avenida Central 16/18/20 | 3000-607<br />
Coimbra<br />
t. 707 241 107<br />
Horário<br />
Dias úteis das 08:30h às 19:30h<br />
Sábados das 09:30h às 15:00h<br />
Entidades presentes<br />
na Loja que funcionam<br />
com horário diferente desta:<br />
IRS - Cartão de Cidadão, Passaporte e<br />
DUA: Funcionam no horário da Loja;<br />
Certidões: Dias úteis, das 08:30h às<br />
19:30h<br />
IMPIC - Dias úteis: das 08:30h às<br />
19:30h<br />
SEF - Dias úteis: das 09:00h às 17:00h<br />
Obs.: O atendimento do Serviço de<br />
Estrangeiros e Fronteiras funciona<br />
exclusivamente por marcação. As<br />
marcações podem ser realizadas<br />
através do Centro de Contacto do SEF<br />
(disponível das 9:00 às 17:30 através<br />
do – 808 202 653 (rede fixa) ou 808 962<br />
690 (rede móvel) ou através do site<br />
www.sef.pt.<br />
Agendamento de pedidos de Cartão<br />
de Cidadão - De 3ª a 6ª: das 08:30h às<br />
18:45h
40 — 41<br />
Documentos<br />
sempre à mão<br />
Uma bolsa de documentos que<br />
garante uma solução online<br />
integrada no Portal de Cidadão e que<br />
permita enviar, receber, armazenar<br />
e gerir documentos eletrónicos ou<br />
digitais.<br />
A aplicação veio facilitar a relação<br />
dos cidadãos e agentes económicos<br />
com a Administração Pública,<br />
no âmbito da prestação de um<br />
serviço, e funciona como um<br />
repositório central, garantindo<br />
a disponibilização segura dos<br />
documentos, a sua certificação<br />
e também a notificação dos<br />
utilizadores acerca da evolução do<br />
estado dos mesmos.<br />
Com a Bolsa de Documentos, os<br />
cidadãos e empresas têm todos<br />
os seus documentos online, não<br />
só os que foram criados por eles,<br />
mas também os que resultam de<br />
serviços públicos, por exemplo,<br />
um certificado de habilitações, e<br />
vão poder partilhá-los com quem<br />
quiserem.<br />
Desta forma, vão saber sempre onde<br />
guardaram os documentos, uma vez<br />
que, para além de estarem sempre<br />
disponíveis, estão seguros e num só<br />
lugar.<br />
Bolsa de Documentos, em<br />
funcionamento, através do Portal de<br />
Cidadão.<br />
APPoio Contra<br />
a Violência<br />
Doméstica<br />
Uma aplicação que pode fazer toda<br />
a diferença, para quem é vítima de<br />
violência de género ou doméstica.<br />
Um acesso rápido às estruturas<br />
de apoio existentes em todo o<br />
território nacional está agora<br />
facilitado através de uma aplicação<br />
para telemóveis.<br />
Esta é uma aplicação que se<br />
encontra disponível na App Store<br />
e Google Play e que concentra toda<br />
a informação relativa aos serviços<br />
de apoio às vítimas de violência<br />
doméstica e de género.<br />
A sua utilização é simples. Depois<br />
de descarregar a aplicação, basta<br />
selecionar o distrito e o serviço<br />
que procura: Estruturas de Apoio<br />
à Vítima, Forças de Segurança,<br />
Câmaras Municipais, Intervenção<br />
com Agressores, Justiça, Proteção<br />
de Crianças e Jovens, Saúde ou<br />
Serviços Locais de Segurança<br />
Social. A aplicação faz a chamada ou<br />
permite que envie um email para a<br />
entidade certa.<br />
Na pesquisa, os contactos que<br />
são fornecidos dizem respeito às<br />
instituições e serviços do local em<br />
que a vítima se encontra, o que<br />
também acelera todas as respostas.
Estatísticas<br />
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
DADOS REFERENTES AOS PRIMEIROS OITO MESES DE <strong>2017</strong><br />
AUTENTICAÇÃO.GOV<br />
A AMA é responsável por soluções de autenticação que visam garantir a segurança,<br />
física e eletrónica, reduzindo os riscos de fraude e preservando os direitos de<br />
confidencialidade e privacidade dos dados pessoais.<br />
Autenticacao.gov agrupa, num ponto único, toda a informação e serviços de<br />
identificação eletrónica, nomeadamente do Cartão de Cidadão e da Chave Móvel<br />
Digital.<br />
N.º DE AUTENTICAÇÕES<br />
161.675<br />
149.691<br />
177.183<br />
170.029<br />
208.100<br />
196.687<br />
189.439<br />
145.264<br />
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago<br />
N.º VISITAS AO SITE<br />
29.510<br />
30.863<br />
24.212<br />
22.854<br />
9.206<br />
12.232<br />
103 626<br />
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
42 — 43<br />
PORTAL DO CIDADÃO<br />
O Portal do Cidadão facilita o relacionamento entre os cidadãos, empresários e a<br />
Administração Pública. É o canal na internet privilegiado de acesso à informação e<br />
prestação de serviços públicos.<br />
N.º DE VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS<br />
2.423.340<br />
2.198.249<br />
2.531.149<br />
2.202.121<br />
2.501.615<br />
2.231.451<br />
2.032.161<br />
1.936.063<br />
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago<br />
SERVIÇOS MAIS PROCURADOS - VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS - 01 JAN a 31 AGO<br />
Alteração de morada - Cartão de Cidadão<br />
622.086<br />
Consulta de certidão permanente - Registo comercial<br />
239.399<br />
Marcação de consulta médica - Centro de Saúde<br />
237.261<br />
Agendamento - Cartão de Cidadão<br />
204.802<br />
Renovação - Cartão de Cidadão<br />
188.835
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
A<br />
Iniciativa Nacional de Competências Digitais e.2030 - Portugal INCoDe<br />
2030, foi lançada em abril pelo Governo, e junta o Estado, empresas e ensino<br />
agregando todas as iniciativas em torno desta área.<br />
Trata-se de uma ação integrada de política pública dedicada ao reforço<br />
de competências digitais nacionais que pretende posicionar Portugal e os<br />
portugueses no grupo de topo dos países europeus em competências digitais<br />
num horizonte que se estende até 2030, identificando e enfrentando três<br />
grandes desafios:<br />
Generalizar a literacia digital, com vista ao exercício pleno de cidadania<br />
e à inclusão numa sociedade com práticas cada vez mais desmaterializadas,<br />
e em que muitas interações sociais acontecem na Internet e são<br />
crescentemente mediadas por dispositivos eletrónicos;<br />
Na sociedade atual o desenvolvimento assenta no digital invadindo todos<br />
os domínios, da educação à indústria, do entretenimento à vida social,<br />
das cidades à agro-indústria, da medicina ao ambiente, não havendo<br />
praticamente área em que não se venha a manifestar.<br />
A utilização das tecnologias digitais com competência e em segurança é<br />
hoje um instrumento essencial para a inclusão social e para o exercício pleno
44 — 45<br />
Portugal INCoDe 2030<br />
Reforçar as competências<br />
digitais dos portugueses<br />
da cidadania. No entanto, segundo dados<br />
de 2016, 52% dos portugueses (dos 16 aos<br />
74 anos) ainda não têm as competências<br />
digitais básicas indispensáveis para utilizar<br />
a Internet e 26% dos portugueses com idade<br />
compreendida entre os 16 e os 74 anos diz<br />
mesmo nunca ter usado a Internet.<br />
Da mesma forma, é importante<br />
reunir competências essenciais à plena<br />
utilização pela sociedade das tecnologias<br />
de informação e comunicação instaladas e<br />
disponíveis, contribuir para a massificação<br />
do uso da Internet e o aproveitamento da<br />
banda larga, criando ao mesmo tempo<br />
novas atividades geradoras de emprego<br />
qualificado.<br />
Neste contexto, a preparação dos cidadãos<br />
requer capacidade de convivência e também<br />
de compreensão destas tecnologias,<br />
nomeadamente através da aquisição precoce<br />
de conhecimentos ao nível do utilizador, o<br />
que pressupõe a capacidade de raciocínio<br />
lógico, de trabalho colaborativo e de<br />
projeto. Em muitas circunstâncias, também<br />
conhecimentos a nível de código.<br />
É por isso fundamental dotar as novas<br />
gerações dessas capacidades através de uma<br />
ação permanente e coordenada dos sistemas<br />
de educação e de formação profissional.<br />
O segundo desafio é estimular a<br />
empregabilidade, a capacitação e<br />
especialização profissional em tecnologias e<br />
aplicações digitais, de modo a responder à<br />
crescente procura do mercado e a promover<br />
a qualificação do emprego numa economia de<br />
maior valor acrescentado.<br />
As necessidades do mercado de trabalho<br />
em TIC têm vindo a crescer de forma muito<br />
expressiva e, apesar das ainda elevadas taxas<br />
de desemprego, em particular do desemprego<br />
jovem (inclusive jovens com formação<br />
secundária ou superior) e do desemprego de<br />
longa duração, a resposta a essas necessidades<br />
não tem sido suficiente, existindo a perceção<br />
de que o problema tende a acentuar-se.<br />
Este desencontro entre as necessidades do<br />
mercado de trabalho e a disponibilidade de<br />
profissionais qualificados obriga a intervir<br />
em diversas dimensões e níveis para que seja<br />
reforçada a oferta formativa em TIC.<br />
É pois uma prioridade no futuro imediato<br />
a promoção da formação de técnicos<br />
intermédios em áreas bem definidas e<br />
dirigidas a <strong>set</strong>ores económicos específicos,<br />
<strong>set</strong>ores esses que têm de ser envolvidos no<br />
processo desde o início, nomeadamente<br />
através da oferta generalizada de estágios e de<br />
contextos de formação conjunta/colaborativa,<br />
bem como ações de reorientação profissional<br />
nas áreas das competências digitais, de<br />
preparação intensiva de docentes e de<br />
formadores para as áreas TIC e de formação<br />
avançada, conducente ou não a grau, em<br />
particular para os <strong>set</strong>ores económicos<br />
mas também para as áreas culturais e a<br />
Administração Pública em geral.
Portugal INCoDe 2030<br />
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
Por último, garantir uma forte participação<br />
nas Redes Internacionais de Investigação e<br />
Desenvolvimento (I&D) e de produção de<br />
novos conhecimentos nas áreas digitais.<br />
A iniciativa de projetar o desenvolvimento<br />
de competências digitais até 2030 acompanha<br />
o propósito de contribuir para o avanço das<br />
ciências e tecnologias digitais. A resiliência da<br />
nossa sociedade e a competitividade da nossa<br />
economia exigem um forte envolvimento na<br />
produção de novos conhecimentos.<br />
É neste contexto que Portugal deve reforçar<br />
a sua participação na produção de ciência<br />
em todas as áreas do conhecimento e muito<br />
especialmente em áreas que envolvem<br />
competências digitais avançadas, entre<br />
outras a Computação Paralela e Distribuída;<br />
Cidades inteligentes e edifícios inteligentes;<br />
Cibersegurança e Biologia Computacional e<br />
Bioinformática.<br />
Para enfrentar os desafios atrás enunciados,<br />
a iniciativa Portugal INCoDe.2030 propõe<br />
levar a cabo um vasto conjunto de medidas<br />
que vão mobilizar as diversas instâncias<br />
governamentais e que devem ser articuladas<br />
com as iniciativas convergentes da sociedade<br />
civil. Estas medidas estão estruturadas à volta<br />
de cinco eixos principais de ação: Inclusão,<br />
Educação, Qualificação, Especialização e<br />
Investigação.<br />
Em termos de Inclusão, o primeiro eixo,<br />
é necessário assegurar a generalização do<br />
acesso equitativo às tecnologias digitais a toda<br />
a população, para obtenção de informação,<br />
comunicação e interação.<br />
Nesse sentido, é essencial sensibilizar<br />
a população para a importância das<br />
competências digitais, nomeadamente<br />
através da criação de centros de recursos e<br />
conteúdos e de ações de formação na ótica dos<br />
utilizadores, ao mesmo tempo que se garante<br />
a coesão territorial, assumindo a necessidade<br />
de reforçar a utilização de serviços em banda<br />
larga.<br />
A Educação é o segundo eixo. O objetivo<br />
é assegurará-la a camadas mais jovens da<br />
população através do estímulo e reforço<br />
nos domínios da literacia digital e das<br />
competências digitais em todos os ciclos de<br />
ensino e de aprendizagem ao longo da vida.<br />
Na área da Qualificação, o documento<br />
refere a necessidade de capacitar<br />
profissionalmente a população ativa<br />
dotando-a dos conhecimentos necessários<br />
à sua integração num mercado de trabalho<br />
que depende, cada vez mais de competências<br />
digitais.<br />
No futuro imediato é apontada como<br />
prioridade a promoção da formação de<br />
técnicos intermédios em áreas bem definidas e<br />
dirigidas a <strong>set</strong>ores económicos específicos.<br />
O eixo da Especialização aponta para<br />
a promoção da especialização para a<br />
qualificação do emprego e a criação de maior<br />
valor acrescentado na economia, numa altura<br />
em que se verifica o surgimento de novos<br />
mercados e produtos em áreas, até há pouco<br />
tempo longe destas competências, como por<br />
exemplo a agricultura, as pescas as cidades ou<br />
a saúde.<br />
Neste programa é destacada a importância<br />
de garantir o reforço de ofertas formativas<br />
de iniciação superior, (EsSP), 1º e 2º ciclo e<br />
pós graduações nas áreas prioritárias deste<br />
programa, assim como o lançamento de uma<br />
rede de laboratórios digitais de inovação.<br />
No último dos eixos, a Investigação, o<br />
objetivo centra-se na criação de garantias
46 — 47<br />
Portugal deve reforçar a sua participação<br />
na produção científica em todas as áreas do<br />
conhecimento<br />
para a produção de novos conhecimentos e<br />
a participação ativa em redes e programas<br />
internacionais I&D.<br />
Lê-se no documento que Portugal deve<br />
reforçar a sua participação na produção<br />
científica em todas as áreas do conhecimento,<br />
mas muito especialmente em áreas que<br />
envolvam competências digitais avançadas<br />
– tal como o manuseamento e valorização de<br />
grandes quantidades de dados (big data), a<br />
biologia computacional e a bioinformática, a<br />
fotónica, a computação avançada em geral,<br />
a computação cognitiva e a aprendizagem<br />
automática, a cibersegurança e os sistemas<br />
ciberfísicos.<br />
Devem ainda ser promovidas as condições<br />
de acesso generalizado à informação<br />
científica, a criação das condições<br />
laboratoriais de partilha de uma rede de<br />
computação científica avançada, bem como o<br />
incentivo à colaboração internacional.<br />
Sendo um programa integrado nacional,<br />
a Iniciativa Portugal INCoDe.2030 será<br />
dinamizada transversalmente através de<br />
competências existentes em diferentes<br />
organismos públicos e privados. No<br />
âmbito da Direção-Geral de Estatísticas<br />
da Educação e Ciência (DGEEC), foi criado<br />
um “Observatório para as Competências<br />
Digitais” que, em colaboração com o INE,<br />
fará o acompanhamento e a avaliação do<br />
desenvolvimento do programa.<br />
A dinamização e coordenação das ações<br />
do programa serão feitas pelo Fórum<br />
Permanente para as Competências Digitais,<br />
que tem como objetivo dinamizar e articular<br />
um leque alargado de atores sociais e garantir<br />
uma ampla mobilização para a iniciativa,<br />
através das mais variadas atividades, com<br />
base nas informações disponibilizadas<br />
pelo Secretariado Técnico do qual a AMA –<br />
Agência para a Modernização Administrativa<br />
faz parte.≤<br />
Fonte: http://www.incode2030.gov.pt/
Reportagem<br />
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong>
48 — 49<br />
Data Science for Social Good<br />
Em Portugal<br />
A Fundação Data Science for Social Good iniciou-se na Universidade<br />
de Chicago em 2013. Trata-se de um programa de verão para<br />
capacitar cientistas de dados que pretendem trabalhar em projetos de<br />
mineração de dados, aprendizagem mecânica, dados importantes e<br />
ciência de dados com impacto social.<br />
O trabalho desenvolve-se em estreita colaboração com governos<br />
e organizações sem fins lucrativos. Os intervenientes assumem<br />
problemas reais em educação, saúde, energia, segurança pública,<br />
transporte, desenvolvimento económico, desenvolvimento<br />
internacional, entre outros.<br />
Este ano, pela primeira vez, a DSSG veio para a Europa, organizada pela Nova<br />
School of Business and Economics em colaboração com a Universidade de Chicago,<br />
trazendo para Portugal 15 cientistas de todo o mundo, mais concretamente para<br />
Lisboa e Cascais. São estudantes de campos quantitativos e computacionais - desde<br />
ciência da computação e aprendizagem de máquinas, até estatísticas, ciências físicas<br />
e engenharia, para economia e ciências sociais.<br />
Entre 1 de junho e 25 de agosto, estiveram instalados no Campus de Campolide da<br />
Nova School of Business and Economics - SBE, a trabalhar em 6 projetos, 2 dos<br />
quais portugueses.<br />
Este programa foi coordenado em Portugal por Leid Zejnilović, professor<br />
universitário e de ensino pós-graduado na SBE, em áreas de Gestão Tecnológica<br />
e de Inovação, Empreendedorismo, Gestão de Operações e Gestão de Cadeia de<br />
Abastecimento, que explicou o projeto à Revista Diagrama.<br />
O que é o Data Science for Social Good?<br />
O Data Science for Social Good é uma iniciativa que treina aspirantes a cientistas<br />
de dados e organizações que trabalham para o bem social, a usarem dados como<br />
potenciadores de mudança. Após 4 anos em Chicago, o DSSG veio pela primeira vez<br />
para a Europa, para a Nova SBE e Cascais.<br />
Durante 3 meses, 19 mentes brilhantes, aspirantes a cientistas de dados,<br />
desenvolveram soluções para problemas com grande impacto social, através da<br />
análise de bases de dados: big data.<br />
Trabalhando em estreita colaboração com governos e organizações sem fins<br />
lucrativos, nacionais e internacionais, os fellows enfrentaram problemas reais no<br />
ramo do desemprego, saúde, energia, transporte e desenvolvimento económico e<br />
ambiental.
Reportagem Data Science for Social Good<br />
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
treina aspirantes a cientistas de dados e<br />
organizações que trabalham para o bem social<br />
(Projeto Cascais) No que é que se<br />
consubstancia este modelo que alerta para a<br />
existência de um potencial desempregado de<br />
longa duração?<br />
Baseado em certas características como<br />
a idade, o género, o grau de educação, o<br />
histórico de desemprego, etc., é possível<br />
atribuir um valor que determina a<br />
probabilidade menor ou maior de um<br />
indivíduo se tornar desempregado por mais<br />
de 12 meses. Mas sem esquecer que o fator<br />
humano continua a ser muito importante e<br />
que não pode ser ignorado. Este sistema é<br />
indicativo e não absoluto.<br />
Quais os dados privilegiados? (uma vez que<br />
vão para além da idade, sexo ou profissão)<br />
Os dados são anónimos e foram fornecidos<br />
pelo IEFP e pelo departamento de emprego da<br />
Câmara Municipal de Cascais.<br />
Quais são os primeiros resultados?<br />
Os primeiros resultados indicam que é<br />
possível melhorar o sistema em que os<br />
potenciais desempregados de longa duração<br />
estão a ser identificados na altura em que<br />
submetem uma candidatura. O que permitirá<br />
uma mais eficaz distribuição de recursos<br />
e que, consequentemente, terá um efeito<br />
preventivo.<br />
Outro projeto está relacionado com a saúde,<br />
com o apoio do grupo José de Mello.<br />
Neste caso, que tipo de dados estão a ser<br />
trabalhados?<br />
Os dados fornecidos são anónimos e referemse<br />
tanto a pacientes como a médicos: idade,<br />
género e zona de residência, código da doença,<br />
especialidade do médico, e interações entre<br />
médicos de família e pacientes. Os resultados<br />
preliminares são indicativos de que a atribuição<br />
de pacientes aos médicos mais indicados é<br />
otimizada de 1 em 3, para 2 em 3.<br />
Como é que este programa pode ajudar a<br />
melhorar as políticas públicas em Portugal?<br />
Existe acima de tudo, um grande espírito<br />
de cooperação durante todo o programa:<br />
cooperação entre os fellows; cooperação<br />
entre os fellows e os parceiros e cooperação<br />
entre parceiros. Este mind-<strong>set</strong> é o que pode<br />
verdadeiramente estimular a comunicação entre<br />
diversos organismos com o intuito de mudança<br />
positiva com impacto. Adicionalmente, é<br />
demonstrado como a colheita de dados pode ser<br />
benéfica não só para os problemas de agora, mas<br />
também de futuro. Já vemos essa mudança de<br />
mentalidade em vários dos nossos parceiros.<br />
E depois do verão?<br />
O DSSG Europe, juntamente com a Nova School<br />
of Business and Economics irá continuar<br />
a trabalhar para aumentar o seu leque de<br />
parceiros e projetos. Queremos também<br />
reforçar a relação com a Universidade de<br />
Chicago e incorporar o projeto do DSSG no ADN<br />
da Nova SBE.<br />
Depois do Verão os diversos parceiros irão<br />
decidir se querem continuar a desenvolver<br />
sozinhos os projetos iniciados com o DSSG<br />
Europe e alguns já sabemos que têm essa<br />
intenção. Os nossos jovens cientistas irão com<br />
certeza continuar no caminho do data science<br />
for social good. ≤
SAMA 2020<br />
50 — 51<br />
IMT Online<br />
Um exemplo de Interoperabilidade na AP<br />
No âmbito do Programa Simplex+2016 foi<br />
definida a medida “Carta sobre Rodas”<br />
que resultou da Interoperabilidade entre<br />
vários organismos da Administração Pública<br />
(Agência para a Modernização Administrativa<br />
I.P. (AMA), Direção-Geral de Saúde (DGS),<br />
Instituto da Mobilidade e Transportes I.P.<br />
(IMT) e Instituto de Registos e Notariado I.P<br />
(IRN)).<br />
Esta medida tem como objetivos<br />
principais facilitar o processo de revalidação,<br />
substituição ou emissão de segunda via de<br />
carta de condução das categorias A e B e<br />
diminuir os tempos de espera.<br />
Desta forma o cidadão, pode de uma<br />
forma fácil e cómoda via Internet, solicitar<br />
os referidos serviços, não sendo necessário<br />
deslocar-se aos locais de atendimento<br />
existentes para o efeito.<br />
No âmbito da implementação da medida<br />
“Carta sobre Rodas”, destacamos a troca<br />
de informação eletrónica via plataforma de<br />
Interoperabilidade disponibilizada pela AMA,<br />
entre os diversos organismos participantes no<br />
projeto.<br />
Este procedimento permitiu a<br />
desmaterialização do processo de revalidação,<br />
substituição ou emissão de segunda via<br />
de carta de condução, utilizando os dados<br />
biométricos (fotografia e assinatura) existentes<br />
no cartão o cidadão disponibilizados pelo IRN,<br />
bem como aquando da revalidação da carta de<br />
condução (caso seja necessária a apresentação<br />
de atestado médico), este passa a ser enviado<br />
eletronicamente pelos médicos através da<br />
aplicação desenvolvida pela DGS.<br />
Dados relevantes desta iniciativa até 31 de<br />
Agosto:<br />
• Número de cidadãos registados no portal:<br />
69181<br />
• Número de cartas emitidas de pedidos<br />
online: 28131<br />
• Número de atestados médicos eletrónicos<br />
recebidos: 169107<br />
Este projeto foi aprovado no âmbito<br />
da candidatura apresentada pelo IMT ao<br />
SAMA2020, através da operação n.º 21968 -<br />
“IMTPuC2 .: Serviços online do IMT nos portais<br />
e balcões únicos”, tendo o financiamento<br />
comunitário contribuído para o seu sucesso. ≤<br />
Paulo Bispo<br />
Diretor de Serviços de Sistemas de Informação<br />
Instituto da Mobilidade e dos Transportes<br />
SAMA - Sistema de Apoio à Modernização e Capacitação<br />
da Administração Pública
Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
Orçamento Participativo Portugal<br />
Projetos vencedores<br />
O dia 14 de <strong>set</strong>embro de <strong>2017</strong> foi particularmente importante para a democracia participativa em<br />
Portugal. Neste dia, o Pavilhão do Conhecimento pôde aplaudir os 38 projetos, decididos pelos 78<br />
815 votos, que elegeram os vencedores da primeira edição do Orçamento Participativo Portugal.<br />
Os três milhões de euros disponibilizados para esta primeira edição terão agora um destino,<br />
sendo que dos 601 projetos postos a votação, 36 premiados são de âmbito regional e 2 de âmbito<br />
nacional.<br />
A cerimónia contou com a presença da Ministra da Presidência e da Modernização<br />
Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, e da Secretária de Estado Adjunta e da<br />
Modernização Administrativa, Graça Fonseca, que fizeram a entrega dos dois diplomas premiados<br />
para projetos nacionais.<br />
Os diplomas dos projetos regionais vencedores foram entregues pelo Ministro da Cultura,<br />
Luís de Castro Mendes, o Ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, o Secretário de Estado<br />
da Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Antunes, a Secretária de Estado Adjunta da<br />
Administração Interna, Isabel Oneto, a Secretária de Estado da Justiça, Anabela Pedroso, o<br />
Secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, a Secretária de Estado da Ciência,<br />
Fernanda Rollo e, ainda, a Secretária de Estado da Educação, Alexandra Leitão.<br />
De salientar ainda que, no final de agosto, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, o<br />
aumento da verba destinada à segunda edição do Orçamento Participativo Portugal, que passará a<br />
contar com cinco milhões de euros.≤
52 — 53
Notícias Diagrama • <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
Chave Móvel Digital - Mais<br />
de 40.000 utilizadores<br />
40 mil portugueses já escolheram um método simples e seguro para aceder a diversos serviços<br />
públicos online.<br />
A Chave Móvel Digital (CMD) é um meio simples e seguro de autenticação dos cidadãos em<br />
portais e sítios da Administração Pública na internet com dois fatores de segurança: palavrachave<br />
e código SMS ou email.<br />
Trata-se de um método mais simples (uma senha para todos os sítios), mais seguro (código<br />
enviado por SMS ou email) e mais cómodo (sem deslocações e tempos de espera).<br />
A ativação da Chave Móvel Digital pode ser feita online ou presencialmente em qualquer Loja<br />
ou Espaço Cidadão. ≤<br />
Mais informações em:<br />
https://www.autenticacao.gov.pt<br />
Mais de 500 Espaços Cidadão<br />
em funcionamento<br />
Em março de 2014, com a abertura dos primeiros Espaços Cidadão (EC), pretendia-se garantir<br />
que a prestação digital de serviços públicos não implicaria a infoexclusão de qualquer cidadão,<br />
que por falta de conhecimento ou de acesso, ficasse impedido de utilizar os serviços públicos<br />
online.<br />
Desde essa data a rede de Espaços Cidadão tem crescido substancialmente em número,<br />
serviços disponibilizados e de entidades parceiras. Contamos hoje com mais 500 Espaços<br />
Cidadão.<br />
Com aproximadamente 200 serviços disponibilizados e duas dezenas de entidades parceiras,<br />
o objetivo continua a ser o mesmo, disponibilizar serviços de proximidade, mais acessíveis e<br />
inclusivos que permitam a aproximação dos cidadãos aos serviços públicos digitais.<br />
É neste sentido que a AMA e as entidades parceiras têm vindo a trabalhar, tendo no decorrer<br />
do presente ano, aberto 103 novos Espaços.<br />
O reforço da Rede Nacional de Espaços Cidadão tem vindo a garantir uma maior cobertura<br />
do território nacional, não tendo, contudo, sido descurada a preocupação com os cidadãos<br />
portugueses residentes no estrangeiro. Com a abertura do Espaço de Paris, em junho de<br />
2016, e do Espaço de São Paulo em março de <strong>2017</strong>, tornou-se possível chegar às comunidades<br />
portuguesas ali residentes, que passaram a contar com uma diversidade de serviços por via<br />
eletrónica. ≤<br />
Mais informações em:<br />
https://www.portaldocidadao.pt
56 — 57<br />
Revisão da Lei do Cartão de<br />
Cidadão<br />
Desde 2007, data em que foi lançado, foram já emitidos mais de 17 milhões de Cartões de<br />
Cidadão sendo este um documento que, a par das suas valências de identificação física, contém<br />
funcionalidades que permitem ao cidadão, de forma segura, a sua autenticação e assinatura<br />
eletrónicas.<br />
A revisão da Lei do Cartão de Cidadão aprovada pela Lei n.º 32/<strong>2017</strong>, de 1 de junho, entrou<br />
em vigor no último domingo (dia 1 de outubro). Destacamos algumas das principais alterações<br />
introduzidas.<br />
No ano em que faz 10 anos, o cartão de cidadão, embora de forma faseada, viu simplificados<br />
os procedimentos relacionados com o pedido e renovação: Será possível, já no final do ano,<br />
efetuar o pedido de renovação através do Portal do Cidadão para cidadãos com mais de 60 anos.<br />
Para cidadãos com 25 ou mais anos, será também possível solicitar online o Cartão de<br />
Cidadão quando este tenha sido perdido ou furtado. Estes cartões terão uma validade igual à do<br />
cartão inicial.<br />
Também o cancelamento passa a ser possível a partir do Portal do Cidadão, tornando assim<br />
mais simples este mecanismo, até agora apenas possível pela via presencial ou telefónica.<br />
Outra alteração importante, e já em vigor desde o dia 1, é o aumento do período de validade<br />
para 10 anos. Esta alteração evitará uma deslocação de 5 em 5 anos para efeitos de renovação<br />
para quem tenha completado já 25 anos. Antes dessa idade o cartão é válido por 5 anos.<br />
Por outro lado, o Cartão de Cidadão passa a ser obrigatório mais cedo, sendo agora necessário<br />
para os cidadãos nacionais a partir dos 20 dias do registo de nascimento.<br />
Também a partir desde o dia 1 de outubro a reprodução do Cartão de Cidadão, salvo nos casos<br />
expressamente previstos na lei ou com consentimento do titular, passa a ser punida enquanto<br />
contraordenação com coima que vai dos € 250,00 a € 750,00.<br />
Por último, foi também esta alteração legislativa que expressamente estabeleceu o Sistema<br />
de Certificação de Atributos Profissionais, sistema que permite ao titular do Cartão de Cidadão,<br />
invocar determinada qualidade empresarial ou profissional aquando da assinatura digital. ≤<br />
Mais informações em:<br />
https://www.ama.gov.pt/
Números<br />
58 — 59<br />
Tarifa social de<br />
energia<br />
46<br />
Lojas<br />
de Cidadão<br />
+830 Mil<br />
beneficiários<br />
+153 Milhões<br />
atendimentos<br />
Portal do cidadão<br />
<strong>2017</strong> | 6 Meses<br />
Chave Móvel<br />
Digital<br />
+14 Milhões<br />
visualizações<br />
+40 Mil<br />
utilizadores<br />
Autenticacao.gov<br />
<strong>2017</strong> | 6 Meses<br />
521<br />
Espaços<br />
Cidadão<br />
197 Mil<br />
autenticações<br />
+2,7 Milhões<br />
atendimentos<br />
Mapa de Cidadão<br />
IMT<br />
+88 Mil<br />
senhas eletrónicas<br />
+169 Mil<br />
atestados médicos<br />
eletrónicos
Agenda<br />
04 OUTUBRO /Microsoft Portugal<br />
FÓRUM DIGITAL ENGAGEMENT <strong>2017</strong><br />
10/11 DE OUTUBRO / Meo Arena<br />
PORTUGAL DIGITAL SUMMIT´17<br />
ACEPI<br />
6/9 DE NOVEMBRO / Meo Arena<br />
WEBSUMMIT<br />
15/16 NOVEMBRO/ Londres<br />
INTERNET OF THINGS WORLD<br />
20/21 NOVEMBRO/Frankfurt<br />
DATA & ANALYTICS CONFERENCE<br />
DIAGRAMA • AMA — Agência para a Modernização Administrativa, I.P. • n.º 3 <strong>set</strong>embro <strong>2017</strong><br />
ama.gov.pt • ama@ama.pt • facebook.com/ama.gov.pt • twitter.com/ama_gov_pt