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edição de 3 de outubro de 2016

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editorial<br />

Armando Ferrentini<br />

aferrentini@editorareferencia.com.br<br />

amarras nacionais<br />

ministro do STF, Ricardo Lewandowski, que até há pouco presidiu<br />

a Alta Corte, está saindo das páginas do noticiário nacio-<br />

O<br />

nal, trocando-as por comentários jocosos no Facebook.<br />

As razões são muitas e a mais recente <strong>de</strong>las resi<strong>de</strong> na aula que <strong>de</strong>u<br />

a alunos <strong>de</strong> direito da São Francisco na semana passada, tendo afirmado<br />

que o impeachment da ex-presi<strong>de</strong>nte Dilma Rousseff foi um<br />

tropeço na <strong>de</strong>mocracia.<br />

Ele já havia se consagrado quando concordou com o fatiamento do<br />

artigo da Constituição Brasileira, que <strong>de</strong>termina que o instituto do<br />

impeachment, uma vez aprovado, resulta na suspensão por oito<br />

anos dos direitos políticos <strong>de</strong> quem o recebeu.<br />

Como se recorda, Lewandowski concordou com outro candidato a<br />

sofrer o impeachment, o senador Renan Calheiros, que <strong>de</strong>slustra a<br />

presidência da Câmara Alta. A i<strong>de</strong>ia do fatiamento partiu <strong>de</strong>ste e foi<br />

logo abraçada não só pelo então presi<strong>de</strong>nte do STF, como também<br />

pela maioria dos senadores, que, num pacto para eventualmente se<br />

autoprotegerem, concordaram em violentar o texto constitucional.<br />

O maior responsável, porém, foi Lewandowski, pois, como presi<strong>de</strong>nte<br />

do Supremo, estava lá não como senador, mas a maior autorida<strong>de</strong><br />

judiciária brasileira, fiscalizando a licitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo o processo<br />

que se <strong>de</strong>senrolava no Senado.<br />

Ao concordar com o fatiamento, calando-se, Lewandowski disse a<br />

que veio e mais não fez porque não surgiu a oportunida<strong>de</strong> que muito<br />

provavelmente queria.<br />

Sua atitu<strong>de</strong> passiva diante do rasgar da Constituição, que no seu<br />

artigo utilizado para o impeachment da então presi<strong>de</strong>nte da República,<br />

não comportava interpretação, foi mais uma das tantas eloquentes<br />

<strong>de</strong>monstrações que justificam o que aqui sucessivamente<br />

temos <strong>de</strong>fendido.<br />

Os membros integrantes do STF não po<strong>de</strong>m ser escolhidos a <strong>de</strong>do<br />

pelo presi<strong>de</strong>nte da República, mesmo com a falácia da sabatina a<br />

que se sujeitam perante a comissão <strong>de</strong> parlamentares, que jamais<br />

recusou um único candidato à vaga no STF, em toda a história republicana.<br />

O critério <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> uma votação pelos presi<strong>de</strong>ntes dos Tribunais<br />

Fe<strong>de</strong>rais e Estaduais, que escolherão o novo integrante da Alta<br />

Corte <strong>de</strong>ntre os seus pares.<br />

Com isso, inclusive, não apenas se mantém a in<strong>de</strong>pendência em relação<br />

aos outros dois Po<strong>de</strong>res da República, como também se atribui<br />

a um magistrado <strong>de</strong> carreira a <strong>de</strong>licada missão <strong>de</strong> julgar. Quem<br />

julgou a vida inteira, tem menor probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> errar. Após todos<br />

os episódios da nossa mais nova fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia plena, temos<br />

registrados verda<strong>de</strong>iros disparates em julgamentos da Alta Corte<br />

que, pela sua competência, aprecia e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> sobre questões extremamente<br />

<strong>de</strong>licadas.<br />

As duas mais recentes e do conhecimento da opinião pública brasileira,<br />

proferidas por Lewandowski, tanto a <strong>de</strong> concordar com o<br />

fatiamento como a <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar – embora numa palestra e não em<br />

trabalho <strong>de</strong> julgamento – que o impeachment foi um tropeço na <strong>de</strong>mocracia<br />

(uma espécie <strong>de</strong> tropicão, segundo enten<strong>de</strong>mos), seriam<br />

suficientes para que ele acompanhasse Dilma Rousseff no impeachment.<br />

***<br />

Tem causado receio a <strong>de</strong>mora do mercado da comunicação em<br />

iniciar a sua recuperação. Muitos players apostavam que uma vez<br />

ocorrendo o impeachment da presi<strong>de</strong>nte, os negócios voltariam a<br />

se concretizar, colaborando para que outros segmentos da economia<br />

também se animassem. Não foi e não está sendo, porém, o que<br />

se esperava.<br />

Talvez agora, com a realização do primeiro turno das eleições municipais<br />

em todo o país e com os resultados, como se aguarda, diminuindo<br />

em muito as aspirações dos partidos <strong>de</strong> esquerda, os investidores<br />

internacionais, e mesmo os nacionais, possam se animar em<br />

relação às mudanças políticas do país.<br />

Como esses partidos fizeram muito barulho até há pouco e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

consumação do impeachment, se isso não proporcionou nenhuma<br />

mudança no cenário em que atuam, <strong>de</strong>positaram entretanto dúvidas<br />

nos que têm por ativida<strong>de</strong> principal <strong>de</strong>cidir sobre os rumos dos<br />

meios empresariais.<br />

É isso que realmente move a economia e é com isso – e somente<br />

com isso – que iremos <strong>de</strong>volver ao mercado <strong>de</strong> trabalho os 12 milhões<br />

<strong>de</strong> trabalhadores que <strong>de</strong>le foram afastados em consequência<br />

<strong>de</strong> uma onda <strong>de</strong> corrupção oficial como jamais foi vista em toda a<br />

história brasileira.<br />

***<br />

De qualquer forma, porém, o mercado da comunicação do marketing<br />

tem feito a sua parte, ainda que em doses menores ao que vinha<br />

fazendo antes, mesmo porque é consequência <strong>de</strong> outros fatores<br />

que <strong>de</strong>le não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m.<br />

Percebe-se, porém, que luta para dar o exemplo <strong>de</strong> acreditar nas<br />

instituições e na força <strong>de</strong> todo o empreen<strong>de</strong>dorismo que formam o<br />

mercado brasileiro.<br />

Muitos eventos ligados ao marketing voltaram a se realizar nos últimos<br />

dias, premiações são anunciadas, palestras, seminários, homenagens<br />

e tudo o mais que envolve e, ao mesmo tempo, resulta<br />

<strong>de</strong>sse setor que sabe como poucos da enorme responsabilida<strong>de</strong> que<br />

carrega sobre si.<br />

Por ser o principal elo <strong>de</strong> união das forças produtoras com os consumidores,<br />

tem saído na frente, como aliás é da sua natureza,<br />

dando o exemplo <strong>de</strong> que vida e venda são movimentos paralelos<br />

e similares.<br />

FraSeS<br />

“Vendas no varejo registram em agosto primeira alta<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2015”.<br />

(Manchete do ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Economia & Negócios do Estadão, edição <strong>de</strong> 27/9)<br />

“Somos o que fazemos. Nos dias em que fazemos,<br />

realmente existimos; nos outros, apenas duramos”.<br />

(Padre Antonio Vieira)<br />

“o bolero não morrerá enquanto houver<br />

um coroa tomando banho <strong>de</strong> chuveiro frio”.<br />

(Millôr)<br />

“os socialistas são contra o lucro.<br />

os capitalistas são apenas contra o prejuízo”.<br />

(Do mesmo)<br />

jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>outubro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> 3

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