Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
editorial<br />
Armando Ferrentini<br />
aferrentini@editorareferencia.com.br<br />
amarras nacionais<br />
ministro do STF, Ricardo Lewandowski, que até há pouco presidiu<br />
a Alta Corte, está saindo das páginas do noticiário nacio-<br />
O<br />
nal, trocando-as por comentários jocosos no Facebook.<br />
As razões são muitas e a mais recente <strong>de</strong>las resi<strong>de</strong> na aula que <strong>de</strong>u<br />
a alunos <strong>de</strong> direito da São Francisco na semana passada, tendo afirmado<br />
que o impeachment da ex-presi<strong>de</strong>nte Dilma Rousseff foi um<br />
tropeço na <strong>de</strong>mocracia.<br />
Ele já havia se consagrado quando concordou com o fatiamento do<br />
artigo da Constituição Brasileira, que <strong>de</strong>termina que o instituto do<br />
impeachment, uma vez aprovado, resulta na suspensão por oito<br />
anos dos direitos políticos <strong>de</strong> quem o recebeu.<br />
Como se recorda, Lewandowski concordou com outro candidato a<br />
sofrer o impeachment, o senador Renan Calheiros, que <strong>de</strong>slustra a<br />
presidência da Câmara Alta. A i<strong>de</strong>ia do fatiamento partiu <strong>de</strong>ste e foi<br />
logo abraçada não só pelo então presi<strong>de</strong>nte do STF, como também<br />
pela maioria dos senadores, que, num pacto para eventualmente se<br />
autoprotegerem, concordaram em violentar o texto constitucional.<br />
O maior responsável, porém, foi Lewandowski, pois, como presi<strong>de</strong>nte<br />
do Supremo, estava lá não como senador, mas a maior autorida<strong>de</strong><br />
judiciária brasileira, fiscalizando a licitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo o processo<br />
que se <strong>de</strong>senrolava no Senado.<br />
Ao concordar com o fatiamento, calando-se, Lewandowski disse a<br />
que veio e mais não fez porque não surgiu a oportunida<strong>de</strong> que muito<br />
provavelmente queria.<br />
Sua atitu<strong>de</strong> passiva diante do rasgar da Constituição, que no seu<br />
artigo utilizado para o impeachment da então presi<strong>de</strong>nte da República,<br />
não comportava interpretação, foi mais uma das tantas eloquentes<br />
<strong>de</strong>monstrações que justificam o que aqui sucessivamente<br />
temos <strong>de</strong>fendido.<br />
Os membros integrantes do STF não po<strong>de</strong>m ser escolhidos a <strong>de</strong>do<br />
pelo presi<strong>de</strong>nte da República, mesmo com a falácia da sabatina a<br />
que se sujeitam perante a comissão <strong>de</strong> parlamentares, que jamais<br />
recusou um único candidato à vaga no STF, em toda a história republicana.<br />
O critério <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> uma votação pelos presi<strong>de</strong>ntes dos Tribunais<br />
Fe<strong>de</strong>rais e Estaduais, que escolherão o novo integrante da Alta<br />
Corte <strong>de</strong>ntre os seus pares.<br />
Com isso, inclusive, não apenas se mantém a in<strong>de</strong>pendência em relação<br />
aos outros dois Po<strong>de</strong>res da República, como também se atribui<br />
a um magistrado <strong>de</strong> carreira a <strong>de</strong>licada missão <strong>de</strong> julgar. Quem<br />
julgou a vida inteira, tem menor probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> errar. Após todos<br />
os episódios da nossa mais nova fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia plena, temos<br />
registrados verda<strong>de</strong>iros disparates em julgamentos da Alta Corte<br />
que, pela sua competência, aprecia e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> sobre questões extremamente<br />
<strong>de</strong>licadas.<br />
As duas mais recentes e do conhecimento da opinião pública brasileira,<br />
proferidas por Lewandowski, tanto a <strong>de</strong> concordar com o<br />
fatiamento como a <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar – embora numa palestra e não em<br />
trabalho <strong>de</strong> julgamento – que o impeachment foi um tropeço na <strong>de</strong>mocracia<br />
(uma espécie <strong>de</strong> tropicão, segundo enten<strong>de</strong>mos), seriam<br />
suficientes para que ele acompanhasse Dilma Rousseff no impeachment.<br />
***<br />
Tem causado receio a <strong>de</strong>mora do mercado da comunicação em<br />
iniciar a sua recuperação. Muitos players apostavam que uma vez<br />
ocorrendo o impeachment da presi<strong>de</strong>nte, os negócios voltariam a<br />
se concretizar, colaborando para que outros segmentos da economia<br />
também se animassem. Não foi e não está sendo, porém, o que<br />
se esperava.<br />
Talvez agora, com a realização do primeiro turno das eleições municipais<br />
em todo o país e com os resultados, como se aguarda, diminuindo<br />
em muito as aspirações dos partidos <strong>de</strong> esquerda, os investidores<br />
internacionais, e mesmo os nacionais, possam se animar em<br />
relação às mudanças políticas do país.<br />
Como esses partidos fizeram muito barulho até há pouco e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
consumação do impeachment, se isso não proporcionou nenhuma<br />
mudança no cenário em que atuam, <strong>de</strong>positaram entretanto dúvidas<br />
nos que têm por ativida<strong>de</strong> principal <strong>de</strong>cidir sobre os rumos dos<br />
meios empresariais.<br />
É isso que realmente move a economia e é com isso – e somente<br />
com isso – que iremos <strong>de</strong>volver ao mercado <strong>de</strong> trabalho os 12 milhões<br />
<strong>de</strong> trabalhadores que <strong>de</strong>le foram afastados em consequência<br />
<strong>de</strong> uma onda <strong>de</strong> corrupção oficial como jamais foi vista em toda a<br />
história brasileira.<br />
***<br />
De qualquer forma, porém, o mercado da comunicação do marketing<br />
tem feito a sua parte, ainda que em doses menores ao que vinha<br />
fazendo antes, mesmo porque é consequência <strong>de</strong> outros fatores<br />
que <strong>de</strong>le não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m.<br />
Percebe-se, porém, que luta para dar o exemplo <strong>de</strong> acreditar nas<br />
instituições e na força <strong>de</strong> todo o empreen<strong>de</strong>dorismo que formam o<br />
mercado brasileiro.<br />
Muitos eventos ligados ao marketing voltaram a se realizar nos últimos<br />
dias, premiações são anunciadas, palestras, seminários, homenagens<br />
e tudo o mais que envolve e, ao mesmo tempo, resulta<br />
<strong>de</strong>sse setor que sabe como poucos da enorme responsabilida<strong>de</strong> que<br />
carrega sobre si.<br />
Por ser o principal elo <strong>de</strong> união das forças produtoras com os consumidores,<br />
tem saído na frente, como aliás é da sua natureza,<br />
dando o exemplo <strong>de</strong> que vida e venda são movimentos paralelos<br />
e similares.<br />
FraSeS<br />
“Vendas no varejo registram em agosto primeira alta<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2015”.<br />
(Manchete do ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Economia & Negócios do Estadão, edição <strong>de</strong> 27/9)<br />
“Somos o que fazemos. Nos dias em que fazemos,<br />
realmente existimos; nos outros, apenas duramos”.<br />
(Padre Antonio Vieira)<br />
“o bolero não morrerá enquanto houver<br />
um coroa tomando banho <strong>de</strong> chuveiro frio”.<br />
(Millôr)<br />
“os socialistas são contra o lucro.<br />
os capitalistas são apenas contra o prejuízo”.<br />
(Do mesmo)<br />
jornal propmark - 3 <strong>de</strong> <strong>outubro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> 3