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<strong>Outubro</strong> /2017<br />
Mariana<br />
<strong>Revista</strong> Histórica e Cultural
A Mariana - <strong>Revista</strong> Histórica e Cultural é<br />
uma publicação eletrônica da Associação<br />
Memória, Arte, Comunicação e Cultural de<br />
Mariana. O periódico tem o objetivo divulgar<br />
artigos, entrevistas sobre a cidade de Mariana.<br />
A revista é uma vitrine para publicação de trabalhos<br />
de pesquisadores. Mostrar a cultura de uma<br />
forma leve, histórias e curiosidades que marcaram<br />
estes 321 anos da primeira cidade de Minas.<br />
Mariana - <strong>Revista</strong> Histórica e Cultural <strong>Revista</strong><br />
Belas Artes é um passo importante para a<br />
divulgação e pesquisa de conteúdos sobre a<br />
cidade de Mariana. Esperamos que os textos<br />
publicados contribuam para a formação de uma<br />
consciência de preservação e incentivem a<br />
pesquisa.<br />
Os conceitos e afirmações contidos nos artigos<br />
são de inteira responsabilidade dos autores.<br />
Colaboradores:<br />
Prof. Cristiano Casimiro<br />
Prof. Vitor Gomes<br />
Agradecimentos:<br />
Arquivo Histórico da Municipal Câmara de Mariana<br />
IPHAN - Escritório Mariana<br />
Arquivo Fotográfico Marezza<br />
Museu da Música de Mariana,<br />
Fotografias:<br />
Cristiano Casimiro, Vitor Gomes, Caetano Etrusco e<br />
Arquivo Marrrezza - Marcio Lima<br />
Diagramação e Artes: Cristiano Casimiro<br />
Capa: Teto da sacristia da igreja São Francisco de Assis de Mariana<br />
Associação Memória Arte Comunicação e Cultura<br />
CNPJ: 06.002.739/0001-19<br />
Rua Senador Bawden, 122, casa 02
Indice<br />
Mariana de Athaide<br />
O Maior Pinto do Barroco Mineiro<br />
04<br />
Festa de Nossa Senhora do Rosário<br />
As três Irmandades do Rosário em Mariana<br />
Pedro Aleixo<br />
O Presidente nascido em Mariana<br />
12<br />
22<br />
Conde de Assumar<br />
300 anos da chegada do Conde de Assumar a Vila de Nossa<br />
Senhora do Carmo<br />
26<br />
Santa Ceia - Manoel da Costa Athaide - Colégio do Caraça -Foto: Cristiano Casimairo
Teto da sacristia da igreja São Francisco de Assis de Mariana Foto Márcio Lima
Manoel da Costa Athayde<br />
O Maior Pintor do Barroco Mineiro<br />
Filho de um alferes português e de uma<br />
carioca, Manoel da Costa Athaide foi um<br />
dos mais importantes artistas do barroco<br />
mineiro. Seus modelos eram livros como os<br />
catecismos e as bíblias que vinham da<br />
Europa, como as gravuras de Jean-Louis<br />
Demarne e Francesco Bartolozzi. As<br />
pinturas perspectivistas que executou em<br />
várias igrejas mineiras representam<br />
tesouros da arte colonial brasileira. Sua<br />
vida, assim como a de muitos outros artistas<br />
seus contemporâneos, permanece pouco<br />
conhecida em várias passagens.<br />
Manoel da Costa Athaide nasceu Mariana<br />
em 18 de outubro de 1762. Pintor, dourador,<br />
encarnador, entalhador. mineiro. Suas<br />
obras mais destacadas são as pinturas na<br />
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco<br />
de Assis de Ouro Preto, realizadas entre<br />
1801 e 1812; e as do forro da capela-mor da<br />
Igreja Matriz de Santo Antônio na cidade de<br />
Santa Bárbara, de 1806; o painel A Última<br />
Ceia, no Colégio do Caraça, executado em<br />
1828; a pintura do forro da capela-mor da<br />
Igreja Matriz de Santo Antônio, na cidade de<br />
Itaverava, de 1811, e a do forro da capelamor<br />
da Igreja de Nossa Senhora do Rosário<br />
de Mariana, de 1823. No período de 1781 a<br />
1818, encarna e doura as imagens de<br />
Aleijadinho (1730 - 1814) para o Santuário<br />
do Bom Jesus de Matosinhos, em<br />
Congonhas do Campo. Segundo a crítica<br />
Lélia Coelho Frota, o artista teria utilizado<br />
seus quatro filhos como modelos para a<br />
confecção dos anjos que adornam os<br />
diversos forros e painéis por ele executados<br />
e sua esposa para a execução da madona<br />
mulata, retratada no forro da Igreja da<br />
Ordem Terceira de São Francisco de Assis<br />
de Ouro Preto.<br />
Manoel da Costa Athaide destaca-se como<br />
um dos principais nomes da pintura rococó<br />
mineira do início do século XIX. A exemplo<br />
dos artistas da época, sua atividade como<br />
pintor abarca o exercício de douramento e<br />
encarnação de imagens e elementos<br />
decorativos em talha, pinturas parietais e<br />
sobre painel, mas fundamentalmente<br />
pintura decorativa de forros e tetos de<br />
igrejas. As mais antigas notícias sobre seu<br />
trabalho como artista datam de 1781 e<br />
referem-se a obras de pintura e douramento<br />
de retábulos. Contudo é já adentrando o<br />
século XIX que realiza trabalhos de vulto<br />
como, a encarnação das estátuas em<br />
madeira dos Passos da Paixão, esculpidas<br />
por Aleijadinho e seu ateliê, o retoque da<br />
pintura do teto da nave e a pintura das<br />
Capelas dos Passos do Horto e da Prisão<br />
n o S a n t u á r i o d o B o m J e s u s d o s<br />
Matosinhos, em Congonhas do Campo,<br />
entre 1799 e 1819. Seu mais bem-sucedido<br />
trabalho é novamente realizado com<br />
Aleijadinho, na Igreja de São Francisco de<br />
Assis, em Ouro Preto: entre 1801 e 1812,<br />
Athaide pinta o teto da nave da capela<br />
representando como tema central a<br />
Assunção da Virgem, legando-nos um dos<br />
exemplares mais perfeitos da pintura de<br />
perspectiva do período colonial brasileiro.<br />
05
Teto da sacristia da igreja São Francisco de Assis de Mariana Foto Márcio Lima
Não se sabe ao certo como se dá a<br />
formação artística de Athaide. Seu pai, Luiz<br />
da Costa Athaide, aparece eventualmente<br />
nos livros de registros de Ordens Religiosas<br />
c o m o p r e s t a d o r d e s e r v i ç o s n ã o<br />
especificados, sendo provável que tenha<br />
contribuído para a formação do filho.<br />
Segundo o historiador Carlos Del Negro, a<br />
semelhança entre as pinturas de forro de<br />
João Batista de Figueiredo e Athaide<br />
indicam que o primeiro teria sido mestre do<br />
segundo. Entretanto outros nomes<br />
aparecem associados ao pintor, como o de<br />
João Nepomuceno Correia e Castro autor,<br />
entre outras, da pintura da nave do referido<br />
santuário e de Antônio Martins da Silveira,<br />
autor da decoração pictórica do teto da<br />
capela-mor do Seminário Nossa Senhora<br />
da Boa Morte de Mariana. Ambos figuram<br />
como introdutores do estilo rococó em<br />
Minas Gerais, cuja primeira fase na pintura<br />
abrange o período entre os anos de 1770 e<br />
1800. Não se sabe ao certo quem foram os<br />
mestres do pintor mineiro, tem-se<br />
conhecimento, entretanto, da figura de<br />
Athaide como mestre. Em 1818 recebe do<br />
Senado da Câmara de Mariana atestado de<br />
professor das "Artes de Arquitetura e<br />
Pintura". Com ele, dirige-se ao Rei Dom<br />
João VI (1767 - 1826) a fim de pleitear, sem<br />
sucesso, a criação oficial da "Aula de<br />
Desenho de Arquitetura Civil e Militar e da<br />
Arte da Pintura" em sua cidade natal.<br />
Como os artistas-artesãos da época,<br />
Athaide segue cânones importados de<br />
Portugal. Em geral, as cenas a serem<br />
executadas eram copiadas de gravuras e<br />
estampas de missais e livros sagrados,<br />
sendo o artista responsável apenas pela<br />
adaptação da imagem ao espaço e aos<br />
recursos técnicos disponíveis. Por<br />
exemplo, no caso dos seis painéis imitando<br />
azulejo (executados entre 1803 e 1804),<br />
que representam cenas da vida de Abraão e<br />
decoram a capela-mor da Igreja de São<br />
Francisco de Assis, em Ouro Preto, Athaide<br />
copia seis gravuras de uma edição francesa<br />
da Bíblia ilustrada por Demarne. Tal fato não<br />
representa demérito nenhum ao artista<br />
colonial, pois seu talento se revela<br />
exatamente na sabedoria com que faz tal<br />
t r a n s p o s i ç ã o , s i m p l i fi c a n d o a s<br />
composições originais a fim de adaptá-las<br />
ao reduzido espaço. Em comparação com<br />
elas, percebe-se um caráter intimista no<br />
tratamento das cenas e uma maior<br />
expressividade do desenho, que elimina o<br />
aspecto solene presente no modelo. Essa<br />
linha expressiva que tende a criar corpos<br />
volumosos e lânguidos, que quase não<br />
conhece ângulos retos e transforma a<br />
anatomia dos corpos em traços curvos, é<br />
uma das características mais marcantes da<br />
obra de Athaide.<br />
No que diz respeito à pintura de perspectiva<br />
de forro, o artista mineiro segue esquema<br />
de inspiração rococó elaborado em meados<br />
da segunda metade do século XVIII, em<br />
Minas Gerais: medalhão em forma de<br />
"quadro recolocado" emoldurado de<br />
rocalhas e colocado no centro do teto,<br />
sendo sustentado por maciços elementos<br />
arquitetônicos (pilastra, coluna, arco e<br />
frontão curvilíneo), que assentam na parte<br />
média das paredes reais da igreja. O<br />
espaço arquitetônico ilusório tende a ser<br />
recheado de anjos, figuras bíblicas,<br />
concheados, laçarias, ramalhetes de flores<br />
e outros motivos delicados que se prendem<br />
uns aos outros por curvas e contracurvas,<br />
dando leveza e ritmo à totalidade da<br />
composição. Do mesmo modo, a paleta do<br />
artista, rica em tons de vermelho, azul,<br />
branco, amarelo, sépia e marrom, deve ser<br />
compreendida segundo os padrões do<br />
período. O alto valor artístico de Manoel da<br />
C o s t a A t h a i d e e n c o n t r a - s e n a<br />
superioridade técnica de suas realizações,<br />
marcadas pelo perfeito desenho de<br />
perspectiva e corpos em escorço, pela<br />
harmonia cromática e pelo já citado<br />
desenho altamente expressivo. No entanto,<br />
o artista também ficou conhecido por seus<br />
anjos e virgens mulatos, cuja inspiração<br />
teria encontrado em sua companheira e<br />
seus filhos.<br />
CAVANCANTI e Ayala. Dicionário Brasileiro de Ar stas Plás cos. MEC/INL, 1973-77.<br />
DEL NEGRO, Carlos. Dois mestres de Minas: José Soares de Araújo e Manoel da Costa<br />
Ataíde. Universitas, Salvador, nº 2, 1969.<br />
07
Pia Batismal e Tela e Manoel da Costa Athaide - Sé de Mariana- Foto: Caetano Etrusco
Tela e Manoel da Costa Athaide - Sé de Mariana- Foto: Caetano Etrusco
Teto da Igreja do Rosário de Mariana Manoel da Costa Athaide - Foto: Cristiano Casimiro
O VI COLÓQUIO INTERNACIONAL HISTÓRIA DA ARTE: Imagem Ilusionista –<br />
Imagem Perspéctica: Pintura e arquitetura do Tempo Colonial - Manuel da Costa<br />
Ataíde e sua pintura ilusionista, busca refletir sobre as manifestações artísticas,<br />
culturais e metodológicas da obra de arte entre os séculos XVI e XX na Europa e<br />
na América, evidenciando a pintura ilusionista, análise sobre a representação<br />
perspéctica e arquitetônica, como ainda estudos específicos sobre a tratadística<br />
entre o Renascimento e o Rococó.<br />
A edição 2017, deste evento que é bianual, se realizará em Mariana (MG) entre os<br />
dias 27 e 29 de <strong>Outubro</strong> de 2017 e discutirá ainda, a produção artística de Manuel<br />
da Costa Ataíde, pintor marianense do século XVIII/XIX e importante expoente da<br />
pintura em perspectiva do período colonial em Minas Gerais<br />
Local de Realização do Evento:<br />
Auditório do Hotel Providência - Rua Dom Silvério, 233 - Mariana - MG<br />
informações:www.coloquioperspectiva.com.br
Festa de Nossa Senhora do Rosário<br />
A palavra Rosário quer dizer um tanto de<br />
rosas, um buquê de rosas que se oferece a<br />
Nossa Senhora. Cada Ave Maria é uma<br />
rosa que oferecemos à Mãe, com carinho e<br />
esperança. Assim, quando rezamos o<br />
Santo Rosário completo, oferecemos um<br />
buquê de duzentas rosas a Nossa<br />
Senhora.<br />
Nossa Senhora do Rosário (ou Nossa<br />
Senhora do Santo Rosário ou Nossa<br />
Senhora do Santíssimo Rosário) é o título<br />
mariano apresentado aquando da aparição<br />
da Santíssima Virgem Maria a São<br />
Domingos de Gusmão em 1208 na igreja<br />
do mosteiro de Prouille, na qual a mãe de<br />
Jesus entregou o Santo Rosário ao frade<br />
dominicano. É também o título pelo qual a<br />
Virgem Maria se apresentou aos três<br />
pastorinhos nas Suas aparições em<br />
Fátima.<br />
Em agradecimento pela vitória da Batalha<br />
de Muret, o nobre Simão IV de Monforte<br />
mandou construir o primeiro santuário<br />
dedicado a Nossa Senhora da Vitória. Em<br />
1572, o Papa Pio V instituiu "Nossa<br />
Senhora da Vitória" como uma festa<br />
litúrgica para comemorar a vitória da<br />
Batalha de Lepanto. A vitória foi atribuída à<br />
intercessão da Virgem Maria por ter sido<br />
feita uma procissão do rosário naquele dia<br />
na Praça de São Pedro, em Roma, para o<br />
sucesso da missão da Liga Santa contra os<br />
turcos otomanos no oeste da Europa. Em<br />
1573, Papa Gregório XIII mudou o título da<br />
comemoração para "Festa do Santo<br />
Rosário" e esta festa foi estendida pelo<br />
Papa Clemente XII a toda a Igreja Católica.<br />
Após as reformas do Concílio Vaticano II a<br />
festa foi renomeada para Nossa Senhora<br />
do Rosário. A festa tem a classificação<br />
litúrgica de memória universal e é<br />
comemorada dia 7 de outubro, aniversário<br />
da batalha.<br />
A festa do Rosário de Nossa Senhora no<br />
Brasil está ligada a grupos negros que<br />
realizam os autos populares conhecidos<br />
pelos nomes de Congada, Congado ou<br />
Congos. Por essa vinculação aos negros, o<br />
Congado se tornou também uma festa de<br />
santos de cor, como São Benedito e Santa<br />
Efigênia.
A Festa de Nossa Senhora do Rosário<br />
celebra a vitória dos cristãos na Batalha de<br />
Lepanto, durante a qual as forças do Islão<br />
foram derrotadas sob a proteção da Virgem<br />
do Rosário, acontecimento que motivou<br />
uma comemoração especial pela liturgia da<br />
Igreja por determinação do Papa Gregório<br />
XII.<br />
Desde o início da colonização brasileira, a<br />
Igreja Católica ensinou que os festejos<br />
religiosos deveriam ter a novena, a missa<br />
cantada, a benção do Santíssimo, o Te<br />
Deum – cerimônia de ação de graças - e a<br />
procissão. Esta determinação valia para<br />
qualquer tipo de irmandade ou confraria de<br />
qualquer que fosse a classe social. O missal<br />
vinha do Vaticano com as orações, ofícios e<br />
regras de como realizar o ritual.<br />
N a C o l ô n i a , o s a d m i n i s t r a d o r e s<br />
portugueses definiram que os negros,<br />
alforriados ou não, deveriam se organizar<br />
em Irmandades ou Confrarias enquanto<br />
grupos sociais. A Igreja Católica, por sua<br />
vez, definiu que a devoção desses grupos<br />
deveria ser a Nossa Senhora do Rosário.<br />
Desde suas origens, na África, os negros já<br />
a conheciam. Outros vieram a conhecê-la<br />
aqui, através da catequização. Em Minas<br />
Gerais, a Irmandade de Nossa Senhora do<br />
Rosário dos Homens Pretos foi fundada no<br />
início do século 18, com a finalidade de<br />
atender as necessidades sociais, religiosas,<br />
jurídicas e de saúde dos negros. Assim,<br />
sabe-se que, desde 1717, os negros se<br />
organizaram em Irmandades de Nossa<br />
Senhora do Rosário dos Homens Negros,<br />
com estatutos registrados, para receberem<br />
a prestação de serviços oferecidos por elas.<br />
Para uma Irmandade se auto-sustentar, os<br />
irmãos negros deveriam pagar uma taxa<br />
mensal como a de qualquer outra irmandade<br />
de brancos ricos, brancos pobres ou<br />
mulatos<br />
Os jesuítas escolheram a devoção a Nossa<br />
Senhora do Rosário para os negros porque<br />
a iconografia da Virgem com o rosário nas<br />
mãos lhes lembrava a deusa Afã ou Ifã, cujo<br />
sacerdote responsável utilizava as<br />
sementes de uma palmeira para jogá-las<br />
como búzios para ficar sabendo do futuro<br />
dos devotos. A imagem de Menino Jesus<br />
que a Nossa Senhora carrega tem<br />
significado especial, pois os negros, desde<br />
então, valorizavam a procriação e a<br />
maternidade. Logo, não foi difícil convencêlos<br />
a seguir a devoção a Nossa Senhora do<br />
Rosário. Este é o verdadeiro porquê da<br />
Igreja Católica ter definido ser a devoção a<br />
Nossa Senhora do Rosário a ideal para os<br />
negros, dentre as inúmeras devoções e<br />
iconografias de Nossa Senhora.<br />
Festa de Nossa Senhora do Rosário em Padre Viegas - Mariana - Mg - 2017.<br />
13<br />
Brasão e coroa de Nossa Senhora do Rosário- Igreja do Rosário de Mariana - foto Cristiano Casimiro
Igreja NS do Rosário de Padre Viegas - Marezza PHOTO
Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Padre Viegas<br />
A respeito dessa igreja, consta que no local<br />
havia uma primitiva capela dedicada a<br />
Santa Efigênia, construída pelo casal<br />
Antônio Lopes Chaves e Helena Maria de<br />
Jesus. A construção de uma igreja maior<br />
teria sido iniciada a partir de 1740, no<br />
mesmo local, sendo que o mesmo casal<br />
também teria colaborado nas suas obras.<br />
Consta também que um certo padre<br />
Francisco Fernandes Fialho também<br />
esteve envolvido nas atividades da nova<br />
matriz O Cônego Raimundo Trindade,<br />
principal referência a respeito das igrejas<br />
do bispado de Mariana, anota: “A freguesia<br />
de Nossa Senhora do Rosário do<br />
Sumidouro, na Comarca de Mariana, é de<br />
instituição remota. Deu-lhe a qualidade de<br />
colativa o alvará régio de 16 de janeiro de<br />
1752“.<br />
Consta que em inicio do século XIX essa<br />
igreja estava em situação de ruína, e há<br />
registros acerca de uma possível obra de<br />
reconstrução, sendo que é não possível<br />
inferir a amplitude dessa obra. O que se<br />
pode ver é que a igreja possui uma bela<br />
fachada, discretamente avançada em<br />
relação às torres, que, por sua vez, se<br />
parecem com as da igreja da Ordem<br />
Terceira de São Francisco em Mariana.<br />
O interior é simples, porém harmônico, com<br />
o altar-mor e os dois colaterais ornados de<br />
talha tendente ao rococó. A igreja possui<br />
colunas e tribunas nas laterais da nave<br />
principal, e a capela do santíssimo possui<br />
um belo e piedoso crucifixo, provavelmente<br />
da mesma época da edificação da matriz.<br />
Essa igreja sempre passou por diversas<br />
obras de reparação, todas elas conduzidas<br />
por moradores do próprio local. Em meados<br />
do século XX, parte do templo desmoronou,<br />
e as obras de reparos foram financiadas<br />
pela própria comunidade, com uma equipe<br />
encabeçada por Sebastião Gomes,<br />
Roberto de Castro e Pedro Gomes, sob os<br />
auspícios do Cônego Jadir Trindade.<br />
Nos anos 1990 a igreja novamente passou<br />
por grandes reparos, nos quais atuaram<br />
José Calixto da Silva, Morais Guido de<br />
Lima, João Facundo de Souza, Geraldo de<br />
Jesus Gomes e o carpinteiro Antônio<br />
Zacarias.<br />
O interessante na história dessa igreja é<br />
que ela ainda mantém todas as suas<br />
características setecentistas e a pureza do<br />
estilo original – algo raro quando se trata de<br />
templos históricos brasileiros que passam<br />
por muitas reformas.<br />
www. patrimonioespiritual.org<br />
17
Igreja NS do Rosário de Santa Rita Durão - Marezza PHOTO
Igreja Nossa Senhora do Rosário de Santa Rita Durão<br />
É desconhecida a história da capela de Nossa Senhora do Rosário, localizada em Santa Rita<br />
Durão, distrito de Mariana, a 40 km da sede urbana. Tudo indica, a julgar por seu sistema<br />
construtivo, que seja da primeira metade do século XVIII. Para Germain Bazin, entretanto, a<br />
construção do monumento data possivelmente da segunda metade do século XVIII,<br />
conservando as características do estilo sóbrio de 1720. A capela de Nossa Senhora do Rosário<br />
possui estrutura independente de madeira, com vedação em adobe e pau-a-pique, o que a<br />
aproxima bastante da igreja de Nossa Senhora da Conceição de Sabará. Cercada por muro<br />
baixo e precedida por pequeno adro e um mata-burros - ambos de pedra - constitui uma<br />
composição típica de igrejas mineiras. A fachada principal é composta por porta única central, de<br />
grandes dimensões, com folhas almofadadas e duas janelas rasgadas, com vergas curvas e<br />
guarda-corpo em balaústres. Duas torres sineiras de base retangular e telhado piramidal,<br />
encimado por coruchéu, ladeiam a fachada, incorporando-se ao corpo da igreja. Uma cimalha<br />
de madeira, protegida por beiral, separa o corpo da igreja do frontão e divide as torres dos<br />
campanários. O frontão triangular, encimado por uma cruz, tem, ao centro, óculo envidraçado,<br />
em forma de trevo. Nos corpos das torres, encontra-se uma seteira simples, vazada na altura do<br />
guarda-corpo das janelas. A capela possui alguns elementos que não são comuns em sua<br />
tipologia, como os dois corredores que ladeiam a nave e se abrem para ela através de arcos.<br />
Encimado por galerias superiores, estes corredores laterais conferem ao prédio a aparência de<br />
possuir três naves. Outra singularidade consiste na existência de uma varanda, na parte<br />
posterior da igreja, formada pela continuação do telhado da capela-mor, que possivelmente era<br />
usada como abrigo de animais. Internamente, a capela de Nossa Senhora do Rosário é<br />
valorizada pela presença intensa de elementos artísticos e decorativos. Informa Germain Bazin<br />
que o altar colateral do lado do Evangelho pode, com certeza, ser atribuído ao Aleijadinho. Já o<br />
outro, trata-se de cópia de entalhador anônimo. Quanto à pintura, esta abrange todo o seu forro,<br />
que se estende da nave à capela-mor. Na inscrição existente no painel sob o coro, datada de<br />
1792, figura a assinatura de João Batista de Figueiredo. Segundo a especialista Myriam Ribeiro<br />
de Oliveira, como geralmente esta parte do edifício é a última a ser decorada, pode-se situar a<br />
data das pinturas da nave e capela-mor entre 1788-90. Além dos painéis do forro, todos a<br />
têmpera, as colunas e os arcos são revestidos de tábuas pintadas. Desde 1940, a capela de<br />
Nossa Senhora do Rosário vem exigindo obras sucessivas de reforma para garantir sua<br />
integridade física. Em 1957-58, por exemplo, ela. foi totalmente restaurada pelo IPHAN, quando<br />
uma das torres teve que ser totalmente refeita. A precariedade dos materiais empregados<br />
originalmente na construção - estrutura de madeira com vedação em taipa-de-pilão e pau-apique<br />
- explica, em parte, a necessidade periódica de obras e reformas, considerando-se<br />
também, o alto índice de chuvas na região. Soma-se ainda, a falta de uso constante da capela,<br />
por não ser sede de paróquia e por estar situada em local de difícil acesso, dificultando os<br />
trabalhos rotineiros de conservação. Texto extraído de: Inventário Nacional de Bens Móveis e<br />
Integrados. VITAE/IPHAN. Boletim SPHAN/ PRÓ-MEMÓRIA. Memórias de Restauração.<br />
Texto: Instituto do Patrimônio Hstórico Artístico e Cultural Nacional - IPHAN<br />
19
Igreja do Rosário de Mariana - Foto: Cristiano Casimiro
Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Mariana<br />
Iinicialmente uma devoção dominicana, a<br />
partir do século XVI, o Rosário passa a ser<br />
um dos principais meios de conquista e conversão<br />
para com os chamados gentios.<br />
Esse destaque que a devoção do Rosário<br />
toma dentro das ordens missionárias pode<br />
explicar, em um primeiro momento, o sucesso<br />
alcançado por esta invocação entre os<br />
convertidos. Mais tarde os africanos colonizados<br />
e descendentes parecem ter encontrado<br />
nas irmandades dedicadas à Nossa<br />
Senhora do Rosário um espaço próprio,<br />
reservado a seu povo. As irmandades foram<br />
um fenômeno típico do século XVIII e tiveram<br />
especial abrangência no território mineiro,<br />
tendo em vista a proibição das Ordens<br />
Religiosas no território. Instituídas nas<br />
matrizes, com seus santos padroeiros<br />
entronizados nos altares laterais das naves,<br />
as irmandades foram aos poucos alcançando<br />
autonomia financeira para construção de<br />
igreja própria. Curiosamente, as irmandades<br />
de Nossa Senhora do Rosário, são sempre<br />
as primeiras a sair das matrizes e suas<br />
capelas são construídas em locais afastados,<br />
revelando a polarização inicial das<br />
populações entre os brancos proprietários,<br />
ou comerciantes, e os negros escravos. As<br />
igrejas de Nossa Senhora do Rosário e São<br />
Pedro dos Clérigos são exemplos de igrejas<br />
mais recentes ocupando novas áreas de<br />
expansão urbana no topo dos morros.<br />
Localizada na Praça do Rosário, a Igreja<br />
Nossa Senhora dos Pretos de Mariana foi<br />
construída entre 1752 e 1758 por iniciativa<br />
das irmandades de São Benedito, de Santa<br />
Ifigênia e do Rosário. Erguida em alvenaria,<br />
ela pertence à terceira fase do barroco mineiro,<br />
o estilo rococó. O templo foi construído<br />
em alvenaria de pedra. Os destaques internos<br />
vão para as obras do pintor Ataíde e do<br />
escultor e entalhador Servas<br />
21
PEDRO ALEIXO<br />
Um presidente da República nascido em Mariana<br />
22
Pedro Aleixo nasceu em Mariana no dia 1 de<br />
agosto de 1901, fez seus primeiros estudos<br />
na cidade e , também em ouro preto, Ingressou<br />
em 1918 no curso de direito da Faculdade<br />
de Direito de Minas Gerais, formando-se<br />
em 1922. Exerceu a advocacia no escritório<br />
do Dr. Abílio Machado, junto com o seu colega<br />
de turma Milton Campos. Paralelamente<br />
a sua formação jurídica, exercia também o<br />
jornalismo e em 1928, foi um dos fundadores<br />
e diretor do jornal Estado de Minas. Foi<br />
eleito para o cargo de conselheiro municipal<br />
de Belo Horizonte (1927-1930). Em 1928 foi<br />
aprovado como professor de Direito Penal,<br />
passando dar aulas no curso de doutorado<br />
na mesma Faculdade que se formara.<br />
Na política, apoiou a Aliança Liberal e foi um<br />
dos mentores intelectuais da Revolução de<br />
1930. Elegeu-se deputado à constituinte de<br />
1934. Em 4 de maio de 1937, apoiado por<br />
Getúlio Vargas, derrotou o líder mineiro, também<br />
da Aliança Liberal, Antônio Carlos na<br />
disputa pela presidência da Câmara dos<br />
Deputados, sendo portanto o primeiro substituto<br />
de Getúlio, pois não havia a figura do<br />
vice-presidente na Constituição de 1934.<br />
Foi em sua gestão que o presidente Getúlio<br />
Vargas instaurou o Estado Novo no Brasil<br />
através do golpe de 10 de novembro de<br />
1937.<br />
Com o Congresso Nacional fechado, Pedro<br />
Aleixo voltou a advogar, sendo eleito, em<br />
1938, Presidente do Instituto da Ordem dos<br />
Advogados de Minas Gerais. Alguns anos<br />
depois voltou-se contra Getúlio Vargas,<br />
sendo um dos signatários do Manifesto dos<br />
Mineiros, em 24 de outubro de 1943, em<br />
favor do retorno ao estado de direito.<br />
Fundador da União Democrática Nacional,<br />
tendo sido eleito presidente da seção mineira<br />
deste partido. Elegeu-se deputado estadual<br />
e foi secretário de estado do Interior e<br />
Justiça no governo Milton Campos, de 1947<br />
até julho de 1950. Eleito novamente deputado<br />
federal em 1958 e 1962, pela UDN, destacou-se<br />
por fazer acirrada oposição aos<br />
governos de Juscelino Kubitschek e João<br />
Goulart. Foi um dos líderes civis do golpe<br />
militar de 1964, tendo se filiado à ARENA.<br />
Entre 10 de janeiro e 30 de junho de 1966<br />
exerceu o cargo de ministro da Educação e<br />
Cultura no governo Castelo Branco.<br />
Eleito vice-presidente da república na chapa<br />
do marechal Artur da Costa e Silva, pela Aliança<br />
Renovadora Nacional, em 3 de outubro<br />
de 1966, Pedro Aleixo se posicionou contra<br />
a edição do AI-5 chegando inclusive a<br />
elaborar uma revisão da constituição de<br />
1967, a fim de restaurar a legalidade. Contudo,<br />
a doença do presidente da república<br />
impediu que tal intenção se concretizasse.<br />
Consumado o afastamento de Costa e Silva<br />
em 31 de agosto de 1969, em virtude de uma<br />
trombose, foi impedido de exercer seu direito<br />
constitucional de assumir o cargo pelos<br />
ministros militares, que mais tarde consideraram<br />
extinto seu mandato por força do AI-<br />
12 de 6 de outubro de 1969. Em 1970 desligou-se<br />
da ARENA e tentou organizar, sem<br />
sucesso, o Partido Democrático Republicano.<br />
Como vice-presidente da república, foi o<br />
último nesta condição a exercer a presidência<br />
do Senado Federal. Assumiu a presidência<br />
da república entre 11 e 14 de abril de<br />
1967, em razão de uma viagem de Costa e<br />
Silva ao Uruguai.<br />
Em 2011, conforme a Lei n° 12.486, de 12<br />
de setembro, o nome do cidadão Pedro<br />
Aleixo foi incluído na galeria dos que foram<br />
ungidos pela Nação Brasileira para a<br />
Suprema Magistratura. Isso significa que<br />
ele deve ser considerado um ex-presidente<br />
da República, para todos os efeitos legais.
Foto: acervo de família.<br />
Dona Mariquita,a lha Eloisa e Pedro Aleixo, desembarcando em Brasília<br />
para a posse, em 15 de março de 1967, do governo do general Costa e Silva.<br />
24
Casa onde nasceu o Presidente Pedro Aleixo.<br />
Distrito de Bandeirantes (Ribeirão do Carmo)<br />
25<br />
Foto Acervo Marezza PHOTO
Matéria veiculada na primeira edição da <strong>Revista</strong> Mariana histórica e Cultural e<br />
e publicada, novamente, pelos 300 anos da chegada do Conde de Assumar<br />
na Vila do Ribeirão do Carmo em outubro de 1717<br />
300 Anos da Chegada do<br />
Conde de Assumar na Vila do<br />
Ribeirão do Carmo
Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal<br />
nasceu em 17 de outubro de 1688 e<br />
morreu em 1756. Foi 3.° Conde de<br />
Assumar, 1.º Marquês de Castelo Novo e<br />
1.° Marquês de Alorna, 3.° Governador e<br />
Capitão-mor da Capitania de São Paulo e<br />
Minas do Ouro, no Brasil, e ainda 44.º<br />
Vice-Rei da Índia.<br />
Foi indicado pela Coroa de Portugal como<br />
terceiro governador da Capitania de São<br />
Paulo e Minas de Ouro (Real Capitania das<br />
Minas de Ouro e dos Campos Gerais dos<br />
Cataguases), visando manter a ordem<br />
entre os mineiros da região e garantir as<br />
rendas da Coroa.<br />
Chegou ao Brasil em 24 de Julho de 1717,<br />
desembarcando no Rio de Janeiro, onde<br />
permaneceu por alguns dias, seguindo<br />
viagem por mar até Santos e depois por<br />
terra até São Paulo, onde tomou posse da<br />
Capitania a 4 de Setembro, em cerimônia<br />
na Igreja do Carmo. No final de setembro<br />
iniciou visita de inspeção às Minas Gerais.<br />
D.Pedro Miguel de Almeida Portugal, o<br />
Conde de Assumar, governou as Minas<br />
Gerais dos anos de 1717 a 1721. Esta<br />
figura vem obtido um destacado lugar na<br />
historiografia tradicional sobre Minas<br />
Colonial assim como nas recentes<br />
produções acerca da temática. No<br />
entanto, nenhum estudo aprofundado<br />
sobre sua administração nas Minas<br />
setecentista é encontrado.<br />
Neste sentido, destacamos a figura do<br />
Governador D. Pedro de Almeida, o Conde<br />
de Assumar, por inaugurar a repressão aos<br />
habitantes das Minas e demonstrar-se<br />
especialmente zeloso no cumprimento dos<br />
intentos da Coroa portuguesa. Tal qual se<br />
pode perceber na carta do Conde de<br />
Assumar ao Rei de Portugal, datada de 17<br />
de Novembro de 1720 pela qual se<br />
demonstra bastante preocupado em<br />
estabelecer a lei e defender os interesses<br />
da coroa, chegando ao ponto até de<br />
denunciar ao Rei os Ministros que<br />
acobertavam negros:<br />
Todo esse cuidado de Assumar para que<br />
as leis fossem cumpridas nas Minas não<br />
foi capaz, porém, de garantir a ordem; ao<br />
contrário, foram os anos de seu governo os<br />
de maior instabilidade política devido aos<br />
inúmeros motins e tumultos por parte dos<br />
colonos e escravos. Cabe ressaltar neste<br />
sentido que os anos de governo do Conde<br />
de Assumar vão de 1717 a 1721, e acerca<br />
deste período Donald Ramos (2005,<br />
p.178) afirma que “representaram um<br />
divisor de águas na história de Minas<br />
Gerais” em virtude das inúmeras<br />
conspirações escravas e levantes de<br />
quilombos contra a ordem escravista<br />
vigente na época.<br />
D. João V nomeou D. Pedro Miguel de<br />
Almeida Portugal e Vasconcelos, Conde<br />
de Assumar governador para aplicar nas<br />
Minas três disposições que contrariavam<br />
os interesses locais:<br />
1) Anunciar a instalação, na capitania, de<br />
um bispado, objetivando a moralização do<br />
clero que ali vivia dissolutamente,<br />
praticando desde delitos ao desrespeito do<br />
celibato, como também envolvia-se no<br />
tráfico do ouro.<br />
2) Aplicação da Carta Régia de 25 de abril<br />
de 1719, onde se extinguiam funções,<br />
aumentava-se o poder do governador e,<br />
ainda, trazia para as Minas um contingente<br />
de Dragões (Duas Companhias de<br />
Dragões que se instalaram na Vila do<br />
Carmo).<br />
3) Criar Casas de Fundições para o ouro e<br />
estabelecer a cobrança do Quinto, que.<br />
correspondia a 20% do metal extraído.<br />
27
Passaram 300 anos e os milagres da Virgem<br />
negra de Aparecida se multiplicaram pelo<br />
Brasil e o mundo.<br />
<strong>Outubro</strong> é o mês que os católicos no Brasil<br />
dedicam à Nossa Senhora da Conceição<br />
Aparecida. A festa litúrgica do dia 12 foi<br />
instituída em 1953 pela Conferência Nacional<br />
dos Bispos do Brasil e tornou-se feriado<br />
nacional em 1980, por ocasião da visita de<br />
São João Paulo II naquele ano. Antes disso, a<br />
Igreja celebrava sua Padroeira em 7 de<br />
setembro. A mudança aproximou as<br />
comemorações ao momento estimado em<br />
que a Imagem foi retirada das águas do Rio<br />
Paraíba do Sul – 17 a 30 de outubro de 1717.<br />
ocorrido é baseada no relato do “Diário da<br />
Jornada do Conde de Assumar”, que passou<br />
treze dias na comunidade. O período é<br />
confirmado no Arquivo da Cúria Metropolitana<br />
de Aparecida (I Livro do Tombo da Paróquia<br />
de Santo Antônio de Guaratinguetá - 1757) e<br />
no Arquivo Romano da Companhia de Jesus,<br />
em Roma (1748-1749).<br />
Dom Pedro de Almeida, governante da<br />
capitania de São Paulo e Minas de Ouro,<br />
homem que detinha também o título de Conde<br />
de Assumar, passava por Guaratinguetá, SP,<br />
quando viajava para Vila do Carmo (Mariana)<br />
nas Minas Gerais. A população organizou<br />
uma festa para receber o conde de Assumar.<br />
Para prepararem a comida, pescadores<br />
foram para o rio Paraíba com a difícil missão<br />
de conseguirem muitos peixes para a<br />
comitiva do governador, mesmo não sendo<br />
tempo de pesca. Domingos Garcia, Filipe<br />
Pedroso e João Alves, sentindo o peso de sua<br />
responsabilidade, fizeram uma oração<br />
pedindo a ajuda da Mãe de Deus. Depois de<br />
tentar várias vezes sem sucesso, na altura do<br />
Porto Itaguaçu, já desistindo da pescaria,<br />
João Alves lançou a rede novamente. Não<br />
pegou nenhum peixe, mas apanhou a<br />
imagem de Nossa Senhora da Conceição.<br />
Porém, faltando a cabeça. Emocionado,<br />
lançou de novo a rede e, desta vez, pegou a<br />
cabeça que se encaixou perfeitamente na<br />
pequena imagem. Só este fato, já foi um<br />
grande milagre. Mas, após esse achado, eles<br />
apanharam tamanha quantidade de peixes<br />
que tiveram que retornar ao porto com medo<br />
de a canoa virar. Os pescadores chegaram a<br />
Guaratinguetá eufóricos e emocionados com<br />
o que presenciaram e toda a população<br />
entendeu o fato como intervenção divina.<br />
Assim aconteceu o primeiro de muitos<br />
milagres pela ação de Nossa Senhora<br />
Aparecida.<br />
Após tentativas frustradas de pesca, os<br />
humildes servos de Deus ‘pescaram’ o corpo<br />
da santa e, em seguida, sua cabeça. A data do<br />
28
Antiga Residência do Conde de<br />
Assumar em Mariana<br />
A vila, em pouco tempo, transformou-se em principal centro de comércio e instrução de Minas<br />
Gerais. Uma das construções mais imponentes do início secXVIII foi o Palácio do Governador,<br />
situado na parte alta da cidade, possui dois pavimentos mais de 20 aposentos, jardins e salas<br />
para reuniões. Construído por Dom Brás , segundo Governador da Capitânia foi residência<br />
último governador da Capitania de São Paulo e das Minas, Dom Pedro de Almeida e Portugal, o<br />
Conde de Assumar, entre 1717 e 1720. Posteriormente foi passado para a Igreja católica. Dom<br />
Frei Manoel da Cruz, primeiro Bispo de Minas, residiu no prédio durante seu bispado. instalou<br />
em 1748. Pertence há mais de cem anos à Ordem Terceira Franciscana.<br />
Foto:Vitor Gomes