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Revista Curinga Edição 05

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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to da internet e as múltiplas<br />

maneiras de se expressar, é<br />

possível perceber o domínio<br />

dos conglomerados comunicacionais.<br />

Um exemplo recente<br />

é o do jornalista Luiz<br />

Carlos Azenha, que foi condenado<br />

a pagar R$ 30 mil ao<br />

diretor geral de jornalismo e<br />

esportes da Rede Globo, Ali<br />

Kamel, por danos morais. O<br />

que motivou a ação foi uma<br />

série de postagens no Blog<br />

Viomundo, relacionadas à<br />

campanha presidencial de<br />

2006, quando Azenha era<br />

repórter da emissora.<br />

Segundo o professor da<br />

Universidade Federal de<br />

Santa Catarina (UFSC), Rogério<br />

Christofoletti, os meios<br />

de comunicação no Brasil se<br />

número de veículos de comunicaçãopertencentes a políticos<br />

58<br />

DEM<br />

48<br />

PMDB<br />

43<br />

PP<br />

PMSB<br />

23<br />

16 16<br />

PTB<br />

Dez partidos com maior número de políticos donos de veículos<br />

PSB<br />

14<br />

PPS<br />

13<br />

PDT<br />

12<br />

PL<br />

pautam por interesses políticos<br />

e econômicos e nem<br />

sempre levam em consideração<br />

a real importância da<br />

comunicação. “Nós temos,<br />

historicamente, um sistema<br />

comunicacional concentrado.<br />

Três fatores explicam:<br />

são poucas empresas no<br />

ramo; essas empresas são<br />

de propriedade familiar; há<br />

relações escusas e complicadas,<br />

questionáveis do ponto<br />

de vista ético e legal”, diz<br />

o professor. Além disso, os<br />

maiores detentores de concessões<br />

de rádio e televisão<br />

são políticos, o que é proibido<br />

por lei.<br />

Segundo o artigo 54 da<br />

Constituição Federal de<br />

1988, deputados e senadores<br />

não poderão, no exercício<br />

de seus cargos, firmar ou<br />

manter contrato com pessoa<br />

jurídica de direito público,<br />

autarquia, empresa pública,<br />

sociedade de economia<br />

mista ou empresa concessionária<br />

de serviço público”.<br />

No entanto, segundo dados<br />

do site “Donos da mídia”,<br />

em 2009, 271 políticos eram<br />

sócios ou diretores de 324<br />

veículos de comunicação.<br />

A discussão que visa a regulamentar<br />

concessões de<br />

veículos midiáticos no Brasil<br />

é, por vezes, silenciada,<br />

como aponta o gráfico sobre<br />

a relação de empresas<br />

comunicacionais e partidos<br />

políticos.<br />

O projeto Donos da Mídia<br />

(www.donosdamidia.<br />

com.br) é um site que atesta<br />

os monopólios e oligopólios<br />

das grandes empresas de comunicação.<br />

Sua plataforma<br />

oferece informações relacionadas<br />

ao campo político<br />

e econômico das mídias no<br />

Brasil. Analisa também a<br />

participação econômica de<br />

cada rede de comunicação,<br />

sendo filtrado por região,<br />

estado e até mesmo cidade<br />

onde se encontram.<br />

Apesar das complicações,<br />

a sociedade civil tem<br />

se organizado para mudar<br />

o cenário, pressionando os<br />

parlamentares para que as<br />

leis sejam modificadas, deixando,<br />

assim, mais claras as<br />

regras do jogo.<br />

10<br />

PT<br />

Em 2009, a Conferência<br />

Nacional de Comunicação<br />

(Confecom), convocada pelo<br />

Governo Federal, apontou<br />

resoluções que modificaram<br />

o modelo comunicacional<br />

adotado no país. Durante a<br />

Confecom, representantes<br />

do poder público, da sociedade<br />

civil e empresários<br />

aprovaram cerca de 700 propostas,<br />

em debates esclarecedores<br />

sobre a necessidade<br />

de atualizar as leis. Dentre<br />

as propostas, foi sugerida a<br />

criação do Marco Regulatório<br />

das Comunicações, que<br />

é um conjunto de normas<br />

que sancionam os meios e<br />

as tecnologias de comunicação.<br />

Tratam-se de normatizações<br />

fundamentais para a<br />

democracia da informação.<br />

Apesar da iniciativa,<br />

Christofoletti afirma: “O<br />

que a gente percebe é que<br />

a legislação é deficiente e o<br />

Estado é complacente. Ele é<br />

omisso muitas vezes e está<br />

ligado a interesses contrários<br />

aos da coletividade.”<br />

Em março deste ano, o governo<br />

brasileiro anunciou<br />

que não encaminharia a implantação<br />

de um Marco Regulatório<br />

antes do término<br />

do mandato da presidente<br />

Dilma Rousseff. O tema é<br />

delicado e gera opiniões divergentes<br />

dos dois lados da<br />

corrente: os que acreditam<br />

que uma legislação será benéfica<br />

e auxiliará na democratização<br />

da informação e<br />

os que enxergam a criação<br />

do Marco como um retorno<br />

da censura.<br />

As diferentes concepções<br />

tocam na noção de<br />

liberdade entendida por<br />

cada indivíduo. Segundo o<br />

professor Venício Lima, em<br />

entrevista ao Portal UFMG,<br />

há dois tipos de liberdade:<br />

a liberal clássica e a visão<br />

republicana. Na primeira,<br />

14

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