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Revista Curinga Edição 05

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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A mídia é capaz de difundir<br />

o gestual, as roupas e<br />

a linguagem dos ídolos pop,<br />

ou seja, toda uma identidade,<br />

que é percebida mais facilmente<br />

na televisão, meio<br />

em que imagem e voz se<br />

aliam e onde esses artistas<br />

muitas vezes despontam e<br />

aparecem com frequência.<br />

O aspecto visual de um<br />

músico também contribui<br />

fundamentalmente para<br />

sua ascensão. Por trabalhar<br />

com a fotografia e produção<br />

da imagem de muitos desses<br />

artistas, Marcos Hermes<br />

compreende essa importância.<br />

“Hoje é difícil imaginar<br />

um artista que faz sucesso<br />

sem uma imagem coerente<br />

com a sua obra”, comenta.<br />

Para Daniel, vários são<br />

os responsáveis por construir<br />

a imagem que Christina<br />

Aguilera transmite: a mídia,<br />

os fãs e também quem<br />

a produz. A cantora gravou<br />

um álbum em novembro de<br />

2012 e a gravadora desistiu<br />

de sua divulgação alegando<br />

que a artista estaria acima<br />

do peso. “Acredito que os<br />

fãs vão continuar gostando<br />

dela, estando gorda ou magra”,<br />

diz Daniel. “Mas talvez<br />

ela (a gravadora) acredite<br />

que não é suficiente para<br />

alcançar seu público alvo,<br />

atiçar a mídia e vender”.<br />

O cenário musical tem<br />

se configurado em torno<br />

das produtoras e das assessorias<br />

de imprensa desses<br />

artistas, que possuem<br />

o intuito de distribuir suas<br />

produções para a mídia e<br />

alimentar um mercado voltado<br />

às vendas e ao lucro.<br />

Muitos são os mecanismos<br />

que colaboram para que um<br />

artista saia do anonimato e<br />

se torne uma figura pública.<br />

Alguns desses mecanismos,<br />

por exemplo, incluem pagar<br />

para que as rádios toquem<br />

determinada música. “Existia<br />

isso (pagar as rádios) antigamente,<br />

e tem até hoje.<br />

Não é uma coisa divulgada,<br />

mas com certeza existe”,<br />

afirma Celso Alves, artista<br />

mineiro com dois discos<br />

gravados e curador de música<br />

do Festival de Inverno de<br />

Ouro Preto e Mariana entre<br />

2009 e 2012.<br />

Celso lembra ainda que<br />

muitos artistas não precisam<br />

investir em divulgação.<br />

“Claro que o empresário do<br />

Roberto Carlos não precisa<br />

pagar nada pra tocarem<br />

“Esse cara sou eu”, porque<br />

é interesse da rádio tocar a<br />

música. Mas agora se é um<br />

cantor que está começando,<br />

a gravadora ou o empresário<br />

pagam pra rádio tocar”, declara<br />

o artista, que não considera<br />

essa prática desleal.<br />

“Se eu tivesse dinheiro pagaria<br />

sim uma rádio pra tocar,<br />

pagaria pra aparecer no<br />

Faustão, acho isso natural”,<br />

confessa Celso Alves, que já<br />

chegou a mandar seu material<br />

para um diretor musical<br />

da Rede Globo, no Rio<br />

de Janeiro. “De repente ele<br />

ouve e me encaixa em uma<br />

novela, quem sabe? Mas seria<br />

muita sorte, um em um<br />

milhão”, declara.<br />

Outros palcos<br />

Assim como a TV e o rádio,<br />

a internet contribui hoje<br />

de forma significativa na difusão<br />

da música pop. Uma<br />

das vantagens da internet<br />

é o artista poder divulgar<br />

seu trabalho sem que seja<br />

necessário um espaço físico,<br />

além da velocidade na troca<br />

de informações. Para o estudante<br />

de jornalismo André<br />

Salmerón, 22 anos, na internet<br />

sempre se pode buscar o<br />

que ouvir, já que há milhões<br />

de artistas à disposição. “É<br />

tudo uma questão de escolha:<br />

você pode correr atrás<br />

de novas influências ou<br />

deixar a MTV fazer isso pra<br />

você”, comenta. O editor da<br />

Folha de S. Paulo, Rodrigo<br />

Levino, complementa: “não<br />

há canal que coopere mais<br />

para a ascensão de um ídolo<br />

pop hoje do que a internet.<br />

Se não há barreira geográficas<br />

nem linguísticas, tudo é<br />

permitido”.<br />

A Colonial FM, da cidade<br />

de Congonhas do Campo,<br />

que fica a 80 quilômetros de<br />

Belo Horizonte, é um exemplo<br />

de rádio popular, já que<br />

trata de trânsito, resumo de<br />

novelas, horóscopo e balcão<br />

de empregos. Musicalmente,<br />

toca pagode, sertanejo,<br />

axé. “Se você tem uma rádio<br />

‘pop’, essa grade de programação<br />

vai ser estritamente<br />

popular, com informações<br />

de acesso mais fácil”, explica<br />

o coordenador artístico<br />

da Colonial, Marcos Silva.<br />

Com três décadas de experiência,<br />

tendo passado por<br />

emissoras como o sistema<br />

Globo de rádio, Jovem Pan,<br />

98 FM, dentre outras, Marcos<br />

acredita que a novela<br />

ainda dita o que toca ou não<br />

nas rádios do país. “A novela<br />

é de um apelo muito popular,<br />

ela está todo dia na sua<br />

casa, e as pessoas se apegam<br />

aos personagens e também<br />

às músicas”, completa.<br />

Nos impressos, Levino<br />

enfatiza que esses artistas<br />

têm menos espaço do que<br />

mereceriam. “Cadernos de<br />

cultura operam como se fossem<br />

uma reserva de um tipo<br />

de cultura mais refinada, o<br />

que na maior parte das vezes<br />

é verdade”.<br />

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