23.01.2018 Views

Revista Curinga Edição 13

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Michelle Cavalheiro,<br />

25 anos, já pintou o cabelo<br />

de diversas cores: rosa,<br />

roxo, platinado, verde,<br />

branco e agora seus fios<br />

estão tingidos de azul claro.<br />

Na família e entre os colegas,<br />

nunca teve apoio, muito<br />

pelo contrário, sempre<br />

foi julgada...<br />

Bastante tímida, ela diz que a nossa “estampa”<br />

não nos define. Na infância e na adolescência<br />

teve uma série de problemas psicológicos por sua aparência.<br />

Ser diferente da maioria das pessoas, dificultou o<br />

seu processo de aceitação. “O que chama mais a minha<br />

atenção nos outros são as diferenças e características que<br />

nem todos possuem”, revela a esteticista e cabeleireira.<br />

Por mais que todos digam o contrário, ela diz que pensa<br />

muito no que as pessoas irão achar. Mas não está disposta<br />

a debater e ouvir certos comentários.<br />

Poder Negro<br />

Muito mais do que simples estética, os cabelos representam<br />

culturas, religiões e tribos. Assim como Michelle,<br />

muitos homens e mulheres lutam e lutaram pelo reconhecimento<br />

de seu estilo, símbolo de orgulho e afirmação<br />

na sociedade. A trajetória do Movimento Black Power tem<br />

início nos anos 1920, quando Marcus Garvey, tido como<br />

o precursor do ativismo negro na Jamaica, insistia na necessidade<br />

de romper com padrões de beleza eurocêntricos<br />

e, a partir disso, promover o encontro dos negros com<br />

suas raízes africanas. Décadas depois, nos Estados Unidos,<br />

o cabelo afro também começou a ganhar espaço e se<br />

tornou um dos protagonistas na luta pelos direitos civis<br />

dos anos 1960. O Movimento foi então caracterizado pelo<br />

uso dos cabelos sem intervenção química ou física para<br />

“alisar”, o que foi definido como “natural”, pelos jovens<br />

negros. Junto com esse Movimento, surgiu o slogan Black<br />

is beautiful defendendo a afirmação de que “ser negro é<br />

lindo”, como diz a historiadora Cassi Ladi Reis em seu<br />

artigo “A Estética e o Mercado Produtor.<br />

No entanto, ainda são as mulheres as grandes protagonistas<br />

dessa história. Condicionadas desde o tempo da<br />

escravidão a alisar o cabelo, elas decidiram andar pelas<br />

ruas ao natural, confrontando padrões de beleza vigentes<br />

nos Estados Unidos. Posteriormente, no Brasil, a história<br />

se repete.<br />

CURINGA | EDIÇÃO <strong>13</strong><br />

29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!