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Revista Curinga Edição 13

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Mapa dos Geossítios da Serra de Ouro Preto cedido pelo PET Engenharia Geológica - Projeto Geossitios<br />

Cadastrar para preservar<br />

Muitas outras minas contemplam a cidade, como a Mina<br />

da Rainha, Mina de Santa Rita, Mina Fonte do Meu Bem Querer<br />

e Mina Velha. Cada uma com as suas histórias e peculiaridades,<br />

são verdadeiras máquinas do tempo, que permitem ao<br />

visitante fazer uma viagem e resgatar uma realidade, muitas<br />

vezes chocante. Além das minas mais conhecidas e visitadas, a<br />

cidade possui inúmeras outras espalhadas, e até escondidas em<br />

fundos de quintais. Minas que ainda não foram cadastradas,<br />

mapeadas, e, portanto não possuem a concessão do corpo de<br />

bombeiros. A aposentada Maria Aparecida Queiroga, moradora<br />

do bairro Alto da Cruz, possui no fundo de sua casa, uma<br />

destas escavações seculares. A família sempre soube tratar-se<br />

de uma relíquia, refletiu sobre a importância de se cadastrar,<br />

preservar e fazer o mapeamento geológico da mina. “Não faz<br />

muito tempo que ficamos sabendo desta questão do mapeamento.<br />

Não temos interesse em abrir a mina para visitação turística,<br />

mas estamos interessados em mapear, para justamente<br />

preservar não apenas a história, mas também por questões de<br />

prevenção”, conta Maria.<br />

Estima-se que na cidade, existam mais de 300 minas espalhadas.<br />

Uma das entidades que faz esse cadastro e mapeamento<br />

das minas é a SEE - Sociedade Excursionista Espeleológica. O<br />

foco de estudo do grupo é a Espeleologia - ciência que estuda<br />

as cavidades naturais. Formada por estudantes da UFOP, e amparada<br />

pelo DEGEO (Departamento de Geologia UFOP) a SEE<br />

faz um estudo de risco individual das minas, tornando possível<br />

identificar as áreas transitáveis ou não. “Este mapa é indispensável<br />

para que o proprietário do terreno consiga o alvará com os<br />

bombeiros, já que é a partir destas coordenadas, que é feita a<br />

estrutura de iluminação, analisa necessidades de pontes, enfim,<br />

delimita a parte turística da mina de forma a dar segurança a<br />

todos os visitantes”, conta Lorena Oliveira, integrante da SEE e<br />

Estudante de Geologia.<br />

A equipe também possui projetos de conscientização patrimonial<br />

da população. “A nossa idéia é fazer conscientizar a<br />

população a respeito da importância social e valor cultural que<br />

possuem estas minas. Há muitas casas na cidade que possuem<br />

minas em seus quintais, e muitas destas famílias as utilizam<br />

cono depósitos de lixo, por pura falta de informação”, diz Lorena.<br />

Uma outra equipe também que possui projetos e estudos nas<br />

áreas das minas é o PET-GEO, formado por estudantes de geologia,<br />

o grupo busca inserir a comunidade no contexto histórico,<br />

geológico e social que representam as minas. Para o estudante<br />

de Engenharia Ambiental, e componente do PET, Lucas Rodrigues,<br />

“a ideia central foi valorizar a riqueza geológica e histórica<br />

da nossa região junto à comunidade local, mas também levar<br />

informação e medidas de prevenção a todos. Promovemos palestras<br />

para associações de bairros, aulas para escolas da rede<br />

municipal, um jogo educativo e material didático sobre o Geoturismo,<br />

qualidade das águas e risco geológico que será em breve<br />

publicado e distribuído à uma parcela da população”, conta.<br />

Não há como saber ao certo o quanto foi extraído de ouro na<br />

região. Mas há pesquisas históricas que relatam que em 100 anos<br />

extraiu-se aproximadamente 650 toneladas. A coroa portuguesa<br />

arrecadou com impostos neste período, um quinto de tudo o que<br />

foi extraído. O “quinto”, 20% do metal coletado tinha de ser entregue<br />

à coroa, estando os proprietários das minas sujeitos a pena<br />

de morte por enforcamento, decapitação, entre outras punições.<br />

A busca ao ouro custou muito caro aos escravos e seus donos. Se<br />

valeu à pena, nas se sabe. Esta busca custa hoje ao turista aproximadamente<br />

R$15,00. Um tributo que, este sim, vale a pena.<br />

CURINGA | EDIÇÃO <strong>13</strong> 41

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