Anais DCIMA Final

Página 17
A literatura definida pelo cânone e pela escola, às vezes, significa uma parcela pequena da população,
alimentando um processo de pouca representatividade. A incomunicação na educação é uma teoria defendida
por Martín-Barbero (2014, p. 25), na qual este alega que “A escola continua consagrando uma linguagem
retórica e distante da vida, de suas penas, suas ânsias e suas lutas, tornando absoluta uma cultura que asfixia a
voz própria [...]”. A literatura adotada na escola, a indiscutivelmente canônica, é produzida majoritariamente
no sudeste do país, no qual reside a “elite letrada” capaz de consagrar um autor ou uma obra. Por esse motivo,
torna-se maior a dificuldade de inserção das literaturas de margem na escola ou no cânone, consagrando cada
vez mais uma realidade distante da maioria.
Como se pode observar no PCNEM, as críticas são expostas, mas não há um direcionamento sobre
qual caminho adotar para modificar o cenário criticado. Dessa forma, o documento apenas contribui para a
permanência do que se indica como defeituoso. Referente a esse cenário turbulento deixado pelas orientações
curriculares, Cereja (2004) afirma:
A falta de um rumo claro no documento em relação ao ensino de literatura,
somada a pouca importância dada por ele à literatura na escola, chegou até
mesmo a suscitar certa repercussão entre escritores brasileiros. Claudio Willer,
Moacyr Scliar e João Ubaldo Ribeiro, por exemplo, manifestaram-se na
imprensa contra a orientação dos PCN (CEREJA, 2014, p. 181).
Em um momento posterior, é atestada mais uma adversidade encontrada em um modelo de ensino
autoritário: “Quando deixamos o aluno falar, a surpresa é grande, as respostas quase sempre surpreendentes.
Assim pode ser caracterizado, em geral, o ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio: aula de expressão
em que os alunos não podem se expressar.” (BRASIL, 2000, p. 16). Após inúmeras pesquisas e teorias acerca
da aquisição do conhecimento, a conclusão alcançada é que nenhum indivíduo é vazio de conhecimento, ao
mesmo passo que não detém todo o saber necessário, sendo assim, trata-se de um processo o qual é garantido
a partir da interação entre os indivíduos. Paulo Freire, com base nesses preceitos, afirma a importância de não
considerar o aluno uma folha em branco, enfatizando a necessidade de utilizar seus conhecimentos na interação
em busca do aprendizado, fortalecendo e consolidando a relação educador-educando.
Na área de “Competências e Habilidades” a serem desenvolvidas há apenas dois trechos os quais
podem ser associados ao ensino de literatura:
Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado
Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805