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Anais DCIMA Final

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Página 377<br />

Para o autor, a ideia de subjetividade reúne um complexo de elementos que estão para além da construção de<br />

identidades fragmentárias, já estudadas por importantes estudiosos como Stuart Hall (2006) e Zygmunt<br />

Bauman (2005). Para Michel Foucault as subjetividades dos sujeitos são tecidas de forma heterogênea, que<br />

ocorrem a partir de práticas discursivas encadeadas com o momento histórico, não se distanciam de relações<br />

de poder e estão inseridas numa ordem discursiva, instituída pelo contexto da história.<br />

O sujeito para Michel Foucault se constitui, então, a partir de complexas conexões estabelecidas com<br />

o outro, construídas no processo das relações cotidianas, em micro esferas, por onde circulam micro poderes.<br />

As subjetividades inserem-se na sociedade, a partir dos próprios sujeitos, da forma como estes se veem, das<br />

escritas si. Dito de outra maneira, as subjetividades dos sujeitos são a forma como eles se veem e/ou como<br />

querem ser vistos. Para Michel Foucault as subjetividades podem constituir-se também no âmbito do discurso<br />

oriundo de áreas do saber como a medicina e o direito. Estes discursos criam fios que se interligam e traçam<br />

aproximações. É possível afirmar também que as subjetividades, atualmente, podem ser construídas por meio<br />

dos discursos veiculados por instituições midiáticas, entendidas aqui como as grandes corporações de<br />

comunicação. Enunciados que aparecem de diferentes formas e, partem de diferentes lugares formam fios<br />

discursivos que atravessam a história. E formam emaranhados discursivos, ditam as normas sobre os sujeitos<br />

e os inscrevem numa ordem atrelada ao momento histórico, ora visibilizada, ora silenciada.<br />

2. Entre narrativas, subjetividades e atravessamentos históricos.<br />

Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas<br />

costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos,<br />

não se envergonhavam.<br />

(Pero Vaz de Caminha)<br />

A colonização no Brasil e em toda a América Latina foi instituída por homens brancos, de origem<br />

europeia. O que se sabe sobre este período, também foi ditado por eles. O desejo, as conquistas, ou a opinião<br />

dos moradores locais ficou do lado de fora dos registros da história. E, em especial, à mulher, coube-lhe a<br />

posição de vítima ou de selvagem, ideias encontradas nos próprios escritos e imagens realizados pelos<br />

viajantes, ou até mesmo, na carta de Pero Vaz de Caminha, endereçada ao rei de Portugal D. Manuel I, datada<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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