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Anais DCIMA Final

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Página 457<br />

da Língua Brasileira de Sinais e da participação social dos surdos nos vários campos do saber. Esse regime de<br />

verdades viabiliza práticas não-discursivas que visam garantir a efetiva inclusão dos surdos por meio da Libras<br />

numa intermediação comunicativa realizada pelo tradutor-intérprete de Libras.<br />

As condições de emergência do discurso acerca do papel do tradutor-intérprete de Libras,<br />

fundamentado no discurso da inclusão, vêm se moldando nos regimes de verdade da nossa sociedade,<br />

produzindo deslocamentos de sujeitos e lugares conforme os documentos legais que regem a profissão. Na<br />

nossa sociedade, os dispositivos jurídicos são exemplos de imposições de verdade que determinam regras a<br />

serem seguidas, que trazem em si um controle discursivo. À luz desse entendimento, o a priori histórico conduz<br />

as práticas discursivas sobre o TIL sustentadas na concepção humanitária.<br />

Não temos muitos registros oficiais sobre a formação mais acadêmica ou formal<br />

de intérpretes anteriormente à década de 90. Apesar disso, temos alguns relatos<br />

de pessoas ligadas à comunidade surda – amigos de surdos ou filhos ouvintes de<br />

pais surdos – em que estes atuavam como intérpretes durante idas ao médico,<br />

intermediando ligações telefônicas, conversas com o gerente de banco, com<br />

advogados, com o padre, com os familiares que não sabiam a língua de sinais,<br />

bem como em reuniões com os professores dos próprios filhos ouvintes nas<br />

escolas em que estes estudavam. (RUSSO, 2009, p. 27).<br />

As atuações preliminares são da década de 1980 e oriundas de âmbitos religiosos, demarcando uma<br />

atuação voltada à evangelização dos surdos (SANTOS, 2012). O discurso da inclusão, direcionado à<br />

acessibilidade e à garantia dos direitos sociais das pessoas surdas, mobilizou um novo olhar sobre a posiçãosujeito<br />

do tradutor-intérprete de Libras. Somente com a promulgação das leis que orientam os direitos dos<br />

surdos, principalmente com o reconhecimento da Libras, lei nº 10.436 / 2002, é que a profissionalização e a<br />

categorização foi se delineando e constituindo práticas discursivas e não discursivas acerca do TIL.<br />

No entanto, essa categorização não se deu de forma imediata, seja pelas origens fincadas nas igrejas,<br />

logo uma formação discursiva marcada pelo assistencialismo e pela evangelização, seja porque o momento<br />

vivido pela educação de surdos era marcado pelo Oralismo, concepção que defendia a oralização e proibição<br />

do uso das línguas de sinais, concebido no Congresso de Milão, em 1880.<br />

Nesse sentido, o lugar do tradutor-intérprete de libras edifica-se, gradativamente, ou seja, o voluntário<br />

divide espaço com o profissional remunerado e categorizado, logo, uma formação discursiva constituída no<br />

dispositivo do trabalho. Como consequência desse processo de discursivização do TIL, ocorreu o I Encontro<br />

Universidade Federal do Maranhão – Cidade Universitária Dom Delgado<br />

Avenida dos Portugueses, 1.966 - São Luís - MA - CEP: 65080-805

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