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Revista Curinga Edição 15

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Inclusão tardia<br />

No início do ano 2000 não havia nas universidades<br />

brasileiras registros sobre a identidade<br />

racial ou de cor de seus alunos. A demanda por<br />

ações afirmativas para a educação superior começou<br />

a surgir, inaugurando as primeiras iniciativas,<br />

na forma de censos e de pesquisas por<br />

amostra, a fim de reparar tal deficiência. Essas<br />

medidas se espalharam pelo país, e hoje fazem<br />

parte da seleção da maioria das Universidades.<br />

Para o pedagogo e professor da Universidade Federal<br />

de Ouro Preto (UFOP), Adilson Pereira dos<br />

Santos, a ausência histórica de políticas públicas<br />

sociais de inclusão dos negros na sociedade, justificam<br />

a adoção de ações afirmativas. “O Sistema<br />

de Cotas é o resultado da luta do movimento<br />

social negro, que as reivindicou como uma medida<br />

de ‘reparação’ da dívida histórica do Brasil<br />

com o povo negro”, explica.<br />

No momento da pós-abolição não havia políticas<br />

institucionais de inclusão do negro nos<br />

círculos de exercício de direitos sociais e políticos.<br />

Problema que persiste, de muitas maneiras,<br />

na sociedade brasileira. Para o estudante e cotista<br />

da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Danilo<br />

Araújo, a política de cotas, enquanto uma<br />

das modalidades de ações afirmativas promovidas<br />

pelo governo federal tem relevância fundamental<br />

para a transformação deste cenário e<br />

tem o papel de incluir o negro e de trazê-lo para<br />

o exercício deste direito social que é a educação.<br />

“A partir da implementação das políticas de cotas<br />

nas universidades, o que se intenta é que o<br />

acesso dos negros às cadeiras universitárias seja<br />

facilitado em resposta às determinantes históricas<br />

que o impediram de reunir as mesmas condições<br />

dos brancos para chegar a elas”, concluiu<br />

o estudante.<br />

Se por um lado as medidas foram colocadas<br />

em prática pelo governo, cabe a universidade,<br />

seja ela pública ou privada, o papel predominante<br />

de inclusão, e segundo Adilson, ela não deve se<br />

limitar à garantia do simples acesso dos negros,<br />

mas deve comprometer-se com a permanência e<br />

o seu sucesso acadêmico. “A universidade deve<br />

se reconhecer como produtora e reprodutora da<br />

exclusão, devendo posicionar-se criticamente e<br />

atuar na perspectiva da inclusão”, afirma o pedagogo.<br />

Adilson acrescenta também que devem<br />

ser incorporados na grade acadêmica aspectos<br />

da história e cultura afro-brasileira e africana,<br />

historicamente negligenciados nos currículos<br />

dos diversos cursos.<br />

Controvérsias e ganhos<br />

Com o efeito causado pelas cotas, ouviu-se<br />

muito sobre o mérito de cada aluno, seja qual for<br />

a definição de raça, como critério para a obtenção<br />

de vaga na universidade. No entanto, como

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