Revista Curinga Edição 17
Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.
Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.
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EDITORIAL<br />
Desde sempre, ele se fez presente. Sussurrando, à espreita.<br />
Sua chegada se anuncia nos calafrios, nos tremores<br />
e nos silêncios da escuridão noturna. Entre marteladas<br />
de coração, gritos no peito e inspirações ofegantes, ele<br />
aflora o que há de mais primitivo na existência humana.<br />
Nesta edição da <strong>Curinga</strong>, exploramos as várias faces<br />
do medo, da parte mais obscura do inconsciente até seu<br />
papel essencial nas pequenas batalhas do cotidiano. Pela<br />
primeira vez, invertemos nosso modo de olhar. Olhamos<br />
primeiro para o mundo em nós, passamos por uma travessia<br />
e chegamos ao nosso próprio papel no mundo. De<br />
um mundo de medos para outro, de enfrentamentos.<br />
O sentimento de clausura, paralisia e impotência<br />
provocados pelo medo encontram representação<br />
na fotografia e na identidade visual que demos à revista,<br />
equilibrando tonalidades escuras e cores vivas,<br />
com o objetivo de evidenciar a dualidade presente<br />
na narrativa deste exemplar: a luz e a sombra,<br />
o terror e a coragem.<br />
Quando olhamos para o mundo em nós, encontramos<br />
temores intransponíveis e que muitas vezes não podem<br />
ser explicados. Abrimos a edição com um ensaio fotográfico<br />
sobre fobias, estas que representam o terror em<br />
sua forma mais pura. Nos porões da tortura, encontramos<br />
os fantasmas do passado, e seus ecos resvalam sobre<br />
o presente. O futuro, no entanto, é incerto, e permeado<br />
de receios. Atravessamos também pelo fascínio que<br />
o desconhecido nos provoca: se o sono da razão produz<br />
monstros, identificamos nas lendas e na cultura popular<br />
narrativas que procuram explicar os mistérios que a humanidade<br />
não solucionou - além de tudo aquilo que nos<br />
repulsa e que, ao mesmo tempo, nos atrai.<br />
Ao refletir sobre nosso lugar no mundo, refletimos<br />
sobre o medo da morte e da opressão. O medo, no entanto,<br />
possui um papel mais importante - sem ele, nossa<br />
espécie jamais teria sobrevivido. Como o dia e a noite, os<br />
temores se transformam dentro de nós.<br />
Nas próximas páginas, desafiamos você a encarar o<br />
abismo e permitir que ele te olhe de volta. Boa sorte!<br />
Caio Aniceto e Anna Chaves