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Revista Dr Plinio 239

Fevereiro de 2018

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Seria a cena de Veneza despedindo-<br />

-se do mais recente dos Papas canonizados,<br />

que previu e combateu a crise do<br />

modernismo. Quem passeia por debaixo<br />

dessas colunas do átrio ou transpõe<br />

a porta, pensando em tudo isso, tem a<br />

impressão de que São Pio X encontra-se<br />

um pouco aí revivendo tudo isso. De fato,<br />

ele não se encontra, mas está presente<br />

uma graça relacionada ao que se passou<br />

e que torna especialmente sagrado<br />

esse lugar.<br />

Arquivo <strong>Revista</strong><br />

Passeando de gôndola<br />

pelos canais de Veneza<br />

Em minha última viagem à Europa,<br />

tive diante de muitos monumentos a impressão<br />

triste, de cortar o coração, de<br />

que essas graças tinham se retirado, e<br />

as cenas históricas ali desenroladas haviam<br />

perdido o nexo sobrenatural com<br />

aqueles monumentos. Ou que esses restos<br />

de continuidade da graça estavam<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> durante uma palestra em janeiro de 1989<br />

nos seus últimos lampejos e já iam desaparecendo,<br />

o que a multidão de turistas não censurava,<br />

e nem sequer sabia ser possível sentir isso, e visitava<br />

a Catedral de São Marcos, por exemplo, mais ou menos<br />

como se visita um museu.<br />

No entanto, essa densa presença de sobrenatural e<br />

de história, que em Veneza é incomparável, ainda senti<br />

quando tomei uma gôndola para passear pelos canais<br />

da cidade. Navegando no escuro entre aqueles palácios,<br />

tem-se a impressão de estar participando da vida psicológica,<br />

temperamental, social, daqueles personagens<br />

de trajes medievais ou do tempo das monarquias absolutas,<br />

com máscaras como se usava em Veneza, o bater<br />

dos remos na água, o brado dos gondoleiros para evitar<br />

trombadas; de repente, vê-se um homem que, ao passar<br />

diante de uma casa onde não quer ser reconhecido, pega<br />

o seu manto e cobre o corpo inteiro, só se desvendando<br />

mais adiante... Esses mistérios todos de Veneza temos<br />

a impressão de que ainda vivem, e nos metemos no meio<br />

deles ao passear de gôndola à noite pela cidade.<br />

O uso da lancha nos canais já estraga isso, porque o<br />

mistério vai embora. A lancha tem o determinismo estúpido<br />

das coisas mecânicas. O bonito é o silêncio, o mistério<br />

e o deslizar lento da gôndola, na qual os passageiros<br />

vão sentados meditando no que fizeram ou farão. Esse<br />

mistério tem seu charme.<br />

v<br />

Arquivo <strong>Revista</strong><br />

(Extraído de conferência de 11/1/1989)<br />

<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> diante da Catedral de São Marcos, em 1988<br />

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