50_ANOS_DO_MOVIMENTO_DE_RECONCEITUAÇÃO_DO_SERVIÇO_SOCIAL_NA_AMÉRICA_LATINA-_a_construção_da_alternativa_crítica_e_a_resistência_contra_o_atual_avanço_do_conservadorismo
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<strong>50</strong> <strong>ANOS</strong> <strong>DO</strong> <strong>MOVIMENTO</strong> <strong>DE</strong> <strong>RECONCEITUAÇÃO</strong> <strong>DO</strong> <strong>SERVIÇO</strong> <strong>SOCIAL</strong> <strong>NA</strong> <strong>AMÉRICA</strong> LATI<strong>NA</strong>: a <strong>construção</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>alternativa</strong> <strong>crítica</strong> e a <strong>resistência</strong> <strong>contra</strong> o <strong>atual</strong> <strong>avanço</strong> <strong>do</strong> conserva<strong>do</strong>rismo<br />
251<br />
discuti<strong>do</strong>s pode ser conferi<strong>da</strong> na publicação específica<br />
(PEIXOTO, 1982).<br />
13 Sobre a formação de uma nova cultura ver as análises<br />
de Antonio Gramsci nos Cadernos <strong>do</strong> Cárcere, em<br />
especial, os volumes 1 (1999), 2 (2000) e 4 (2001).<br />
14 Tenho presente o pensamento de Gramsci (2000) sobre<br />
os intelectuais, mas aqui numa referência específica ao<br />
senti<strong>do</strong> clássico, escolástico, à ativi<strong>da</strong>de intelectual<br />
acadêmica <strong>do</strong>s profissionais, ain<strong>da</strong> que esses<br />
intelectuais possam ser pensa<strong>do</strong>s como intelectuais<br />
orgânicos <strong>do</strong> movimento e <strong>da</strong> profissão.<br />
15 Considero que o primeiro momento vai <strong>da</strong> deflagração<br />
<strong>do</strong> movimento, em 1965, à criação <strong>do</strong> CELATS, em<br />
1974, a partir <strong>do</strong> Instituto de Soli<strong>da</strong>ri<strong>da</strong>d Internacional<br />
(ISI). Este um “[...] projeto para a promoção <strong>da</strong> profissão<br />
na América Latina, conheci<strong>do</strong> como Projeto ISI [...] é um<br />
organismo dependente, <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Konrad Adenauer,<br />
enti<strong>da</strong>de autônoma e priva<strong>da</strong> reconheci<strong>da</strong> pelo governo<br />
alemão.” (LIMA, 1984, p.12). O ISI, segun<strong>do</strong> Lima (1984,<br />
p. 8) teve “[...] indiscutível influência na criação <strong>do</strong><br />
CELATS.” O segun<strong>do</strong> momento se constitui em um<br />
movimento que abarca: a) consoli<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> projeto e<br />
atuação deste organismo, enquanto instituição<br />
acadêmica e de organização política <strong>crítica</strong> <strong>do</strong>s (as)<br />
assistentes sociais no continente; b) o <strong>avanço</strong> <strong>da</strong><br />
organização política desses profissionais no continente.<br />
16 É importante demarcar que o pragmatismo é inerente à<br />
ideologia burguesa e sua superação está vincula<strong>da</strong> à<br />
superação <strong>da</strong> formação social, o capitalismo, que<br />
sustenta essa ideologia e é por ela sustenta<strong>da</strong>. Com<br />
essa premissa enten<strong>do</strong> que continua necessário o<br />
aprofun<strong>da</strong>mento <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s e <strong>da</strong> <strong>crítica</strong> ao<br />
pragmatismo e, particularmente o pragmatismo no<br />
Serviço Social em cuja definição <strong>da</strong> natureza e<br />
identi<strong>da</strong>de a intervenção é central (LOPES; ABREU;<br />
CAR<strong>DO</strong>SO, 2014).<br />
17 A pós-graduação, em nível de mestra<strong>do</strong>, no país, teve<br />
início em 1972 na PUC-RJ, seguin<strong>do</strong>-se o Mestra<strong>do</strong> na<br />
PUC-SP, também em 1972. Em 1981 a PUC-SP iniciou<br />
o primeiro <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> em Serviço Social <strong>da</strong> América<br />
Latina.<br />
18 Cabe um destaque ao grupo de pesquisa sobre a<br />
História <strong>do</strong> Serviço Social na América Latina, centran<strong>do</strong>se<br />
no Brasil e no Peru, sob a coordenação de Manuel<br />
Manrique Castro. Desse grupo, pelo Brasil, participaram<br />
Maril<strong>da</strong> Iamamoto e Raul de Carvalho que produziram,<br />
como resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> pesquisa, o livro Relações Sociais e<br />
Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação<br />
histórico-meto<strong>do</strong>lógica (2008).<br />
19 Ver entre outras obras, A Dialética <strong>da</strong> Dependência, de<br />
Ruy Mauro Marini (2000) e Capitalismo Dependente e<br />
classes sociais na América Latina, de Florestan<br />
Fernandes (1973).<br />
20 Só a título de exemplo cito duas referências desses<br />
intelectuais no continente: José Carlos Mariategui, no<br />
Peru, com Siete ensayos de interpretación de la reali<strong>da</strong>d<br />
peruana (1976), publica<strong>do</strong> por primeira vez em 1928; e<br />
Caio Pra<strong>do</strong> Junior no Brasil, com Evolução Política no<br />
Brasil (2012), publica<strong>do</strong> por primeira vez em 1933, uma<br />
obra que se destaca no primeiro ciclo <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s<br />
marxistas <strong>da</strong> história <strong>do</strong> Brasil, quan<strong>do</strong> o materialismo<br />
histórico era então ain<strong>da</strong> incipiente no país, coincidin<strong>do</strong><br />
com a fun<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> Parti<strong>do</strong> Comunista <strong>do</strong> Brasil, em<br />
1922. Ver também Konder (1991).<br />
21 Sobre a teoria <strong>do</strong> desenvolvimento desigual e<br />
combina<strong>do</strong> desenvolvi<strong>da</strong> por Trotsky (LOWY, 2012).<br />
22 Para um o <strong>avanço</strong> no estu<strong>do</strong> e debate sobre a<br />
hegemonia financeira na <strong>atual</strong> fase <strong>do</strong> capitalismo ver,<br />
entre outros, os textos <strong>da</strong> coletânea organiza<strong>da</strong> por<br />
François Chesnais A Finança mundializa<strong>da</strong>. Raízes<br />
sociais e políticas, configuração, consequências,<br />
publica<strong>da</strong> no Brasil pela Boitempo. E também outra<br />
coletânea, Uma nova fase <strong>do</strong> capitalismo? (CHES<strong>NA</strong>IS<br />
et al., 2003), obra na qual me apoio, particularmente, na<br />
parti<strong>da</strong> <strong>do</strong> debate sobre a <strong>atual</strong> fase <strong>do</strong> capitalismo, ou<br />
seja a tese de que as transformações ocorri<strong>da</strong>s no<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> capitalismo, a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de<br />
70 <strong>do</strong> século XX, constituíram uma nova fase <strong>do</strong><br />
capitalismo.<br />
23 Harvey (1992, p. 119, grifo <strong>do</strong> autor), cauteloso diante<br />
<strong>do</strong> “[...] perigo de confundir as mu<strong>da</strong>nças transitórias e<br />
efêmeras com as transformações de natureza mais<br />
fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> político-econômica.”, entende que:<br />
“[...] os <strong>contra</strong>stes entre as práticas político-econômicas<br />
<strong>da</strong> <strong>atual</strong>i<strong>da</strong>de e as <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de expansão <strong>do</strong> pósguerra<br />
são suficientemente significativos para tornar a<br />
hipótese de uma passagem <strong>do</strong> fordismo para o que<br />
poderia ser chama<strong>do</strong> regime de acumulação flexível’<br />
uma revela<strong>do</strong>ra maneira de caracterizar a história<br />
recente.”<br />
24 É importante demarcar que o redirecionamento<br />
fun<strong>da</strong>mental para a <strong>resistência</strong> e o combate ao<br />
neoliberalismo não significa que a luta social tenha si<strong>do</strong><br />
reduzi<strong>da</strong> tão somente a esta perspectiva; indica sua<br />
pre<strong>do</strong>minância. Um marco <strong>do</strong> esforço de organização <strong>da</strong><br />
<strong>resistência</strong> e combate ao neoliberalismo apontan<strong>do</strong> uma<br />
perspectiva de totali<strong>da</strong>de e universali<strong>da</strong>de é o Forum<br />
Social Mundial (FSM), reuni<strong>do</strong> pela primeira vez em<br />
Porto Alegre, em 2001.<br />
25 Neste aspecto, um <strong>do</strong>s nomes significativos é Agnes<br />
Heller, autora de importantes obras apoia<strong>da</strong>s no<br />
pensamento de Marx, entre as quais a Sociologia <strong>da</strong><br />
Vi<strong>da</strong> Quotidiana (1977) e A Teoria <strong>da</strong>s Necessi<strong>da</strong>des<br />
em Marx (1978), ambas de grande relevância para<br />
pensar categorias e temáticas centrais no Serviço<br />
Social. São obras que exprimem o pensamento <strong>da</strong><br />
autora no âmbito <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> Escola de Bu<strong>da</strong>peste,<br />
forma<strong>da</strong> por um grupo de intelectuais marxistas<br />
húngaros, <strong>do</strong>s quais o nome mais destaca<strong>do</strong> é Gyorrgy<br />
R. Pol. Públ., São Luís, v. 20, n 1, p 237-252, jan./jun. 2016.