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50_ANOS_DO_MOVIMENTO_DE_RECONCEITUAÇÃO_DO_SERVIÇO_SOCIAL_NA_AMÉRICA_LATINA-_a_construção_da_alternativa_crítica_e_a_resistência_contra_o_atual_avanço_do_conservadorismo

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238 Josefa Batista Lopes<br />

<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Este artigo atende a solicitação <strong>da</strong><br />

editoria <strong>da</strong> Revista de Políticas Públicas (RPP),<br />

<strong>do</strong> Programa de Pós-Graduação em Políticas<br />

Públicas (PPGPP), que neste número <strong>da</strong> revista<br />

presta um tributo aos <strong>50</strong> Anos <strong>do</strong> Movimento de<br />

Reconceituação <strong>do</strong> Serviço Social na América<br />

Latina. Considera<strong>do</strong> um marco histórico dessa<br />

profissão, esse movimento, deflagra<strong>do</strong> em 1965,<br />

foi fun<strong>da</strong>mental na formação <strong>da</strong> consciência<br />

<strong>crítica</strong> e de uma nova cultura <strong>do</strong>s profissionais de<br />

Serviço Social, em torno de questões cruciais <strong>do</strong><br />

exercício <strong>da</strong> profissão nas socie<strong>da</strong>des<br />

dependentes e profun<strong>da</strong>mente desiguais <strong>da</strong><br />

América Latina. E cabe registrar o significativo<br />

protagonismo que o Serviço Social brasileiro<br />

exerceu nesse movimento, em particular no<br />

âmbito <strong>da</strong> organização acadêmico-política <strong>do</strong><br />

grande e ativo coletivo profissional no<br />

continente 2 . É importante, portanto, que seja<br />

manti<strong>do</strong> vivo na memória de to<strong>da</strong>s as gerações<br />

de profissionais e estu<strong>da</strong>ntes de Serviço Social;<br />

e nas ciências sociais, em cuja área se situa o<br />

Serviço Social. Certamente com a consciência<br />

de que “Os homens fazem sua própria história,<br />

mas não a fazem como querem”. (MARX. 1974,<br />

p. 17).<br />

Enten<strong>do</strong> que quatro eixos de<br />

questões foram centrais no processo de<br />

formação <strong>da</strong> consciência <strong>crítica</strong> e de uma nova<br />

cultura <strong>do</strong>s (as) assistentes sociais: a) as<br />

relações de exploração e <strong>do</strong>minação <strong>da</strong>s classes<br />

trabalha<strong>do</strong>ras e subalternas no capitalismo, e as<br />

relações de <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> imperialismo, sob o<br />

capitalismo monopolista, com os países <strong>do</strong><br />

continente; b) a tendência, desde sua origem, a<br />

atender, fun<strong>da</strong>mentalmente, os interesses <strong>da</strong>s<br />

classes <strong>do</strong>minantes, no exercício profissional<br />

como funcionários de instituições priva<strong>da</strong>s, <strong>da</strong><br />

Igreja e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, median<strong>do</strong> práticas<br />

assistencialistas, filantrópicas e de ajustamento<br />

ao sistema, ao status quo; c) a necessi<strong>da</strong>de de,<br />

na <strong>contra</strong>dição de sua atuação na mediação <strong>da</strong><br />

relação entre as classes em confronto nas<br />

relações <strong>do</strong> capitalismo, vincular-se aos<br />

interesses <strong>da</strong>s classes <strong>do</strong>mina<strong>da</strong>s e explora<strong>da</strong>s,<br />

em efetivo compromisso com a necessi<strong>da</strong>de<br />

histórica de emancipação dessas classes 3 ; d) o<br />

caráter pragmatista <strong>do</strong> Serviço Social, até então<br />

dependente <strong>da</strong> literatura europeia e norteamericana<br />

e de manuais de orientação de<br />

prática.<br />

O tributo <strong>da</strong> RPP aos <strong>50</strong> Anos <strong>do</strong><br />

Movimento de Reconceituação <strong>do</strong> Serviço Social<br />

na América Latina é também o reconhecimento<br />

<strong>da</strong> importância e necessi<strong>da</strong>de de: a) seguir<br />

aprofun<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a análise desses e novos eixos de<br />

questões que ao longo desses anos de<br />

desenvolvimento <strong>da</strong> profissão no continente,<br />

desde a deflagração <strong>do</strong> movimento, foram se<br />

complexifican<strong>do</strong>; b) lutar para garantir a<br />

vinculação <strong>do</strong> Serviço Social aos interesses <strong>da</strong>s<br />

classes trabalha<strong>do</strong>ras, explora<strong>da</strong>s, <strong>do</strong>mina<strong>da</strong>s e<br />

humilha<strong>da</strong>s, em efetivo compromisso com a<br />

necessi<strong>da</strong>de histórica de emancipação dessas<br />

classes. Este, certamente, o mais importante <strong>do</strong>s<br />

lega<strong>do</strong>s <strong>do</strong> movimento à profissão no continente;<br />

expressa uma tendência que foi construí<strong>da</strong> com<br />

R. Pol. Públ., São Luís, v. 20, n 1, p 237-252, jan./jun. 2016.

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