Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Des<strong>de</strong> o ponto <strong>de</strong> vista das instituições sociais, o relato do Gênesis <strong>de</strong> Abraão resulta um<br />
estudo fascinante. Os pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Abraão para fazer <strong>de</strong> Eliézer her<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> suas possessões, já que<br />
não tivera um filho (Gn 15.2) refletem as leis <strong>de</strong> Nuzu, que <strong>de</strong>terminavam que um casal sem filhos<br />
podia adotar como filho um servo fiel, que pu<strong>de</strong>sse ostentar direitos legais e quem podia ser<br />
recompensado com a herança, como pagamento por seus cuidados constantes e o enterro em cãs<br />
<strong>de</strong> falecimento. Os costumes maritais <strong>de</strong> Nuzu, o mesmo que o código <strong>de</strong> Hamurabi, proviam que,<br />
se a esposa <strong>de</strong> um homem casado não tinha filhos, o filho <strong>de</strong> uma criada podia ser reconhecido<br />
como legítimo her<strong>de</strong>iro. A relação <strong>de</strong> Agar com Abraão e Sara é algo típico dos costumes que<br />
prevaleciam na Mesopotâmia. A preocupação <strong>de</strong> Abraão pelo bem-estar <strong>de</strong> Agar po<strong>de</strong> também<br />
ser explicada pelo fato <strong>de</strong> que legalmente uma criada que parisse um filho não podia ser vendida<br />
para a escravidão.<br />
Um estudo <strong>de</strong>vocional <strong>de</strong> Abraão po<strong>de</strong> resultar altamente proveitoso. A promessa sêxtupla<br />
feita ao patriarca tem um gran<strong>de</strong> alcance nas implicações da história. A promessa <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong><br />
fazer <strong>de</strong>le uma gran<strong>de</strong> nação se realiza subseqüentemente <strong>no</strong>s acontecimentos do Antigo<br />
Testamento. "Eu te abençoarei", logo se tor<strong>no</strong>u uma realida<strong>de</strong> em sua experiência pessoal.<br />
O <strong>no</strong>me <strong>de</strong> Abraão se fez gran<strong>de</strong> não somente como pai dos <strong>israel</strong>itas e maometa<strong>no</strong>s, senão<br />
também como o gran<strong>de</strong> exemplo <strong>de</strong> fé para os crentes cristãos, segundo os escritos do Novo<br />
Testamento, em Roma<strong>no</strong>s, Gálatas, Hebreus e Tiago. Além disso, a atitu<strong>de</strong> do homem para<br />
Abraão e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes teria uma direta influência na bênção ou maldição sobre o gênero<br />
huma<strong>no</strong>; isto assegurou a Abraão um lugar único <strong>no</strong> <strong>de</strong>sígnio provi<strong>de</strong>ncial para a raça humana.<br />
Certamente, a promessa <strong>de</strong> que Abraão seria bendito foi literalmente cumprida durante sua vida,<br />
o mesmo que <strong>no</strong>s tempos subseqüentes. Finalmente, a promessa <strong>de</strong> abençoar todas as famílias<br />
da terra se <strong>de</strong>scobre em seu alcance a escala mundial quando Mateus começa seu relato da vida<br />
<strong>de</strong> Jesus Cristo, estabelecendo que Ele é o "filho <strong>de</strong> Abraão".<br />
A aliança joga um papel importante na experiência <strong>de</strong> Abraão. Notem-se as sucessivas<br />
revelações <strong>de</strong> Deus após a promessa inicial à qual Abraão respon<strong>de</strong> com obediência. A medida<br />
que Deus acrescenta sua promessa, Abraão exerceu a fé, que lhe foi reconhecida como justiça em<br />
Gênesis 15. nesta aliança, a terra <strong>de</strong> Canaã foi especificamente dada em prenda aos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong> Abraão. Com a promessa do filho, a circuncisão se converte <strong>no</strong> sinal do pacto (Gn 17). Esta<br />
promessa da aliança foi selada finalmente <strong>no</strong> ato <strong>de</strong> obediência <strong>de</strong> Abraão, quando esteve<br />
disposto a executar o sacrifício <strong>de</strong> seu único filho Isaque (Gn 22).<br />
A religião <strong>de</strong> Abraão é um tema vital <strong>no</strong>s relatos bíblicos, patriarcais. Proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> um fundo<br />
politeísta on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>usa-lunar Nannar era reconhecida como o <strong>de</strong>us principal na cultura <strong>de</strong><br />
Babilônia, Abraão chega a Canaã. Que sua família serviu a outros <strong>de</strong>uses fica claramente<br />
estabelecido em Josué 24.2. em Canaã, e em meio <strong>de</strong> um entor<strong>no</strong> idólatra e pagão, a meta <strong>de</strong><br />
Abraão foi a <strong>de</strong> "construir um altar ao Senhor". Depois <strong>de</strong> resgatar a Ló e ao rei <strong>de</strong> Sodoma,<br />
recusou uma recompensa, reconhecendo que ele estava por completo <strong>de</strong>dicado por <strong>de</strong>voção<br />
única a Deus, o "fazedor dos céus e da terra". A íntima comunhão e camaradagem existente entre<br />
Deus e Abraão estão belamente retratadas <strong>no</strong> capítulo 18, on<strong>de</strong> ele interce<strong>de</strong> por Sodoma e<br />
Gomorra. Talvez seja sobre a base <strong>de</strong> Is 41.8 e Tg 2.23 que a Septuaginta inseriu as palavras "meu<br />
amigo" em 18.17. Através dos séculos, a porta meridional <strong>de</strong> Jerusalém, que conduz a Hebrom e<br />
Berseba, tem sido sempre citada como a "porta da amiza<strong>de</strong>", em memória da relação íntima entre<br />
Deus e Abraão.<br />
Isaque, o filho prometido, foi o her<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> tudo o que Abraão possuía. Outros filhos <strong>de</strong><br />
Abraão, tal como Ismael, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>m os árabes e Midiã, o pai dos midianitas, receberam<br />
presentes quando partiram <strong>de</strong> Canaã, <strong>de</strong>ixando o território a Isaque. Antes <strong>de</strong> sua morte, Abraão<br />
<strong>de</strong>ixou a Rebeca por esposa <strong>de</strong> Isaque. Abraão também comprou a cova <strong>de</strong> Macpela 46 , que se<br />
converteu <strong>no</strong> sepulcro <strong>de</strong> Abraão, Isaque e Jacó, assim como o <strong>de</strong> suas esposas.<br />
46 A compra <strong>de</strong> Abraão <strong>de</strong> tal proprieda<strong>de</strong> (Gn 23) reflete a lei hitita. Efrom insistiu em vendê-lhe o campo inteiro, e assim<br />
Abraão se fez responsável pela tributação e outros impostos que <strong>de</strong>sejava evitar, ao interesar-se somente pela cova. Ver<br />
25