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Durante o resto das dinastias XIX e XX, os governantes egípcios lutaram para reter seu reinado.<br />
Conforme foi <strong>de</strong>crescendo o po<strong>de</strong>r central, o sacerdócio local <strong>de</strong> Amom ganhou bastante força<br />
para estabelecer a XXI Dinastia por volta <strong>de</strong> 1085 a.C., e o Egito nunca mais tor<strong>no</strong>u a recuperar,<br />
como resultado do <strong>de</strong>clive que sofria, sua posição como potencia mundial.<br />
A religião <strong>no</strong> Egito 57<br />
Egito era um país politeísta. Com <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>s locais como base da religião, os <strong>de</strong>uses egípcios se<br />
fizeram numerosos. Os <strong>de</strong>uses da Natureza foram comumente representados por animais e<br />
pássaros. Eventualmente, as divinda<strong>de</strong>s cósmicas, personificadas nas forças da Natureza, foram<br />
elevadas por acima dos <strong>de</strong>uses locais e foram teoricamente consi<strong>de</strong>rados como <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>s<br />
nacionais ou universais. Havia uma tal quantida<strong>de</strong>, que chegaram a ser agrupados em famílias <strong>de</strong><br />
tría<strong>de</strong>s e <strong>no</strong>venários 58 .<br />
De igual forma, os templos foram numerosos por todo o Egito. Com a provisão <strong>de</strong> um lar ou<br />
templo para cada <strong>de</strong>us, chegou o sacerdócio, as ofertas, os festivais, ritos e cerimônias, para sua<br />
adoração e culto. Como resposta a tais circunstâncias, o povo consi<strong>de</strong>rava a seus <strong>de</strong>uses como<br />
seus benfeitores. A fertilida<strong>de</strong> da terra e dos animais, a vitória ou a <strong>de</strong>rrota, a enchente do Vale do<br />
Nilo e <strong>de</strong> fato, qualquer fator que afetasse seu bem-estar, estava indiciado a qualquer <strong>de</strong>us.<br />
A proeminência nacional acordada a respeito <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>us estava intimamente relacionada<br />
com a política. O <strong>de</strong>us falcão, Hórus, surgiu como uma <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> local e <strong>de</strong>pois passou a ter caráter<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> estatal quando o rei Menes uniu o Baixo e o Alto Egito <strong>no</strong>s começos da história<br />
egípcia. Quando a Quinta Dinastia patroci<strong>no</strong>u o <strong>de</strong>us-sol <strong>de</strong> Heliópolis, Ra se converteu na cabeça<br />
do panteão egípcio. A mais achegada aproximação a um <strong>de</strong>us nacional <strong>no</strong> Egito foi o<br />
reconhecimento dado a Amom durante o Médio e Novo Rei<strong>no</strong>. Os magníficos templos erigidos<br />
em Karnak e Lúxor, nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Tebas, ainda mostram o real patrocínio <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>us. na<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tebas, com a XVIII dinastia, o culto <strong>de</strong> Amom com seu sacerdócio teba<strong>no</strong> se fez tão<br />
forte que o <strong>de</strong>safio feito aos Faraós teve êxito <strong>no</strong> po<strong>de</strong>r com a morte <strong>de</strong> Akh-en-Aton. A <strong>de</strong>speito<br />
da proeminência dos <strong>de</strong>uses nacionais, em nenhuma ocasião foram adotados pela população<br />
egípcia. Para um camponês egípcio, o <strong>de</strong>us local foi sempre o da maior importância.<br />
Os egípcios acreditavam numa vida após a morte. Uma conduta irrepreensível sobre a terra<br />
conduzia à imortalida<strong>de</strong> do homem. Isto é válido também para os sepultamentos reais<br />
representados pelas pirâmi<strong>de</strong>s e outros túmulos, <strong>no</strong>s quais se <strong>de</strong>positava toda classe <strong>de</strong><br />
provisões, tais como alimentos, bebidas e objetos <strong>de</strong> luxo com a intenção <strong>de</strong> sua utilização na vida<br />
do além. Nos primeiros tempos, inclusive os servos eram mortos e guardavam junto o corpo <strong>de</strong><br />
seus amos. Como Osíris, o símbolo divi<strong>no</strong> da imortalida<strong>de</strong>, o egípcio morto antecipava assim o<br />
juízo <strong>de</strong> um tribunal do outro mundo com a esperança <strong>de</strong> estar moralmente <strong>de</strong>stinado à felicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma vida eterna.<br />
A extrema tolerância da religião egípcia se explica pela existência sem fim e o reconhecimento<br />
<strong>de</strong> tantísimos <strong>de</strong>uses. Nenhum <strong>de</strong>les foi nunca eliminado por completo. Já que o mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong><br />
estudioso encontra difícil fazer uma analise lógica <strong>de</strong> tão incontáveis elementos misturados <strong>de</strong> sua<br />
religião, é difícil também pensar que o fizesse qualquer egípcio nativo.<br />
A confusão resulta <strong>de</strong> qualquer tentativa <strong>de</strong> relacionar entre si a hoste <strong>de</strong> <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>s existentes<br />
com seus respectivos cultos e rituais. Tampouco po<strong>de</strong> ser racionalizado tão e<strong>no</strong>rme conjunto <strong>de</strong><br />
crenças e mitos.<br />
A data do Êxodo<br />
57 Ver W. C. Hayes, "The Scepler of Egvpt"; Vol. I (Nova Iorque: Harper & Brothers, 1953), capítulo VI, "A religião e crenças<br />
funerárias do Antigo Egito", pp. 75-83.<br />
58 Novenário: espaço <strong>de</strong> <strong>no</strong>ve dias que se <strong>de</strong>dica à memória <strong>de</strong> um <strong>de</strong>funto, e as exéquias celebradas geralmente <strong>no</strong> <strong>no</strong><strong>no</strong><br />
dia após um óbito (N. da D.).<br />
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