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Amarna (por volta <strong>de</strong> 1400 a.C.) refletem as condições na Síria, indicando que as relações<br />
diplomáticas e fraternais existiam entre as famílias reais <strong>de</strong> Mitanni e o Egito.<br />
O po<strong>de</strong>r hitita logo se incrementou e <strong>de</strong>safiou este controle mitanni-egípcio do Crescente<br />
Fértil. Sob o reinado do rei Suppiluliune (1380-1346) os hititas cruzaram o Eufrates até<br />
Wasshugani, reduzindo Mitanni à situação <strong>de</strong> um estado-tampão entre o rei<strong>no</strong> hitita e o crescente<br />
império assírio <strong>no</strong> vale do Tigre. Este, naturalmente, elimi<strong>no</strong>u Mitanni como fator político na<br />
Palestina. Embora o rei<strong>no</strong> Mitanni estava completamente absorvido pelos assírios (1250 a.C.), os<br />
hurria<strong>no</strong>s —conhecidos como horeus <strong>no</strong> Antigo Testamento—, estavam <strong>no</strong> Canaã quando<br />
entraram os <strong>israel</strong>itas. Provavelmente os heveus fossem também <strong>de</strong> origem mitanni.<br />
Com a eliminação da ameaça mitanni, os hititas dirigiram suas intenções para o sul. Durante<br />
quase um século, os hititas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua capital em Boghazköy e os egípcios rivalizaram pelo<br />
controle da vacilante fronteira da Síria. Durante este período, Ca<strong>de</strong>s se converteu <strong>no</strong> centro <strong>de</strong> um<br />
rei<strong>no</strong> amorreu revivido. Muito verossimilmente adotaram a política <strong>de</strong> acomodação, mantendo<br />
amiza<strong>de</strong> com o mais po<strong>de</strong>roso.<br />
Quando Ramsés II (1304-1237) chegou ao tro<strong>no</strong>, os egípcios re<strong>no</strong>varam seus esforços para<br />
eliminar os hititas da Palestina do <strong>no</strong>rte, com o objeto <strong>de</strong> recobrar suas possessões asiáticas.<br />
Mutwatallis, o rei hitita, se entrincheirou firmemente na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ce<strong>de</strong>s e, ajudados por<br />
exércitos proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s da Síria, igual que <strong>de</strong> Carquemis, Ugarite e outras cida<strong>de</strong>s da<br />
zona. Ramsés esten<strong>de</strong>u sua fronteira até Beirute a expensas dos fenícios e <strong>de</strong>pois marchou pelo<br />
Orontes até Ce<strong>de</strong>s, enfrentando-se com um inimigo que tinha comprometido os egípcios numa<br />
situação <strong>de</strong> guerra <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fazia já duas décadas. Esta batalha <strong>de</strong> Ce<strong>de</strong>s <strong>no</strong> a<strong>no</strong> 1286 a.C. esteve<br />
longe <strong>de</strong> resultar <strong>de</strong>cisiva para os egípcios. Após outras numerosas conquistas <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s em<br />
Canaã e na Síria, Ramsés II e Hattusilis, o rei hitita, concluíram um tratado em 1280 a.C., um<br />
proeminente pacto <strong>de</strong> não-agressão na história. Cópias <strong>de</strong>ste famoso acordo tem sido<br />
encontradas na Babilônia, Boghazköy e <strong>no</strong> Egito. Embora não se mencionam fronteiras <strong>no</strong><br />
tratado, é muito possível que o estado amorreu formasse uma influência neutralizadora entre os<br />
egípcios e os hititas.<br />
Nos dias <strong>de</strong> Merneptah, uns invasores proce<strong>de</strong>ntes do <strong>no</strong>rte, conhecidos como os ários,<br />
<strong>de</strong>struíram o império hitita e <strong>de</strong>bilitaram o amorreu, <strong>de</strong>struindo Ce<strong>de</strong>s e outras praças fortes.<br />
Embora o império hitita se <strong>de</strong>sintegrou, este povo é freqüentemente mencionado <strong>no</strong> Antigo<br />
Testamento. Ramsés III repeliu estes invasores proce<strong>de</strong>ntes do <strong>no</strong>te, numa gran<strong>de</strong> batalha por<br />
terra e mar, e uma vez minguado seu po<strong>de</strong>r, unificou a Palestina sob o controle egípcio. Após<br />
Ramsés III, <strong>de</strong>cli<strong>no</strong>u também o po<strong>de</strong>r egípcio, permitindo a infiltração dos arameus na área da<br />
Síria, que chegou a ser uma po<strong>de</strong>rosa nação, aproximadamente dois séculos mais tar<strong>de</strong>.<br />
O povo <strong>de</strong> Canaã não estava organizado em forte unida<strong>de</strong>s políticas. Os fatores geográficos,<br />
igual que a pressão das nações vizinhas que a ro<strong>de</strong>avam do Crescente Fértil, e que utilizavam<br />
Canaã como um estado-tampão, fala muito a respeito do fato <strong>de</strong> que os cananeus nunca<br />
formassem um império fortemente unido. Numerosas cida<strong>de</strong>s-estado controlavam tanto<br />
território local como lhes era possível, com a cida<strong>de</strong> bem fortificada para resistir um possível<br />
ataque do inimigo. Quando os exércitos marcharam sobre Canaã, estas cida<strong>de</strong>s com freqüência<br />
impediam o ataque mediante o pagamento <strong>de</strong> um tributo. Não obstante, quando o povo chegou<br />
para ocupar a terra, como Israel fez mandada por Josué, tais cida<strong>de</strong>s formaram ligas e se uniram<br />
opondo-se ao invasor. Isto está, certamente, bem ilustrado <strong>no</strong> livro <strong>de</strong> Josué.<br />
A localização da Palestina <strong>no</strong> Crescente Fértil e a configuração geográfica da terra em si<br />
mesma, com freqüência afetaram seu <strong>de</strong>senvolvimento político e cultural. Sobre as planícies<br />
pluviais do Tigre e do Eufrates, igual que <strong>no</strong> vale do Nilo, numerosas diminutas cida<strong>de</strong>s-rei<strong>no</strong>, e<br />
peque<strong>no</strong>s principados ou distritos, estiveram mais <strong>de</strong> uma vez unidos numa gran<strong>de</strong> nação. Isto<br />
não se efetuou facilmente na Síria-Palestina, já que a topografia era oposta à fusão. Como<br />
resultado, Canaã estava numa posição <strong>de</strong>bilitada, já que nenhuma <strong>de</strong> suas cida<strong>de</strong>s-rei<strong>no</strong> igualava<br />
em po<strong>de</strong>r as forças invasoras que vinham proce<strong>de</strong>ntes dos rei<strong>no</strong>s mais po<strong>de</strong>rosos estabelecidos<br />
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