Gestão Hospitalar N.º 7 2005
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ENSP com dois novos cursos em Outubro
04 Editorial
o presidente da APAH, Manuel Delgado, analisa as
carreiras dos AH, face às mudanças que têm acontecido
no país. Ficam em aberto ainda alguns conceitos
importantes sobre os quais estes profissionais
de saúde devem reflectir.
1 o Actualidade
Os Administradores Hospitalares vão reunir-se em
Nice, em Setembro, no 34º Congresso da Federação
Internacional dos Hospitais. A APAH também vai
estar representada. Saiba que temas vão ser discutidos
e que personalidades vão estar presentes
12 Entrevista
Vasco Reis, professor da Escola Nacional de Saúde
Pública (ENSP), dá a conhecer aos leitores da GH
dois novos cursos que passam a fazer parte do
currículo da escola. Mas o responsável da ENSP vai
mais longe e analisa também o momento político
na Saúde, e o papel dos AH
20 Reflexões
A GH pega no Plano Tecnológico e faz um balanço.
Progresso e competitividade passam pelo empenho
dos governantes neste domínio que está, como se
sabe também, directamente ligado à Saúde. Um
assunto que vamos destacar todos os meses.
22 Prazer & Lazer
Verão e férias ligam bem. Exercício Físico também
se junta aos dois conceitos. Será que esta não é a
altura ideal para começar a pensar em fazer alguma
coisa pelo seu corpo? Veja as nossas sugestões
t::::co~A t 1 CIONAL DE
• 1
B:BLIOTECA
Sopra
uma boa nova.
estores
Hos
ita ares
1
A propósito do relatório da Inspecção-Geral de
• Saúde sobre as remunerações dos gestores hospitalares,
fui interpelado por vários jornalistas que invariavel
2
Os A.H. têm, no entanto, uma questão interna
• por resolver: a manutenção da sua carreira ou o
seu desaparecimento.
mente me perguntaram: "Como presidente da Asso
Caminhamos a passos largos para modelos de carreira
ciação dos gestores hospitalares o que tem a dizer sobre
"minimalistas", que reconhecem competências mas dei
este relatório que atinge alguns dos seus colegas?".
xam às entidades empregadoras a capacidade para recru
Pela enésima vez voltei a explicar a diferença entre os ges
tar, seleccionar e remunerar de acordo com critérios
Manuel Delgado
Presidente da APAH
tores com formação especifica em A.H. e os outros, neste
caso, os que recrutados fora da área da Saúde ocupam
lugares de topo na administração hospitalar.
Foi este cenário que dominou no tempo do anterior
ditados pelas regras de mercado.
O fosso e~tre a carreira de administração hospitalar
que temos, desde 1980, e as novas realidades para que
inexoravelmente parece caminharmos, é demasiado
"Os A.H. têm uma
questão interna
por resolver:
a manutenção
da sua carreira
ou o seu
desaparecimento"
Governo mas que, felizmente, parece ter terminado com
o novo ciclo político. Não que não seja útil recrutar para
a administração dos hospitais um ou outro profissional
de fora, cujo prestígio, sensibilidade e competência se
revele benéfico e inovador. Mas porque numa época de
grande exigência em matéria de organização e de eficiência,
é na área da produção hospitalar que se devem introduzir
mecanismos de controlo, adequados e com impacte
na economia de recursos e na qualidade do serviço.
E para isto, o profundo conhecimento do sector, o estudo
grande para lhe ficarmos indiferentes.
Até porque os A.H. vêm assumindo, numa movimentação
que ultrapassa completamente as regras da carreira,
diferentes papéis na gestão dos nossos hospitais,
seja em funções de topo, seja em funções de direcção técnica
de serviços, seja em funções de administração
intermédia.
A credibilização e sustentabilidade da nossa profissão
passa, pois, por um trabalho sério que culmine numa
revisão da carreira de A.H. e eventualmente, num
Aliámos a experiência e solidez de um grupo internacional,
líder na sua área, ao maior e mais moderno complexo industrial
farmacêutico português.
F.scolhemos Portugal para ser o centro mundial de desenvolvimento
e produção de medicamentos injectáveis da Fresenius Kabi.
e a experiência relativamente aos processos e à estrutura
dos mecanismos de prestação, a análise da complexidade e
da severidade dos diferentes tipos de doentes e os respecti
papel mais activo da APAH no acompanhamento da
respectiva gestão.
Esgrimir, neste contexto, argumentos sobre as razões da
Apostámos na qualidade, competência e formação dos nossos
profissionais.
vos custos, são elementos essenciais para se poder gerir com
responsabilidade e eficiência entidades tão especificas como
escolha ou indigitação de colegas para este ou aquele
hospital, em busca de uma quiméri ca legitimidade
Acreditámos no seu apoio.
são os hospitais. D aí a importância e a imprescindibilidade
de ter o país dotado de um corpo de profissionais devidamente
habilitados, capazes de responder aos desafios em
curricular, parece-nos, assim, uma atitude quixotesca que
apenas derrubará moinhos de vento mas que nada alterará
na paisagem. E é esta que precisamos de mudar:
Em Portugal, com portugueses, para o mundo.
que as crónicas dificuldades do sector nos colocam.
com inteligência, bom senso, muita humildade, e uma
O actual Governo tem tido, nesta matéria, um registo
que me parece sensato e adequado e competirá agora aos
A.H. voltarem a provar o seu valor e a sua utilidade.
capacidade assumida de correr riscos. É este o tempo
certo, não o desperdicemos com pequenas invejas ou
mesquinhas ânsias de protagonismo! rm
~ Fresenius
LABESFAL
Kabi
Caring for Life
Crítica
Gestores devem ser responsabilizados
Vila Verde
Hospital certificado
O
Hospital da Santa Casa da
Misericórdia de Vila Verde obteve o
certificado de qualidade do Instituto
Português de Qualidade. A certificação
abrange todas as áreas do hospital, desde o
serviço de atendimento permanente,
passando pelas várias especialidades e
terminando nas consultas internas.
Revolução
ln "Jornal de Notícias" 17/06/2005
E
m entrevista ao semanário "Vida
Económica" o presidente da APAH,
Manuel Delgado, criticou a actuação do
anterior Governo e as "formas criativas
de registo que empolaram artificialmente
resultados" dos hospitais SA. Saúda a
opção do ministro Correia de Campos de
os transformar em EPE's e defende a
responsabilização dos gestores
hospitalares pelos resultados obtidos.
ln "Vida Económica" 17/06/2005
Governo
Governo extingue sub-regiões de saúde
O
Governo vai avançar com a extinção
das 18 sub-regiões de Saúde até
2006. Hospitais e centros de saúde passam
a ter uma gestão integrada criando-se
Unidades Locais de Saúde, à semelhança
do modelo de Matosinhos. Castelo Brànco
e Viana do Castelo serão as primeiras a
experimentar o novo modelo.
ARS com
competências
reforçadas
O
ministro da Saúde, Correia de
Campos, garantiu, no encerramento
do IV Fórum sobre as Reformas da Saúde,
que o papel das Administrações Regionais
de Saúde (ARS) será valorizado. As ARS
terão um reforço de competências e
atribuições, disse o governante.
ln "Diário Económico" 22/06/2005
Lisboa
Três hospitais criam centro hospitalar
Os hospitais de Santa Cruz, Egas Moniz e São Francisco Xavier
vão transformar-se no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental
a partir de Janeiro do próximo ano, segundo afirmou o futuro
presidente do conselho da estrutura, José Miguel Boquinhas.
Os objectivos deste centro são a "obtenção de ganhos
em eficiência e produtividade, bem como melhores resu ltados
para os doentes com menores custos".
Auditoria
16 hospitais
processados
O
Governo va i instaurar inquéritos
disciplinares a dirigentes de 16
hospitais do país por irregularidades, que
incluíam despesas de representação
excessivas, compra de viaturas de
cilindrada acima das permitidas por lei ou
a utilização abusiva de cartões de crédito.
Esta acção surge na sequência ·de uma
auditoria da Inspecção-geral de Saúde, que
analisou os vencimentos e regalias de 390
dirigentes e gestores dos hospitais ARS.
ln "A Capital" 1/ 06/2005
Gaia
Ministro promete
novo hospital
O
m inistro da Saúde prometeu
construir uma nova unidade
hospitalar para servir o concelho de Gaia
ainda neste mandat o, durante
a apresentação do candidato socialista
à Câmara.
ln "Jornal de Notícias" 18/ 06/ 2005
PECLEC
Correia de Campos
despreocupado com
listas de espera
O
ministro Correia de Campos afirmou
que não est á "interessado" no facto de
estarem 224 mil pessoas em lista de espera
para uma cirurgia . Contrapôs que está
sobretudo empenhado em diminuir o tempo
de espera que os doentes aguardam pelo
tratamento e em garantir a sua qualidade.
Os dados foram revelados pelo "Relat ório da
Primavera" do Observatório Português dos
Sistemas de Saúde.
ln "Diário de Notícias" 6/06/2005
ln "Público" 18/06/2005
ln "Público" 21 /06/ 2005
Iniciativa internacional chega a Portugal
"Bem me quero" pretende tratar
o coração das portuguesas
Médicos e população em geral
são os principais alvos da
iniciativa, presidida por Maria
José Ritta.
Com uma mesa onde se destacavam
mulheres e outras personalidades
bem conhecidas da Saúde em Portugal,
decorreu no passado dia 28 de Junho, em
Lisboa, a cerimónia de lançamento do programa
"Bem Me Quero".
A sessão, presidida por Maria José Ritta, que
lidera a comissão de apoio do programa, contou
ainda com a presença de Cassiano Abreu
Lima, presidente da Sociedade Portuguesa de
Cardiologia (SPC), e de dois vice-presidente da
instituição, bem como da ex-ministra da saúde
socialista, Maria de Belém Roseira, e da exdeputada
do PSD, Clara Carneiro.
Correia de Campos, actual responsável pela
pasta da Saúde, não faltou ao evento, tendo
salientado a importância do programa "Bem
Me Quero" num quadro de prevenção das
doenças cardio e cerebrovasculares, que são
hoje responsáveis por grande número de óbitos
entre os portugueses, em geral. Na ocasião
foi assinado um protocolo de colaboração
entre a SPC e os Laboratórios Pfizer.
O que é o "Bem me Quero"
"Bem me quero". Assim se chama o programa
destinado à educação das mulheres portuguesas
e à sensibilização dos profissionais de saúde para
as doenças cardiovasculares, factores de risco e
medidas preventivas a desenvolver junto ~o sexo
feminino.
O programa, que está a ser implementado nos
Estados Unidos, pelo American College of Cardiology,
e que na maioria dos países da Europa
esta a ser desenvolvido pelas respectivas sociedades
de cardiologia, conta em Portugal com a determinação
da Sociedade Portuguesa de Cardiologia
para realizar as acções definidas, e ainda com
o apoio de uma comissão alargada, criada para o
efeito, de onde se destaca a primeira-dama,
Maria José Ritta e as atletas Rosa Mora, Aurora
Cunha e Fernanda Ribeiro.
O principal objectivo do programa "Bem Me
Quero" é chamar a atenção da mulher portuguesa
para os seis grandes factores de risco da doença
cardiovascular: pressão arterial e colesterol elevados,
tabagismo, sedentarismo, obesidade ou
excesso de peso e diabetes.
O programa pretende chegar aos profissionais de
saúde e à população em geral e, nesse domínio,
estão previstas diversas acções que a SPC e a
comissão de apoio querem a levar a cabo.
Muito trabalho para fazer
Assim, e no que toca aos profissionais de saúde,
o "Bem Me Quero" pretende realizar acções de
formação médica sobre os riscos cardiovasculares
na mulher, com a apresentação de dados epidemiológicos
e caracterização da população afectada.
Faz aínda parte dos planos do programa,
neste domínio, envolver os centros de saúde,
farmácias e outras instituições na divulgação do
programa. Neste âmbito, vão ser distribuídas a
todos os clínicos gerais as recomendações americanas
para a prevenção da doença cardiovascular
na mulher, prevendo-se ainda a publicação através
da SPC de um número especial no seu boleám,
que terá distribuição alargada entre os médicos
e outros profissionais de saúde.
A SPC quer também implementar cursos de
actualização na doença cardiovascular na mulher,
destinados a cardiologistas e clínicos gerais.
Relativamente à população, a ideia é conseguir
o envolvimento dos cidadãos, através de várias
acções a definir, de forma a educar a mulher
sobre o risco cardiovascular 11111
Portugueses no 34° Congresso Mundial da FIH
Administradores hospitalares
reúnem-se em Nice
A
cidade francesa de Nice recebe,
entre 20 e 22 de Setembro, os
participantes no 34° Congresso
Mundial da Federação Internacional dos
Hospitais (FIH), no qual estará representada
a Associação Porruguesa dos Administradores
Hospitalares (APAH), através do seu
presidente e de outros membros da direcção.
A FIH reúne as associações hospitalares e os
profissionais de Saúde, na área de Administração
e Gestão, de mais de 100 países,
sendo considerada a maior conferência internacional
de gestão hospitalar e dos serviços
de Saúde.
O encontro em questão, que se realiza de
dois em dois anos, junta habitualmente os
principais responsáveis pelo sector de administração
dos hospitais do mundo, bem
como docentes das principais universidades
mundiais.
Quatro desafios
Este 34° Congresso tem lugar num
momento em que a mudança nos grandes
sistemas de Saúde está a ser alvo de uma
discussão alargada. A evolução com que
tudo está a acontecer neste domínio obriga
a que os responsáveis tenham em conta
as novas regras para a implementação ou a
mudança de sistemas.
É, pois, nesse sentido, que este encontro
Gestores europeus
>>>
Nice vai receber representantes de mais
de cem países
mundial vai centrar a discussão em quatro
grandes desafios: o desafio relativo aos
riscos; o desafio da qualidade; o desafio
das competências e o desafio da investigação.
Mais de setenta conferencistas franceses e
internacionais foram convidados já para
partilhar as suas experiências e para colocar
na mesa as respectivas reflexões, muitas
das quais relacionadas com os conhecimentos
adquiridos nos seus locais de trabalho.
Temas
A Associação Europeia dos Gestores Hospitalares, presidida por
Manuel Delgado, realiza a sua Assembleia Geral anual, dia 19 de
Setembro, às 14HOO, em Nice. O encontro europeu tem lugar no
É, por isso, que o programa deste 34° Congresso
se vai desenrolar tendo por base temas
tão sensíveis como "O Hospital - actor do
desenvolvimento sustentado" (onde a problemática
clássica do controlo das energias e
dos resíduos deve ser analisada, assim como
a questão das instai.ações sensíveis, vulgarmente
denominadas de "classificadas"); passando
pela "Gestão dos riscos
de anestesia no bloco operatório'',
e pelo "Seguro de responsabilidade
médica e segurança
dos pacientes", entre
outros.
Conferencistas
Falar dos conferencistas que
vão estar presentes em Nice é
complicado, uma vez que a
qualidade dos palestrantes é
inquestionável. Seja como
for, arriscamos nomear Pascal
Rubin, Engenheiro Físico da Escola Politécnica
Federal de Lausanne e Mestre em
Economia da Saúde e Gestão; Dominique
Grimaud, professor universitário de
Anestesia e Reanimação; Yves Chartier,
engenheiro de Saúde Pública, protecção
do meio ambiente humano, da Organização
Mundial de Saúde (OMS); o professor
catedrático Charles Vinc~nt, investigador
em segurança clínica do Imperial
College ·of London e Kaj Essinger, presidente
do sub-comité de coordenação
'Hope', da Suécia. De realçar ainda a presença
de Dennis O'Leary, presidente da
"Joint Comission"; Brian Johnson, do
mesmo grupo australiano e Octavian Porcaria,
director-geral da Comissão de Informação
da UE. rm
âmbito do congresso internacional da FIH e, de acordo com Manuel
Delgado, nesta reunião os responsáveis vão discutir questões que, posteriormente,
serão apresentadas no evento alargado.
Mudanças
24 novas direcções na Saúde
Depois do presidente da Entidade Reguladora de Saúde {ERS), foi a vez da direcção dos Hospitais
Universitários de Coimbra se demitir. O ministro já conta com 24 novas direcções na sua tutela.
Durante os primeiros 100 dias de Governo,
já se registaram mais de 20 alterações
nas direcções de institutos, administrações,
comissões , direcções-gerais e
administrações hospitalares tuteladas pelo
ministro Correia de Campos. Resultam de
alterações de diferentes organigramas, de fins
de mandatos e de divergências.
Nesta última categoria insere-se a demissão da
direcção dos Hospitais Universitários de Coimbra
(HUC) que alegou "condições desfavoráveis
para a eficaz governação do estabelecimento"
depois do reforço das competências da
Administração Regional de Saúde (ARS) do
Centro. Uma alteração que, afirma o Conselho
de Administração (CA) demissionário,
"traduz um novo paradigma da administração
da saúde, o qual, no entendimento do CA
dos HUC, não permite o melhor exercício
do cargo e o cumprimento dos objectivos que
se propôs atingir". De acordo com o médico
Carlos Ferrer Antunes, vogal executivo do CA
demissionário, "um grande hospital de referência
precisava de uma relação muito mais próxima
com o senhor ministro".
Para o titular da pasta da Saúde, estes são "factos
normais". E sublinhou que "se as pessoas não
se enquadram nas situações existentes, têm
ERS com continuação assegurada
O presidente da Entidade Reguladora de Saúde (ERS) demitiu-se.
O ministro da Saúde já disse que a ERS deverá continuar em
funcionamento mas "num formato diferente".
P
assado pouco mais de um ano, Rui Nunes,
presidente da ERS, deu wna conferência de
Imprensa, no Porto, para divulgar a sua demissão
do cargo e explicar as suas razões. Falou de
"ausência de recursos financeiros" e consequente
"falta de recursos humanos especializados".
Porém o mais grave, na óptica de Rui Nunes, é
a "falta de solidariedade interinstitucional evidenciada
por alguns órgãos de soberania". O
dirigente demissionário da ERS afirmou ainda
que o Ministério da Saúde não tem "apoiado" a
Entidade e frisou que o próprio ministro Correia
de Campos lançou algumas críticas a este organismo
acusando-o de não ter debatido temas
fulcrais da área como o falta de concorrência
nos meios complementares de diagnóstico ou no
transportes de doentes.
A acusação abrange não só o Governo como o
todo o direito de pedir a sua exoneração".
Entre as 'mudanças' de liderança registadas no
sector estão as das cinco ARS, a Entidade Reguladora
da Saúde, a Comissão Nacional de Luta
contra a Sida, o Instituto da Droga e Toxicodependência,
INFARMED, Direcção-Geral de
Saúde, Programa Saúde XXI, as administrações
dos hospitais de S. João, Santa Maria, HUC e de
oito unidades SA. an
próprio presidente da República: "Em 2004, o
presidente habituou-nos a apoiar a ERS. Esse
apoio parece ter-se desvanecido".
Por seu turno, o ministro Correia de Campos,
que se recusou a comentar a saída de Rui Nunes
relembrando que cabe ao Conselho de Ministros
aceitar ou não a renúncia, afirmou que o organismo
vai continuar, embora noutros moldes,
que "não entre em redundância com outros serviços".
Para justificar a manutenção da ERS, o
titular da pasta da Saúde recordou que as "parcerias
público-privadas estão aí para ficar" e que
"há uma necessidade de uma Entidade Reguladora
de Saúde". E adiantou que o Governo tem
intenção de preparar uma Lei-Quadro das entidades
reguladores de saúde e que a ERS será
enquadrada nessa legislação. an
Vasco Reis à GH
ENSP entra no mercado
das licenciaturas
O professor Vasco Reis explica
as novidades que a Escola
Nacional de Saúde Pública
{ENSP) vai apresentar no novo
ano escolar: um mestrado de
Gestão em Saúde e uma
licenciatura em Ciências da
Saúde Pública, que deverá
começar em Outubro.
Gestão Hospitalar - A ENSP está a preparar
o novo ano escolar que traz algumas
novidades.
Vasco Reis - Sim. A ENSP há longos anos que
desenvolve actividades na área da Gestão em
Saúde Pública. Há 34 anos que fazemos um
curso de Administração Hospitalar e, no ano
passado, obtivemos a aprovação do mestrado de
Gestão em Saúde, com três áreas de especialização:
Gestão das Organizações de Saúde,
Gestão Clínica, Gestão do Conhecimento em
As pessoas foram escolhidas para
os cargos no sector da Saúde de
forma a não deixarem saudades
transição difícil, durante um ano não tivemos
inscrições para os nossos cursos, mas retomámos
e temos hoje nas áreas da Saúde Pública e
da Medicina do Trabalho, que são outras especialidades,
imensas candidaturas.
GH - Tem uma ideia de quantos administradores
foram formados pela ENSP?
VR - Então não tenho! Formámos, desde
1969 até agora cerca de 600 profissionais. Formamos,
por ano, 20 a 23 profissionais. Os
Saúde. Eu vou, por algum tempo, acumular a
produtos da Escola são o curso de Saúde Públi
Curriculum Vitae
direcção do curso de Administração Hospitalar
com a direcção do mestrado. Este é um
ca, que é um ano do Internato de Saúde Pública,
que agora está a ter pouca procura. Não por
Vasco Pinto dos Reis
Idade - 63 anos
> Licenciatura em Direito pela
Universidade de Coimbra
> Pós-Graduação em Administração
Hospitalar pela Escola Nacional de
Saúde Pública e Medicina Tropical, em
1970/1972
novo produto - em termos de mercado - bastante
mteressante.
GH - Especialmente direccionado?
VR - Como todos os mestrados dirige-se a
licenciados com licenciaturas consideradas
com alguma relação com a Saúde Pública;
licenciados que tenham mais de 14 valores,
nós, mas porque há poucos médicos que se candidatam,
infelizmente, a esta especialidade.
O curso de Medicina do Trabalho, mas. este
tem alternativas no país, faz parte da especia-
A partir de Outubro
deverá começar a nova
licenciatura em Ciências
> Director Financeiro dos Hospitais Civis
de Lisboa
de acordo com a lei, ou que tendo menos que
essa classificação, tenham habilitações curri
da Saúde Pública
> Administrador do Hospital de Santo
António dos Capuchos
> Administrador Geral do Grupo
Hospitais Civis de Lisboa
> Assessor da Direcção no Departamento
de Estudos e Planeamento da Saúde
> Gestor do Subprograma Saúde do li
QCA
culares que justifiquem a sua selecção.
GH - Já receberam inscrições, manifestações
de interesse?
VR - Muitas manifestações de interesse e algumas
inscrições. Numa fase em que a crise também
envolve acções de formação, superaram,
lidade da Ordem dos Médicos de Saúde Ocupacional;
remos o curso de especialização em
Administração Hospitalar, que é condição de
acesso à carreira, que é um exclusivo ... se
quiser, um monopólio, que eu não defendo
particularmente, mas que existe. E temos o
mestrado de Saúde Pública, que já vai na 7ª
> Assessor da Direcção Geral da Saúde
> Assessor do Conselho de
Administração do Such e Director Geral
da Saudec, Estudos e Consultoria'
de algum mo·do, as minhas expectativas. Sem
ter feiro mais nada do que a colocação, na
página da escola, da referência ao mestrado,
temos já algumas inscrições nesta primeira
edição e, agora, o mestrado de Gestão em
Saúde.
GH - Significa, portanto, que repetir esta
> Director do curso de Especialização em
Administração Hospitalar da ENSP
> Coordenador do grupo de Disciplinas
de Gestão de Organizações de Saúde
da ENSP
semana.
GH - É uma experiência para continuar
nos próximos anos?
VR - Sim! O curso de Administração Hos-
pitalar realizou-se ininterruptamente
durante muitos anos - eu fui aluno do primeiro
curso e hoje sou director. Foi interrompido
há alguns anos quando o então
Governo ensaiou acabar com a Escola ...
GH - Que Governo?
VR - O do Prof. Cavaco Silva. A ideia era
transferir a Escola do Ministério da Saúde para
o da Educação, espalhar os cursos pelas três universidades:
Técnica, Nova e Clássica. Os reitores
das universidades não aceitaram - não sei
se a história foi construída assim, mas foi assim
que aconteceu porque eu testemunhei-a - só
aceitavam a ENSP se fosse inteira e, assim,
ficou na Nova e bem. Tivemos um período de
experiência?
VR - Sim, sim! Não significa que vamos ter
alunos todos os anos, mas tudo leva a crer
que será para continuar. E - isto é uma novidade
- temos aprovado, nesta altura, para
desenvolvermos, eventualmente a partir já de
são os últimos dois anos de um conjunto de
GH - De qualquer área?
iremos entrar em áreas em que vamos pedir
Outubro, uma licenciatura em Ciências da
cinco. Vamos receber pessoas que tenham três
VR - Sim. Filosofia, por exemplo. Mas pesso
colaborações ao exterior. Mas a maior parte das
Saúde Pública, com quatro áreas de especiali
anos de formação de cursos superiores de
as com formação de Biologia, Biotecnologia,
colaborações serão pedidas a outras unidades,
zação. É uma licenciatura terminal. Ou seja,
qualquer escola.
Gestão ou Economia podem sentir-se mais à
que é a lógica de funcionamento da Universi
vontade numa ou noutra disciplina. Mas a
dade Nova, como a Faculdade de Ciências
ideia é, em dois anos, prepararmos pessoas
Médicas, o ISEGI. ..
para o mercado de trabalho na área da Saúde.
Quer seja trabalho técnico, administrativo, de
GH - Quem é que procura mais os cursos
gestão, quer em outras áreas, como Saúde
da ENSP? Médicos, enfermeiros, pessoas
Pública, Dietética, Epidemiologia.
do ser.:tor da Saúde, de fora?
VR - A nossa maior procura, neste momen
GH - Para o mestrado de Gestão em Saúde
Pública, quem vão ser os docentes?
to, são de pessoas que vêm ter com a ENSP
por informação, sugestão, conhecimento
VR - Os docentes da ENSP. Nós já trabalha
pessoal para procurar os primeiros contactos
mos há muitos anos no domínio da gestão, da
administração. Fizemos, na Gestão Clínica e
Gestão do Conhecimento, acções de formação.
Podem'os recorrer, pontualmente, a prelectores
do exterior, pessoas que nos merecem confiança.
Só a partir do segundo trimestre é que
com a área da Saúde. No curso de Administração
Hospitalar aparecem-nos muitas pessoas
que têm formação em Saúde, médicos,
enfermeiros, técnicos de diagnóstico. Temos
já uma procura significativa de enfermeiros,
menos por parte de médicos. Aparecem tam-
bém muitos licenciados que trabalham no
Ministério da Saúde, não trabalham mas
gostariam de trabalhar, interessam-se pela
Saúde, fazem, muitas vezes, em acumulação
com ocupações profissionais.
GH - Não tem a sensação de que as pessoas
procuram estes cursos apenas como
uma porta para a Função Pública?
VR - Não tenho nenhuma dúvida que, no
curso de Administração Hospitalar, isso é ver-
"Administradores não são o «Roque Santeiro>> da Saúde"
GH - Como avalia os primeiros cem dias
do ministro Correia de Campos?
VR - Tem, sobretudo, anunciado medidas
que correspondiam ao programa do Governo.
Este Governo teve o mérito de ter um
programa relativamente concentrado. As
medidas que tem tomado têm correspondido
às expectativas. Há medidas polémicas. A
Saúde é uma área onde há um conjunto de
interesses instalados e não estou a dar um
sentido perjorativo. Há sempre medidas
polémicas.
GH - Está do lado das medidas polémicas
ou da contestação?
VR - Estou mais do lado das medidas polémicas
que têm conteúdo do que' das que são
GH- Qual é que destaca?
VR - A passagem dos hospitais SA a hospitais
EPE ... Eu passo por ser o 'pai' do modelo do
Hospital da Feira. Se, naquela altura, já existisse
a legislação seria uma Empresa Pública Empresarial
(EPE). Acho que foi uma medida que foi
ajustada. N ão há diferenças muito significativas
em termos da forma como se estavam a
comportar os hospitais SA e como se estão a
comportar os EPE. O que é importante é que
não houve mas também já não vai haver. Ficou
claro que o movimento de empresarialização
não visava uma aproximação ao sector privado
senão no recurso a uma flexibilidade para que
se governar bem uma unidade hospitalar.
GH - AS EPE ficam blindadas?
sentido relativamente simbólico, pelo que significa
de intenções em matéria de serviço público
de Saúde.
GH - Concorda com a gestão integrada de
centr?s de Saúde e hospitais como em
Matosinhos?
VR- Completamente. Um dos defeitos do sistema
de Saúde português - e não é um defeito
menor- é estar perspectivado numa óptica
de oferta e muito pouco numa óptica de procura.
É inadiável que se encontrem modelos de
organização da prestação mas que permitam ao
cidadão ser recebido pelo sistema e que permitam
que ele seja movimentado sem andar a
bater de porta em porta. Provavelmente, vou
dedicar algum tempo a esse tópico.
com muita sensibilidade de parte a parte. O
modelo de Matosinhos não foi um modelo
com tanto sucesso quanto poderia ter tido por
razões circunstanciais. Vamos lá ver se efectivamente
se o sector e os profissionais da Saúde
têm capacidade para, de facto, construir modelos
de prestação integrada.
GH - O Secretário de Estado da Saúde disse
à GH que o Governo vai exigir um esforço
extra aos administradores hospitalares no
âmbito do controlo do défice. Os actuais
administradores estão preparados para isso?
VR - Depende. Se lhes pedirem que façam
isso em relação ao Orçamento deste ano tenho
algumas dúvidas ... eles não são milagreiros,
não são o Roque Santeiro da Saúde. A racio
temos possibilidade de adquirir isto ou aqueloutro.
O descontrolo financeiro vem, muitas
vezes, de um subfinanciamento, resultante
ou não de uma desorçamentação ...
GH - O Dr. Francisco Ramos reconhece
que os orçamentos dos hospitais não são
reais ...
VR - Exactamente! Os conselhos de administração
não são só os administradores, porque
eles não são gestores únicos nem devem
ser os únicos participantes no esfon;o de
gestão ... e devo dizer que uma das coisas
correctas que este Governo está a fazer é designação
de profissionais da área da prestação
para integrar os conselhos de administradores
dos hospitais.
A partir do momento em que haja uma base
real, de orçamentos verdadeiros, responsabilizantes,
se criem as condições, sem imposições
absurdas, para levar as pessoas a uma reflexão
das despesas que estão a determinar. ..
simbólicas. Eu não sou político mas percebo
perfeitamente que haja medidas simbólicas
que são necessárias para fazer passar as que
são efectivas.
VR- Não é verdade. A passagem a EPE blinda
mais, mas o que serviria para blindar seria
passar a estabelecimentos do sector administrativo.
É um sinal, uma medida que tem um
GH - Em termos académicos?
VR - Gostava que não fosse só em termos
académicos! São projectos muito complexos,
nalização de gastos na Saúde não passa apenas
pela caneta da pessoa que autoriza ou não a
despesa. Não lhe passa pela cabeça chegar ao
hospital e dizerem-lhe morra aí que nós não
GH - Mas a 1 vox populi' fala da culpa dos
administradores nos desperdícios.
VR - Não posso subscrever essa acção.
Alvos ...
> Manuel Delgado - um bom
profissional e excelente comunicador
que tem prestigiado muito a gestão
em Saúde dentro e fora do país.
> Constantino Sakellarides - Uma
brilhante figura da Saúde portuguesa,
particularmenti? no domínio da Saúde
Pública
> Correia de Campos - Dispondo de um
valioso e sólido background no
domínio da Saúde é uma das pessoas
que conheço mais bem preparadas
para desempenhar funções políticas
no sector.
> Francisco Ramos - Um excelente
profissional que alia uma boa
preparação a u.ma assinalável
ponderação e com quem tenho
sempre imenso gosto em colaborar.
> Cármen Pignatelli - Uma pessoa a
quem devo muito do que aprendi no
domínio das complicadas e
burocratizadas relações com a União
Europeia
dade. Eu faço as provas de selecção, ultimamente
temos tido 70 a 100 candidaturas para
vinte e poucas vagas. Penso que a Saúde é tida
como uma área que, se não garante emprego,
• pelo menos garante trabalho. E isso nota-se.
O mestrado de Saúde Pública dá uma qualificação
mas não dá trabalho. O curso de
Medicina de Trabalho é para as pessoas que
querem entrar no mercado de trabalho, o de
Saúde Pública faz parte do Internato, o de
Gestão para Clínicos e de Gestão de Conhecimento
são um pouco mais soltos desse
interesse imediato em conseguir trabalho.
GH - Há diplomados em Administração
Hospitalar no desemprego?
VR - Sim, sim! Há pessoas que não têm
encontrado emprego. Quando eu fiz o curso
ninguém vaticinaria a sua longevidade, com
a produção todos os anos de diplomados
absorvidos pelo mercado. Isso passou-se
durante muitos anos. Nesta altura, estamos
quase a chegar àquele momento em que as
entradas são para compensar as saídas, as
reformas, os falecimentos.
GH - Continua a ser uma profissão de
futuro?
VR - Profissão, não sei. Continua a ser uma
fo rmação de futuro. Vamos lá ver, o que me
quer perguntar é se existe uma Gestão em
Saúde. H á alguma coisa que justifique que
pessoas com uma formação superior passem
dois anos da sua vida para adquirir formação
num domínio específico de actividade? Não
basta a experiência de gestão num qualquer tipo
na sociedade portuguesa que faz com que se
mudem não só as posições de alguma confiança
política mas também posições à margem
das flutuações políticas ...
GH - É nesse sentido que enquadra a
actuação do ex-ministro Luís Filipe Pereira
que originou um coro de críticas?
VR - Não sei se levantou um coro de críticas
ou um coro de exemplos! Não é a primeira
vez que isso sucede. Já no final da década de
80, a Gestão em Saúde tinha sido posta em
causa por uma mudança de ciclo político,
que levou a que fossem buscar pessoas fora,
não muito bem escolhidas ...
GH - Novamente o Prof. Cavaco Silva.
Acha que a direita tem algum problema
com a Gestão em Saúde?
VR - Suponho que não tem! O que se passou,
suponho eu, foi que as pessoas que protagonizaram
a Saúde, naquele momento e hoje,
estavam firmemente convencidas - eu acho
que estão erradas - que a Gestão em Saúde não
tem nenhuma especificidade. Penso que não
acreditavam mas, além de não acreditar- que
não é pecado! - escolheram muito mal as pessoas
para tentarem demonstrar a sua razoabilidade.
Tivemos algumas pessoas, numa percentagem
não muito significativa, que não
tendo formação em Saúde, deixaram traço
positivo nos sítios por onde passaram. Mas, de
uma maneira geral, as pessoas foram escolhidas
de forma a não deixarem saudades.
A gestão em Saúde não é uma questão de fé. As
organizações de Saúde têm características que
Julho encontra-se em estágio em hospitais.
E, no ano passado, passou o último período
do ano lectivo com aulas em hospitais.
Já agora, o curso que vai começar em O utubro
irá ver fo rtemente aumentado o seu tempo de
estágio. A 'vox populi' está enganada.
GH - Há mais escolas a leccionar estes cursos.
O que distingue a ENSP?
VR - Dificilmente me apanha a responder a
essa pergunta! Pode perguntar aos meus alunos
...
Mas a Escola tem uma tradição muito grande
no domínio da Saúde Pública. Quando surgiram
outros cursos na área que nós habitualmente
desenvolvemos, já a ENSP trabalhava
nesta área há muitos anos. Havia uma vantagem
nítida à partida, quer na área da Gestão em
Saúde, quer na área da Saúde Pública.
A Saúde é tida como uma
área que, se não garante
emprego, pelo menos
garante trabalho
O nosso curso de Saúde Pública foi durante
muito tempo frequentado por muitos espanhóis.
Foi o professor Constantino Saklarides -
desta escola - que foi convidado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) para ir abrir
a primeira Escola de Saúde Pública em Espanha,
em Granada. Depois foi, durante 8 anos,
o director do departamento de serviços de
Saúde da OMS, direcção regional da Europa,
em Copenhaga.
•
de organizações para gerir um hospital?
Eu suponho que a frequência com que as pessoas
acorrem até nós, pessoas de múltiplas formações,
é a resposta para isso. A minha opinião
pessoal, e não estou a ser fundamentalista, é que
a Gestão em Saúde é inquestionavelmente um
do~ín io com pouca discussão. As discussões
surgem mais no seio das mudanças de ciclo
político. Por razões que têm a ver com o sentido
de mudança, que muitas vezes é excessivo,
nenhuma outra tem, o mercado da Saúde é
muito específico, há problemas dentro das
organizações de Saúde que as outras não têm.
GH - Uma das críticas que mais fazem à
ENSP é que o seu ensino é só teórico.
VR - N ão é verdade. O s cursos da Escola,
pelo menos os desta área, são provavelmente
os únicos no país que têm estágios. O curso
de Administração Hospitalar que acaba em
>>>
"O modelo de Matosinhos não foi um modelo com tanto sucesso quanto poderia ter tido"
GH - O professor Saklarides vai ser um dos
docentes do novo mestrado?
VR - Ele vai ser o responsável pela área de especialização
de Gestão do Conhecimento em
Saúde. É o responsável pela nova licenciatura
e o director do curso de especialização em
Saúde Pública. Este é um curso que tem muito
poucos alunos agora. Só que o curso nunca foi
dado noutro sítio. &m
Bastonários
Bastonário eleito uma vez é bastonário para sempre,
dizem as regras médicas. Sendo assim, aqui temos dois
bastonários. Um que já não exerce o mandato, Germano
de Sousa, e o actual presidente dos médicos, Pedro
Nunes. E não é difícil adivinhar a conversa entre ambos
Pontos
Simpatia
O professor Manuel Antunes, responsável pelo
centro de Cirurgia Cardiotorácica dos Hospitais
da Universidade de Coimbra {HUC) foi um dos
palestrantes do evento da Gulbenkian. Polémico
como sempre, Manuel Antunes nunca iria imaginar
que, um dia depois, seria o centro das atenções
na sequência da demissão do CA dos HUC. Caso
para dizer que, em Saúde e mesmo quando não
se fala dele, Manuel Antunes marca pontos.
Isabel Mota, membro do CA da Fundação Calouste Gulbenkian, e o médico
João Lobo Antunes, muito descontraídos, e alegres no intervalo do evento.
A Gulbenkian, aliás, está de parabéns pelas temáticas e pelos oradores
e conferencistas que este ano tem trazido ao Fórum.
Análises
Manuel Delgado, presidente da APAH, e Nunes
de Abreu, médico e presidente do Fórum Hospital
do Futuro, conversaram durante longo tempo
na Gulbenkian.
Pelo que a GH soube, as duas personalidades não
se viam há algum tempo e, assim, conseguiram
analisar o actual momento político na Saúde.
As conclusões deste encontro, a dois, é que não
soubemos.
1
J
Cores
No encontro da Gulbenkian alguém reparou que a maioria dos homens
vestia fatos cinzentos e camisas azuis ou brancas. Caso para dizer que os
profissionais de saúde se preocupam com a moda. Estamos no Verão e as
cores mais claras "caem" melhor. Germano de Sousa foi um dos que não
fugiu à nova regra. E que bonito que foi ver Leonor Beleza, presidente da
Fundação Champalimaud, em conversa com o antigo bastonário da OM.
. Desaparecido
Há já muito tempo que Barros Veloso, clínico de Medicina
Interna, não nos dava o prazer da sua companhia.
Foi um prazer revê-Lo na Gulbenkian. Apesar de se saber
que Barros Veloso tem o tempo ocupado, ficamos à espera
de saber o dia em que vai ao Jazz Club para termos o prazer
que o ouvir tocar.
Mais do que conhecimento,
Ciência
a Ciência gera progresso
e competitividade. Incentivar
a educação científica
e tecnológica é uma
motor a ·com etitivi
das prioridades dos governos
mundiais. Por cá, o Plano
Tecnológico já foi anunciado.
Resta saber qual será
o seu resultado.
A
Ciência está entre nós. Materializase
através de simples objectos quotidianos,
de gadgets tecnológicos
ou de soluções aplicáveis a diversas áreas. Mas
não só. Pura ou aplicada, a Ciência abre novos
horizontes ao conhecimento humano, determina
o progresso das civilizações e contribui
para a competitividade de uma economia.
A Ciência gera emprego e é a responsável pelo
avanço tecnológico de uma nação. Um país
competitivo apresenta, regra geral, uma vitalidade
económica invejável. EUA e Japão são
nações ricas, poderosas e, claro está, competi
mais significativo na l&D empresarial, os anos
seguintes caracterizaram-se por sucessivos corres
orçamentais na área da Ciência. Para inverter
essa tendência, o actual Governo tem como
prioridade implementar um Plano Tecnológico,
programa ambicioso e potenciador de
desenvolvimento tecnológico e científico.
Ciência privada
Durante muito tempo a competitividade
económica de Portugal assentou, sobretudo,
na oferta de uma mão-de-obra barata e
pouco qualificada, mas competitiva face à
oferta dos países-membros da UE. O alargamento
aos países de Leste ditou o fim dessa
mais valia portuguesa.
Hoje, mais do que nunca, investir em l&D,
como principal gerador de competitividade,
é indispensável a qualquer economia q ue
pretenda impor-se no mercado internacional.
Aqui, Estado e sector privado têm de se
afirmar como parceiros preferenciais. Para
dar corpo a essa máxima, o M inistério da
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior anunciou
já um conjunto de medidas para colocar
Portugal, até ao fi nal da actual legislatura,
a par dos índices relativos à investigação
científica dos restantes parceiros europeus.
Para tal, o actual Governo propôs uma meta
ambiciosa: criar condições para que o investimento
empresarial em l&D atinja, até
2009, 1 % do PIB, contrariando os 0,32%
actuais. Por outro lado, estimular o emprego
científico, repor o sistema de incentivos fiscais
para empresas que invistam em I&D,
fixar investigadores - tanto nacionais como
estrangeiros - em Portugal e melhorar a
ligação entre os centros de investigação e o
Mercado, de forma a que o resultado do trabalho
da "massa cinzenta" portuguesa fique
disponível em aplicações e soluções práticas.
Muitos destes aspectos estão englobados no
Plano Tecnológico, uma das principais apostas
do acmal governo. Resta saber se as
finanças portuguesas terão saúde para suportar
estes investimentos. Nuno Estêvão
(Nos próximos números, a GH irá divulgar
projectos desenvolvidos por investigadores portugueses
em diversas áreas do conhecimento)
Jovens cientistas
tivas. Parte importante dessa abastada realidade
deve-se a uma clara aposta feita na área ~a
Investigação e do Desenvolvimento (I&D). A
par da União Europeia (UE), estes dois países
constituem os principais motores da "massa
cinzenta" internacional.
A educação é um dos aspectos decisivos
para uma boa cultura científica e tecnológica.
Para incentivar o gosto por
estas áreas do conhecimento, o programa
Ciência Viva 15romove e divulga,
desde 19~ 6 , actividades por rodo o
Plano Tecnológico
A UE pretende rivalizar com os gigantes económicos
EUA e Japão. Para tal, até 201 O, o seu
investimento em Ciência deverá significar, em
média, 3% do produto interno bruto (PIB) dos
25 estados membros. A confirmar-se esta ambiciosa
medida, a UE passará a ser detentora da
economia mais competitiva do mundo.
Por cá, o estado da Ciência portuguesa está
aquém do desejável. Depois de em 2001 a
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE) ter considerado
Portugal como um dos três países com avanço
>>>
A UE pretende rivalizar
com os gigantes
económicos EUA e Japão
país.
A Ocupação Científica de Jovens nas
Férias é uma das iniciativas do Ciência
Viva. Através de estágios em unidades
de investigação, os alunos poderão contactar
de perto com os cientistas e
acompanhar o trabalho de investigação
em laboratórios nacionais. Este ano, a
iniciativa decorrerá de 1 de Julho a 9 de
Setembro. As candidaturas são exclusivas
para os alunos dos 10°, 11° e 12°
anos de escolaridade. (mais informaçõ~:
www.cienciaviva.pt)
21
!
Desporto
no era o
Em tempo de férias, cuide de si.
Entregue-se aos prazeres
da prática desportiva e descubra·
o que ela pode fazer pela sua
Saúde, física e mental.
Mas como esta é uma altura
de descanso e lazer, faça-o
com conta, peso e medida.
física, mas também como arma no combate
ao stress. Por isso, esqueça a ideia de que a prática
desportiva só serve para perder peso e, nestas
férias em vez de passar os dias estirado na
praia ou na piscina, renda-se ao desporto.
O importante é descobrir algo que lhe agrade
fazer e encontrar uma actividade que se revele
uma fonte de prazer e satisfação, dentro ou
fora do ginásio, na praia ou no campo, mais ou
menos radical.
O
s meses que antecedem o Verão
são, de um modo geral, marcados
pela corrida aos ginásios. A verdade
é que todos querem apagar, em dois meses,
os erros que foram cometidos durante os meses
mais frios. Mas não tem de ser assim.
Aquilo que para muitos pode ser monótono e
desprovido de motivação deve ser encarado
como algo útil não só para manter a boa forma
O que o ginásio pode fazer por si
Se é uma daquelas pessoas que não gosta muito
de andar a correr na rua ou a passear de bicicleta,
o ginásio é o sítio ideal. É lá que pode
encontrar as máquinas que vão permitir trabalhar
todos os músculos do corpo.
Da bicicleta à passadeira, passando pela zona de
musculação, o ginásio oferece uma variedade
infindável de exercícios adequados ao gosto e
necessidades de cada um. Mas o ginásio tem
Guerlain anima
o Verão
Anthony Logistics
for Men
Angelina jolie
e Tissot T-Touch
Com vidro táctil, cronógrafo, bússola, barómetro,
alarme, termómetro, tempo, data e altímetro, bem
como braceletes em aço, pele, borracha ou titânio,
Tissot T- Touch assume-se como o topo de gama da
marca suíça que conta com mais de 150 anos de
inovação e tradição de relojoaria. As suas
características são de tal modo high-tech que
Angelina jolie volta a aparecer no grande ecrã com
um exemplar. Desta vez a actriz veste a pele de
assassina profissional e mais uma vez o relógio da
marca suíça assume um papel fundamental para
levar a cabo as suas missões.
Verdadeira expert na arte de maquilhar as
mulheres, a Guerlain traz uma palete de novidades
que vai deliciar as mulheres. Numa sublime
embalagem de formato ideal para levar para todo
o lado, a Palette Effet Soleil Terracotta contém os
três produtos estrela da marca para a estação mais
quente do ano: o pó redondo Terracotta para
conferir luminosidade e bronzeado dourado, o
célebre Duo llluminateur Matt & Shine Dune et Miei
para as maçãs do rosto e pálpebras e ainda o Gloss
& Shine para obter lábios deliciosamente sensuais.
Aqua
o enc r
do sol e do mar
Luminosa, estimulante, libertadora e suculenta,
esta é a melhor descrição da mais recente
Sheer Stella
Depois de se aventurar no mundo da moda e
atingir um estatudo invejável, Stella McCartney
quis ir mais longe e criar um perfume que lhe
apetecesse vestir. E assim nasceu a sua primeira
fragrância, que só podia ter um nome: Stella! Com
a rosa a servir de base e inspiração, Stella criou
uma fragrância única e avassaladoramente sensual
cujas notas de rosa se mesclam com âmbares
amadeirados. Mas depois do sucesso de Stella era
preciso fazer mais e assim nasceu Sheer Stella, um
perfume que resulta numa interpretação fresca do
Stella, igualmente envolvida por um frasco em
tudo semelhante a uma jóia.
Criada a pensar nos homens, a marca Anthony
Logistics for Men oferece uma gama de produtos
de cuidado diário, especialmente formulados para
as necessidades dos homens. Assim, dos kits de
tratamento aos acessórios de barba, nada foi
deixado ao acaso e todas a exigências masculinas
são abrangidas. E porque a preocupação com o
bem-estar masculino é uma prioridade da marca,
uma percentagem dos
seus lucros é destinada
a instituições não
lucrativas que se
dedicam à pesquisa e
ao combate do Cancro
da Próstata.
Sunlprly
SPf15
fragrância Lancaster. Inspirada nos dias quentes de
Verão quando o sol e o mar se encontram e
envolvem de forma singular, Aquasun toca a pele e
os sentidos com o seu aroma fresco e apaixonante
que resulta das notas de vários ingredientes,
nomeadamente jasmim fresco, bergamota siciliana,
botões de laranja e lírio florentino.
Anthony"
WuisticsForMen- -
Celluli-Stop
Desenvolvido para actuar sobre os adipócitos e a
micro-circulação tratando a celulite já instalada,
Celluli-Stop é a resposta Anne Mõller para as
mulheres que se vêem confrontadas com o
aparecimento da inestética celulite. Com resultados
Só para homens
É um facto que os homens se preocupam cada vez mais com a aparência, por isso, a Redken Sth Avenue
comprovados após o primeiro mês de tratamento, a
gama da marca suíça é constituída pelo anticelulite,
pelo exfoliante e pelo creme refirmante.
NYC decidiu dar uma ajudinha no cuidado capilar. Redken for men é uma gama completa de champôs,
tratamentos, produtos de styling e ainda produtos de camuflagem para cabelos brancos, todos concebidos
para responder às necessidades diárias dos cabelos masculinos. Mas a marca· decidiu ir ainda mais longe e
organizou a sua gama de acordo com as exigências capilares dos vários tipos de cabelos.
Omega Planet Ocean
Buscando inspiração em três dos seus modelos clássicos, a Omega criou a colecção
.Planet Ocean. Apresentado na Feira de Basileia deste ano, o Omega Seamaster Planet
Ocean é um dos modelos de topo da marca. Disponível em
dois tamanhos diferentes, evoca os modelos
Sea_master 300 metros originais pelos biséis, existe
com três tipos de bracelete e ainda está
equipado com a revolucionária tecnologia
Escape Coaxial, propriedade da
Omega e responsável pela
diminuição de atrito no coração do
mecanismo do relógio.
A importância dos
detalhes escondidos
uanras vezes já não nos cruzámos na rua
com pormenores, detalhes, cores, flores,
pessoas que não são mais do que um
m dia de caos. No trânsito, no local de
rrabalho, em casa, estamos rodeados destes momentos
especiais, únicos porque só olhamos para eles
quando a nossa mente se desliga
do barulho diário. É o essencial,
o que é invisível aos olhos, como
escreve Antoine de Sainr-Exupéry
no magnífico O Principezinho.
As doenças raras fazem parte
desses detalhes quase escondidos
do mundo, mas que se passeiam
ao nosso lado. Mais do
que uma doença que nos acompanha
por roda a vida, é um
modo de ser que coloca desafios
constantes. Precisamente por
ter essa originalidade. A Raríssimas
- Associação Nacional de
Deficiências Mentais e Raras
nasceu para levantar o manto
nebuloso que cobre os doentes
raros e divulgar todos os avanços
científicos. A informação nem
sempre está disponível nos meios
nacionais e a Raríssimas trabalha,
junto dos hospitais, para
que a mensagem não pare. A
recolha e a transmissão são uma
das missões da associação. De mãos dadas com a
comunidade médica, estamos empenhados em divul-
"A Raríssimas -
Associação Nacional
de Deficiências Mentais
e Raras nasceu
para levantar o manto
nebuloso que cobre
os doentes raros
e divulgar todos
os avanços científicos"
Paula Brito e Costa
Presidente da Direcção
da Raríssimas
www.rarissimas.org
gar a existência das doenças raras e as necessidades
dos doentes. Por este motivo, a Raríssimas é uma das
50 associações de doentes que integra a recém criada
CRAD - Comissão Representativa das Associações de
Doentes. O objecrivo é chamar a atenção do poder
político para a necessidade de definição de doença
crónica, a revisão da Tabela de
Incapacidade para o Trabalho e a
comparticipação de medicamentos.
Outra missão que
abraçámos é a construção de um
lar onde os doentes com patologia
raras possam ter acompanhamento
permanente e atento. É
um projecto que merece a
atenção de todos.
Queremos ter no Ministério da
Saúde e no Infarmed parceiros
privilegiados na prossecução destes
objecrivos, mas não esquecemos
que é preciso insistir junto
da opinião pública, governantes
e farmacêuticas, que os medicamentos
órfãos (que, na designação
da Orphanet são "todos
aqueles destinados a tratar
doenças tão raras que os promotores
ficam relutantes em
desenvolvê-los em condições
normais de mercado") são essenciais
para o tratamento digno e
justo desces doentes. A Raríssimas
não pode aceitar que o lucro seja a única missão
das empresas farmacêuticas.
Sistema de lnfo
rmaçao
#1//W
Responsabilidad es do Admin istrad or Hospitala r
ualquer que seja o problema que se apresenta
ao gestor (racional) existe um recurso que
é condição essencial para que seja possível,
ieme, levar a cabo o processo de tomada de
decisão - A Informação.
É com base nesta formulação que se pretende abordar a
problemática da Gestão da Informação e o papel do
Administrador Hospitalar nesta temática.
Aos meios físicos e lógicos que, mediante regras de organização,
possibilitam a recolha, processamento e disponibilização
da Informação com vista à tomada de
decisão chamamos Sistema de Informação, que não deve
ser confundido com sistema informático e muito menos
com aplicação informática.
Poderá parecer academicamente exagerado este esforço
de definição de conceitos, mas basta olhar à nossa volta
para perceber a importância que assume a arrumação
clara dos conceitos inerentes a esta problemática.
Ao longo dos últimos anos todos os sectores da vida
económica foram invadidos por um conjunto de
chavões que fizeram crer, aos que não tinham os conceitos
claros, que a solução para as empresas e organizações
em geral passava pela adopção das novas tecnologias e
da Internet.
C onceitos como CRM, ERP, e-procurement foram
apresemados como soluções milagrosas para a resolução
dos problemas das organizações. Salvo raras excepções,
as implementações deixaram marcas não nos fornecedores
de tecnologias ou nos tecnólogos de cada instituição,
mas sim nos gestores que tiveram (ou deveriam ter) que
justificar os avultados investimentos que não tiveram
retorno.
Para além da existência de informação actualizada, oportuna,
fiável e relevante, é decisivo para a tomada de
decisão a experiência de decisões passadas, o conhecimento
informal, as convicções do decisor e factores do
meio envolvente. Estes factores sendo muitas vezes
intrínsecos ao decisor, não são modelizáveis, pelo que
dificilmente poderão ser tratados pelas tecnologias de
informação e comunicação.
Tal como referimos anteriormente, o Sistema de Informação
deve ser pensado para responder às necessidades
de informação para a tomada de decisão.
Neste sentido assume primordial importância o conhecimento,
não só da área específica que se está a gerir,
mas de toda a envolvente organizacional.
Os hospitais devem ter os profissionais que possuem os
conhecimentos técnico/científicos da Gestão Hospitalar
a definir qual deve ser a informação necessária para
a tomada de decisão das diferences áreas. Os Administradores
Hospitalares são os profissionais que conhecem
o sector ao nível macro e micro, que conhecem a
semântica e a idiossincrasia natural destas organizações
pelo que devem ser chamados à responsabilidade na
definição das necessidades de. informação de cada unidade
e por maioria de razão à Gestão das unidades de
saúde.
O papel que entendemos estar destinado ao Administrador
hospitalar em matéria de Sistema de Informação
divide-se assim em dois. O primeiro é a definição
das necessidades de informação da sua área de
intervenção; o segundo é a definição de Políticas para
o Sistem a de Informação.
As Políticas de Gestão são o meio pelo qual a Gestão
define as regras pelas quais o hospital se deve reger e
com isto induz os comportamentos, motiva os colaboradores,
provoca alterações de processos e nam
ralmenre alterações no Sistem a de Informação. Será
então papel dos Administradores Hospitalares definir a
Política para o Sistema de Informação, que está subjacente
à Missão, Visão e Política de Gestão da organização
e que por sua vez irá influen-
ciar as estratégias sectoriais que se irão
desenvolver em cada uma das unidades
do hospital.
Apresentamos a tírulo d e exemplo
algumas definições possíveis de Políticas
para o Sistema de Informação.
1. Política para o acesso
à Internet.
Nos nossos H ospitais, o acesso à Internet
é gratuito (até ver). No entanto,
quais os ganhos de produtividade que
um hospital retira por ter acesso à Internet?
Qual o custo, em termos de horas
de trabalho perdidas, de andar "pendurado
na net" a ler o jornal desportivo ou
o horóscopo?
2. Política para o papel
e impressão.
Apesar de muitos continuarem a acreditar
no mito do hospital sem papel,
basta olhar para o n úmero de impressoras
que se encon tram plantadas em
cada posto de trabalho para verificar
que t od os querem o h osp ital sem
papel, d esde q u e n ão lhe tirem a
impressora local. Os custos com papel, tinteiros e
toners na maioria dos hospitais são verdadeiramente
escandalosos.
"Nos nossos
Hospitais, o acesso
à Internet
é gratuito {até ver).
No entanto, quais
os ganhos
de produtividade
que um hospital
retira por ter
acesso à Internet?"
Luís Filipe Ferreira da
Cruz Matos
Administrador Hospitalar
3. Definição do modelo de gestão
das tecnologias.
A opção entre cada departamento/serviço ter o seu sistema
proprietário com os seus equipamentos
(descentralizado) ou ter um modelo
totalmente centralizado tem vantagens e
desvantagens. A emergência de um destes
modelos não deve ser deixada ao acaso.
4. Política para os serviços
externos.
Decidir claramente se a gestão das tecnologias
deve ser feita totalmente com
recursos internos do hospital ou se deve
ser feita recorren do aos serviços de
empresas especializadas.
De tudo o que foi dito anteriormente, pensamos
poder concluir o seguinte:
1. A informação é matéria-prima da decisão
e como tal é a matéria-prima para o trabalho
do Administrador Hospitalar.
2. A obtenção e o acesso à Informação têm
custos que devem ser analisados na perspectiva
da análise de investimentos, em
que os proveitos têm que ser superiores aos
custos.
3. O papel do Administrador Hospitalar,
não é preocupar-se com as tecnologias e os
equipamentos, mas sim com a definição
da informação que necessita para a tomada
de decisão.
4. Cabe aos Administradores Hospitalares que asswnem funções
de Gestão de topo nas organizações preocuparam-se com a definição
de Políticas para o Sistema de Informação. 11111
Dedicado á Dr.ª Rita M artins,
Reforma dos cuidados
de saúde primários
Em 7 de Abril último, Dia Mundial da
Saúde, houve seis resoluções do Conselho
de Ministros dedicadas à área. Uma delas
foi a criação de um grupo técnico para a reforma dos
cuidados de saúde primários. A composição do
grupo foi decidida pelo Ministro da Saúde, como
preconizava a referida resolução.
No final de Junho este grupo entregou ao Ministro
da Saúde um relatório em que foram identificadas as
medidas prioritárias para a reforma dos CSP, numa
interpretação técnica da orientação política do programa
de saúde do Governo.
Na sua versão final, o próprio Ministro assumiu, na
generalidade, as soluções propostas, colocando-as em
discussão pública na "web page" da Direcção Geral da
Saúde.
É tido por consensual a necessidade de reformar e
fortalecer os Cuidados de Saúde Primários. Ao longo
das últimas décadas foram efectuados diagnósticos e
desenhadas soluções tendo todas elas em comum a
dificuldade de concretização.
, Antes de conhecermos o grau de sucesso que as
medidas preconizadas virão a ter, o processo de reforma
tem, desta vez, alguns ingredientes que nunca
ocorreram em simultâneo:
- a reforma dos Cuidados de Saúde Primários tem
um primeiro ministro que a incluiu na agenda política
e um Governo que a sustenta, explicitamente;
- a governação da saúde é assegurada por uma equipa
ministerial profunda conhecedora do sector e determinada
a introduzir reformas, reforçando e modernizando
o serviço nacional de saúde;
- o Governo conta com um apoio parlamentar maioritário,
supostamente capaz de suportar alterações
estruturais efectivas.
É neste contexto que este relatório técnico, politicamente
subscrito pelo Ministro da Saúde, constitui
uma peça importante naquilo que se pode considerar
como o arranque do processo de mudança.
As propostas incluídas no relatório são o resultado da
experiência nacional dos últimos 25 anos, associadas
ao conhecimento das tendências e experiências internacionais
nesta área. Podem sintetizar-se as propostas
em cinco grandes ideias base:
1. O trabalho em CSP deve ser desenvolvido em
contexto de equipas multiprofissionais, designadas
por Unidades Funcionais, cada uma delas com uma
missão definida. Na área da prestação directa de cuidados
aos indivíduos e às famílias, estas unidades são
denominadas Unidades de Saúde Familiar, sendo evitado
o recurso ao trabalho isolado por não ser promoror
nem de soluções completas nem da qualidade
do desempenho;
2. As unidades funcionais dos centros de saúde, em
especial as assistenciais, podem revestir diversas formas
jurídicas (públicas, cooperativas, privadas, etc.),
na base de uma mesma carteira de serviços contratualizados
com o serviço nacional de saúde. As restantes
funcionalidades do centro de saúde (saúde
pública, cuidados continuados, MCDTs, consultadorias
espec~ lai zadas - por médicos hospitalares)
constituirão um centro de recursos disponível para a
promoção da saúde e a garantia dos cuidados apropriados;
3. Os Centros de Saúde serão dotados de uma progressiva
autonomia de gestão, permitindo q ue as
decisões sejam tomadas o mais próximo possível das
unidades prestadoras;
4. A fluidez do cidadão dentro do sistema de saúde,
abolindo as barreiras entre os cuidados primários, os
cuidados secundários e os cuidados continuados e de
reabilitação, deve ser garantida por uma verdadeira
gestão integrada dos cuidados de saúde. Esta integração
dos cuidados assenta na "especialização" e
reforço de cada um dos sectores envolvidos, admitindo-se
diversos figurinos para a gestão do processo;
5. A reactivaçãà das unidades funcionais de saúde
criadas em 1993, agora denominadas de Unidades
Locais de Saúde, é uma estratégia que visa tornar
coerente rodo o sistema em função das necessidades
e expectativas do cidadão. Seja
como área referência para o financiamento
ou como instrumento de
USFs. Estas Unidades serão qualigestão,
o desenvolvimento das
ULSs constitui uma das estratégias
para a obtenção d e ganhos de
saúde.
Em 1998 foi publicada legislação
que permitiu que grupos de médicos,
em equipa com enfermeiros,
funcionários administrativos e
auxiliares, se organizassem em
pequenas unidades com alguma
autonomia - foi o Regime Remuneratório
Experimental. Como o
nome indica, o regime era experimental
e não seria esperado que se
mantivesse como tal durante 7
anos.
Por outro lado, tratando-se de
uma experiência organizativa, era
esperado que dela se tirassem ensinamentos
para a evolução de todo
o sistem a. D epois d e três avaliações
do regime, a última das
quais em 2004, resultou a evidência
de bons resultados da experiên-
cia. Não houve, no entanto, capacidade para usar
A oportunidade de melhorar a orgaessa
experiência como base de conhecimento para a
reforma dos centros de saúde; os grupos de RRE
não foram acompanhados d"e movimento no resto
do sistema, como era esperado e as avaliações aconselhariam.
«O próprio
Ministro assumiu,
na generalidade,
as soluções
propostas para
a reforma
dos Cuidados
de Saúde Primários»
António Branco
Médico de Família
Na essência, as Unidades de Saúde Familiares que
agora se preconizam, são evoluções inspiradas
naquele regime experimental.
É preconizado que os centros de
saúde, na sua vertente assistencial
personalizada, se organizem em
ficadas por "níveis de excelência",
de 1 a 5, seguindo metodologia
idêntica à usada pela EFQM
(European Federation of Quality
Management) -
com critérios e
"standards" ainda não definidos,
cada USF estará permanentemente
desafiada a candidatar-se ao nível
seguinte de "excelência" num processo
d e melhoria contínua da
qualidade. A "subida" na qualificação
organizativa das USFs dará
origem a benefícios tangíveis,
incluindo maior autonomia. No
(ou nos) níveis mais altos é esperado
que a equipa tenha a possibilidade
de ter um regime remuneratório
mais favorável, ligado à
quantidade e à qualidade do
desempenho. Será esta a esperada
evolução natural dos actuais grupos
de RRE.
nização e desempenho dos centros
de saúde está criada. Está nas mãos dos vários agentes
do sistema (profissionais, utentes, dirigentes) trabalhar
para que a reforma (desta vez) seja uma realidade. 11m
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DIÁRIO DA REPÚBLICA
A GH fará eco, mensalmente, das medidas tomadas por quem nos governa e que de uma forma ou de outra
são importantes para o sector da Saúde e, em casos mais específicos, para o próprio País. Nesta edição, damos
conta de decisões apresentadas em Diário da República entre 7 e 30 de junho de 2005.
Presidência do Conselho de Ministros
Resolução do Conselho de Ministros n. 0 102/2005 de 24 de
Junho
Aprova um conjunto de medidas para a consolidação das contas públicas
e o crescimento económico
Resolução do Conselho de Ministros n. 0 109/2005 de 30 de
Junho de 2005
Aprova um conjunto integrado de medidas relativas à gestão da
função pública
Resolução do Conselho de Ministros n. 0 110/2005 de 30 de
Junho de 2005
Aprova as orientações e medidas necessárias para reforçar a convergência
e a equidade entre os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações
e os da segurança social e a garantir a sustentabilidade dos
sistemas de protecção social, bem como medidas tendentes a reforçar
a equidade e eficácia do sistema do regime geral da segurança social
Resolução do Conselho de Ministros n. 0 111 /2005 de 30 de
Junho de 2005
Incumbe os Ministérios das Finanças e do Trabalho e da Solidariedade
Social e o ministério pertinente em razão da matéria de conduzir
o processo de avaliação dos regimes especiais que consagram, para
determinados grupos de subscritores da Caixa Geral de Aposentações,
desvios às regras do Estatuto da Aposentação, por forma a convergirem
com o regime geral
Resolução do Conselho de Ministros n. 0 112/2005 de 30 de
Junho de 2005
Define o procedimento para a elaboração da Estratégia Nacional de
Desenvolvimento Sustentável
Ministério da Saúde
Decreto-Lei n. 0 93/2005 de 7 de Junho de 2005
Transforma os hospitais sociedades anónimas em entidades públicas
empresariais
Decreto-Lei n. 0 92/2005 de 7 de Junho de 2005
Transpõe para a ordem jurídica nacional a Directiva n. 0 2003/94/CE,
da Comissão, de 8 de Outubro, que estabelece princípios e directrizes
das boas práticas de fabrico de medicamentos para uso humano e de
medicamentos experimentais para uso humano
Decreto Regulamentar n. 0 4/2005 de 9 de Junho de 2005
Procede à fusão dos Serviços Sociais do Ministério da Saúde nos Serviços
Sociais da Presidência do Conselho de Ministros
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Portaria n. 0 535/2005 de 20 de Junho de 2005
Altera o plano de estudos do curso bietápico de licenciatura em Cardiopneumologia
ministrado pela Escola Superior de Tecnologia da
Saúde do Porto
Portaria n. 0 560/2005 de 28 de Junho de 2005
Autoriza o Instituto Superior de Psicologia Aplicada a conferir o grau
de mestre na especialidade de Psicologia Comunitária
Portaria n. 0 561/2005 de 28 de Junho de 2005
Altera o plano de estudos do curso de licenciatura em Enfermagem
ministrado pela Escola Superior de Saúde de Beja, do Instituto
Politécnico de Beja
Portaria n. 0 562/2005 de 28 de Junho de 2005
Autoriza o Instituto Superior de Ciências da Saúde - Norte a conferir
o grau de mestre na especialidade de Periodontologia
Portaria n. 0 563/2005 de 28 de Junho de 2005
Autoriza o Instituto Superior de Ciências da Saúde - Norte a conferir
o grau de mestre na especialidade de Ortodontia
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social
Decreto-Lei n. 0 98/2005 de 16 de Junho de 2005
Define o âmbito de protecção social conferido pelo sistema público
de segurança social aos trabalhadores no domicílio
Ministério das Finanças
Despacho n. 0 14, 412/2005 (2ª Série) de 30 de Junho de 2005
Lista dos contribuintes a inspeccionar pela Direcção de Serviços da
Inspecção Tributária - inclui Hospital de Amadora/Sintra e Hospital
Geral de Santo António
Ministérios das Finanças e da Economia e da Inovação
Portaria n. 0 510/2005 de 9 de Junho de 2005
Actualiza a taxa do imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos
(ISP)
Ministérios das Finanças e da Administração Pública
e da Ciência, Inovação e Ensino Superior
Despacho Normativo n. 0 32/2005 de 24 de Junho de 2005
Aprova o Regulamento Interno do Instituto de Investigação Científica
Tropical, I. P.
Assembleia da República
Lei n. 0 38/2005 de 21 de Junho de 2005
Autoriza o Governo a legislar sobre distribuição fora ·das farmácias
de medicamentos que não necessitem de receita médica
Lei n. 0 39/2005 de 24 de Junho de 2005
Altera o Código do IVA, aprovado pelo Decreto-Lei n . 0 394-B/84,
de 26 de Dezembro, e legislação complementar, procedendo ao
aumento da taxa normal deste imposto
Resolução da Assembleia da República n. 0 41/2005 de 29 de....,
Junho de 2005
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Sobre a elaboração da Conta Geral o Estado --. \
Resolução da Assembleia da Rep blica n. 0 4M2005 de 29 d
Junho de 2005
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