Gestão Hospitalar N.º 9 2017
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Se a importância da informação de gestão da contabilidade analítica fosse<br />
efetivamente reconhecida, poderia ser possível aos Hospitais, no âmbito do sistema<br />
de Business Intelligence já existente na maior parte deles, e em função dos seus<br />
recursos disponíveis, desenvolver uma plataforma para automatizar todo o processo<br />
de apuramento e divulgação dos dados da contabilidade analítica, fornecendo os<br />
elementos quantificados e desdobrados, permitindo a cada responsável conhecer,<br />
para a sua Unidade Orgânica, os custos unitários dos serviços prestados.<br />
tica, para além de estar operacional em poucos hospitais,<br />
apresenta divergências de informação muito relevantes, de<br />
tal forma que uma das 28 recomendações efetuadas pelo<br />
grupo é precisamente a “implementação de um sistema<br />
de contabilidade uniformizado entre entidades do SNS”. O<br />
estudo pode ser consultado em http://www.apca.com.pt/<br />
documentos/2015/Avaliacao_situacao_nacional_blocos_<br />
operatorios_Outubro2015.pdf<br />
Por outro lado, o apuramento da contabilidade analítica<br />
é efetuado com recurso a folhas de excel com uma carga<br />
administrativa e manual demasiado elevada, o que poderá<br />
estar a contribuir para o desinteresse da maior parte<br />
dos Hospitais nesta ferramenta.<br />
Se a importância da informação de gestão da contabilidade<br />
analítica fosse efetivamente reconhecida, poderia<br />
ser possível aos Hospitais, no âmbito do sistema de Business<br />
Intelligence já existente na maior parte deles, e em<br />
função dos seus recursos disponíveis, desenvolver uma<br />
plataforma para automatizar todo o processo de apuramento<br />
e divulgação dos dados da contabilidade analítica,<br />
fornecendo os elementos quantificados e desdobrados,<br />
permitindo a cada responsável conhecer, para a sua Unidade<br />
Orgânica, os custos unitários dos serviços prestados.<br />
Por automatização, entenda-se a recolha, via interfaces,<br />
de toda a informação necessária das diversas aplicações<br />
informáticas existentes no Hospital, a distribuição mediante<br />
tabelas e critérios previamente definidos, dos custos<br />
indiretos aos diversos centros de custos, o apuramento<br />
dos custos unitários com uma periodicidade mensal e a<br />
disponibilização para consulta dos interessados na plataforma<br />
do Business Intelligence. Os custos unitários seriam<br />
apurados como um todo para o Hospital, mas também para<br />
cada uma das suas Unidades Orgânicas, o que se tornaria<br />
de grande utilidade para a gestão intermédia. Igualmente<br />
importante seria a decomposição automática do custo unitário<br />
apurado e a possibilidade de efetuar comparações entre<br />
Centros de Custos e entre períodos anteriores.<br />
Por último, a possibilidade de exportar os dados para<br />
excel permitindo efetuar o tipo de análise que melhor se<br />
ajustar às necessidades de informação dos responsáveis<br />
pelas Unidades Orgânicas.<br />
É certo que existem outros modelos de custeio eventualmente<br />
mais evoluídos que a contabilidade analítica,<br />
como por exemplo o Custeio Baseado em Atividades (Custeio<br />
ABC) muito utilizado pela indústria mas, na minha<br />
opinião, de muito difícil aplicação num Hospital, uma vez<br />
que presta serviços de elevada complexidade, sustentados<br />
por um conjunto enorme e diversificado de atividades<br />
envolvendo múltiplos intervenientes. Para além de difícil,<br />
a sua implementação seria extremamente dispendiosa<br />
pelos recursos que seria necessário afetar, e o valor da<br />
informação que este sistema de custeio poderia acrescentar,<br />
não compensaria esses custos.<br />
Por outro lado, a contabilidade analítica tem condições<br />
para dar resposta à Norma de Contabilidade Pública (NCP)<br />
27 relativa à Contabilidade de <strong>Gestão</strong>, publicada no Anexo<br />
II ao Decreto-Lei 192/2015 de 11 de setembro. Este Decreto-Lei<br />
refere-se ao SNC-AP, Sistema de Normalização Contabilística<br />
da Administração Pública. No ponto 36 da NCP<br />
27 é referido que no caso do subsetor da saúde, devem<br />
ser obtidos mapas de informação, indicando o custo direto<br />
e indireto e o respetivo rendimento associado (se existir),<br />
por cada: (a) Unidade/estabelecimento de saúde; (b) Dia de<br />
Internamento; (c) Consulta; (d) Sessão; (e) Doente intervencionado;<br />
(f) Exame/análise; (g) Outros.<br />
Concluíndo, estou em crer que a atualização do PCAH<br />
com definição de critérios uniformes de imputação de custos,<br />
a “institucionalização” desta ferramenta de gestão em<br />
todos os Hospitais e a implementação de uma aplicação<br />
informática (de suporte à contabilidade analítica) comum<br />
e, eventualmente, centralizada como já acontece com outras<br />
aplicações da saúde, poderia contribuir para uma melhor<br />
gestão interna destas Instituições, para uma melhor<br />
monitorização central do desempenho individual de cada<br />
uma, para um melhor planeamento dos recursos e, por<br />
inerência, para uma maior responsabilização da gestão.<br />
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