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Ano 21<br />
Número 217<br />
Dezembro 2016
editorial<br />
Ano 21 - nº 217<br />
Dezembro 2016<br />
Esta revista é uma<br />
publicação independente da<br />
Correcta Editora Ltda<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />
2016 não deixará<br />
saudades<br />
Mais um ano vai ficando para trás. 2016 foi o ano em que<br />
entendemos o tamanho da crise econômica que se abateu sobre o<br />
País. A produção industrial caiu, o número de empregos também,<br />
com reflexos inexoráveis para o mercado de seguros. No campo<br />
político vimos a queda de uma presidente da república e a prisão<br />
de alguns políticos. Delação premiada virou palavra da moda.<br />
Agora, quais serão as consequências deste movimento para<br />
2017? Especialistas dizem que podemos bater a marca de 14 milhões<br />
de desempregados, com a falência de vários estados e municípios.<br />
Onde está a luz no fim do túnel? Ainda está muito difícil de<br />
enxergá-la, mesmo com uma série de ajustes fiscais. Agências do<br />
Governo e economistas apontam um retorno do crescimento do<br />
PIB para o próximo ano a partir do 2º semestre. No estágio atual, se<br />
a economia parar de regredir já está de bom tamanho.<br />
No mercado de seguros, os executivos tentam manter o discurso<br />
otimista, mas até os mais “polianas” já encontram dificuldades.<br />
Com a retração da indústria automobilística, as seguradoras buscaram<br />
alternativas de produtos para frear as perdas na carteira de<br />
automóveis, como aqueles com coberturas parciais. Elas pressionaram<br />
a Susep para mudar a regulamentação do seguro auto popular,<br />
mas este não é o caminho da recuperação.<br />
O discurso para o próximo ano continuará sendo o da diversificação<br />
de carteira. Os seguros de pessoas contribuíram muito<br />
para que os resultados não fossem ainda piores e devem continuar<br />
sendo o grande foco da venda cruzada.<br />
Deixando a nuvem negra de lado, esperamos que 2017 traga<br />
novas oportunidades para todos nós que trabalhamos para fazer<br />
o setor de seguros crescer. Que o mercado mantenha seu papel<br />
institucional de levar proteção à sociedade. Que a cada ano pra<br />
frente, a sociedade possa entender melhor o lado social do seguro!<br />
Feliz 2017!<br />
Diretora de Redação<br />
Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />
3
sumário<br />
16<br />
6<br />
12<br />
16<br />
|<br />
|<br />
|<br />
painel<br />
gente<br />
capa<br />
Associação das Empresas de Assessoria e Consultoria de Seguros do<br />
Rio de Janeiro mostra a importância deste segmento para o mercado<br />
18<br />
18<br />
24<br />
28<br />
32<br />
|<br />
|<br />
|<br />
|<br />
intergeracionalidade<br />
Brasileiros caminham para a longevidade e ajudam os mais novos a se<br />
preparar para uma vida longa e financeiramente saudável<br />
qualidade de vida<br />
Os planos de saúde são de extrema importância para os idosos e, aliados<br />
às boas práticas e cuidados, podem trazer qualidade de vida à terceira<br />
idade<br />
sustentabilidade<br />
A meta é apostar cada vez mais em fontes limpas e ampliar o envolvimento<br />
do mercado de seguros nas iniciativas ambientais<br />
evento<br />
O 2º Fórum de Saúde Suplementar tratou das escolhas e caminhos para<br />
o desenvolvimento deste setor<br />
24<br />
34<br />
|<br />
transportes<br />
Especialistas nacionais e internacionais se reuniram em São Paulo para<br />
debater os desafios e as melhores práticas do setor<br />
36<br />
|<br />
insurance meeting<br />
Enquanto o mercado se adapta às tecnologias existentes, novas surgem<br />
para trazer ainda mais mudanças. A saída é agir rápido para acompanhar<br />
as inovações<br />
28<br />
38<br />
40<br />
42<br />
|<br />
|<br />
|<br />
indra<br />
Como o comportamento do consumidor contribui para a transformação<br />
digital do mercado<br />
eventos<br />
comunicação<br />
4
5
painel<br />
• ntransporte<br />
Brasil tem estradas perigosas<br />
para transporte de carga<br />
Segundo levantamento feito pelo JCC Cargo Watchlist,<br />
os trechos das rodovias BR-116 (Curitiba – São<br />
Paulo e Rio de Janeiro – São Paulo); SP-330 (Uberaba<br />
– Porto de Santos) e BR-050 (Brasília – Santos) são consideradas<br />
áreas com risco muito alto para a ocorrência de<br />
roubo de cargas.<br />
O JCC Cargo Watchlist é um relatório mensal elaborado<br />
pela Joint Cargo Commitee, comitê misto formado por<br />
representantes da área de avaliação de risco do mercado<br />
segurador de Londres (Inglaterra).<br />
Esse relatório monitora o risco para cargas transportadas,<br />
seja por via aérea, marítima ou terrestre em várias<br />
partes do mundo. Numa lista com classificações indicativas<br />
por cor, os países são avaliados em 7 graus diferentes de<br />
risco, que vão numa escala de baixo à extremo risco. A<br />
lista considera riscos como guerras, greves, pirataria e<br />
roubo de carga.<br />
Apesar de não sofrer com os fatores de risco ligados<br />
às guerras, as estradas brasileiras receberam pontuação<br />
3,4, que as classifica com risco muito alto para ocorrências<br />
de roubo de carga. A classificação ficou semelhante<br />
à recebida pelo México, que ficou com pontuação 3,6 e a<br />
mesma classificação (risco muito alto).<br />
Prevenção<br />
Os prejuízos com o roubo de carga para a economia<br />
brasileira são inestimáveis, mas substanciais, já que,<br />
com as ocorrências,<br />
são impactados não só<br />
o setor logístico, mas<br />
várias cadeias produtivas,<br />
além do segmento<br />
de segurança pública.<br />
Por conta disso,<br />
várias soluções tecnológicas<br />
e estratégias<br />
estabelecidas por especialistas<br />
em gerenciamento<br />
de risco são<br />
implementas para cada<br />
carga embarcada. “O<br />
gerenciamento de risco,<br />
quando bem realizado, pode ser crucial para que o<br />
transporte da carga aconteça de forma segura, eficaz e<br />
sem custos excessivos ou não previstos. Isso faz toda a<br />
diferença para a eficiência e saúde financeira da operação”,<br />
afirma Adailton Dias, diretor da área de Transportes da<br />
Sompo Seguros.<br />
• nriscos diversos<br />
Produtos com cotação online para<br />
seguro de obras<br />
A Allianz Seguros lançou o Allianz Construção, que tem<br />
como principais características segurar edificações com até 25<br />
pavimentos superiores e dois subsolos, prazo máximo da obra<br />
de 36 meses e valor em risco de até R$ 30 milhões. O produto já<br />
está disponível para cotação<br />
online.<br />
Dependendo do risco e<br />
de suas características, os<br />
corretores podem inclusive<br />
emitir a apólice diretamente.<br />
“A mudança confere autonomia<br />
ao nosso canal de distribuição.<br />
A cotação via web<br />
também facilita a captação e<br />
reversão de negócios, já que o<br />
processo é descomplicado. O<br />
que antes demorava em torno<br />
de 5 dias úteis, agora leva minutos”,<br />
afirma Mario Jorge, diretor de Negócios Corporativos.<br />
O produto contempla diversos tipos de obras, possibilitando<br />
ao corretor ofertar proteção e atuar em segmentos variados.<br />
Além disso, conta com coberturas adicionais diferenciadas,<br />
como Honorário de Perito, Obras Civis, Instalações e Montagens<br />
Concluídas e Armazenamento Fora do Canteiro de Obras<br />
ou Local de Risco.<br />
• ncorretora<br />
Unificação de processos na<br />
América Latina<br />
A unificação dos escritórios da Cooper Gay na América<br />
Latina prevê mudanças em diversas áreas dos escritórios do<br />
Brasil, Chile, Equador, México e Uruguai. Uma delas é a de<br />
Recursos Humanos.<br />
“Iniciamos um trabalho de análise de processos e unificação<br />
de dados a fim de preparar os escritórios para os grandes<br />
desafios que surgirão com a união dos escritórios da América<br />
Latina”, explica Maria Ferrari, presidente da companhia no<br />
Uruguai.<br />
As reuniões entre os executivos de todos os países buscam<br />
as melhores práticas para esse novo desenho de negócios<br />
das unidades.<br />
“Com a sinergia entre os escritórios, os processos da área de<br />
RH deverão funcionar de maneira mais eficiente e eficaz”, afirma<br />
Fabio Basilone, CEO da companhia de resseguros no Brasil.<br />
“O objetivo final é a criação de uma área de gestão de<br />
pessoas unificada, com os mesmos objetivos e metas”, diz<br />
Mauricio Rodriguez, presidente de Equador e Bolívia.<br />
6
• ncara nova<br />
Federações estreiam novas marcas<br />
As Federações associadas à CNseg (FenSeg, FenaPrevi,<br />
FenaSaúde e FenaCap) estrearam suas novas marcas no dia<br />
17 de novembro.<br />
Além de um alinhamento tipográfico, as marcas sofreram<br />
ajustes nas cores para alcançarem o mesmo padrão de luminosidade<br />
e uma maior harmonização entre si e em relação à<br />
cor institucional da Confederação.<br />
A harmonização, inclusive, teve o objetivo de contribuir<br />
para o reforço da mensagem “A força da união”, que é o atual<br />
slogan da instituição e Federações.<br />
Outra mudança efetuada foi o da retirada dos ícones então<br />
existentes dentro dos símbolos, que possuíam pouca representatividade.<br />
Também foram criadas paletas de cores de apoio<br />
e outros elementos de identidade visual para enriquecer as<br />
peças institucionais.<br />
Navegando pelos sites das Federações, os internautas já<br />
podem visualizar as novas marcas aplicadas. Em relação a<br />
outras peças, como publicações, cartões de visita e papeis<br />
timbrados, serão substituídas gradualmente, de acordo com a<br />
necessidade de confecção de novas peças.<br />
7
painel<br />
Operadora premia vencedores de<br />
campanha de vendas<br />
O mês de janeiro já é conhecido pela realização do evento<br />
comercial da Ameplan, quando são premiados os profissionais<br />
participantes da campanha de vendas do ano anterior.<br />
A operadora criou a tradição de realizar a premiação de<br />
suas campanhas no início do ano, época em que também é<br />
feito o lançamento da ação seguinte. A ação é direcionada aos<br />
corretores, gerentes, supervisores, funcionários<br />
administrativos e também às<br />
plataformas cadastradas, abrangendo<br />
os profissionais envolvidos na venda<br />
dos planos de saúde da operadora.<br />
A campanha “Caribe, a nova onda<br />
da Ameplan” foi lançada em janeiro de<br />
2016 e vai entregar 20 cabines duplas<br />
em um cruzeiro de oito dias pelo mar<br />
do Caribe, passando por locais como<br />
Jamaica, Puerto Limon, Ilha Grand<br />
• ndivulgação<br />
Cartilha de prevenção de incêndio<br />
para bares e restaurantes<br />
Cayman e cidade de Colón, no Panamá. A viagem inclui passagens<br />
aéreas até Cartagena (Colômbia), além de traslados e<br />
cruzeiro all inclusive para cada vencedor e seu acompanhante.<br />
O evento será realizado em janeiro e já está sendo preparado.<br />
Para envolver ainda mais os convidados, todos os itens e<br />
detalhes serão produzidos para criar o clima de um cruzeiro no<br />
Caribe. Durante o evento, uma nova campanha de vendas será<br />
anunciada para 2017, ano em que a Ameplan vai comemorar<br />
seu Jubileu de Prata.<br />
Para a realização da campanha<br />
“Caribe, a nova onda da Ameplan”, a<br />
operadora contou com a parceria da<br />
Corpore Administradora de Benefícios,<br />
Dentalpar Assistência Odontológica, Divicom<br />
Administradora de Benefícios e<br />
Quântica Administradora de Benefícios.<br />
Os convites e detalhes do evento<br />
serão distribuídos nas corretoras e plataformas<br />
participantes da ação, a partir<br />
do dia 2 de Janeiro de 2017.<br />
• nreconhecimento<br />
Colaborador de seguradora<br />
vence concurso da CNseg<br />
A SulAmérica desenvolveu o Guia de Proteção e Prevenção de<br />
Riscos voltado aos estabelecimentos que trabalham nas atividades de<br />
bares, restaurantes, lanchonetes, padarias e similares. A cartilha traz<br />
dicas de segurança para evitar incêndios nesses estabelecimentos.<br />
Segundo dados levantados pela seguradora, 57% das ocorrências<br />
de incêndios nesses estabelecimentos estão relacionadas<br />
a utilização incorreta ou problemas de conservação ou limpeza de<br />
equipamentos de cozinha como fritadeiras, fogões, fornos e sistemas<br />
de exaustão. Devido ao uso de chamas e gases combustíveis, esses<br />
ambientes estão mais expostos ao risco de incêndio, que pode ser<br />
minimizado com condutas adequadas.<br />
Entre os tópicos abordados no guia estão orientações de<br />
segurança sobre a utilização correta de extintores, verificação de<br />
instalações elétricas e a gás e limpeza e manutenção de coifas e<br />
dutos de exaustão. Outro ponto importante abordado na cartilha<br />
é o treinamento dos colaboradores<br />
da empresa.<br />
“O segmento de bares e restaurantes<br />
tem suas próprias características<br />
e requer soluções de proteção<br />
específicas. Dada a sua natureza,<br />
é um segmento que se beneficia<br />
diretamente da gestão de riscos, e a<br />
informação é uma grande aliada nesse<br />
processo”, afirma o vice-presidente de<br />
Auto e Massificados da SulAmérica,<br />
Eduardo Dal Ri.<br />
O colaborador Rafael Maia, da Mongeral Aegon<br />
Seguros e Previdência, venceu a categoria Post<br />
do 1º Concurso Cultural<br />
Minha Vida Mais<br />
Segura com o texto<br />
“Seguro aos 25”. Aos<br />
28 anos, Maia decidiu<br />
participar da iniciativa<br />
– que conta com<br />
o apoio da Susep e é<br />
organizada pela CNseg<br />
–, já que o tema ainda<br />
é um tabu na sociedade<br />
brasileira.<br />
“Meu objetivo foi trazer ao debate a importância<br />
de se pensar sobre os imprevistos desde jovem,<br />
quando contratar um seguro deve ser considerado. O<br />
texto foi um convite para que todos reflitam sobre a<br />
necessidade de proteção e planejamento a partir da<br />
contratação de um seguro de vida”, explica.<br />
No post, ele cita números alarmantes do seguro<br />
DPVAT: só em 2015, quase 600 mil indenizações por<br />
invalidez permanente foram causadas em acidentes<br />
de trânsito e 51% das vítimas têm idade entre 18 e<br />
34 anos.<br />
Os vencedores foram reconhecidos em cerimônia<br />
realizada no dia 21 de novembro, no Rio de<br />
Janeiro.<br />
8
• nacordo<br />
Aon anuncia aquisição da Admix<br />
A Aon firmou um acordo para adquirir a Admix. Os termos<br />
financeiros não foram divulgados e a aquisição está sujeita às<br />
condições de fechamento habituais e aprovação regulamentar.<br />
“O mercado privado de seguros de saúde no Brasil tem<br />
mostrado um crescimento constante nos últimos anos, apesar<br />
de desafiar as condições macroeconômicas. Esperamos que<br />
o crescimento neste setor<br />
a acelerar como as condições<br />
econômicas melhorar<br />
e empregadores continuam a<br />
procurar maneiras de atrair e<br />
reter os principais talentos”,<br />
diz John Zern, CEO da<br />
Aon Saúde & Benefícios. “A<br />
Admix complementa as capacidades<br />
já existentes da Aon,<br />
mais do que dobra a nossa<br />
presença no Brasil e também<br />
expande nossa capacidade de<br />
atender clientes na América Latina e em todo o mundo”.<br />
A Admix tem mais de 1,4 milhão de beneficiários, em<br />
cerca de 6.700 empresas de todas as indústrias e tamanhos, e<br />
coloca cerca de R$ 2 bilhões em prêmios de saúde e benefícios<br />
a cada ano.<br />
“A experiência da Aon,<br />
as relações fortes da empresa<br />
com operadoras e capacidades<br />
de classe mundial aumentarão<br />
nossa capacidade de criar e<br />
executar soluções de saúde”,<br />
declara Cesar Antunes, fundador<br />
e proprietário da Admix.<br />
“Estamos entusiasmados<br />
com a visão da Aon para o<br />
futuro da saúde e benefícios<br />
no Brasil”, afirma.<br />
Fernando Pereira, CEO da Aon Risk Solutions América Latina,<br />
pontua que a aquisição da Admix proporciona “uma oferta<br />
expandida em um setor que é cada vez mais importante para os<br />
empregadores, a economia do país e os consumidores no Brasil”.<br />
9
painel<br />
• nproduto<br />
Chega ao mercado o primeiro<br />
Seguro Auto Popular<br />
Há dez anos o mercado discute alternativas para<br />
a inclusão securitária. Apenas cerca de 30% dos automóveis<br />
possui algum tipo de seguro, mesmo considerando<br />
o crescimento da frota de veículos.<br />
Foram criados produtos com coberturas parciais<br />
que geraram alguns descontos, mas a alternativa do<br />
produto popular passou a existir a partir de 2016, com<br />
aprovação de regras da Susep para recuperação de<br />
veículos com peças usadas e ou alternativas. Todas<br />
as peças ligadas à segurança do veículo são novas e<br />
originais.<br />
O produto Azul Seguros Auto Popular é dirigido<br />
para veículos com importância segurada até R$ 60<br />
mil, com data de fabricação a partir de cinco anos ou<br />
mais. O prêmio pode ser parcelado em 10 vezes, com<br />
cobertura básica para colisão, roubo, furto e indenização<br />
de 80% a 90% da tabela FIPE; assistência 24h e<br />
guincho limitado.<br />
O valor do seguro auto popular pode ficar até 30%<br />
mais barato que o tradicional, desde que o segurado<br />
aceite o produto<br />
popular, com oficina<br />
referenciada<br />
e coberturas dentro<br />
dos limites estipulados.<br />
O dano<br />
médio para RC de<br />
terceiros é R$ 25<br />
mil. O valor médio<br />
atual dos sinistros<br />
é de R$ 7 mil.<br />
Luiz Pomarole,<br />
diretor da<br />
Porto Seguro,<br />
explicou que as<br />
vendas devem começar<br />
assim que a<br />
Susep liberar a autorização<br />
do produto.<br />
“Está tudo<br />
pronto, aguardando esta autorização”, diz o executivo.<br />
O lançamento do seguro auto popular só foi possível<br />
após a aprovação da Circular 340, em 30 de setembro.<br />
Será um ramo exclusivo, de número 26.<br />
O produto começa a ser comercializado primeiro<br />
em São Paulo Capital e região metropolitana, em uma<br />
proposta de aprendizado. A logística da peça de reuso<br />
é a base para conseguir expandir a comercialização do<br />
produto para outras regiões.<br />
• nmudança<br />
IRB Brasil Re inaugura novo<br />
escritório em São Paulo<br />
O IRB Brasil Re está de casa nova em São Paulo. Inaugurado<br />
em novembro, o novo escritório fica na Avenida Faria Lima, centro<br />
financeiro e empresarial da região, no bairro do Itaim Bibi.<br />
O local foi projetado para atender melhor aos clientes, visitantes<br />
e colaboradores, com instalações modernas, divididas em<br />
um ambiente mais amplo, integrado e sustentável.<br />
As salas de reuniões estão equipadas com tecnologia de ponta<br />
e os colaboradores têm acesso a uma sacada com vista panorâmica<br />
da cidade, além de contar com áreas de convivência e um café.<br />
O prédio em que o imóvel está instalado adota práticas sustentáveis,<br />
seja no processo produtivo ou na atuação de responsabilidade<br />
social, que trazem grande economia na sua operação. No<br />
subsolo há uma horta que aproveita resíduos orgânicos gerados no<br />
próprio edifício. Também está à disposição um bicicletário que<br />
oferece 166 vagas para estimular, entre os colaboradores, esse<br />
meio de transporte pelas ruas da cidade.<br />
• ndiálogo<br />
Susep reformula Comissão<br />
A Susep está reformulando a Comissão Especial dos Mercados<br />
de Seguros, Capitalização, Resseguros e Previdência Complementar<br />
Aberta com o objetivo de ampliar os canais de comunicação com os<br />
representantes do setor para debater temas de interesses de todos.<br />
A Comissão será presidida pelo superintendente da Susep,<br />
Joaquim Mendanha de Ataídes, e composta pelas principais<br />
entidades representativas dos mercados. “A nossa intenção ao<br />
reformular a Comissão Especial está calcada na importância de<br />
se estabelecer um fórum de interlocução com o mercado, visando<br />
debater as questões afetas ao setor, criando, com isso, uma agenda<br />
positiva para o seu desenvolvimento”, afirma Mendanha.<br />
Farão parte da Comissão Especial os presidentes da CNseg;<br />
FenSeg; Fenacap; Fenaber; Fenaprevi; Fenacor e da Escola Nacional<br />
de Seguros (Funenseg).<br />
A Comissão Especial vai se reunir ordinariamente a cada dois<br />
meses ou extraordinariamente por convocação de seu presidente.<br />
Poderão ser criadas subcomissões temáticas e grupos de trabalho<br />
para tratar de assuntos específicos.<br />
10
GENTE<br />
Organização comercial<br />
Tulio Vidal<br />
Para dar mais força e suporte aos corretores<br />
regionalmente, a área Comercial da Allianz Seguros,<br />
sob a gestão de Eduardo Grillo, passou<br />
por uma adequação.<br />
A mudança será a alavanca do novo modelo<br />
de negócios da seguradora no Brasil, que visa<br />
eficiência operacional, foco no cliente, simplificação<br />
e digitalização de processos e produtos e,<br />
sobretudo, reforçar a parceria e o relacionamento<br />
com os corretores.<br />
Consideração uma melhor distribuição territorial<br />
e concentração de negócios, a empresa<br />
conta com sete regionais. Flávio Rewa fica à<br />
frente da “SP Corporate e Empresas”, Soraia<br />
Silva permanece com a regional “São Paulo”,<br />
Leonardo Marins assume as filiais da “SP Interior”, Luciano<br />
Ambrosini é o novo responsável pela regional “Sul”, Ricardo<br />
Zhouri dirige a “Minas Gerais e Centro-Oeste”, Alexandro Barbosa<br />
lidera “Norte e Nordeste”, e Paulo Loureiro comanda “Rio<br />
de Janeiro e Espírito Santo. A Filial Digital passa a integrar a<br />
recém-criada diretoria de Canais, que está sob a responsabilidade<br />
de Antonio Soeiro.<br />
Leonardo Marins, Paulo Loureiro, Paulo Sequeira, Karine de Barros, Antonio<br />
Soeiro, Eduardo Grillo, Ricardo Zhuri, Soraia Silva, Luciano Ambrosini, Flavio<br />
Rewa e Alexandre Barbosa<br />
A diretoria conta ainda com a área de Gestão Comercial,<br />
comandada por Paulo Pires Sequeira, responsável pelo<br />
planejamento, implementação e monitoramento da estratégia<br />
comercial, e agregou a área de Market Management, sob<br />
gestão de Karine Correa Paes de Barros, responsável pela<br />
estratégia para clientes, análises mercado e marketing (corporativo,<br />
digital e eventos).<br />
Mudanças em<br />
transportes<br />
O diretor de Transportes da Berkley,<br />
Sidney Cesare Junior, que liderou a<br />
implantação da carteira de Transportes<br />
no Brasil, desligou-se da companhia<br />
para assumir novos desafios.<br />
Com a mudança, a gestão da área<br />
de Transportes passa para a responsabilidade<br />
de Thiago Tardone, atual<br />
Superintendente de Transportes. O<br />
executivo atua na seguradora desde<br />
2010.<br />
12<br />
Novo diretor<br />
comercial<br />
Fábio Lessa é o novo diretor<br />
comercial da Capemisa Seguradora.<br />
Há 15 anos no mercado segurador<br />
(nove deles na empresa),<br />
Lessa também construiu carreira<br />
na área comercial e, até ocupar a<br />
nova posição, exercia a função<br />
de Superintendente Comercial<br />
Nacional.<br />
Diretoria executiva de<br />
canais<br />
Marcelo Barp de Almeida foi nomeado<br />
diretor-executivo da recém-criada diretoria de<br />
Canais da Tempo USS, depois de ter liderado<br />
as financeiras Luizacred, Hipercard e FIC, joint<br />
ventures, respectivamente, do conglomerado Itaú<br />
Unibanco com Magazine Luiza, e Walmart Brasil<br />
e Grupo Casino.<br />
O executivo chega com a missão de expandir a<br />
atuação da empresa por meio do desenvolvimento<br />
de novos canais e parcerias com outras empresas<br />
para a distribuição dos serviços de assistência<br />
do grupo.
13
GENTE<br />
Entre os mais inovadores<br />
A CIO da Liberty Seguros, Ana Lúcia D’Amaral, foi a<br />
vencedora da categoria Women In Tech do Prêmio Computerworld<br />
IT Leaders 2016.<br />
Realizada pela Computerworld,<br />
a premiação elege<br />
os 100 CIOs mais inovadores<br />
do Brasil por meio de pesquisa<br />
realizada com mais de 1,4 mil<br />
profissionais de empresas de<br />
diversos segmentos.<br />
Este foi o primeiro ano<br />
da categoria Women in Tech,<br />
dedicada exclusivamente às<br />
mulheres, com o objetivo de<br />
incentivar a atuação feminina<br />
na área de Tecnologia da<br />
Informação e reconhecer a<br />
sua presença na liderança do<br />
setor. A executiva também foi uma das finalistas na categoria<br />
de Seguros.<br />
“O reconhecimento vai muito além do gênero, pois mostra<br />
que estamos no caminho certo ao incentivar o protagonismo e<br />
ao promover diferentes estilos de liderança, algo que valorizo<br />
muito no trabalho com minha equipe”, diz a executiva.<br />
Presença ampliada<br />
Ramon Goméz assume a diretoria comercial da MetLife.<br />
Com sólida experiência, Gómez construiu carreira em empresas<br />
como Allianz Seguros, Itaú Unibanco e Redecard.<br />
A mudança faz parte da<br />
estratégia da companhia de<br />
ampliar sua presença no Brasil.<br />
A ideia é reforçar o time<br />
comercial à frente do canal<br />
Corretores. Recentemente ingressaram<br />
na empresa Jaime<br />
Neto (diretor regional para o<br />
Interior de São Paulo e Minas<br />
Gerais) e Durvalice Fontana<br />
(gerente regional para as regiões<br />
Norte e Nordeste) que, ao<br />
lado de Gustavo Toledo (diretor<br />
regional para São Paulo),<br />
João Levandowski (diretor<br />
regional para Sul) e Denise Carvalho, (diretora regional para<br />
Centro-Oeste, Rio de Janeiro e Espírito Santo) completam a<br />
liderança do canal.<br />
Cassia Gil, que acumulava a diretoria comercial e dental<br />
desde 2014, passa a ser responsável pela área de Operações<br />
e Dental.<br />
Moção de louvor<br />
O presidente da Academia Nacional de Seguros e Previdência<br />
(ANSP), Mauro César Batista, foi agraciado com moção de louvor<br />
pela Câmara Legislativa do Distrito Federal em sessão solene presidida<br />
pelo Deputado Distrital Rodrigo Delmasso e proposta pelo<br />
Clube dos Corretores de Seguros do Distrito Federal.<br />
“Não temos dúvidas em quanto a ANSP, como uma entidade de<br />
estudo, pesquisa e debate, precisa se fazer presente nessas oportunidades<br />
por ser uma entidade nacional. É uma honra para a Academia<br />
ter esse reconhecimento e para mim receber esta homenagem<br />
na Câmara<br />
Legislativa do<br />
Distrito Federal”,<br />
disse Batista.<br />
“Ficamos<br />
honrados. E a<br />
homenagem e<br />
a honra não são<br />
somente para o<br />
presidente, mas<br />
para toda a diretoria,<br />
todos os<br />
acadêmicos e a<br />
entidade como<br />
um todo”, afirmou.<br />
Diretor na vicepresidência<br />
Técnica<br />
A HDI Seguros anuncia o diretor de Automóvel<br />
e Massificados, Fabio Leme, como o novo vice-<br />
-presidente Técnico.<br />
Desde 2010 na companhia, Leme chega ao cargo<br />
após seis anos como diretor na empresa. Oficialmente,<br />
o executivo passou a exercer a nova função no começo<br />
de dezembro.<br />
“Chegar à vice-presidência<br />
de<br />
uma companhia<br />
como a HDI Seguros<br />
é muito gratificante.<br />
Vou encarar<br />
esse desafio como<br />
uma oportunidade<br />
para continuar ajudando<br />
a empresa<br />
a crescer, além de<br />
dar continuidade<br />
no trabalho que<br />
foi realizado com<br />
excelência pelo<br />
Murilo”, declarou<br />
Leme.<br />
14
15
capa | aconseg-rj<br />
Susep aposta nas assessorias<br />
de seguro da Aconseg-Rio<br />
O superintendente da Susep, Joaquim Mendanha de Ataídes, e parte da mesa<br />
diretora, a partir da esquerda: Alexandre Vilardi, vice-presidente da Icatu; José<br />
Adalberto Ferrara, presidente da Tokio Marine; Duílio Varnier Júnior, superintendente<br />
executivo da Bradesco e Henrique Brandão, presidente do Sincor-RJ<br />
Fotos: Rosane Bekierman<br />
Associação das Empresas de Assessoria e<br />
Consultoria de Seguros do Rio de Janeiro mostra<br />
a importância deste segmento para o mercado<br />
O<br />
titular da Superintendência<br />
de Seguros Privados (Susep),<br />
Joaquim Mendanha de Ataídes,<br />
afirmou que o trabalho<br />
realizado pelas assessorias de seguros é<br />
extremamente importante para que o corretor<br />
exerça o seu papel efetivo de levar<br />
a proteção ao consumidor. “Os números<br />
mostram sua relevância na produção do<br />
segmento: somente no Rio de Janeiro, essas<br />
empresas foram responsáveis por R$<br />
1,5 bilhão em prêmios no ano passado,<br />
oferecendo infraestrutura e consultoria<br />
para mais de 3.500 corretores”, frisou.<br />
O executivo foi homenageado em<br />
almoço oferecido pela Associação das<br />
Empresas de Assessoria e Consultoria<br />
de Seguros do Rio de Janeiro (Aconseg-<br />
-RJ), em 23 de novembro, na capital fluminense.<br />
Na ocasião, o superintendente<br />
convidou a entidade a fazer parte da<br />
Comissão da Susep com o mercado, que<br />
está sendo reativada pela autarquia para<br />
promover maior interação com os players<br />
do setor. “A Aconseg-RJ cabe muito bem<br />
em uma das subcomissões que serão<br />
formadas, para que possa representar<br />
os interesses das assessorias em nossas<br />
reuniões técnicas”, afirmou.<br />
O evento contou ainda com a presença<br />
dos líderes de grandes seguradoras,<br />
como Bradesco Seguros, SulAmérica,<br />
Tokio Marine, Sompo Seguros, Amil,<br />
Suhai, Mapfre, AIG, HDI, Essor e Mitsui<br />
Sumitomo. “O prestígio dessas grandes<br />
companhias deixa claro que elas também<br />
reconhecem a importância das assessorias<br />
para o crescimento do setor e para<br />
a disseminação da cultura do seguro no<br />
País”, observou Mendanha. Em 2015, as<br />
assessorias do Rio englobaram aproximadamente<br />
60% da produção de Auto<br />
do estado e cerca de 40% das demais<br />
carteiras.<br />
O presidente da Aconseg-RJ, Luiz<br />
Philipe Baeta Neves, reafirmou que<br />
contará com o apoio de Mendanha, que<br />
é corretor de seguros, na missão de buscar<br />
sempre a valorização da categoria e<br />
das assessorias de seguros. “Corretores,<br />
seguradoras, entidades e consumidores<br />
precisam conhecer o valor dessas empresas<br />
para o conforto e a tranquilidade das<br />
famílias e empresas do nosso estado. É<br />
hora de dar mais visibilidade ao trabalho<br />
que nós realizamos de forma pioneira e<br />
inovadora no Brasil”, disse.<br />
16
Novo momento da Aconseg-RJ<br />
Em saudação aos convidados do evento, Baeta Neves destacou a presença<br />
do superintendente da Susep num evento da Aconseg-RJ, aliado às iniciativas<br />
inovadoras de modernização da entidade como um marco de uma nova etapa<br />
para os associados, seguradoras parceiras, corretores e para o mercado de seguros<br />
em geral.<br />
“É uma honra receber cada um de vocês aqui presentes, em especial, o<br />
superintendente da Susep, nesta grande confraternização de seguradores, corretores,<br />
empresários e lideranças do setor, reunidos nesta singela mas calorosa<br />
homenagem que a diretoria e as empresas da Aconseg-RJ prestam ao titular desta<br />
autarquia do Ministério da Fazenda”, disse o presidente.<br />
Ele lembrou ainda que a maioria das grandes seguradoras que atuam no<br />
estado do Rio de Janeiro utilizam o canal das assessorias de seguros da associação<br />
para o relacionamento com os corretores. “Para as companhias que operam<br />
conosco, significa uma grande redução de seus quadros de funcionários e de<br />
seus gastos administrativos e comerciais. Por isso, o modelo vem se expandindo<br />
em todo o Brasil”, explicou Baeta.<br />
Outra meta desta gestão é fortalecer a marca Aconseg-RJ, atraindo um maior<br />
número de empresas associadas e, assim, conquistar novas seguradoras parceiras<br />
e os jovens corretores, recém-formados pela Escola Nacional de Seguros ou em<br />
início de carreira.<br />
O resultado, segundo o presidente, será o aumento da arrecadação de prêmios.<br />
Para isso, uma das medidas adotadas foi o desenvolvimento de uma nova<br />
estratégia de comunicação para a entidade, com a modernização do site, que já<br />
se tornou um fórum de debates para mais de 30 mil corretores e profissionais do<br />
mercado, a reformulação da revista impressa da entidade e a presença nas redes<br />
sociais, além de campanha de valorização do corretor (veja box ao lado).<br />
“A ideia é abrir esses canais a todos os públicos: seguradoras, corretores<br />
de seguros, entidades parceiras e consumidores. Todos precisam conhecer a<br />
importância das assessorias para o crescimento do mercado de seguros no Rio<br />
e para a tranquilidade das famílias e empresas do nosso estado. É hora de dar<br />
mais visibilidade a esse trabalho que realizamos de forma pioneira e inovadora<br />
no País”, explicou. De acordo com o executivo, o apoio da Susep é fundamental<br />
para que isso ocorra. O novo titular da autarquia também é corretor de seguros.<br />
“Queremos que ele cerre fileiras conosco nessa luta diária para demonstrar o valor<br />
que a nossa atividade tem hoje para a produção do setor”, finalizou.<br />
A Aconseg-RJ congrega empresas que fornecem recursos tecnológicos, administrativos<br />
e de gestão aos corretores de seguros, para que eles se dediquem<br />
somente às vendas de seguros.<br />
“Somente no Rio de<br />
Janeiro, essas empresas<br />
foram responsáveis<br />
por R$ 1,5 bilhão em<br />
prêmios no ano passado,<br />
oferecendo infraestrutura<br />
e consultoria para mais<br />
de 3.500 corretores”<br />
Joaquim Mendanha de Ataídes<br />
Campanha de<br />
sucesso<br />
A campanha Corretor Certo,<br />
lançada pela diretoria da Aconseg-<br />
-RJ, obteve mais de mil cadastros<br />
em menos de dez dias no hotsite<br />
www.corretorcerto.com. A iniciativa<br />
inédita disponibiliza kit de divulgação<br />
digital para corretores<br />
de todo o<br />
Brasil. “É preciso<br />
que estes profissionais<br />
tenham<br />
meios efetivos de<br />
mostrar que se diferenciam<br />
de canais de distribuição<br />
alternativos, como agentes bancários,<br />
empresas de proteção veicular, internet,<br />
entre outros”, explica o presidente<br />
da entidade. Além de infográfico, o<br />
kit gratuito contém um Certificado<br />
digitalizado, Selo Certificador para<br />
inserção em sites, banners e assinaturas<br />
de e-mail personalizadas com<br />
o slogan: seguro só com corretor de<br />
seguros.<br />
Fotos: Rosane Bekierman<br />
O superintendente da Susep, Joaquim Mendanha de Ataídes (esquerda),<br />
❙❙com o presidente da Aconseg-RJ, Luiz Philipe Baeta Neves<br />
“As companhias<br />
que operam com as<br />
assessorias conseguem<br />
obter uma grande<br />
redução de seus<br />
quadros de funcionários<br />
e de seus gastos<br />
administrativos e<br />
comerciais”<br />
Luiz Philipe Baeta Neves<br />
17
longevidade | intergeracionalidade<br />
Investindo nas<br />
próximas gerações<br />
Os brasileiros caminham para a longevidade e estão aprendendo a se<br />
preparar para o futuro. Muitos contam com a ajuda dos avós, idosos ativos<br />
que auxiliam na garantia da tranquilidade financeira dos netos<br />
Lívia Sousa<br />
18
Se num passado recente a frase “a<br />
vida começa aos 40” soava com<br />
certa estranheza aos ouvidos das<br />
pessoas, agora pode-se dizer que<br />
ela não só é verdadeira como em alguns<br />
países a população já vive essa nova realidade.<br />
Entre 2000 e 2015, a expectativa de<br />
vida no mundo aumentou cinco anos – o<br />
maior crescimento desde os anos 1960,<br />
de acordo com a Organização Mundial da<br />
Saúde (OMS). Com isso, na Suíça a idade<br />
média chegou a 83,4 anos. Na Austrália e<br />
na Espanha, a 82,8. Já os franceses vivem,<br />
em média, 82,4 anos. Mas é no Japão que<br />
estão as pessoas mais velhas do mundo,<br />
alcançando uma média de 83,7 anos.<br />
Apesar de registrar um número inferior<br />
(75 anos), o Brasil também caminha<br />
para a longevidade. Entre 2005 e 2015,<br />
a proporção de brasileiros com mais de<br />
60 anos cresceu em velocidade superior<br />
à da média mundial, saindo de 9,8% para<br />
14,3%, de acordo com o relatório Síntese<br />
de Indicadores Sociais 2016, do Instituto<br />
Brasileiro de Geografia e Estatística<br />
(IBGE). Outros dados divulgados pela<br />
OMS apontam que o grupo da terceira<br />
idade, que hoje soma 24,4 milhões de<br />
pessoas e representa 12% da população<br />
brasileira, será de 30% em 2050, saltando<br />
para 70 milhões. Para o especialista em<br />
envelhecimento e presidente do Centro<br />
Internacional de Longevidade-Brasil<br />
(ILC-Brasil), Alexandre Kalache, o País<br />
passa por uma revolução da longevidade.<br />
“As pessoas estão vivendo por muito mais<br />
tempo e isso vai ter um impacto profundo<br />
em todas as etapas da vida do indivíduo”,<br />
afirma.<br />
Envelhecer, no entanto, é um processo<br />
complexo e exige boas atitudes para se<br />
garantir mais estabilidade e conforto na<br />
terceira idade. Por isso, essa revolução<br />
atinge não só quem já chegou aos 65<br />
anos, mas também os jovens, que devem<br />
começar a se preparar para uma vida mais<br />
longeva o quanto antes. “Antigamente a<br />
vida era uma corrida de 100 metros: você<br />
vinha com toda energia para chegar ao<br />
fim, e esse fim era curto. Hoje ela está<br />
muito mais para uma maratona, em que<br />
você tem que ter estratégia, saber o que<br />
está fazendo, ter instrumentos e ferramentas”,<br />
compara Kalache.<br />
Quatro capitais são essenciais para<br />
completar essa maratona. O primeiro<br />
deles é a saúde, responsável por fornecer<br />
uma melhor qualidade de vida na terceira<br />
idade. Em seguida vêm os relacionamentos,<br />
pois todo idoso necessita do amparo<br />
e cuidado de amigos e familiares. Com<br />
a explosão da tecnologia é importante<br />
que eles também busquem aprender<br />
mais, mas devem receber estímulos da<br />
sociedade para que o aprendizado seja<br />
mais fácil. Por fim, o capital financeiro<br />
será essencial para se viver bem.<br />
“Envelhecer não é fácil. Você perde<br />
status, muitas vezes perde o sobrenome<br />
da empresa para a qual trabalhava e se<br />
torna um aposentado. Até a palavra é<br />
cruel, porque aposento eram casas grandes<br />
e antigas, em que o idoso ficava fora<br />
de visão. E isso complica a noção de que<br />
se vive bem apenas com a aposentadoria”,<br />
diz Kalache, classificando como<br />
inadiável a discussão sobre a reforma<br />
previdenciária.<br />
Auxílio<br />
Enquanto nos anos 1960 a taxa de<br />
fecundidade no País era de seis filhos<br />
por mulher, hoje chega a menos de dois.<br />
Com cada vez menos crianças, jovens e<br />
adolescentes, não vai demorar para que<br />
também se tenha menos adultos, que serão<br />
responsáveis por suportar um grupo<br />
maior de aposentados no futuro. Para<br />
uma nação como o Brasil, que envelhece<br />
antes de enriquecer, o cenário preocupa.<br />
Já pensando na própria velhice,<br />
muitos jovens buscam acumular capital.<br />
A Pesquisa Aegon de Preparo para<br />
Aposentadoria, realizada pelo Instituto<br />
de Longevidade Mongeral Aegon, revela<br />
que 76% dos jovens de 20 a 29 anos têm<br />
um plano traçado para suas aposentadorias,<br />
seja formal ou não. No entanto,<br />
Kalache chama atenção para o fato de<br />
que eles encontram dificuldades para<br />
guardar dinheiro. Os jovens não sabem<br />
exatamente como se planejar para esse<br />
futuro sabendo que o emprego é instável<br />
e que a “vida ordenada”, de ir para o<br />
mesmo emprego durante anos e ao final<br />
ter uma aposentadoria, está se tornando<br />
uma raridade.<br />
Para ajudar a nova geração, a terceira<br />
idade entra em cena. Os idosos têm renda<br />
de aproximadamente R$ 500 bilhões/ano,<br />
❙ Alexandre Kalache, do Centro<br />
❙<br />
❙ Internacional de Longevidade-Brasil<br />
44% maior que a média da população brasileira.<br />
Em alguns casos, a renda a mais é<br />
gerada pelo novo perfil da terceira idade<br />
– em torno de 30% desse coletivo continuam<br />
colocados no mercado de trabalho.<br />
Em outros, é resultado dos idosos que<br />
conseguiram economizar, chegar com um<br />
patrimônio importante na velhice e que<br />
hoje envelhecem com saúde e recursos.<br />
Por isso, eles investem também no futuro<br />
das novas gerações, sobretudo dos netos.<br />
“Depois de certa idade você não está<br />
mais preocupado em fazer carreira, mas<br />
em deixar um legado, em ser lembrado<br />
na velhice e depois da morte. E uma das<br />
formas de ser lembrado é compartilhando<br />
o ‘pé de meia’ que conseguiu com quem<br />
ainda não chegou lá”, afirma Kalache.<br />
Citando o próprio pai, que adquiriu<br />
uma caderneta de poupança para cada<br />
neto, ele assegura que o melhor presente<br />
dos avós para os netos é a compra de<br />
uma apólice que possa ser capitalizada ao<br />
longo da vida. Se a criança for prudente<br />
no futuro, será resguardada até chegar ao<br />
seu próprio envelhecimento.<br />
Previdência privada<br />
Os pais buscam garantir para a criança<br />
aquilo que não puderam ter, sobretudo<br />
os da classe C, ou aquilo que lhes custou<br />
muito para conseguir. Já os avós desejam<br />
oferecer aos netos o que não puderam dar<br />
aos próprios filhos. “Em todos os casos,<br />
o foco é proporcionar a conquista de um<br />
projeto de vida que trará melhorias para<br />
19
intergeracionalidade<br />
20<br />
❙❙Soraia Fidalgo, da Brasilprev<br />
a condição social da criança no futuro,<br />
por meio da educação”, declara Soraia<br />
Fidalgo, superintendente de Clientes da<br />
Brasilprev.<br />
Um dos meios mais utilizados para<br />
se alcançar este objetivo é contratando<br />
um plano de previdência privada. Dados<br />
divulgados pela Federação Nacional de<br />
Previdência Privada e Vida (FenaPrevi)<br />
indicam que dos R$ 6,44 bilhões investidos<br />
nos planos individuais em setembro<br />
deste ano, R$ 151,44 milhões foram destinados<br />
aos planos para menores<br />
Até junho passado, na Brasilprev,<br />
os avós correspondiam a 6% da base de<br />
clientes dos planos Brasilprev Junior,<br />
produto voltado às pessoas com idade entre<br />
zero e 21 anos. Em 2015, este número<br />
chegava a 5%. O plano foi criado para que<br />
os clientes utilizassem os recursos ainda<br />
jovens e se transformou em uma ferramenta<br />
para apoiar pais ou responsáveis<br />
na formação de reserva para custear projetos<br />
de filhos, sobrinhos e netos – principalmente<br />
relacionados à educação, como<br />
curso técnico, de idiomas, faculdade ou<br />
pós-graduação. Contudo, o investimento<br />
pode ser direcionado a outros objetivos,<br />
como uma viagem, um intercâmbio ou<br />
mesmo a abertura do próprio negócio.<br />
A maior parte dos avós participantes<br />
do plano (51%) no período tinha entre 61<br />
e 70 anos de idade; 2% entre 41 e 50 anos;<br />
20% 51 e 60 anos e 27% estavam na faixa<br />
acima dos 70. Quanto aos beneficiários,<br />
a maioria possuía entre sete e 14 anos<br />
(56%); 11% de zero a seis, 17% de 15 a<br />
17 anos, e 12% de 18 a 21 anos de idade.<br />
O tíquete médio das contribuições rea-<br />
❙❙Jorge Nasser, da Bradesco<br />
lizadas pelos avós era de R$ 124, ante os<br />
R$ 107 em 2015, um crescimento de 16%.<br />
O Grupo Bradesco Seguros, por sua<br />
vez, conta com mais de 200 mil participantes<br />
(que representam 12% de sua<br />
carteira de planos individuais em previdência<br />
complementar aberta) nos Planos<br />
para Menores, modalidade que segundo<br />
o diretor geral da Bradesco Vida e Previdência<br />
e da Bradesco Capitalização,<br />
Jorge Nasser, é uma das que mais têm<br />
crescido nos últimos anos. “Na prática,<br />
os planos para menores são basicamente<br />
iguais aos demais oferecidos em previdência.<br />
Apenas a comunicação relativa ao<br />
produto - incluindo, por exemplo, ações e<br />
Mercado atento<br />
O mercado segurador está sempre<br />
atento às oportunidades oriundas de<br />
mudanças de hábitos, culturais, econômicas<br />
e também demográficas. Hoje,<br />
de um modo geral, já existem produtos<br />
voltados para a terceira idade, mas seus<br />
preços altos são um reflexo da idade e<br />
riscos associados.<br />
O diretor-executivo do Instituto<br />
de Longevidade Mongeral Aegon,<br />
Henrique Noya, aposta que no curto<br />
prazo serão apresentadas soluções<br />
mais criativas e inovadoras na maneira<br />
de avaliar esse segmento. “Acredito<br />
que logo surgirão produtos de seguros<br />
específicos e mais eficientes, a preços<br />
com mais poder de penetração”, afirma,<br />
acrescentando que no cenário de<br />
transformação demográfica o mercado<br />
❙ ❙Lucas Amendola, da Seguralta<br />
peças de relacionamento, como extratos -<br />
é especificamente voltada para o público<br />
a que se destina”, explica o executivo.<br />
Quanto mais cedo o participante<br />
aderir a um plano de previdência privada,<br />
melhor, pois assim ele obtém maior<br />
prazo de diferimento para alcançar a<br />
meta pretendida. E quanto maior for<br />
o prazo de contribuição, menor será o<br />
valor do aporte exigido para alcançar<br />
essa meta. Contudo, Nasser ressalta que<br />
a previdência privada não é o único veículo<br />
para planejamento do futuro. “As<br />
vantagens proporcionadas pelos fundos<br />
de previdência privada como instrumentos<br />
de planejamento sucessório também<br />
segurador tem a missão de ajudar as<br />
pessoas a assumir a responsabilidade<br />
por seu futuro financeiro. “Se vamos<br />
todos viver por mais tempo, aumenta a<br />
importância de poupar”, conclui.<br />
Foto: Wanezza Soares
21
intergeracionalidade<br />
❙❙Jaime Prazeres, da Porto Seguro<br />
constituem importante diferencial para<br />
um público com idades mais avançadas”,<br />
acrescenta.<br />
Os fundos não integram inventário e<br />
custas judiciais, sendo os recursos distribuídos<br />
de forma ágil em decorrência da falta<br />
do participante; oferecem flexibilidade<br />
quanto à indicação e alteração de beneficiários,<br />
assim como na forma de devolução<br />
da reserva, por pagamento único ou renda<br />
certa; e asseguram eficiência tributária,<br />
com tributação regressiva, alcançando<br />
alíquota de IR de 10% após dez anos.<br />
Seguro de vida<br />
Os avós também buscam precaver<br />
os entes em caso de algum incidente e,<br />
para isso, recorrem aos seguros de vida<br />
que disponibilizam produtos específicos<br />
para esse público. “A maior preocupação<br />
dos nossos segurados é garantir a tranquilidade<br />
financeira de seus filhos e netos”,<br />
afirma Nasser, da Bradesco. A companhia<br />
dispõe de um seguro de vida específico<br />
para quem tem entre 60 e 80 anos de<br />
idade. De janeiro a outubro deste ano,<br />
as vendas do produto cresceram 84,4%<br />
em quantidade de apólices e 62,8% em<br />
volume financeiro, na comparação com<br />
o mesmo período de 2015.<br />
Em média, os seguros de vida voltados<br />
à terceira idade fornecem indenizações<br />
de R$ 100 mil, além de benefícios<br />
como desconto em farmácias, orientações<br />
esportivas e nutricionais e assistência<br />
funeral. O custo é compatível com a faixa<br />
etária e tem se mostrado importante principalmente<br />
para pagamento de inventário.<br />
Por outro lado, o produto tem algumas<br />
restrições se comparado com um seguro<br />
22<br />
❙❙Alexandre Vicente, da Liberty<br />
de vida para pessoas mais jovens. “O<br />
pagamento progressivo da indenização<br />
de até 24 meses, por exemplo, passa a ser<br />
integral após este período. Neste plano,<br />
é possível contratar apenas a cobertura<br />
básica que é a morte com assistência funeral”,<br />
pontua Lucas Amendola, gerente<br />
Comercial da corretora Seguralta.<br />
A tendência, segundo Nasser, é que<br />
a demanda pelo produto se mantenha<br />
aquecida à medida que os conceitos de<br />
planejamento sucessório e educação<br />
financeira avancem. Já Amendola acredita<br />
que a expansão se dará também em<br />
outros tipos de proteção, considerando<br />
que aos poucos os brasileiros estão assimilando<br />
a cultura do seguro e sua devida<br />
importância.<br />
Seguro educacional<br />
R$ 34 milhões foram gastos com os<br />
seguros educacionais até setembro passado.<br />
O valor, de acordo com a Superintendência<br />
de Seguros Privados (Susep),<br />
é 19% maior que as cifras somadas em<br />
2015 e 62% superior ao montante registrado<br />
em setembro do mesmo ano.<br />
O salto recente se deu em razão, principalmente,<br />
da crise econômica. Porém,<br />
apesar de trazer coberturas com forte<br />
apelo, a procura pelo produto ainda não<br />
é tão expressiva. “Houve um salto e isso<br />
parte da consciência previdenciária. O<br />
brasileiro passou a ter essa preocupação,<br />
principalmente os pais ou os responsáveis<br />
financeiros. Mas ainda há um campo<br />
enorme a se explorar e isso é uma boa<br />
oportunidade”, garante Alexandre Vicente,<br />
diretor de Seguros Pessoais da<br />
Liberty Seguros.<br />
❙❙Aquiles Poli, da BR Insurance<br />
O seguro educacional funciona como<br />
uma proteção financeira, garantindo o<br />
pagamento das mensalidades em casos de<br />
desemprego ou morte dos pais ou do responsável<br />
financeiro que, muitas vezes, são<br />
os avós. “O seguro possui um custo muito<br />
baixo de contratação, que gira em torno<br />
de 1% a 2% do valor da mensalidade, e<br />
está à disposição tanto de universidades<br />
e faculdades, como de colégios”, explica<br />
o diretor de Benefícios da BR Insurance,<br />
Aquiles Poli.<br />
Algumas seguradoras também oferecem<br />
assistência aos alunos em caso de<br />
acidente dentro da instituição de ensino<br />
ou em eventos externos promovidos por<br />
ela, no período em que o estudante estiver<br />
matriculado. Entre as principais coberturas<br />
estão assistência médico-hospitalares<br />
e odontológicas emergenciais em caso de<br />
acidente, transporte em caso de acidente,<br />
tratamento fisioterápico, transmissão de<br />
mensagens urgentes e reposição de aulas<br />
com professores particulares.<br />
“A responsabilidade de uma instituição<br />
de ensino também permeia o bem<br />
estar e segurança de seus colaboradores<br />
e alunos. Com o seguro, é possível oferecer<br />
maior proteção e assistências em<br />
caso de acidentes”, diz Jaime Prazeres,<br />
gerente comercial do Seguro Vida da<br />
Porto Seguro.<br />
Normalmente, em razão das características<br />
do produto, o seguro educacional<br />
é contratado pela instituição de ensino.<br />
A contratação também pode ser feita de<br />
maneira individual, mas neste caso o interessado<br />
deve contratar um seguro de vida<br />
com uma cobertura adicional que englobe<br />
coberturas para escolas ou faculdades.
23
saúde | qualidade de vida<br />
A longevidade hoje<br />
Os planos de saúde são de extrema importância<br />
para os idosos e, aliados a boas práticas e<br />
cuidados, podem trazer qualidade de vida à<br />
terceira idade<br />
Amanda Cruz<br />
24
Quando o Brasil começou a<br />
envelhecer e inverter sua pirâmide<br />
demográfica, principalmente<br />
no começo dos anos 90,<br />
a preocupação era principalmente sobre o<br />
quanto esses idosos iriam viver.<br />
Em 2016, o IBGE aponta que os<br />
idosos representam 11,34% da população<br />
brasileira (22,9 milhões de pessoas). Nos<br />
próximos 20 anos esse número deverá<br />
triplicar. Segundo a OMS, o Brasil será<br />
o sexto país no mundo em números de<br />
idosos até 2025.<br />
A preocupação hoje é com a qualidade<br />
de vida. Por isso, muito se fala em prevenção<br />
e cuidados que devem ser tomados<br />
para não apenas chegar aos 70, 80 anos,<br />
mas para chegar lá bem. Essa cultura<br />
de antecipação dos cuidados é bastante<br />
útil aos jovens, mas como se aplica ao<br />
idoso? Em um País onde existem apenas<br />
mil geriatras, de acordo com a Sociedade<br />
Brasileira de Geriatria e Gerontologia,<br />
como a saúde suplementar pode cuidar<br />
do longevo de hoje?<br />
Acredita-se que tudo começa pelas<br />
escolhas que são feitas. A FenaSaúde usos<br />
esse mote como tema de seu 2° Seminário<br />
(saiba mais sobre o evento na página 32).<br />
A conta a ser paga no final do mês pela<br />
saúde suplementar está insustentável e<br />
algo precisa ser mudado, esse é o fato.<br />
Enquanto isso, a entidade tenta encontrar<br />
maneiras para que os beneficiários não<br />
fiquem desassistidos. O boletim da Saúde<br />
Suplementar apresentou o momento de<br />
dificuldade: mais de um milhão de beneficiários<br />
deixaram os planos de saúde,<br />
apenas no Sudeste. “Há uma clara relação<br />
entre a dinâmica do mercado de trabalho<br />
formal e o desenvolvimento do mercado<br />
de Saúde Suplementar. Com a retração<br />
das atividades econômicas, houve queda<br />
do número de beneficiários. Os planos<br />
coletivos empresariais são responsáveis<br />
por 66% dos vínculos”, analisa Solange<br />
Beatriz Palheiro Mendes, presidente da<br />
FenaSaúde.<br />
Se a dificuldade é grande para aqueles<br />
que estão em idade de trabalho, os<br />
idosos têm menos opções ainda. Dentro<br />
do universo de beneficiários, de cerca<br />
de 48 milhões de vínculos, pessoas com<br />
mais de 60 anos representam 12,7% do<br />
total, de acordo com a Agência Nacional<br />
25
qualidade de vida<br />
❙❙Maurício Lopes, da SulAmérica<br />
de Saúde Suplementar (ANS), mas precisam<br />
de cuidados muito mais elaborados.<br />
Pensando nisso, a autarquia desenvolveu<br />
um programa chamado Projeto<br />
Idoso Bem Cuidado, que consiste em<br />
parcerias com instituições comprometidas<br />
com o envelhecimento ativo. Segundo<br />
a entidade, a ideia do projeto surgiu da<br />
necessidade de melhorar o cuidado aos<br />
idosos que possuem planos privados<br />
de saúde no Brasil e da necessidade de<br />
debater e reorientar os modelos de prestação<br />
e remuneração de serviços na saúde<br />
suplementar.<br />
Enquanto sociedade, o aumento da<br />
expectativa de vida é um grande triunfo,<br />
mas traz a conta e seus desafios. “Será<br />
necessário repensar a estrutura de atendimento<br />
à população, de modo a criar um<br />
sistema mais sustentável que considere a<br />
coordenação do cuidado ao idoso para<br />
cada fase do envelhecimento até, se necessário,<br />
o cuidado paliativo”, acredita<br />
o vice-presidente de Saúde e Odonto da<br />
SulAmérica, Maurício Lopes.<br />
Quando se fala em idosos, fala-se<br />
também de doenças degenerativas, como<br />
a hipertensão, diabetes e as neoplasias.<br />
Hoje essas doenças são muito bem tratadas<br />
e têm uma alta taxa de sobrevida.<br />
Assim é também a maioria dos casos<br />
de câncer que, se antes eram quase uma<br />
sentença de morte, hoje têm alta chance<br />
de cura, especialmente se descoberto<br />
no início. Com esses tratamentos vêm<br />
também um custo alto. “Cada vez mais,<br />
conseguimos tratar de maneira eficiente<br />
determinada doença, mas com alto custo<br />
26<br />
de exames e tratamento. Obviamente,<br />
a preocupação da operadora, que faz o<br />
equilíbrio financeiro disso, está em tirar<br />
a capacidade de custear, financiar esse<br />
tipo de processos conciliando com os<br />
seus interesses de negócios, suas margens<br />
etc, isso fica cada vez mais difícil”, aponta<br />
Francisco Vignoli, médico e fundador<br />
da B2Saúde. Ele afirma ainda que 1,5%<br />
dos beneficiários de saúde representam<br />
60% dos custos, ou seja, mais da metade<br />
do que se arrecada vai para uma parcela<br />
mínima de pessoas. “O princípio básico<br />
do mutualismo, em saúde, é muito mais<br />
complexo. Enquanto na previdência, por<br />
exemplo, a conta do benefício é feita em<br />
cima de um valor sólido, conhecido, na<br />
saúde você não tem esse pré-conhecimento<br />
de quanto irá gastar. Há tratamentos<br />
que chegam a R$ 80 mil mensais sem<br />
prazo para acabar”, esclarece Vignoli.<br />
Há tempo para o cuidado?<br />
A adoção de um estilo de vida que<br />
seja equilibrado, saudável e feliz – unindo<br />
boa alimentação, exercícios físicos, cuidado<br />
coma saúde mental etc - é a fórmula<br />
tão disseminada para uma vida longeva<br />
e com qualidade. A própria SulAmérica<br />
desenvolve o Programa Saúde Ativa para<br />
estimular as mudanças de comportamento<br />
objetivando uma vida mais saudável,<br />
para segurados de todas as idades. Mas a<br />
saúde suplementar tem longevos em sua<br />
carteira hoje, que precisam de cuidados<br />
mais do que nunca, e dentro desse tipo de<br />
programa é preciso existir um recorte que<br />
sustente as pessoas com 65 anos ou mais.<br />
Empresas de gestão de saúde têm<br />
ocupado essa lacuna do mercado de<br />
saúde e auxiliado as operadoras a cuidar<br />
melhor de sua carteira na terceira idade.<br />
“Nós temos um programa que acompanha<br />
tanto os idosos saudáveis, para que<br />
eles mantenham a sua qualidade de vida,<br />
quanto aqueles que possuem doenças<br />
crônicas. Temos idosos que não têm<br />
nenhuma doença crônica, mas que tem<br />
algum comprometimento em seu dia a dia<br />
por razões físicas, sociais ou financeiras”,<br />
é o que conta Ana Cláudia Pinto, médica<br />
PhD e professora, sobre a sua experiência<br />
como diretora de produtos da empresa<br />
Healthways, especializada nesses cuidados.<br />
Ficam fora desses tipos de programas<br />
pessoas com dificuldade cognitivas,<br />
como pacientes com Alzheimer, pois a<br />
participação e interação ativa do idoso<br />
são fundamentais para o desenvolvimento<br />
do programa.<br />
Idosos têm maneiras diferentes de<br />
lidar com a cultura da promoção de<br />
saúde, da prevenção de doenças, do que<br />
as outras gerações. “Naturalmente, a<br />
conscientização sobre a importância dos<br />
hábitos saudáveis costuma aumentar ao<br />
longo da vida e, infelizmente, isso ocorre<br />
muitas vezes após complicações de saúde<br />
decorrentes de um estilo de vida inadequado”,<br />
comenta Lopes. Para esse idoso, a<br />
dica é abordar a fragilidade (síndrome de<br />
múltiplas causas caracterizada por perda<br />
de força e resistência e diminuição da<br />
função fisiológica), que deve ser utilizada<br />
no gerenciamento da sua saúde. Também<br />
se faz premente a mudança na estratégia<br />
de cuidados, que não deve ser focada em<br />
tratar os eventos agudos, mas sim focar<br />
a coordenação do cuidado, visando a estabilização<br />
do quadro e de suas doenças<br />
crônicas e a manutenção da capacidade<br />
funcional e da autonomia pelo maior<br />
tempo possível.<br />
Quanto antes o cuidado vier, menos<br />
surpresas desagradáveis o idosos encontrará.<br />
Vignoli lembra que o estilo de vida<br />
é crucial porque dois terços das doenças<br />
são criados pelas próprias pessoas, por<br />
seus hábitos. Em média, 41% da população<br />
têm sobrepeso ou é obesa. Esse é<br />
um fator que pode ser mudado, mas que<br />
entregará consequências da mesma ma-<br />
❙❙Francisco Vignoli, da B2Saúde
❙❙Ana Cláudia Pinto, da Healthways<br />
Idosos nos Planos de Saúde<br />
Idade<br />
Beneficiários<br />
60 a 69 anos 2.226.323<br />
70 a 79 anos 1.019.339<br />
80 anos ou mais 577.798<br />
TOTAL 3.823.460<br />
Fonte: ANS<br />
neira, pois não será erradicado da noite<br />
para o dia. As mudanças nos hábitos<br />
têm sido percebidas nos últimos 30, 40<br />
anos. Ainda assim, as doenças crônicas<br />
causadas pelos maus hábitos continuam<br />
cobrando seu preço.<br />
As operadoras se alinham, portanto,<br />
com as empresas de saúde para tentar<br />
atender esse público, mesmo com as contas<br />
nem sempre fechando, pois eles são<br />
capazes de trazer autonomia e melhora<br />
para vida do idoso e fazer da carteira<br />
de saúde uma operação mais saudável<br />
e com menos impacto para as companhias.<br />
Essas empresas geralmente são<br />
responsáveis pelo cuidado com fatores<br />
como alimentação e atividades físicas,<br />
gerenciamento de riscos de acidentes em<br />
suas casas, além de atendimento para tirar<br />
dúvidas sobre tratamentos e recomendações.<br />
“A gama de atendimento vai desde<br />
o idoso saudável até o momento de mais<br />
necessidade, como uma situação de emergência,<br />
necessidade de resgate etc.”, conta<br />
Ana Cláudia. A queda, por exemplo, é<br />
um risco que precisa de muita atenção,<br />
pois pode transformar idosos ativos em<br />
saudáveis em pessoas debilitadas, com<br />
graves problemas de mobilidade.<br />
Os idosos são, muitas vezes, solitários.<br />
Esse fator tem sido a pista seguida<br />
para tratar desses beneficiários com outro<br />
olhar. Nem sempre a principal privação<br />
da terceira idade está relacionada com<br />
alguma doença, mas muitas vezes com<br />
a falta de espaço no convívio com a<br />
sociedade, com a família. Isso afeta diretamente<br />
a saúde mental dessas pessoas.<br />
“Com as questões de saúde, o idoso tem<br />
que aprender a conviver. Eu acredito que<br />
o maior desafio é a parte social. Porque,<br />
mesmo sendo saudável, se estiver sozinho,<br />
a falta de interação social afetará a<br />
saúde dele”, pontua Ana Cláudia.<br />
Pensando soluções<br />
A saúde suplementar não quer desamparar<br />
esses idosos, mas a complicação<br />
de seus casos são desafios enormes<br />
para a carteira e acabam somando-se a<br />
outros fatores, como a judicialização da<br />
saúde, a inflação médica, o mau uso e o<br />
abuso, que não são pautas diretamente<br />
ligadas aos idosos presentes nas carteiras<br />
de planos de saúde, mas que acabam por<br />
tirar recursos que poderiam ir para tratamentos<br />
necessários e efetivos. “Vivemos<br />
uma era de delírio no que diz respeito ao<br />
financiamento da saúde. A constituição<br />
dá uma definição de saúde como universalizada<br />
e, na prática, isso não funciona<br />
porque todo o exagero não funciona”,<br />
opina o médico Francisco Vignoli.<br />
Portanto, é preciso cortar excessos e<br />
colocar mais dinheiro nessa conta, porque<br />
se os dois fatores continuarem a crescer,<br />
nem idosos nem pessoas em outras faixas<br />
etárias poderão contar com o sistema<br />
de saúde suplementar. Medidas como<br />
exigir daqueles ainda ativos que contribua<br />
financeiramente para a previdência<br />
da saúde, o VGBL Saúde; para aqueles<br />
que já estão no sistema, volta à fórmula<br />
básica, mas impactante: mudanças no<br />
modelo, nos cálculos e abolição da política<br />
de risco total, refrear a inclusão de<br />
tratamentos experimentais que têm altos<br />
custos e pouca comprovação de resultado.<br />
“Existem várias formas, mas o grande<br />
problema é identificar o desperdício.<br />
Analisar se a quantidade de exames,<br />
procedimentos, tipos de cirurgias são<br />
adequados à situação. Muitas vezes, nesse<br />
sistema assimétrico, há hospitais com<br />
grande lucro e operadoras com prejuízo.<br />
Esse posicionamento não está bom, a<br />
estrutura precisa ser mais simétrica”,<br />
comenta Vignoli.<br />
Um conjunto de coisas que culminam<br />
em melhores práticas. Indivíduos mais<br />
saudáveis alinhados com operadoras<br />
mais preparadas com certeza produzem<br />
um mercado mais sólido. Mas é preciso<br />
reconhecer as parcerias e observar as<br />
necessidades mais de perto, pois se as<br />
operadoras não estiverem preparadas, as<br />
mudanças ocorrerão da mesma forma.<br />
“Percebemos que existem que se preocupam,<br />
mas elas não são a maioria. O que<br />
é bastante interessante é que as próprias<br />
pessoas começam a cobrar esse tipo de<br />
coisa. Elas estão fazendo sua própria revolução<br />
na saúde, estejam as operadoras<br />
junto ou não”, celebra Ana Claúdia.<br />
A terceira idade é almejada como<br />
a fase de descanso, de missão de trabalho<br />
cumprida e momento de aproveitar<br />
a calmaria que chega com os anos de<br />
dedicação e a sabedoria adquirida. Mas<br />
o que os idosos têm encontrado nem<br />
sempre é um futuro acolhedor. Por conta<br />
das discrepâncias e preocupações que<br />
chegam e parece não ter uma resolução<br />
rápida, ainda mais para quem espera o<br />
cuidado hoje, o médico Vignoli alerta:<br />
“estamos chegando a um momento que<br />
não adianta apenas aumentar o valor do<br />
plano, porque uma hora a conta não vai<br />
mais ser paga”, finaliza.<br />
27
sustentabilidade | energia<br />
Força de renovação<br />
Os desafios do clima passam pelo<br />
tipo de energia utilizada. A meta é<br />
apostar cada vez mais em fontes<br />
limpas e renováveis e ampliar o<br />
envolvimento do mercado de<br />
seguros nas iniciativas ambientais<br />
Amanda Cruz<br />
28
Se nos últimos meses o mercado<br />
financeiro e o mercado de seguros<br />
comemoraram a retomada<br />
do crescimento na área de óleo<br />
e gás, outra vertente vem igualmente<br />
ganhando espaço nos dois setores: as<br />
energias renováveis.<br />
A 22ª Conferência do Clima, realizada<br />
em Marrakesh, no Marrocos, trouxe o<br />
mercado de seguros como um potencial<br />
apoio para que questões ambientais almejadas,<br />
como a diminuição de emissão de<br />
gases poluentes, a utilização de energias<br />
renováveis e a mitigação dos impactos<br />
de desastres climáticos em países com<br />
infraestrutura precária, trazendo-o para<br />
mais perto da realidade.<br />
A escolha do local da realização do<br />
encontro das nações foi pertinente, já que<br />
o continente africano entrou no cerne da<br />
preocupação ambiental. Uma das metas<br />
do encontro era ampliar as vozes dos<br />
países da região que mais sofrem com<br />
as mudanças do clima.<br />
Apontado como um player fundamental,<br />
os países contam com a indústria<br />
seguradora para proteger pessoas em<br />
situação de vulnerabilidade. Apenas pagar<br />
a conta de um desastre não resolve, é<br />
preciso ajudar a perceber e a minimizar<br />
os riscos. Além de ampliar o alcance dos<br />
produtos para cuidar dessas fragilidades,<br />
essa é a oportunidade do mercado de<br />
mostrar, mundialmente, seu lado social.<br />
A doutora em Saúde Pública e da área<br />
de Comunicação de Riscos Ambientais<br />
e Tecnológicos, Cilene Victor da Silva,<br />
participa ativamente de encontros como<br />
conferências da ONU e a própria COP,<br />
que discutem temas ambientais. Ela<br />
afirma que a relação dos seguros com<br />
desastres é recorrente. “A minha percepção,<br />
participando desses eventos, é<br />
que a indústria de seguros é fundamental<br />
em todas essas discussões, no que diz<br />
respeito a mitigar e promover ações de<br />
adaptação às mudanças climáticas e seus<br />
impactos, que já são realidade”, aponta.<br />
O esforço do mercado entraria, por<br />
exemplo, na ajuda a pequenos agricultores<br />
que já sofrem com as mudanças.<br />
Durante a COP22, um encontro de nove<br />
países selou o interesse em intensificar<br />
esse tema. Ao menos é o que diz um<br />
comunicado oficial intitulado: “Declaração<br />
Conjunta sobre InsuResilience - A<br />
Iniciativa sobre o Seguro de Risco Climático”,<br />
disponível para consulta no site<br />
do evento. Entre os juramentos de países<br />
como Alemanha, Itália e Canadá, estão<br />
diretrizes como ampliar o apoio dado a<br />
países em situação de vulnerabilidade,<br />
além de ajudar no financiamento dessas<br />
iniciativas. Se, em 2015, os membros do<br />
G7 lançaram um pacote de ação para<br />
agilizar essa ajuda, arrecadando US$<br />
420 milhões para amparar pelo menos<br />
180 milhões de pessoas em situação de<br />
insegurança, este ano a inicitiva chegou<br />
aos US$ 550 milhões, após a entrada da<br />
União Europeia e da Holanda na corrente.<br />
Além disso, companhias privadas que<br />
queiram apoiar o projeto serão conclamadas<br />
pelos participantes.<br />
Embora esse movimento exista, Cilene<br />
destaca que percebe que o mercado de<br />
seguros precisa se conciliar com a comunidade<br />
científica. “Parece que a indústria do<br />
seguro ainda não se encontrou. Falta mais<br />
ação. Quando esses desastres ocorrem nós<br />
estamos falando de duas questões: das perdas<br />
de vidas humanas e também das perdas<br />
materiais”, afirma. Isso é destacado porque<br />
após essas tragédias as pessoas costumam<br />
voltar a esses locais de risco para tentar<br />
salvar os bens que ainda restam, bens<br />
necessários para sua sobrevivência e a sua<br />
participação na sociedade, aí é que está o<br />
desastre que o setor pode ajudar a sanar.<br />
De acordo com relatório divulgado pela<br />
Cilene Victor da Silva, especialista<br />
❙❙em Riscos Ambientais<br />
Organização Mundial da Saúde (OMS), em<br />
março de 2016, uma em cada quatro mortes<br />
no ano de 2012 estão relacionadas com o<br />
meio-ambiente, totalizando 12,6 milhões.<br />
São doenças como diarreia, dengue, zyca<br />
e até distúrbios mentais como estresse, que<br />
estão relacionadas a esse tema. No Brasil,<br />
de 15% a 16% das doenças poderiam ser<br />
evitadas se medidas ambientais fossem<br />
tomadas. As seguradoras têm o poder do<br />
gerenciamento de riscos nas mãos para auxiliar<br />
as prefeituras e governos para evitar<br />
esse tipo de situação: as mortes evitáveis<br />
que ainda ocorrem.<br />
Trabalhar a prevenção sempre será<br />
o caminho do setor, não importa para<br />
onde se olhe. O descuido que atrasa o<br />
mercado de seguros a estabelecer uma<br />
ajuda efetiva pode estar na maneira como<br />
encara suas responsabilidades; o costume<br />
de enxergar apenas a partir de um ponto<br />
de vista próprio, não olhando pelo prisma<br />
dos ambientalistas. Cilene dá dicas que<br />
ela acredita serem fundamentais para o<br />
mercado de seguros ser mais efetivo: “a<br />
questão não é vender o seguro em si. É,<br />
na verdade, participar, ajudar a promover<br />
ações e soluções de prevenção”, afirma a<br />
especialista. Envolvendo-se com outros<br />
atores importantes como governos, outras<br />
empresas da iniciativa privada, banco<br />
mundial e a ONU, cria-se uma corrente<br />
sólida. “Essa população, antes de mais<br />
nada, tem que ser informada. Saber a<br />
quais tipos de sinistros ela está vulnerável,<br />
em que situações os bens dela serão preservados”,<br />
aconselha. Ela acredita ainda<br />
que as empresas de seguro ainda não<br />
entenderam – “talvez por uma leitura de<br />
não se identificarem como um setor protagonista<br />
na área” – que são extremamente<br />
importantes para ajudar a fazer com que<br />
essas metas sejam atingidas em qualquer<br />
lugar do mundo. Para conseguir isso é<br />
preciso partir de programas, acordos e<br />
projetos que já estão em andamento e que<br />
já contam com resoluções, adicionando<br />
sua expertise.<br />
As diretrizes do clima mundial estão<br />
acessíveis em três documentos principais.<br />
O Marco de Sendai, no Japão; o Acordo<br />
de Paris, que entrou em vigor no começo<br />
de novembro e que será o norte das<br />
decisões, e a Agenda 2030, que traz 17<br />
objetivos do desenvolvimento sustentável.<br />
29
energia<br />
“Eu acredito que as empresas de seguro<br />
precisam ler esses documentos com um<br />
pouco mais de atenção para conseguir<br />
entender melhor o seu próprio papel”,<br />
pontua Cilene. O mercado de seguros terá<br />
protagonismo quando se adaptar. Tanto é<br />
verdade que David Stevens, representante<br />
do escritório da ONU para a Redução de<br />
Riscos de Desastre, é bastante próximo das<br />
seguradoras e entidades do mercado, pois<br />
o braço da organização tem como meta<br />
trazer a conscientização para a população<br />
e sabe que esse é um bom caminho. Um<br />
objetivo afim ao do setor.<br />
A questão é, principalmente, cultural.<br />
A meta é migrar da cultura do desastre<br />
para a cultura da prevenção. De ser<br />
aquele que apenas paga, para se tornar<br />
aquele que evita que tragédias ocorram.<br />
Mariana, Minas Gerais, continua a ser um<br />
bom exemplo. Apesar de não ter sido um<br />
desastre climático, mas tecnológico, se<br />
transformou em uma tragédia ambiental.<br />
“Assim que o desastre aconteceu, todos<br />
falavam em um desastre anunciado, mas<br />
a verdade é que nós não o anunciamos;<br />
os desastres são construídos de maneira<br />
silenciosa todos os dias, ao longo do tempo.<br />
As empresas de seguro, assim como<br />
a imprensa, os formuladores de políticas<br />
públicas e a sociedade de maneira geral<br />
não estão inseridos na cultura de proteção<br />
e não a promovem”, ressalta a doutora.<br />
O Brasil e as energias<br />
renováveis<br />
Os esforços ambientais no Brasil<br />
passam, principalmente, pelo desenvolvimento<br />
de energias renováveis. Embora<br />
tenha sido um destaque importante na<br />
COP 21, em 2015, não atingiu o mesmo<br />
patamar em 2016 e acabou minimizando<br />
os esforços já realizados. Mesmo assim,<br />
há movimentos significativos em busca<br />
de um lugar ao sol mais sustentável. Um<br />
dos caminhos que o mercado de seguros<br />
está ajudando a traçar nesse sentido é o<br />
das energias renováveis, principalmente<br />
solar e eólica, que cresceram 30% nos<br />
últimos dez anos, indo de 2,8% na particpação<br />
da oferta de energia interna em<br />
2004 para 4,1% em 2014. Outras fontes<br />
também fazem parte da matriz do País,<br />
como Petróleo e seus derivados.<br />
Seguindo essa tendência do setor<br />
30<br />
❙❙Tiago Moraes, da Marsh Brasil<br />
elétrico, há aproximadamente cinco anos,<br />
o mercado de seguros amadureceu a oferta<br />
de proteção para esses produtores, o apetite<br />
cresceu e a rentabilidade também aumentou,<br />
conforme conta Tiago Moraes, líder<br />
da prática de Power & Utilities da Marsh<br />
Brasil. “Quando a energia eólica veio<br />
para o Brasil, tínhamos uma condição de<br />
investimento muito favorável. O mercado<br />
de seguros sabia que teria um bom retorno,<br />
a situação financeira era boa e as chances<br />
de sinistros, muito baixas”, explica. Os<br />
fornecedores chegaram e ficaram, e então<br />
veio a estabilização. O preço extremamente<br />
baixo que trouxe players com condições<br />
muito agressivas no mercado não poderia<br />
durar para sempre, então a produção se<br />
estabilizou, deixando no Brasil apenas os<br />
atores resilientes. “O nível de fornecimento<br />
❙❙Leonardo Semenovitch, da Travelers<br />
e os projetos que estão sendo viabilizados<br />
no Brasil, hoje, são muito mais sustentáveis<br />
que os últimos projetos daquele período.<br />
Na época, todo mundo veio com apetite<br />
muito grande, crendo nas energias renováveis<br />
como o melhor negócio do mundo”,<br />
completa Moraes.<br />
Isso não quer dizer que os negócios<br />
mudaram drasticamente. A energia<br />
eólica e a solar ainda são muito mais<br />
baratas e vantajosas, comparadas com<br />
outras fontes. Moraes conta que “o custo<br />
dessas energias ajuda muito o mercado<br />
de seguros. Utilizar um painel solar ou<br />
um parque eólico com risco modular é<br />
muito mais fácil e menos arriscado do<br />
que uma hidrelétrica, que pode romper<br />
uma barragem”, alerta.<br />
As condições macroeconômicas<br />
também não parecem ter desestimulado<br />
o setor, que se mantém perene. “Nós<br />
identificamos na área de energia, principalmente<br />
no setor da matriz de geração<br />
renovável, um importante segmento para<br />
atuação em nossas linhas de negócios<br />
patrimoniais”, conta Leonardo Semenovitch,<br />
diretor-presidente da Travelers<br />
Seguros. A companhia lançou, em 2016,<br />
soluções para essas fontes renováveis<br />
disponíveis para proprietários, investidores,<br />
construtores e concessionários<br />
dos serviços de geração de energia<br />
renovável. “Sem dúvidas, o produto de<br />
destaque que pode contribuir para esse<br />
mercado é o patrimonial – Property e<br />
Casualty, para que os riscos inerentes<br />
à atuação das empresas não resultem<br />
na interrupção de seus negócios”, diz<br />
Semenovitch sobre a experiência. Essa<br />
carteira inclui proteções como cobertura<br />
para equipamentos, operações e a análise<br />
do risco, que é extremamente necessária<br />
para conhecer o perfil exato de contratação.<br />
O executivo ressalta ainda Riscos<br />
de Energia, Responsabilidade Civil e os<br />
Resseguros como carteiras importantes<br />
para o desenvolvimento dessa operação.<br />
O Brasil é um dos países com mais<br />
tecnologia e desenvolvimento em energias<br />
renováveis ao redor do mundo. O relatório<br />
da Agência Ambiental da ONU o coloca na<br />
terceira posição entre os países que mais<br />
investem em energias renováveis. “Quando<br />
o Brasil olhou para as energias solar e<br />
eólica já trouxe tecnologias muito desen-
Hidrelétrica é energia<br />
renovável?<br />
Quando se fala em energias renováveis<br />
e limpas, geralmente as hidrelétricas<br />
ficam de fora. A água é um<br />
bem natural que pode ser reutilizado<br />
na geração de energias, a existência<br />
de hidrelétricas não fazem com que a<br />
água acabe. Por esse ângulo, ela também<br />
não emite poluentes enquanto<br />
gera energia.<br />
Mesmo assim, diversos ambientalistas<br />
descartam essa forma de geração<br />
de energia como uma das alternativas<br />
sustentáveis devido ao grande impacto<br />
ambiental, atingindo flora, fauna, populações<br />
indígenas e ribeirinhas das<br />
regiões onde são construídas.<br />
volvidas. A Dinamarca, uma das pioneiras<br />
no setor, e até hoje referência, fez as primeiras<br />
eólicas e enfrentou os primeiros e<br />
maiores sinistros. Todos os problemas que<br />
existiram na energia eólica aconteceram<br />
enquanto o Brasil estava investindo em<br />
hidrelétrica”, conta o executivo da Marsh.<br />
Segundo ele, esses avanços fizeram com<br />
que todos os players do mercado queiram<br />
hoje ser os maiores da carteira.<br />
Futuro e sustentabilidade<br />
Não há garantias e nem mesmo<br />
indícios fortes de que as energias solar e<br />
eólica tenham potencial de substituição<br />
frente à energia das hidrelétricas. “Não<br />
temos como definir, exatamente, como<br />
será o futuro da geração de energia. Atualmente,<br />
o crescimento da produção de<br />
renovável é expressivo, além de contribuir<br />
para o meio ambiente e para a vida da sociedade.<br />
Dessa maneira, podemos esperar<br />
uma consolidação e crescimento deste<br />
mercado, como uma tendência mundial”,<br />
afirma o presidente da Trevelers.<br />
Tiago Moraes, da Marsh, também<br />
acredita nesse crescimento, ainda que<br />
não o veja suficientemente como fonte de<br />
substituição. “Objetivo é ter mais renovável.<br />
A substituição não é o foco porque esses<br />
são tipos de energia intermitentes, que<br />
não dão estabilidade. Temos a previsão do<br />
tempo, mas, mesmo assim, não há como<br />
garantir que ventará ou fará sol. Mesmo<br />
assim, vejo o setor trabalhando em algo<br />
que, em breve, fará muita diferença que<br />
é o seguro de riscos climáticos”, aponta.<br />
O futuro dependerá da sensibilização<br />
da sociedade e de um despertar mais focado<br />
em conhecimento, tanto ambiental<br />
quanto de seguro. A evolução da cultura<br />
de gerenciamento de riscos ainda é um<br />
processo em desenvolvimento; ao mesmo<br />
tempo, é a chave para a longevidade dos<br />
negócios e também para a melhora das<br />
condições de vida no planeta. As transformações<br />
caminham juntas com o mercado,<br />
e a lição que fica para os seguradores,<br />
resseguradores e corretores de seguros<br />
que lidam com esse tema é a de encontrar<br />
o protagonismo nas pautas de discussões<br />
ambientais por meio da ação, do envolvimento.<br />
É entender e encontrar o seu lugar<br />
de destaque, ajudar efetivamente a mitigar<br />
os riscos, não só remediar os danos.<br />
31
evento | saúde<br />
As escolhas da saúde suplementar<br />
O 2º Fórum de Saúde Suplementar tratou das escolhas<br />
e caminhos para o desenvolvimento deste setor<br />
Amanda Cruz<br />
Chegou o momento do mercado<br />
de saúde fazer suas mais importantes<br />
escolhas. Não apenas<br />
a Saúde Suplementar, tema central<br />
do fórum realizado pela FenaSaúde,<br />
no Rio de Janeiro, mas também a saúde<br />
pública. Chegou a hora das duas aprenderem<br />
a caminhar juntas.<br />
O dinheiro da saúde suplementar,<br />
como costuma enfatizar Solange Beatriz,<br />
presidente da FenaSaúde, não é uma fonte<br />
sem fim e o orçamento tem ficado cada<br />
vez mais apertado para arcar com todas<br />
as coberturas e procedimentos que são<br />
exigidos e dar conta também da inflação<br />
médica e da judicialização, além das<br />
fraudes.<br />
Todas as decisões a serem tomadas<br />
passam por toda a cadeia: consumidores –<br />
que precisam entender seu papel na saúde<br />
suplementar e utilizar seus planos com<br />
consciência - prestadores, operadoras e<br />
32<br />
regulador trabalhando em conjunto para<br />
que a conta feche.<br />
Marcio Coriolano, presidente da<br />
CNseg, lembrou que o aumento da taxa<br />
de desemprego e a queda da renda são<br />
fatores importantes que levaram o mercado<br />
de saúde a se estagnar, como ocorre<br />
também nos casos dos planos odontológicos.<br />
Embora as PMEs ainda mantenham<br />
o posto de queridinhas do mercado, essa<br />
realidade não poderá ser sustentada<br />
apenas por elas. “A inflação médica está<br />
entre 15% e 20%. Essa é uma restrição<br />
de acesso absurda, que faz os números da<br />
saúde suplementar decrescerem”, apontou<br />
o presidente.<br />
Outra autoridade presente no evento,<br />
o diretor-presidente da ANS, José<br />
Carlos Abrahão, mostrou-se empenhado<br />
em fazer da autarquia um órgão não só<br />
fiscalizador, mas participativo, que ajude<br />
o restante do mercado a encontrar soluções.<br />
“O País tem que acabar com essa<br />
falta de credibilidade e crise de futuro”,<br />
afirmou o líder da autarquia ao dizer que<br />
acredita que o setor de saúde é influente<br />
para trazer mudanças internas e externas<br />
a sua atividade.<br />
Enfrentando a economia<br />
Octavio Barros, diretor e economista-chefe<br />
do Banco Bradesco, foi o<br />
responsável pelo painel sobre perspectivas<br />
econômicas e apontou que a crise<br />
que vemos hoje no Brasil não é uma<br />
jabuticaba. “Não há mais locomotivas no<br />
mundo. Estamos vendo uma estagnação<br />
secular global”, pontuou. Além da desigualdade<br />
“brutal” apontada por Barros,<br />
há a questão do envelhecimento, que não<br />
está ligada apenas à previdência, social ou<br />
complementar, mas a uma população que<br />
precisará mais de cuidado médico e pode<br />
não encontrar um mercado privado que<br />
lhe dê melhores condições de tratamento.<br />
E o cenário não anima. O FMI considera<br />
qualquer crescimento de uma economia<br />
em torno de 2,5% uma recessão.<br />
A previsão de crescimento econômico
mundial esse ano é de 2,7%. A eleição de<br />
Trump, nos EUA, deverá trazer um protecionismo<br />
que deverá conspirar contra o<br />
crescimento do país, na visão de Barros.<br />
No Brasil, o país que mais envelhecerá<br />
até 2060, também adota essa postura.<br />
“Entre os 40 países mais ricos do mundo,<br />
o Brasil é o mais protecionista. A abertura<br />
econômica é a salvação brasileira”,<br />
indicou o economista.<br />
Desde 2014, o PIB brasileiro caiu<br />
10,4 pontos percentuais. “Sendo otimistas,<br />
imaginando crescimento de 1% em<br />
2017, voltaremos ao nível de atividade<br />
apenas em 2021”, disse.<br />
Enquanto isso, as previsões do economista<br />
incluem um pico de 13% que só<br />
deverá começar a diminuir no final do<br />
próximo ano, mas não deverá, tão cedo,<br />
atingir patamares mais baixos. Como<br />
exemplo, São Paulo, em menos de dois<br />
anos, demitiu 1,5 milhão de pessoas.<br />
O colapso iminente<br />
Em meio a tudo isso, o mercado de<br />
saúde espera por esse crescimento de PIB<br />
para poder respirar. Marcos Bosi Ferraz,<br />
professor da Unifesp, disse que só o “desenvolvimento<br />
econômico e social leva<br />
à saúde. Um indivíduo mais saudável é,<br />
também, mais produtivo”, afirmou. Portanto,<br />
é um sistema que se retroalimenta<br />
e devem caminhar juntos.<br />
Isso leva a outra escolha, como país:<br />
hoje, 8% do PIB é direcionado à saúde.<br />
A pergunta feita é se esse é um montante<br />
suficiente, se não for, deve avançar sobre<br />
outras fatias da divisão da economia,<br />
como educação, por exemplo?<br />
Para Bosi, países desenvolvidos e<br />
em desenvolvimento precisam exercer<br />
e encarar esses processos de escolha,<br />
tendo como base os valores da sociedade.<br />
“Precisamos entender que o mundo tem<br />
discussões que aqui ainda nem começaram”,<br />
destacou.<br />
Questões sociais, como a eutanásia<br />
também levantam a necessidade de analisar<br />
a discussão entre liberdade individual<br />
e justiça médica. “Não há errado ou certo.<br />
Há aquilo que queremos”, refletiu.<br />
O modelo deve mudar. É necessário<br />
priorizar medidas eficientes com<br />
considerações em longo prazo. Para<br />
isso: investimentos feitos com base em<br />
estratégias de mercado, regulamentação<br />
clara, estimativa de riscos e de incertezas,<br />
“O mercado pede essa mudança. Vamos<br />
decidir o que queremos”, afirmou Bossi.<br />
O RH é parte importante na cadeia<br />
de discussão, já que os planos de saúde<br />
empresariais representam uma fatia<br />
significante dentro dessa crise: esse tipo<br />
de contratação caiu 3,2% nos últimos<br />
❙❙José Carlos Abrahão, Marcio Coriolano, Marcos Bosi e Dony De Nuccio<br />
12 meses. Paulo Sardinha, presidente da<br />
associação de recursos humanos do Rio<br />
de Janeiro, destacou que o RH muitas vezes<br />
é afastado da solução de contratação<br />
do benefício, que é passado direto para<br />
o departamento financeiro. “É preciso<br />
tirar a saúde da área financeira e levá-la<br />
à área da produtividade e competitividade”,<br />
afirmou. O RH se envolve mais na<br />
hora de rever os planos. A saída que tem<br />
sido utilizada é diminuir a qualidade do<br />
contrato, mas Sardinha não acredita nessa<br />
saída de precarização.<br />
Marcio Coriolano, da CNseg, colocou<br />
seu ponto de vista no painel, afirmando<br />
que o sistema de planos de saúde<br />
não conseguem exercer plenamente suas<br />
funções por conta do tamanho das exigência.<br />
“É impossível uma seguradora em um<br />
pequeno município conseguir suportar três<br />
transplantes em um mês. não há recursos<br />
para isso”, elucidou. E completou. “Acredito<br />
que devemos pedir mais regulação.<br />
É hora da ANS entrar em campo para<br />
pactuar novos modelos”. Abrahão, presidente<br />
da reguladora de saúde, concordou<br />
e afirmou que “a principal mensagem a ser<br />
deixada é que precisamos sair do discurso<br />
e partir para a ação. O sistema de saúde<br />
brasileiro é desejo de diversos países. É<br />
preciso melhorá-lo, unir o público e o<br />
privado”, afirmou.<br />
Já Gustavo Gusso, professor da<br />
Universidade de São Paulo, aposta<br />
no modelo que prioriza a utilização<br />
de médicos generaliza, diminuindo<br />
a procura direta da população por<br />
especialistas. “Cuidados especializados<br />
são necessários a uma parte<br />
pequena da população”, explicou.<br />
Para ele, o médico generalista deve<br />
fazer a primeira avaliação e decidir<br />
se o paciente, de fato, precisa se<br />
consultar com um médico com<br />
direcionamento específico. “A<br />
atenção primária não é restringir o<br />
acesso, mas colocar paciente junto<br />
ao médico correto”, disse.<br />
Todas essas ações e propostas<br />
têm uma preocupação em comum,<br />
verbalizada por Sérgio Santos, CEO<br />
da Amil. “Se não houver mudanças<br />
a saúde, todas as empresas vão<br />
quebrar. A saúde suplementar vai<br />
acabar”.<br />
33
tecnologia | insurance meeting<br />
Inovação, disrupção, ação<br />
Enquanto o mercado se adapta às tecnologias<br />
já utilizadas, novas surgem para trazer ainda<br />
mais mudanças. A saída é agir rápido para<br />
acompanhar as inovações<br />
O<br />
que a tecnologia pode<br />
trazer às empresas e o que<br />
é responsabilidade delas<br />
colocarem em prática? As<br />
mudanças aceleradas do cotidiano,<br />
impactadas pelas medidas disruptivas,<br />
muitas provocadas pelas start-ups de<br />
tecnologia, foi o tema do primeiro painel<br />
da edição 2016 do Insurance Service<br />
Meeting, evento promovido pela CNseg,<br />
em Campinas.<br />
O professor da Fundação Instituto<br />
de Administração (FIA), Luis Rasquilha,<br />
falou da mudança de mentalidade que<br />
hoje já faz parte da infância, mas que<br />
ainda precisa chegar com mais força aos<br />
mercados. “54% das crianças inglesas<br />
confiam mais no Google do que nos pais”,<br />
conta Rasquilha. Elas já sabem que a<br />
internet e os gadgets proporcionam um<br />
conhecimento que vai além do que pode<br />
ser guardado na cabeça. “O estranho,<br />
hoje, é quem não está conectado. Há<br />
Amanda Cruz<br />
uma mudança de geração”, disse sobre<br />
o que ele chama de fusão entre pessoas<br />
e máquinas.<br />
Para o mercado<br />
O que você tem que mais ninguém<br />
no mercado tem? A empresa precisa ser<br />
relevante. O professor afirma que os processos<br />
realmente disruptivos não acontecem<br />
dentro das empresas que já existem,<br />
porque elas se sentem confortáveis com o<br />
que já têm e deixam de pensar em novas<br />
soluções. Os novos entrantes é que mudam<br />
o jogo. “Qualquer empresa de táxi<br />
poderia ter feito o Uber. Qualquer hotel<br />
poderia ter criado o Airbnb. Por que não<br />
fizeram? Porque estavam confortáveis”,<br />
provocou.<br />
Para o palestrante, a preocupação não<br />
é o que surge na tecnologia, mas como as<br />
empresas ligam os pontos, se reinventam.<br />
Empresas estão presas a modelos<br />
tradicionais e precisam testar rapidamente<br />
novas tecnologias, antes que fiquem<br />
obsoletas. “Inovação não é tecnologia,<br />
inovação é atitude”, decretou.<br />
Para que essa atitude seja tomada<br />
é preciso maturidade. Embora essa seja<br />
uma afirmativa quase obvia repetida à<br />
exaustão em diversos mercados, o CEO<br />
da Capgemini, Paulo Marcelo, lembrou<br />
que a realidade pode ser muito diferente<br />
do discurso, de acordo com pesquisa feita<br />
pela consultoria: 60% dos executivos<br />
acreditam que o impacto digital mudará<br />
o mercado, mas apenas 30% têm planos<br />
❙❙Luis Rasquilha, professor da FIA<br />
34
para a mudança. Muitas profissões só<br />
existem hoje por causa dessas transformações.<br />
“Poucas empresas conseguirão<br />
ser completamente digitais, mas as<br />
companhias que não dependem de um<br />
produto físico, como as seguradoras, podem<br />
conseguir isso”, afirmou. Portanto,<br />
o caminho para o setor é criar produtos<br />
mais flexíveis e personalizados a seus<br />
clientes. “São as experiências cotidianas<br />
com o seguro que fazem a diferença.<br />
A capacidade de participar do que está<br />
acontecendo por meio de dispositivos e<br />
redes sociais”, reforçou Marcelo.<br />
É a nova geração, não só a Y, que chegou<br />
mudando tudo, mas a Z, que cresce<br />
com ainda mais força disruptiva. Miguel<br />
Buenos, diretor da Serasa Experian,<br />
acredita que o Brasil já está trilhando esse<br />
caminho e usa como exemplo as agências<br />
de viagens. Ele dá ainda outras ideias:<br />
a realidade aumentada, por exemplo, é<br />
uma tecnologia que poderia ser utilizada<br />
para avisos de sinistros ou avaliação de<br />
subscrição. Assim, vêm ganhando espaço<br />
as Insurtechs. Mesmo com o mercado<br />
caminhando, Buenos indagou: “estamos<br />
preparados para todas essas ferramentas,<br />
esses novos consumidores e colaboradores?<br />
Como vender um seguro para um<br />
youtuber?”.<br />
Paulo Marcelo vê ainda outra questão<br />
a ser abordada: a relação com os colaboradores<br />
de tecnologia da informação. “É<br />
preciso mudar a postura dos mercados de<br />
seguros com TI, entendendo que ela faz<br />
parte do negócio, que não deve atuar de<br />
forma isolada”, apontou. Os profissionais<br />
precisam saber como as tecnologias se<br />
aplicam às suas áreas de negócios. Por<br />
isso, Buenos tem uma sugestão: “abra<br />
a mente. Saia do dia a dia. Deixe que o<br />
ócio funcione”.<br />
Mediação<br />
E o corretor de seguros, como fica<br />
nessa onda tecnológica? Para eles, muitas<br />
vezes, essas tecnologias são grandes<br />
ameaças, monstros que crescem e se<br />
alimentam desse medo de mudanças.<br />
Essa ameaça pode se transformar em<br />
uma grande oportunidade se a ação for o<br />
ingrediente principal da atuação. Sem se<br />
reposicionar e acompanhar o mercado, o<br />
corretor não se sustentará. “Os corretores<br />
passarão por momentos duros em suas<br />
carreiras. Os produtos de prateleira serão,<br />
cada vez mais, contratados diretamente”,<br />
avisou Buenos.<br />
Até mesmo as malas de viagem<br />
podem estar com os dias contados: as<br />
impressoras 3D, assim que ficarem mais<br />
acessíveis, permitirão que as pessoas<br />
imprimam suas próprias roupas, minimizando<br />
a quantidade de bagagem que precisam<br />
para suas viagens. Loucura? Isso<br />
já está sendo produzido por Danit Peleg,<br />
estilista em uma universidade de design<br />
de Israel, já imprime essas peças e avisa<br />
que seu intuito é que, em breve, as pessoas<br />
possam desenhar e imprimir suas roupas<br />
sem sair de casa. “Você aperta um botão e<br />
o mundo é seu. Esse comentário, que já é<br />
feito há pelo menos 50 anos, é agora a realidade”,<br />
afirmou Mukul Ahuja, diretor da<br />
Deloitte. Ele salientou que a humanidade<br />
se transformou em uma “vila global, mais<br />
rápida a cada dia” e que o digital foi capaz<br />
de mudar como as pessoas são. Novidades<br />
como os carros sem motoristas impactarão<br />
o cotidiano e o mercado de seguros. Para<br />
o segundo, exigirão experiências just-in-<br />
-time, como a possibilidade de contratar<br />
um seguro episódico, como para um vôo,<br />
já de dentro do aeroporto, para não sofrer<br />
perdas caso ele atrase ou seja cancelado.<br />
A validade do contrato acabaria assim<br />
que o avião pousasse em seu destino. Ou<br />
ainda um aparelho fotográfico que pudesse<br />
ser segurado apenas minutos antes do fotógrafo<br />
sair de casa com o equipamento.<br />
Basicamente, essa flexibilização seria possível<br />
para diversos outros bens. Diferentes<br />
cenários, com diferentes combinações.<br />
Para Ahuja, é crucial o entendimento e a<br />
melhora da experiência do cliente, a sua<br />
jornada junto à companhia. No Reino<br />
Unido, os brokers já avaliam hábitos e<br />
elementos deixados pelos clientes nas<br />
redes, as pegadas digitais, para formular<br />
produtos e moldar seus alvos.<br />
Um olhar para todos os players do<br />
mercado, esses produtos on demand e<br />
just in time já existe, feito na hora, por um<br />
período menor, apontou Roberto Ciccone,<br />
sócio responsável pelo setor de seguros<br />
na Everis na região Américas, avisando:<br />
“não se pode deixar a tecnologia chegar<br />
para começar a se preparar”.<br />
Se tudo isso assusta, Andreia Eic-<br />
❙❙Mukul Ahuja, da Deloitte<br />
chorn, executiva global da IBM, deu mais<br />
alguns exemplos: ela acredita que os consumidores<br />
hoje se sentem mais à vontade<br />
em ambientes digitais, sentindo-se livres<br />
para tirar dúvidas que não teria com outra<br />
pessoa. Ela apresentou uma solução<br />
cognitiva já existente: Watson é utilizado<br />
para o atendimento ao cliente e, segundo<br />
Andreia, sabe identificar se a pessoa na<br />
outra linha está feliz, zangada, insatisfeita<br />
etc. “O Watson pode dizer qual é o seu<br />
humor, destacar pontos da conversa e<br />
possibilitar que os agentes façam melhores<br />
escolhas”, afirmou. Além disso,<br />
os sistemas cognitivos são capazes de<br />
ajudar médicos a concluírem seus diagnósticos.<br />
As máquinas estão sendo trabalhadas<br />
não apenas para operar algumas<br />
situações, mas também para aprender e<br />
melhorar o que já existe, a comunicação,<br />
compatibilidades e possibilidades das<br />
informações que recolhem. Capacidade<br />
não só de armazenar informações, mas<br />
de aglutiná-las de maneira mais efetiva.<br />
Mas os sistemas só não bastam. Há três<br />
passos muito importantes: pensar grande,<br />
começar pequeno e se expandir rápido.<br />
Os sinais estão aí. Muitos avanços<br />
foram feitos e a experiência tecnológica<br />
no mercado segurador é hoje apenas a 14ª<br />
melhor. Como mudar isso? Lembrando,<br />
como Andreia, de que por mais que as<br />
soluções cognitivas sejam eficientes elas<br />
não substituem aqueles que têm que tomar<br />
as decisões. “Eu não acredito que as<br />
máquinas se voltarão contra as pessoas”,<br />
brincou Andreia.<br />
35
tecnologia | indra<br />
O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR<br />
COMO ACELERADOR DA TRANSFORMAÇÃO<br />
DIGITAL DO SETOR DE SEGUROS<br />
O<br />
setor de seguros, que tradicionalmente<br />
demora mais<br />
que outras indústrias na<br />
adoção de novas tecnologias,<br />
entrou definitivamente em uma fase de<br />
transformação. A tecnologia, que era uma<br />
peça a mais na estratégia competitiva das<br />
empresas, tornou-se central para a estratégia<br />
do negócio e para atingir o crescimento<br />
com eficiência e criação de valor.<br />
A amplitude da transformação digital no<br />
setor compreende todas as fases da cadeia<br />
de valor, da subscrição do risco ao sinistro.<br />
A mudança no comportamento do<br />
cliente e a digitalização estão fazendo<br />
com que as seguradoras, assim como<br />
outras indústrias, mudem seus modelos<br />
operacionais e de negócio. O grande desafio<br />
das seguradoras é o de criar um novo<br />
modelo de relacionamento digital com seu<br />
cliente, migrando de uma mentalidade<br />
atual, que é meramente transacional, para<br />
uma mentalidade relacional que gere uma<br />
maior recorrência e proporciona margens<br />
maiores no longo prazo.<br />
Uma nova geração de consumidores<br />
completamente conectada e que privilegia<br />
a experiência na compra e no consumo de<br />
serviços desafia as seguradoras a explorar<br />
novas formas de ofertar seus produtos. Os<br />
canais tradicionais não deixarão de existir<br />
tão cedo, mas as novas maneiras de acessar<br />
os clientes crescem de forma rápida.<br />
Os produtos terão que ganhar transparência<br />
e ajustar-se a um novo estilo de<br />
vida dos seus consumidores. Seguros por<br />
horas, por novos gadgets tecnológicos,<br />
inseridos no contexto das experiências dos<br />
clientes e com a exigência do imediatismo<br />
que caracteriza a nova geração de consumidores<br />
não podem virar realidade sem<br />
uma estratégia tecnológica bem definida.<br />
As novas tecnologias abrem novas<br />
fronteiras em algumas áreas:<br />
• l A inteligência artificial permite<br />
a interação mediante linguagem natural<br />
através de voz ou de texto (bots) permitindo<br />
um bom nível de autosserviço para os<br />
36<br />
Juliano Fiorussi Davoli<br />
produtos de seguros mais simples;<br />
• l As tecnologias sociais permitem<br />
analisar o comportamento do consumidor<br />
por meio de monitoramento de open source<br />
(redes sociais, fóruns, etc.) para obter<br />
uma maior personalização da proposta<br />
de valor;<br />
• l A gamificação como meio para<br />
favorecer a adoção de comportamentos<br />
que reduzam a exposição ao risco ou para<br />
incentivar a produtividade dos funcionários<br />
internos;<br />
• l A realidade virtual como ferramenta<br />
para tratamentos de longo prazo<br />
ou doenças crônicas;<br />
• l As tecnologias de gestão de identidade<br />
digital do cliente, como uma forma<br />
de oferecer serviços adicionais, como a<br />
possibilidade de se tornar uma porta de<br />
identidade para dar acesso ao cliente para<br />
o mundo digital;<br />
De forma similar, a tecnologia está<br />
a serviço da eficiência na gestão dos<br />
sinistros:<br />
• l Avaliação e reparo. As novas<br />
tecnologias permitem fazer avaliações<br />
a partir de centros especializados e sem<br />
movimentação física, com o qual é feita<br />
uma economia de até 50% do custo habitual<br />
nos casos em que a avaliação é viável.<br />
A gravação na origem dos danos também<br />
permite um controle do processo de reparos,<br />
com economia de até 25%.<br />
O uso de drones para avaliar os danos<br />
causados por catástrofes naturais permite<br />
uma economia de até 30% da avaliação<br />
tradicional. Também começam a ser<br />
usados nos EUA para calcular melhor<br />
os prêmios residenciais com base em<br />
algumas variáveis como os materiais de<br />
construção utilizados, a orientação, etc.<br />
Além destes benefícios em custo, o<br />
processo é agilizado com o aumento de<br />
satisfação pelo cliente.<br />
Neste contexto, a Indra, uma das principais<br />
companhia globais de consultoria e<br />
tecnologia, está oferecendo uma solução<br />
de Vistoria Digital para ajudar as seguradoras<br />
na melhoria da experiência dos seus<br />
clientes. “É um aplicativo para dispositivos<br />
móveis (iOS ou Android) que entre outras<br />
características, faz uma chamada de vídeo<br />
entre o segurado e um Contact Center,<br />
que pode ser composto por peritos ou<br />
analistas de sinistros” explica Luciano<br />
Guidetti, gerente responsável pela solução<br />
no Brasil. A solução se aplica para seguros<br />
de propriedade, como auto, residencial,<br />
comercial, náutico, aeronáutico e outros.<br />
“A solução foi concebida para beneficiar<br />
todos os atores envolvidos nestes processos”,<br />
explica Guidetti.<br />
A experiência do segurado é o foco<br />
da solução. Seja para um autosserviço do<br />
segurado ou utilizado por um prestador<br />
a serviço da seguradora, a utilização da<br />
solução de vistoria digital pode acelerar<br />
os processos de emissão e sinistros.<br />
Para as seguradoras, a vistoria digital<br />
é uma oportunidade de estreitar o relacionamento<br />
com seus clientes, oferecendo a<br />
possibilidade de uma participação ativa<br />
dos clientes nos processos. Além disso,<br />
a gravação do vídeo em tempo real, com<br />
geolocalização, ajuda na prevenção a<br />
fraudes.<br />
“A Indra está preparada para ajudar as<br />
seguradoras nessa nova jornada tecnológica”<br />
comenta Juliano Fiorussi Davoli, responsável<br />
pela área de seguros da empresa.<br />
“Temos pessoas qualificadas e uma ampla<br />
oferta de soluções que nos posicionam de<br />
forma diferenciada no mercado”.
37
evento | cist<br />
Fotos: Valdir Lopes<br />
Transportes em pauta<br />
Especialistas nacionais<br />
e internacionais se<br />
reuniram em São<br />
Paulo para debater os<br />
desafios e as melhores<br />
práticas do setor<br />
Responsável por mais de 60% do<br />
volume de mercadorias movimentadas<br />
no Brasil, o transporte<br />
rodoviário de cargas esbarra<br />
em inúmeros gargalos. Além dos desafios<br />
já conhecidos, como o roubo de carga, a<br />
malha rodoviária insuficiente para atender<br />
às necessidades logísticas do País, o<br />
setor e sua indústria seguradora sentem<br />
os impactados das incertezas impostas<br />
pela retração da economia.<br />
Em busca de respostas para esses<br />
entraves, especialistas nacionais e internacionais<br />
se reuniram no 4º Simpósio Exposcist,<br />
organizado pelo Clube Internacional<br />
de Seguros de Transportes (CIST),<br />
38<br />
Lívia Sousa<br />
em São Paulo. “É uma grande oportunidade<br />
para a expansão do conhecimento.<br />
Levantamos tudo com muito empenho<br />
para debatermos sobre os rumos e o futuro<br />
do seguro de transporte de cargas e<br />
para disseminarmos as melhores práticas<br />
e nos tornarmos profissionais melhores”,<br />
destacou o presidente da entidade, José<br />
Geraldo da Silva, no discurso de abertura.<br />
Secretário geral da Asociacion Latinoamericana<br />
de Suscriptores Maritimos<br />
(Alsum), Leonardo Umana reforçou a<br />
parceria com o Clube, iniciada há dois<br />
anos. A aliança deve ganhar ainda mais<br />
força com a chegada de uma opção virtual<br />
de capacitação na área. “Trata-se<br />
de um curso online que funciona com<br />
sucesso em espanhol e que foi estruturado<br />
por profissionais ingleses, americanos e<br />
latino-americanos”, explicou.<br />
A ideia é que a versão em português<br />
seja adaptada às necessidades do mercado<br />
local com a colaboração do CIST, que já<br />
analisa os 42 módulos do curso e estuda<br />
como enquadrar o conteúdo, originalmente<br />
em espanhol, à legislação e ao<br />
clausulado brasileiro. Silva assegurou que<br />
a novidade vai agregar valor para as seguradoras<br />
de transporte de carga nacional,<br />
mas disse ainda não ser possível apontar<br />
quando o material online será disponibilizado<br />
aos profissionais brasileiros.<br />
“É preciso analisar números, a relação<br />
custo-benefício. Ajustar o conteúdo às<br />
leis locais é um processo demorado e<br />
custoso. Dependendo do investimento<br />
necessário, podemos desenvolver e estruturar<br />
o curso aqui e colocar a bandeira da<br />
Alsum”, afirmou.<br />
Também marcaram presença no<br />
evento o presidente da Associação Paulista<br />
dos Técnicos de Seguro, Osmar<br />
Bertacini; e o presidente da Asociación<br />
Internacional de Investigadores del Roubo<br />
de Autos (IAATI LatinoAmérica),<br />
Daniel Beck.<br />
Acidentes rodoviários de<br />
cargas<br />
Quase todos os acidentes rodoviários<br />
envolvem um motorista profissional.<br />
Entre as causas estão as condições da<br />
estrada, do trânsito e do meio ambiente,<br />
mas principalmente a falha do próprio<br />
motorista, incluindo a imprudência, a<br />
velocidade incompatível com a via e a
❙❙José Geraldo da Silva, do Cist<br />
fadiga ao volante. Segundo os médicos<br />
de tráfego, aproximadamente 90% dos<br />
acidentes deriva do fator humano.<br />
Esses acontecimentos impressionam<br />
não só em sua forma física, mas também<br />
quando são apresentados em estatísticas.<br />
Dados divulgados pelo Departamento de<br />
Informática do Sistema Único de Saúde<br />
(Datasus) em 2014 mostravam que o número<br />
de acidentados graves no trânsito<br />
ultrapassava os 200 mil anualmente.<br />
Apenas em rodovias federais, os gastos<br />
associados às vítimas chegavam a R$<br />
8 bilhões. Outros R$ 5 bilhões eram<br />
destinados aos veículos, considerando a<br />
perda de carga.<br />
“O consumo de energia do motorista<br />
influencia nas causas dos acidentes. O ato<br />
de segurar o volante por muitas horas<br />
pode levar ao cansaço e à fadiga. Já as<br />
dores no pescoço e nas costas decorrem<br />
da musculatura contraída por tempo<br />
prolongado”, explicou Henrique Naoki<br />
Shimabukuro, médico especialista em<br />
medicina de tráfego e ex-diretor da Associação<br />
Brasileira de Medicina de Tráfego<br />
(Abramet). A jornada de trabalho também<br />
é determinante. “A grande maioria dos<br />
motoristas trabalha de 10 a 16 horas por<br />
dia”, acrescentou.<br />
Contudo, os profissionais cometem<br />
outros equívocos. Os erros alimentares,<br />
por exemplo, estão presentes na rotina<br />
de 98% desses motoristas, seguidos do<br />
sedentarismo (96%). Os dois hábitos levam<br />
ao mal súbito, ao infarto e à apneia<br />
do sono, que provoca sonolência diurna<br />
excessiva, falta de atenção, dificuldade<br />
de concentração e alterações de humor.<br />
Somente no ano passado, a Polícia Rodoviária<br />
Federal (PRF) registrou 4.056<br />
acidentes de trânsito nas estradas brasileiras,<br />
dos quais a suposta causa foi dormir<br />
ao volante. Destes, 328 tiveram vítimas<br />
fatais e 835 resultaram em feridos graves.<br />
Na lista de hábitos equivocados estão<br />
ainda o álcool (58%), as drogas (16%), o<br />
tabagismo (38%) e o uso do rebite (32%),<br />
droga sintética que atua no sistema nervoso<br />
central e estimula o motorista a<br />
acelerar seu ritmo de trabalho.<br />
Salvar vidas dá lucro<br />
“Não fizemos nada que o mercado<br />
não conheça, só aplicamos disciplina”.<br />
Este é o “segredo” de Ramon Alcaraz,<br />
fundador e presidente da Fadel Transportes<br />
e Logística. Concentrada na região<br />
Sudeste, a empresa realiza mais de 1500<br />
entregas por dia e era surpreendida pelo<br />
tombamento de um caminhão a cada<br />
mês. Em um sistema que considerava a<br />
experiência profissional do motorista e<br />
supostamente controlava a velocidade<br />
do veículo, encontrar o erro era o desafio.<br />
As mudanças ocorreram em 2014,<br />
quando o controle dos veículos passou<br />
a considerar três variáveis: frenagem<br />
brusca, excesso de velocidade e a chamada<br />
força G (que identifica se o condutor<br />
realizou uma força maior com a tendência<br />
de tombamento do caminhão). Rotas<br />
mapeadas com paradas programadas em<br />
locais cadastrados, controle de jornada<br />
online, veículos equipados com airbag<br />
e sistema de travamento do motorista<br />
reserva em caso de cabine leito também<br />
foram adotados.<br />
“Investimos R$ 300 mil por ano.<br />
Para uma empresa média como a nossa,<br />
que conta com três mil funcionários, é<br />
um custo baixo perto dos ganhos que<br />
tivemos”, declarou Alcaraz, lembrando<br />
que o uso da tecnologia sem uma boa<br />
gestão não é capaz de solucionar os problemas<br />
de qualquer empresa. “Mudanças<br />
organizacionais são importantes não só<br />
no discurso”.<br />
Medidas simples foram grandes<br />
aliadas. Após constatar que os motoristas<br />
envolvidos em acidentes tinham características<br />
semelhantes, a companhia passou<br />
❙❙Ramon Alcaraz, da Fadel<br />
a reuni-los para chegar ao perfil de profissional<br />
ideal. Hoje, contrata condutores<br />
que mais se aproximam deste grupo. Tão<br />
importante quanto foi o investimento em<br />
um rotograma para definir a velocidade<br />
permitida por trechos da rodovia. A<br />
cada excesso cometido em uma das três<br />
variáveis, o condutor recebe pontos em<br />
seu prontuário eletrônico. Alguns deles<br />
são admissíveis e exigem que o motorista<br />
passe por um sistema de reciclagem de<br />
treinamento, mas em caso de excessos<br />
graves o sistema gera “bolas pretas”.<br />
Apenas uma bola preta é necessária<br />
para justa causa. “Este nunca é o ponto<br />
em que queremos chegar. Se enquanto o<br />
profissional passar seu crachá o sistema<br />
identificar que ele é um motorista ‘bola<br />
preta’, ele nem consegue ligar o caminhão”,<br />
explicou.<br />
Os ganhos são claros. Enquanto em<br />
setembro de 2015 a companhia registrou<br />
100 mil picos de velocidade, menos de<br />
um ano depois o número caiu para 328.<br />
As ocorrências envolvendo acidentes<br />
de trabalho, com ou sem afastamento<br />
do motorista, também reduziram: de 15<br />
ocorrências em 2015 para uma expectativa<br />
de 11 até o final deste ano. Hoje, a Fadel<br />
sente o aumento de produtividade após o<br />
controle efetivo de velocidade e tempo de<br />
parada do motorista e tem menos de um<br />
tombamento de caminhão por semestre.<br />
“Um investimento de R$ 300 mil nos deu<br />
um ganho, só de acidentes de tombamento<br />
e conserto de caminhão, de R$ 1,7 milhão<br />
por ano”, finalizou Alcaraz.<br />
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eventos<br />
Mercado se despede de 2016<br />
Entidades e empresas comemoram o final de 2016 com a certeza<br />
de que o próximo ano será melhor<br />
Aconseg-SP comemora 13 anos<br />
A Associação das Consultorias<br />
de Seguros de São<br />
Paulo celebrou os 13 anos da<br />
entidade com a presença de<br />
seguradores, associados e<br />
representantes do setor.<br />
Durante o encontro, o<br />
presidente da entidade, Marcos<br />
Colantonio, destacou as<br />
principais conquistas em<br />
2016, como a formulação do<br />
Relatório sobre as assessorias<br />
de seguro de São Paulo. Na<br />
foto, estão os representantes<br />
das Assessorias associadas à<br />
Aconseg-SP.<br />
Troféu<br />
Alvorada<br />
O Sindicato dos Corretores de<br />
Seguros do Distrito Federal mais<br />
uma vez organizou a confraternização<br />
de seus associados, com<br />
a participação de mais de 500<br />
pessoas. Na ocasião aconteceu<br />
a entrega do Troféu Alvorada,<br />
que contemplou seguradores e<br />
corretoras de seguros escolhidos<br />
em pesquisa realizada pelo<br />
Sincor. Também aconteceram as<br />
homenagens especiais, como a<br />
recebida pela editora da <strong>Revista</strong><br />
<strong>Apólice</strong>, Kelly Lubiato, em nome<br />
de sua equipe, das mãos de Dorival<br />
Alves de Sousa.<br />
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CVG-SP encerra<br />
atividades com eleição<br />
de novo presidente<br />
A festa do Clube Vida em Grupo de São Paulo foi diferente, no<br />
Burlesque Paris 6, com direito a show e música vibrantes. Ela marcou<br />
a despedida pública de Dilmo Bantim Moreira, atual presidente da<br />
entidade que, junto à sua diretoria, comemorou as conquistas no<br />
35 0 aniversário do CVG-SP.<br />
Resseguradora festeja<br />
primeiro ano oficial no<br />
Brasil<br />
A RGA marcou com uma festa em casa de shows<br />
em São Paulo seu primeiro ano de atuação no Brasil.<br />
Estiveram presentes alguns clientes e amigos num<br />
ambiente informal, embalados por rocks clássicos da<br />
banda Lady & The Tramps. Na foto, Ronald Poon Affat,<br />
presidente da companhia, posa junto à banda.<br />
Festa dos 80 anos da Gebram Corretora<br />
A Gebram Corretora de Seguros<br />
comemorou 80 anos de atuação<br />
no dia 1º de dezembro. A empresa<br />
foi fundada em 1936 por Salim<br />
M. Gebram, pioneiro no ramo da<br />
corretagem de seguros, em Jundiaí<br />
e região. A corretora, que nasceu<br />
comercializando produtos de seguro<br />
de acidentes do trabalho, logo<br />
conquistou posição de destaque que<br />
mantém até hoje.<br />
Quis o destino que, em 1964,<br />
com apenas 47 anos de idade, num<br />
enfarte fulminante, Gebram viesse a<br />
falecer. A esposa, Sebastiana Gebram, assumiu a empresa e a<br />
educação dos três filhos adolescentes. Hoje, aos 96 anos, ela<br />
participou da festa e ainda atua esporadicamente na corretora,<br />
a qual teve a paciência e competência de administrar, até<br />
que seus filhos pudessem dar continuidade nos negócios. É<br />
possível que ela seja a corretora mulher mais antiga do Brasil.<br />
O restante da história já é mais conhecido por todos: os filhos<br />
continuaram “tocando” a corretora com os mesmos valores,<br />
dedicação e competência, consolidando resultados e sucesso,<br />
recebendo reforços de colaboradores do mercado, e já,<br />
contando com a 3ª geração atuando na administração da<br />
corretora há mais de 12 anos.<br />
A Gebram possui uma equipe de 180 colaboradores,<br />
mais de 48 mil clientes e 8 filiais: 2 em bairros de Jundiaí, e<br />
demais nas cidades da região: Itatiba, Campo Limpo Paulista,<br />
Cajamar, Várzea Paulista, Itupeva e Morungaba.<br />
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comunicação e expressão<br />
por J. B. Oliveira*<br />
A vírgula... ah! a vírgula!<br />
A vírgula, como de resto toda a pontuação, centra-se<br />
nos domínios da estilística, ou seja, depende do modo de<br />
redação de cada pessoa. Há quem goste de usar muitas<br />
vezes a vírgula em seus textos e há quem a use o mínimo<br />
possível: é o estilo. Entretanto, há um limite gramatical<br />
para esse uso. E é sobre o que a gramática exige que<br />
trataremos aqui. A vírgula é um “meio-ponto”, isto é,<br />
indica uma pausa de curta duração, que não marca o fim<br />
do enunciado, como o faz o ponto final. É empregada tanto<br />
para separar os termos de uma oração (vírgula no interior<br />
da oração), como para separar as orações de um período<br />
(vírgula entre orações).<br />
Para falar do primeiro caso, importa lembrar que<br />
temos, em português, duas formas de construção da<br />
frase: a ordem direta e a ordem indireta. Na ordem<br />
direta — ou lógica — os termos obedecerão à seguinte<br />
sequência: sujeito + verbo + complemento do verbo +<br />
adjuntos. Exemplo:<br />
sujeito verbo complemento (objeto direto) adj. adverbial<br />
Os peritos analisaram os documentos do processo com rigor.<br />
Ao ocorrer qualquer alteração na sequência lógica<br />
dos termos, teremos a ordem indireta, que exigirá – obrigatoriamente<br />
– o uso da vírgula:<br />
Com rigor, os peritos analisaram os documentos do<br />
processo.<br />
Quando a oração se dispõe em ordem direta, não se<br />
separam por vírgulas seus termos imediatos. Assim,<br />
não se usa vírgula entre o sujeito e o predicado, entre<br />
o verbo e seu complemento, e entre o nome e seu complemento<br />
ou adjunto.<br />
O segundo caso, da vírgula separando orações é de<br />
mais fácil compreensão. Exemplos:<br />
• l O homem que lê, vale mais.<br />
• l Quando o candidato chegou, todos saíram da sala.<br />
• l Jonas dormia, quando começou a tempestade.<br />
• l Os alunos prometeram, porém não trouxeram a<br />
redação.<br />
• l Penso, logo existo.<br />
Outro ponto controverso sobre a vírgula é seu uso<br />
antes de etc. Há correntes favoráveis e contrárias à sua<br />
colocação. Pessoalmente entendo que não cabe seu uso.<br />
Isso porque etc. é abreviação da expressão latina et cetera<br />
(ou et coetera), que significa “e o resto”. Logo, se está presente<br />
a conjunção e, não vejo necessidade de aplicação da<br />
vírgula. Fora de discussão, porém, é que não cabe o uso<br />
de e antes de etc. (...e etc.). Há que se considerar que etc.<br />
é uma abreviatura. Por isso requer um ponto. Se estiver<br />
encerrando a frase, o próprio ponto que indica abreviatura<br />
servirá de ponto final, não sendo necessário outro.<br />
Ainda sobre vírgula, é um primor o que a ABL – Academia<br />
Brasileira de Letras publicou a seu respeito ocasião<br />
de seu centésimo aniversário. Mais ou menos assim:<br />
A vírgula pode ser uma pausa... ou não.<br />
Não, espere.<br />
Não espere.<br />
Pode sumir com o dinheiro.<br />
23, 4.<br />
2,34.<br />
Pode criar heróis.<br />
Isso só, ele resolve.<br />
Isso, só ele resolve.<br />
Pode ser solução.<br />
Vamos perder, nada foi resolvido.<br />
Vamos perder nada, foi resolvido.<br />
Pode mudar a opinião.<br />
Não queremos saber.<br />
Não, queremos saber.<br />
Pode condenar ou salvar.<br />
Não tenha clemência.<br />
Não, tenha clemência.<br />
Pode, ainda, tornar a frase abaixo favorável à<br />
mulher ou ao homem:<br />
Se o homem soubesse o valor que tem a mulher,<br />
andaria de quatro à sua procura.<br />
Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher<br />
andaria de quatro à sua procura.<br />
* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />
É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />
www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />
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