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Revista Apólice #216

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❙❙Fernando Paes, da Liberty<br />

ty – LIU – explica que essas ocorrências<br />

acabam acontecendo não por falta de cuidado,<br />

mas porque há um longo caminho<br />

entre os testes feitos por quem idealiza<br />

o produto até maneira como ele será<br />

usado pelos clientes. O desenvolvimento<br />

de um produto é feito em laboratório,<br />

em ambiente controlado, dentro do qual<br />

é realizada uma série de testes, expondo<br />

seu produto a um grupo de pessoas<br />

previamente selecionadas. São consumidores<br />

de diferentes costumes, classes<br />

sociais, nível de escolaridade etc. Ou seja,<br />

a maior diversidade possível. “A partir do<br />

momento que esse produto é colocado à<br />

venda no mercado, a companhia perde<br />

esse controle e o produto passa a estar<br />

sujeito a ainda mais diferentes condições<br />

de uso, de percepção, de exposição, de<br />

cuidados e de manutenção. Esse ambiente<br />

controlado é um dos fatores que leva à<br />

perda segurada pelo produto de recall”,<br />

ensina o executivo.<br />

O tangível e o intangível se misturam<br />

quando o assunto é Responsabilidade<br />

Civil Produtos e/ou recall. A operação<br />

pode ser assegurada de duas maneiras:<br />

dentro da apólice de Responsabilidade<br />

Civil ou em uma apólice do tipo stand<br />

alone. Essa segunda, mais elaborada,<br />

requer um pouco mais de atenção na hora<br />

de fechar os pormenores das coberturas.<br />

Já a mais simples é uma velha conhecida<br />

dos corretores, especialmente aqueles que<br />

fecham mais seguros de RC, e geralmente<br />

tomam de 10% a 20% da cobertura básica.<br />

É o que explica Marcio Guerrero,<br />

presidente da Comissão de Responsabilidade<br />

Civil da Fenseg. “Dentro desse<br />

produto existem coberturas que protegem<br />

a reputação. Não há uma indenização<br />

fixa desse custo, porque é difícil colocar<br />

um preço nele, mas existem cláusulas de<br />

perdas financeiras, lucros cessantes etc.<br />

Já nas apólices específicas de recall, isso<br />

pode ser mais bem desenhado”, afirma.<br />

A cobertura acessória, sublimite, é bem<br />

mais restrita.<br />

O seguro de recall cobre os custos<br />

para a retirada do produto, custo do produto<br />

e os danos causados. “No Brasil, é<br />

um seguro recente e com baixa adesão<br />

por parte das empresas, apesar de disponível<br />

para os mais diversos ramos.<br />

Mesmo quando é procurado, a decisão<br />

de compra enfrenta uma barreira grande”,<br />

afirma Anderson Romani, diretor<br />

administrativo de especialidades da JLT<br />

Brasil Seguros. O executivo afirma que<br />

acredita no crescimento da carteira, especialmente<br />

pela repercussão dos casos<br />

que vêm acontecendo ao redor do mundo<br />

e sendo divulgados. Além disso, a probabilidade<br />

é de que com o tempo o seguro<br />

fique mais completo.<br />

Há seguro para todo mundo, mas a<br />

tendência é tão forte que há seguradoras<br />

que já fazem a especialização do nicho,<br />

como é o caso da AIG, que disponibiliza<br />

ao mercado brasileiro o seguro Produtos<br />

Contaminados desde 2009, com grandes<br />

empresas nacionais e internacionais do<br />

segmento como clientes. “O seguro ampara<br />

custos de comunicação em âmbito<br />

mundial e conta com a ajuda de consultores<br />

especializados para isso. A perda<br />

de receita do segurado, que pode ser um<br />

dos maiores prejuízos após um evento de<br />

recolhimento, também pode ser amparada<br />

pela apólice”, afirma Camila Santos,<br />

gerente de Seguros de Responsabilidade<br />

Civil da companhia.<br />

O caso do macarrão na Índia ainda<br />

não foi suficiente para impactar o ramo<br />

alimentício brasileiro que, mesmo observando<br />

estes problemas, tem poucas<br />

empresas contratantes no País. “Hoje,<br />

temos também o recall para o setor automotivo,<br />

mas nem esse produto é muito<br />

comprado”, lamenta Romani.<br />

A preocupação se estende por toda a<br />

cadeia. É verdade que há a possibilidade<br />

de contratação de coberturas que cubram<br />

terceiros, especialmente se a indústria<br />

faz seu produto final para que outros<br />

o utilizem como parte de sua linha de<br />

produção. “Sendo assim, a empresa pode<br />

contratar o seguro para o produto que ela<br />

está fabricando e vendendo com uma cobertura<br />

de RC para terceiros, abrangendo<br />

eventuais perdas que possam ser causadas<br />

pelo seu produto utilizado”, explica Paes.<br />

Isso reforça a segurança, mas cada integrante<br />

da cadeia produtiva deve ter sua<br />

própria apólice, porque os riscos de cada<br />

atividade são específicos.<br />

Antes que seja tarde<br />

Bom gerenciamento de riscos e plano<br />

de contingência eficiente. Essas são as<br />

duas respostas para que uma empresa<br />

seja bem aceita no seguro de recall, seja<br />

dentro do RC ou em uma apólice específica.<br />

A contratação, portanto, está muito<br />

mais ligada ao preparo e à percepção<br />

de necessidade das empresas do que ao<br />

seu segmento de atuação ou tamanho<br />

da empresa. Pois, ao contrário do que<br />

muitos imaginam, esse produto não é<br />

direcionado para empresas de grande<br />

porte, embora elas sejam, atualmente, a<br />

maioria entre os segurados. “A maior procura<br />

é por empresas de grande porte, com<br />

alto controle de qualidade e certificações<br />

internacionais. Porém, já observamos<br />

que os pequenos e médios empresários<br />

também se preocupam com a garantia de<br />

um seguro para a continuidade de seus<br />

negócios”, afirma Camila.<br />

“A empresa, para ser atendida, não<br />

❙❙Marcio Guerrero, da Fenseg<br />

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