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❙❙Fernando Paes, da Liberty<br />
ty – LIU – explica que essas ocorrências<br />
acabam acontecendo não por falta de cuidado,<br />
mas porque há um longo caminho<br />
entre os testes feitos por quem idealiza<br />
o produto até maneira como ele será<br />
usado pelos clientes. O desenvolvimento<br />
de um produto é feito em laboratório,<br />
em ambiente controlado, dentro do qual<br />
é realizada uma série de testes, expondo<br />
seu produto a um grupo de pessoas<br />
previamente selecionadas. São consumidores<br />
de diferentes costumes, classes<br />
sociais, nível de escolaridade etc. Ou seja,<br />
a maior diversidade possível. “A partir do<br />
momento que esse produto é colocado à<br />
venda no mercado, a companhia perde<br />
esse controle e o produto passa a estar<br />
sujeito a ainda mais diferentes condições<br />
de uso, de percepção, de exposição, de<br />
cuidados e de manutenção. Esse ambiente<br />
controlado é um dos fatores que leva à<br />
perda segurada pelo produto de recall”,<br />
ensina o executivo.<br />
O tangível e o intangível se misturam<br />
quando o assunto é Responsabilidade<br />
Civil Produtos e/ou recall. A operação<br />
pode ser assegurada de duas maneiras:<br />
dentro da apólice de Responsabilidade<br />
Civil ou em uma apólice do tipo stand<br />
alone. Essa segunda, mais elaborada,<br />
requer um pouco mais de atenção na hora<br />
de fechar os pormenores das coberturas.<br />
Já a mais simples é uma velha conhecida<br />
dos corretores, especialmente aqueles que<br />
fecham mais seguros de RC, e geralmente<br />
tomam de 10% a 20% da cobertura básica.<br />
É o que explica Marcio Guerrero,<br />
presidente da Comissão de Responsabilidade<br />
Civil da Fenseg. “Dentro desse<br />
produto existem coberturas que protegem<br />
a reputação. Não há uma indenização<br />
fixa desse custo, porque é difícil colocar<br />
um preço nele, mas existem cláusulas de<br />
perdas financeiras, lucros cessantes etc.<br />
Já nas apólices específicas de recall, isso<br />
pode ser mais bem desenhado”, afirma.<br />
A cobertura acessória, sublimite, é bem<br />
mais restrita.<br />
O seguro de recall cobre os custos<br />
para a retirada do produto, custo do produto<br />
e os danos causados. “No Brasil, é<br />
um seguro recente e com baixa adesão<br />
por parte das empresas, apesar de disponível<br />
para os mais diversos ramos.<br />
Mesmo quando é procurado, a decisão<br />
de compra enfrenta uma barreira grande”,<br />
afirma Anderson Romani, diretor<br />
administrativo de especialidades da JLT<br />
Brasil Seguros. O executivo afirma que<br />
acredita no crescimento da carteira, especialmente<br />
pela repercussão dos casos<br />
que vêm acontecendo ao redor do mundo<br />
e sendo divulgados. Além disso, a probabilidade<br />
é de que com o tempo o seguro<br />
fique mais completo.<br />
Há seguro para todo mundo, mas a<br />
tendência é tão forte que há seguradoras<br />
que já fazem a especialização do nicho,<br />
como é o caso da AIG, que disponibiliza<br />
ao mercado brasileiro o seguro Produtos<br />
Contaminados desde 2009, com grandes<br />
empresas nacionais e internacionais do<br />
segmento como clientes. “O seguro ampara<br />
custos de comunicação em âmbito<br />
mundial e conta com a ajuda de consultores<br />
especializados para isso. A perda<br />
de receita do segurado, que pode ser um<br />
dos maiores prejuízos após um evento de<br />
recolhimento, também pode ser amparada<br />
pela apólice”, afirma Camila Santos,<br />
gerente de Seguros de Responsabilidade<br />
Civil da companhia.<br />
O caso do macarrão na Índia ainda<br />
não foi suficiente para impactar o ramo<br />
alimentício brasileiro que, mesmo observando<br />
estes problemas, tem poucas<br />
empresas contratantes no País. “Hoje,<br />
temos também o recall para o setor automotivo,<br />
mas nem esse produto é muito<br />
comprado”, lamenta Romani.<br />
A preocupação se estende por toda a<br />
cadeia. É verdade que há a possibilidade<br />
de contratação de coberturas que cubram<br />
terceiros, especialmente se a indústria<br />
faz seu produto final para que outros<br />
o utilizem como parte de sua linha de<br />
produção. “Sendo assim, a empresa pode<br />
contratar o seguro para o produto que ela<br />
está fabricando e vendendo com uma cobertura<br />
de RC para terceiros, abrangendo<br />
eventuais perdas que possam ser causadas<br />
pelo seu produto utilizado”, explica Paes.<br />
Isso reforça a segurança, mas cada integrante<br />
da cadeia produtiva deve ter sua<br />
própria apólice, porque os riscos de cada<br />
atividade são específicos.<br />
Antes que seja tarde<br />
Bom gerenciamento de riscos e plano<br />
de contingência eficiente. Essas são as<br />
duas respostas para que uma empresa<br />
seja bem aceita no seguro de recall, seja<br />
dentro do RC ou em uma apólice específica.<br />
A contratação, portanto, está muito<br />
mais ligada ao preparo e à percepção<br />
de necessidade das empresas do que ao<br />
seu segmento de atuação ou tamanho<br />
da empresa. Pois, ao contrário do que<br />
muitos imaginam, esse produto não é<br />
direcionado para empresas de grande<br />
porte, embora elas sejam, atualmente, a<br />
maioria entre os segurados. “A maior procura<br />
é por empresas de grande porte, com<br />
alto controle de qualidade e certificações<br />
internacionais. Porém, já observamos<br />
que os pequenos e médios empresários<br />
também se preocupam com a garantia de<br />
um seguro para a continuidade de seus<br />
negócios”, afirma Camila.<br />
“A empresa, para ser atendida, não<br />
❙❙Marcio Guerrero, da Fenseg<br />
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