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Revista Curinga Edição 18

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Tecnologia, aliada<br />

dos amantes<br />

Identidade<br />

A utilização de cartas em<br />

um relacionamento já foi<br />

um hábito comum. Décadas<br />

atrás, a saída era escrever várias<br />

folhas de um sentimento<br />

enclausurado. Se era comum esperar vários dias pela resposta<br />

do endereçado, nesta segunda década do século 21, parece uma<br />

eternidade se levarmos em conta a quantidade de recursos para<br />

a comunicação e suas velocidades. Passar horas escrevendo em<br />

uma folha de papel ainda é uma atividade existente entre remetentes<br />

e destinatários. Porém, em 2014, as agências dos Correios<br />

registraram 2,4 bilhões de cartas enviadas por brasileiros. Um<br />

número bem menor do que em 2001, quando o índice apontou<br />

6,1 bilhões de cartas encaminhadas pelo território nacional. A<br />

queda foi de 60% do valor inicial.<br />

Uma pesquisa de 2013 da Universidade Northwestern, dos<br />

Estados Unidos, aponta que três cartas são suficientes para deixar<br />

o relacionamento mais feliz. O estudo contou com 120 casais<br />

que se relacionavam há mais de 11 anos. A cada quatro meses,<br />

a pessoa mandava uma carta para sua<br />

alma gêmea e, segundo os resultados, os<br />

casais se sentiam mais felizes. Apesar da<br />

constatação, metade deles não manteve<br />

o hábito no ano seguinte.<br />

A funcionária pública de Florianópolis<br />

Sônia Mognon, 48, relacionou-se por<br />

quatro anos com um homem. O casal<br />

se conheceu em 1985. O último ano do<br />

namoro foi marcado por cartas porque<br />

Sônia mudou de Lagoa Vermelha, Rio<br />

Grande do Sul, para a capital catarinense.<br />

“Não existiam os meios de comunicação<br />

de hoje. Se a data de envio da carta fosse<br />

o dia primeiro de qualquer mês, chegaria<br />

ao remetente no término do mesmo mês.<br />

Levaria de 20 a 30 dias para chegar”, diz.<br />

Para a entrevistada, o envio de cartas<br />

em tempos atuais demonstra o afeto de<br />

uma forma diferenciada. “As cartas ainda<br />

Rapidez, agilidade e escolhas.<br />

Tudo isso em suas mãos. Antes,<br />

eram outras tecnologias. Hoje,<br />

conhecer pessoas é possível pela<br />

internet, aplicativos e redes sociais.<br />

Conteúdo ficcional meramente ilustrativo<br />

são um meio de comunicação,<br />

mas, hoje em dia, de modo<br />

sentimental. Você consegue<br />

passar seus sentimentos para<br />

outra pessoa por ali. Claro que<br />

abdicar desse modelo é compreensível por conta dos recursos<br />

que temos hoje: celular, e-mail, aplicativos, por exemplo.”<br />

A educadora aposentada Marly Moysés Silva Araujo tem antepassados<br />

libaneses que viveram em terras marianenses e estabeleceram<br />

laços familiares dentro da Região dos Inconfidentes.<br />

Ela afirma que, desde a chegada de seus ancestrais ao Brasil, os<br />

relacionamentos amorosos dos imigrantes aconteciam por proximidade<br />

étnica. Os patrícios, nome dado aos compatriotas do<br />

Líbano, eram preferência entre os próprios imigrantes.<br />

“Entre os meus avós, três pessoas eram libanesas e, com<br />

isso, os hábitos e os relacionamentos sociais eram diferentes do<br />

Brasil. A proximidade dos patrícios era algo muito bom, afinal,<br />

eles cultivavam os costumes. Como estavam longe da terra natal,<br />

era é uma espécie de união, mesmo com a distância.”<br />

Segundo ela, os motivos que levavam<br />

aos casamentos por conveniência geográfica<br />

e étnica iam muito além do interesse<br />

financeiro. “Segurança, confiança e afetividade<br />

muito grande. A conduta na educação<br />

dos filhos era extremamente preservada.<br />

Por isso, também havia prioridades em casamentos<br />

entre libaneses. Então, na minha<br />

família, parentes mais distantes, mais velhos,<br />

tiveram seus casamentos realizados<br />

entre libaneses”, afirma.<br />

Sobre a cultura na cidade de Mariana, a<br />

entrevistada relata que “tinha tios libaneses<br />

no Rio de Janeiro, outra parte da família<br />

morava em Belo Horizonte e havia libaneses<br />

aqui em Mariana. Na região marianense,<br />

havia libaneses donos de fazenda e eles<br />

tinham uma cultura muito preservada”.<br />

Marly encerra relatando a preservação<br />

dos costumes como hábito dos libanenses.<br />

CURINGA | EDIÇÃO 17 <strong>18</strong><br />

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