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Revista Curinga Edição 22

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Com muito estudo e sorte,<br />

Bruno investe todos os dias na<br />

bolsa de valores.<br />

acordo com os acontecimentos aleatórios que ocorrem<br />

nas nossas vidas: “para mim, a sorte e o azar<br />

andam juntos e estão ligadas ao mundo material. A<br />

fé é a crença em algo muito maior que uma invenção<br />

humana”. Hoje, Jonathas está curado.<br />

Estudando a sorte<br />

Na sabedoria popular, quem ganha muito dinheiro<br />

de forma inesperada pode se considerar<br />

sortudo. Segundo o Doutor em Estatística pela<br />

Universidade de Harvard, Ivair Silva, a sorte para<br />

a ciência, até certo ponto, é uma questão matemática.<br />

Eventos como o sorteio da Mega-sena, que<br />

mobilizam a sorte, podem ser tão prováveis de ganho<br />

quanto quaisquer outros eventos sob condições<br />

aleatórias. A probabilidade daquele número<br />

ganhador ser sorteado é igual a probabilidade de<br />

qualquer outra sequência.<br />

No site “Dicas MegaSena”, o matemático<br />

Munir Niss relata que ganhou prêmios de loteria<br />

50 vezes, além da Mega-Sena. Niss conta que<br />

notou a existência de alguns padrões de resultado<br />

e sequências que costumavam sair mais nos<br />

sorteios. Com isso, começou a criar materiais<br />

ensinando como fazer um jogo da na Mega-Sena,<br />

tornando maiores as possibilidades de ganhar.<br />

Ele afirma, por isso, que se tivesse ganho apenas<br />

uma vez, seria sorte, mas foram 50. O estatístico<br />

Ivair confirma o raciocínio de que existem<br />

modelos de probabilidade, como as suposições de<br />

aleatoriedade e independência. “Elas podem ser<br />

úteis para mensurar se determinadas ocorrências<br />

são tão esperadas quanto outras possíveis<br />

realizações do mesmo fenômeno aleatório, ou se<br />

são atípicas”, complementa.<br />

Como o matemático Munir, o estudante de Direito<br />

Bruno Alvarenga, aos 19 anos, conseguiu obter<br />

lucros, investindo na Bolsa de Valores através do<br />

estudo. Ele conta que o aprendizado das estatísticas<br />

é fundamental para lucrar ou não levar prejuízo<br />

em um investimento, a fim de depender menos da<br />

sorte. Bruno conta que o estudo é uma segurança<br />

para operar no mercado sem crer em apostas,<br />

sem depender do acaso, servindo para maximizar<br />

o que ela pode te trazer e minimizar as<br />

perdas. Apenas quando se lucra além do esperado<br />

é sorte. ”Existem variáveis que são<br />

imprevisíveis, como se o executivo da empresa que<br />

você investiu morrer, e logo depois a empresa falir,<br />

você perde todo seu dinheiro”, completa. Para ele, a<br />

sorte é a interação entre nós e o acaso.<br />

Bruno, porém, considera-se sortudo por outras<br />

razões. Após sofrer um acidente de carro, no<br />

qual todos os passageiros se salvaram, sentiu-se<br />

grato por isso. “A falta de sorte que tira a saúde<br />

de alguém é uma falta bem pior do que de alguém<br />

que perdeu dinheiro”, afirma o investidor.<br />

Para ele, a sorte se tornou algo imensurável e,<br />

logo depois, começou a dar mais valor a coisas incalculáveis<br />

do que ao patrimônio.<br />

O estatístico Ivair explica que mesmo nas ocasiões<br />

atípicas como um acidente de carro, que fogem<br />

das explicações matemáticas, não se pode afirmar<br />

nada sobre a existência ou essência da sorte.<br />

“O oculto, o indisponível para avaliação, medição<br />

e replicação, está, por hipótese, ausente nos cálculos<br />

estatísticos”, conclui. A sorte, portanto, não<br />

é uma questão de probabilidade - mas há quem<br />

diga que ela tem suas razões.<br />

CURINGA | EDIÇÃO <strong>22</strong><br />

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