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edição de 5 de março de 2018

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eyond the line<br />

Um minuto <strong>de</strong><br />

atenção, por favor!<br />

Os seres humanos são agora formados <strong>de</strong><br />

cabeça, tronco, membros e smartphone<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

Um dos “bens” mais preciosos do ecossistema<br />

<strong>de</strong> marketing e comunicação é<br />

a atenção. Como conquistar – ainda que por<br />

poucos segundos – a atenção <strong>de</strong> pessoas cada<br />

vez mais assediadas, seletivas e críticas<br />

com relação a seu tempo e ao conteúdo a<br />

ser absorvido?<br />

ção atrelada àquele assunto ou produto. O ser<br />

humano é cada vez mais inconstante e infiel.<br />

Às vezes, estamos cheios <strong>de</strong> amor pra dar,<br />

em outras vezes não queremos nem uma simples<br />

mensagem. Somos volúveis por natureza.<br />

A tentativa da mídia programática é totalmente<br />

válida e é um caminho natural, mas<br />

ainda gera muitos questionamentos.<br />

m-imagephotography/iStock<br />

Difícil! Fazer apresentações presenciais<br />

em eventos, por exemplo, exige um exercício<br />

<strong>de</strong> paciência e muita resignação.<br />

Na audiência, são raros aqueles que estão<br />

com a atenção totalmente voltada ao<br />

palestrante e ao conteúdo apresentado. É<br />

um mar <strong>de</strong> celulares e tablets competindo<br />

com uma fala ao vivo, que, por mais interessante<br />

que seja, não consegue exclusivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> atenção. Entre os mais jovens, então...<br />

Já na propaganda, essa preocupação é<br />

ainda mais crítica.<br />

Todo mundo sabe que os seres humanos<br />

– esses animais ariscos que queremos impactar<br />

– são agora formados <strong>de</strong> cabeça, tronco,<br />

membros e smartphone. Então é fácil: basta<br />

acessá-los pelo celular, certo? Conclusão precipitada<br />

e perigosa.<br />

Todos os dias, somos impactados por<br />

estatísticas e pesquisas que <strong>de</strong>monstram<br />

um uso crescente do celular para compras,<br />

buscas, pesquisas, entretenimento, trocas<br />

<strong>de</strong> mensagens e até para falar. Isso é verda<strong>de</strong>,<br />

mas não po<strong>de</strong>mos nos enganar. Ao<br />

contrário <strong>de</strong> outros veículos <strong>de</strong> comunicação,<br />

o celular é algo muito pessoal. É uma<br />

extensão natural do cérebro humano. Se,<br />

por um lado, o uso cresce, por outro, cresce<br />

também a seletivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interlocução.<br />

Que não ousemos interromper o usuário<br />

com mensagens ina<strong>de</strong>quadas, fora <strong>de</strong><br />

contexto ou fora <strong>de</strong> hora. Alguns po<strong>de</strong>rão<br />

dizer: os algoritmos estão cada vez mais assertivos<br />

e po<strong>de</strong>mos selecionar mensagens<br />

pertinentes, preditivas, <strong>de</strong> acordo com o<br />

rastro <strong>de</strong>ixado pelo usuário. Mas sabemos<br />

o tanto <strong>de</strong> “furo” que ainda persiste nessa<br />

linha <strong>de</strong> comunicação publicitária via celular.<br />

E o opt-in é sempre contextual.<br />

Às vezes, estou interessado em <strong>de</strong>terminado<br />

conteúdo ou produto. Mas, à medida em<br />

que é realizada a compra ou absorvido o conteúdo,<br />

já não me interessa mais a interlocu-<br />

Haja vista a <strong>de</strong>cisão recente <strong>de</strong> anunciantes<br />

gigantes (P&G e Unilever) em rever<br />

seus investimentos nessa área, em função<br />

<strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong> do sistema em evitar a vinculação<br />

<strong>de</strong> mensagens a conteúdos impróprios,<br />

além da falta <strong>de</strong> transparência na<br />

entrega <strong>de</strong> inventário.<br />

Todos sabemos que os nativos digitais<br />

consomem seus conteúdos e entretenimento<br />

via web, mas como evitar o skip-ad? E aí,<br />

temos <strong>de</strong> pensar em pouquíssimos segundos<br />

superinteressantes para evitar o <strong>de</strong>do<br />

nervoso <strong>de</strong> internautas. Na mídia dita tradicional,<br />

offline, há uma busca incessante<br />

para se manter relevante e eficaz.<br />

Temos visto iniciativas interessantes para<br />

driblar a indiferença <strong>de</strong> leitores, ouvintes<br />

e telespectadores (que termo antigo...).<br />

Mesclar a mensagem publicitária a um conteúdo<br />

<strong>de</strong> interesse do público-alvo parece<br />

ser um caminho seguro.<br />

Já há cases <strong>de</strong> muito sucesso no campo do<br />

content marketing ou advertainment, quando<br />

a marca ou o produto é inserido <strong>de</strong> forma<br />

a driblar a interrupção in<strong>de</strong>sejada para passar<br />

uma mensagem publicitária. Mas inserir uma<br />

história relevante nas vidas das pessoas não é<br />

uma tarefa trivial.<br />

Os patrocínios continuam sendo instrumentos<br />

po<strong>de</strong>rosos para fixação <strong>de</strong> marca,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o vínculo <strong>de</strong> imagem seja natural<br />

e a ativação eficaz. Enfim, conquistar<br />

e reter a atenção <strong>de</strong> pessoas não é tarefa<br />

para amadores.<br />

O Bigdata e toda a tecnologia existente<br />

po<strong>de</strong>m passar a falsa impressão <strong>de</strong> que os<br />

algoritmos e os números po<strong>de</strong>m vencer essa<br />

batalha. Mas não po<strong>de</strong>mos nos esquecer da<br />

emoção e da velha e boa criativida<strong>de</strong>.<br />

Outro dia, vi uma frase interessante, que<br />

resume essa reflexão: “Follow the numbers,<br />

but dont forget the poetry”.<br />

Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda)<br />

alexis@fenapro.org.br<br />

28 5 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark

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