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fraudes<br />
Emprestar a carteirinha do seguro<br />
saúde para um conhecido sem<br />
plano ou inverter a responsabilidade<br />
em uma colisão de automóvel<br />
envolvendo terceiros. A exemplo dos<br />
casos mais graves, como simular a morte<br />
de alguém para receber a indenização do<br />
seguro de vida, todos eles se caracterizam<br />
como fraude. “Há várias modalidades de<br />
fraude bastante conhecidas no mercado.<br />
Algumas pessoas praticam essas ações e,<br />
às vezes, por falta de conhecimento, não<br />
sabem que estão praticando um crime”,<br />
lembra o diretor de Operações da Yasuda<br />
Marítima, Celso Ricardo Mendes.<br />
As fraudes comprovadas no segmento<br />
(sem considerar previdência, saúde e<br />
capitalização) somaram R$ 448 milhões<br />
em 2014 – ou seja, 1,7% em relação aos<br />
sinistros avisados dos Seguros Gerais –,<br />
de acordo com a CNseg. No ano anterior,<br />
as práticas criminosas totalizaram R$<br />
350 milhões (1,5%) e em 2012, R$ 340<br />
milhões (1,2%). Mas os números podem<br />
ser ainda mais altos, considerando que<br />
neste ramo a fraude é difícil de ser identificada<br />
e, principalmente, de ser comprovada.<br />
“Até que se prove o contrário,<br />
o golpista continua sendo visto como um<br />
bom consumidor”, diz Ana Rita Petraroli,<br />
advogada e presidente dos Grupos Nacionais<br />
da Associação Internacional de<br />
Direito de Seguro (AIDA) e do Comité<br />
Ibero Latino-Americano de Direito dos<br />
Seguros (CILA) de combate à fraude.<br />
Na opinião do gerente de Prevenção<br />
e Combate à Fraude da CNseg, Ricardo<br />
Tavares, “a fraude em seguros pode<br />
geralmente ser um crime sem sangue,<br />
mas não é um crime sem vítimas”, pois<br />
a ação enfraquece e desequilibra todo o<br />
sistema securitário. Propostas e sinistros<br />
fraudulentos exaurem os recursos pagos<br />
por clientes honestos, que são destinados<br />
a cobrir sinistros verdadeiros. Assim, o<br />
custo é suportado por todos os segurados.<br />
“A incidência de fraude tem impacto<br />
sobre as seguradoras e os clientes, afetando<br />
diretamente a sociedade como um<br />
todo, já que a fraude também pode ser<br />
utilizada para financiar outras atividades<br />
criminosas e prejudica a penetração de<br />
novos clientes”, diz ele.<br />
O que motiva os golpistas<br />
Há dois tipos de fraudadores: os profissionais,<br />
que fazem parte de quadrilhas<br />
especializadas que conhecem o mercado<br />
segurador e as condições gerais de um<br />
seguro e agem de maneira premeditada<br />
para obter indenização ilícita ou superior<br />
ao prejuízo; e os de ocasião, que tendem<br />
a agir sozinhos, aproveitando uma oportunidade.<br />
No segundo caso, Ana atenta<br />
para um equívoco cultural. “O segurado<br />
não se vê parte da estrutura do seguro e<br />
imagina que, ao fraudar o produto, não<br />
vai atingir ninguém quando, na verdade, o<br />
valor do prêmio é ligado de forma umbilical<br />
ao risco. Ou seja, ele próprio e todos<br />
os outros segurados terão que arcar com<br />
essa conta, e não a seguradora”, lembra<br />
a advogada.<br />
A demora na análise dos inquéritos<br />
também facilita a realização das artimanhas.<br />
O fraudador tem a certeza de<br />
que, ao ser investigado, não sofrerá as<br />
consequências por causa da impunidade.<br />
Tecnologias como prevenção<br />
Para coibir as ações criminosas,<br />
a Superintendência de Seguros Privados<br />
(Susep) estabeleceu, por meio da<br />
Circular 344/07, que as seguradoras<br />
implementassem controles internos<br />
específicos para a prevenção de golpes.<br />
Atendendo ao pedido, elas desenvolveram<br />
metodologias, processos e sistemas<br />
internos para tratar e identificar inconsistências.<br />
Quase todas elas se valem de<br />
uma ferramenta em comum: o Disque<br />
Fraude, canal para que qualquer pessoa<br />
possa realizar uma denúncia anônima.<br />
As situações relatadas são avaliadas<br />
para que se analise a possibilidade de<br />
fraude e, em caso positivo, as instâncias<br />
e investigadores são acionados.<br />
Mas quando o assunto é tecnologia,<br />
as ferramentas se diversificam. A Zurich,<br />
por exemplo, aposta em sistemas que<br />
efetuam cruzamentos entre as bases de<br />
dados internas da empresa e bases de<br />
dados públicos. Este cruzamento gera<br />
alertas para possíveis golpes, posteriormente<br />
analisados por uma equipe<br />
especializada. Dependendo da tentativa<br />
de fraude, profissionais de campo podem<br />
ser acionados para levantar informações<br />
mais detalhadas. “Neste processo de<br />
apuração é comum buscarmos laudos<br />
técnicos, visitas e depoimentos de testemunhas”,<br />
explica o superintendente de<br />
sinistros da seguradora, Daniel Cunha.<br />
Além disso, a empresa investiu recente-<br />
Celso Ricardo Mendes, da Yasuda<br />
❙❙Marítima<br />
20<br />
❙❙Ana Rita Petraroli, advogada<br />
❙❙Ricardo Tavares, da CNseg