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Revista Apólice #207

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fraudes<br />

Emprestar a carteirinha do seguro<br />

saúde para um conhecido sem<br />

plano ou inverter a responsabilidade<br />

em uma colisão de automóvel<br />

envolvendo terceiros. A exemplo dos<br />

casos mais graves, como simular a morte<br />

de alguém para receber a indenização do<br />

seguro de vida, todos eles se caracterizam<br />

como fraude. “Há várias modalidades de<br />

fraude bastante conhecidas no mercado.<br />

Algumas pessoas praticam essas ações e,<br />

às vezes, por falta de conhecimento, não<br />

sabem que estão praticando um crime”,<br />

lembra o diretor de Operações da Yasuda<br />

Marítima, Celso Ricardo Mendes.<br />

As fraudes comprovadas no segmento<br />

(sem considerar previdência, saúde e<br />

capitalização) somaram R$ 448 milhões<br />

em 2014 – ou seja, 1,7% em relação aos<br />

sinistros avisados dos Seguros Gerais –,<br />

de acordo com a CNseg. No ano anterior,<br />

as práticas criminosas totalizaram R$<br />

350 milhões (1,5%) e em 2012, R$ 340<br />

milhões (1,2%). Mas os números podem<br />

ser ainda mais altos, considerando que<br />

neste ramo a fraude é difícil de ser identificada<br />

e, principalmente, de ser comprovada.<br />

“Até que se prove o contrário,<br />

o golpista continua sendo visto como um<br />

bom consumidor”, diz Ana Rita Petraroli,<br />

advogada e presidente dos Grupos Nacionais<br />

da Associação Internacional de<br />

Direito de Seguro (AIDA) e do Comité<br />

Ibero Latino-Americano de Direito dos<br />

Seguros (CILA) de combate à fraude.<br />

Na opinião do gerente de Prevenção<br />

e Combate à Fraude da CNseg, Ricardo<br />

Tavares, “a fraude em seguros pode<br />

geralmente ser um crime sem sangue,<br />

mas não é um crime sem vítimas”, pois<br />

a ação enfraquece e desequilibra todo o<br />

sistema securitário. Propostas e sinistros<br />

fraudulentos exaurem os recursos pagos<br />

por clientes honestos, que são destinados<br />

a cobrir sinistros verdadeiros. Assim, o<br />

custo é suportado por todos os segurados.<br />

“A incidência de fraude tem impacto<br />

sobre as seguradoras e os clientes, afetando<br />

diretamente a sociedade como um<br />

todo, já que a fraude também pode ser<br />

utilizada para financiar outras atividades<br />

criminosas e prejudica a penetração de<br />

novos clientes”, diz ele.<br />

O que motiva os golpistas<br />

Há dois tipos de fraudadores: os profissionais,<br />

que fazem parte de quadrilhas<br />

especializadas que conhecem o mercado<br />

segurador e as condições gerais de um<br />

seguro e agem de maneira premeditada<br />

para obter indenização ilícita ou superior<br />

ao prejuízo; e os de ocasião, que tendem<br />

a agir sozinhos, aproveitando uma oportunidade.<br />

No segundo caso, Ana atenta<br />

para um equívoco cultural. “O segurado<br />

não se vê parte da estrutura do seguro e<br />

imagina que, ao fraudar o produto, não<br />

vai atingir ninguém quando, na verdade, o<br />

valor do prêmio é ligado de forma umbilical<br />

ao risco. Ou seja, ele próprio e todos<br />

os outros segurados terão que arcar com<br />

essa conta, e não a seguradora”, lembra<br />

a advogada.<br />

A demora na análise dos inquéritos<br />

também facilita a realização das artimanhas.<br />

O fraudador tem a certeza de<br />

que, ao ser investigado, não sofrerá as<br />

consequências por causa da impunidade.<br />

Tecnologias como prevenção<br />

Para coibir as ações criminosas,<br />

a Superintendência de Seguros Privados<br />

(Susep) estabeleceu, por meio da<br />

Circular 344/07, que as seguradoras<br />

implementassem controles internos<br />

específicos para a prevenção de golpes.<br />

Atendendo ao pedido, elas desenvolveram<br />

metodologias, processos e sistemas<br />

internos para tratar e identificar inconsistências.<br />

Quase todas elas se valem de<br />

uma ferramenta em comum: o Disque<br />

Fraude, canal para que qualquer pessoa<br />

possa realizar uma denúncia anônima.<br />

As situações relatadas são avaliadas<br />

para que se analise a possibilidade de<br />

fraude e, em caso positivo, as instâncias<br />

e investigadores são acionados.<br />

Mas quando o assunto é tecnologia,<br />

as ferramentas se diversificam. A Zurich,<br />

por exemplo, aposta em sistemas que<br />

efetuam cruzamentos entre as bases de<br />

dados internas da empresa e bases de<br />

dados públicos. Este cruzamento gera<br />

alertas para possíveis golpes, posteriormente<br />

analisados por uma equipe<br />

especializada. Dependendo da tentativa<br />

de fraude, profissionais de campo podem<br />

ser acionados para levantar informações<br />

mais detalhadas. “Neste processo de<br />

apuração é comum buscarmos laudos<br />

técnicos, visitas e depoimentos de testemunhas”,<br />

explica o superintendente de<br />

sinistros da seguradora, Daniel Cunha.<br />

Além disso, a empresa investiu recente-<br />

Celso Ricardo Mendes, da Yasuda<br />

❙❙Marítima<br />

20<br />

❙❙Ana Rita Petraroli, advogada<br />

❙❙Ricardo Tavares, da CNseg

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