entrevista | Philippe Jouvelot De volta ao Brasil Phillipe Jouvelot fala da chegada da Axa e do desafio de tornar a marca conhecida entre os consumidores 6 Kelly Lubiato APÓLICE: Qual será a linha de atuação da empresa no Brasil? Philippe Jouvelot: O grupo decidiu, entre 2012 e 2013, vir para o Brasil com um plano de negócios tipicamente francês: de 25 anos, bem longo prazo, o que é da nossa cultura. A intenção é desenvolver uma seguradora de grande porte no mercado, começando com comercial lines e linhas corporativas. Temos três atividades agora: os grandes riscos de Property and Casualty, as linhas gerais e vida em grupo e afinidades. As licenças foram recebidas no ano passado e fizemos a instalação do TI, montamos um time excelente. Agora, já recebemos cerca de 1 a 1,2 mil pedidos por mês. Nós não esperávamos ser tão bem-vindos ao Brasil nesse começo.Contratamos pessoas que conhecem bem o mercado. Nós recrutamos pessoas que são bastante conhecidas porque o mercado brasileiro é feito de relacionamento e isso funcionou bem. A Axa é a primeira marca de seguros do mundo, a maior seguradora internacionalmente, e acho que os corretores conhecem bem a companhia. O público não conhece, mas é uma marca bem conhecida dos corretores. Quando nós chegamos aqui eles já estavam esperando, já queriam a nossa presença. APÓLICE: Quais iniciativas vocês pretendem fazer para aproximar o corretor de seguros? Philippe Jouvelot: O corretor não é apenas o principal, mas é o único canal de distribuição. A Axa é uma seguradora que apenas trabalha com corretores e estamos cientes que a parceria firmada com a SulAmérica será muito importante, porque é uma companhia que conta com 30 mil corretores bem fieis à marca. Vamos comercializar todos os produtos de grandes riscos e transportes através da distribuição da SulAmérica, para atingir todos os corretores que estão bem longe de São Paulo. Com isso, a Axa se torna, imediatamente, nacional. É fantástico! O único foco é o corretor. Quando chegamos aqui, os grandes corretores que frequentemente lidam com companhias internacionais já nos conheciam muito bem. Eu diria que os mil primeiros corretores do Brasil conhecem muito bem a Axa e a parceria com a SulAmérica atinge os demais corretores, o que contribuirá para o nosso crescimento. APÓLICE: O acordo com a SulAmérica não foi apenas uma aquisição, mas uma parceria. Como ela foi alinhada? Philippe Jouvelot: A SulAmérica é a primeira seguradora independente do País, uma companhia de sucesso enorme, com uma estratégia claríssima de riscos massificados, saúde, auto. Já a Axa tem seu core business voltado para o investimento em grandes riscos. Somos totalmente complementares e foi uma parceria fantástica. É uma oportunidade, mais do que estratégia. Essa parceria existe há 10 anos, o acordo recíproco vem desde 2006. A compra da parte de grandes riscos para que a AXA pudesse se desenvolver como deseja, nas linhas de negócio que são seu forte, deixam a SulAmérica mais à vontade para ir em frente com sua própria estratégia de riscos. É o ideal, pois pode dar ênfase em linhas de negócio que são foco dela, como vida em grupo. Não há competição, mas complementaridade. APÓLICE: Mesmo com economia não favorável o interesse no País continua? Philippe Jouvelot: Primeiro, eu proponho utilizarmos a Europa para comparação. A Grécia e todos os países do sul da Europa, como Itália e Espanha, tem situação econômica bem difícil. Aqui no Brasil, a questão econômica não é tanto em relação ao PIB, que é importante para o crescimento do mercado de seguros. A particpação da indústria de seguros no PIB é bem menor do que o resto do mundo, menos do que 3%. O próprio Levy [Joaquim Levy, ministro da Fazenda] disse que esperava que o crescimento do setor fosse de 10%, então 8% já será muito bom. Basta olhar ao redor e observar todos os prédios, todas as construções, grandes obras que antigamente ninguém comprava seguro para elas. Não faz parte do jeito brasileiro comprar seguros. No resto do mundo, quando alguém compra um automóvel ou um apartamento, imediatamente adquire uma apólice de
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