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› Uma liderança de qualidade é crucial para o sucesso de uma empresa. Existem vários estilos, mas<br />
certos valores são obrigatórios. O <strong>Jornal</strong> <strong>das</strong> <strong>Oficinas</strong> falou com João Alberto Catalão, autor<br />
de livros motivacionais, para entender o que é isto de “ser ou não ser líder”<br />
Por: Jorge Flores<br />
iderança. A palavra é forte<br />
e impõe a sua presença<br />
em qualquer frase onde<br />
apareça. Muito se tem dito e escrito sobre<br />
o que deve ser um líder competente.<br />
E sobre o que não deve ser. Mas poucos,<br />
como o autor norte-americano Jim<br />
Rohn, resumiram a sua essência, sob a<br />
forma de dilema. “O desafio da liderança<br />
é ser forte, mas não parecer rude; ser<br />
gentil, mas não fraco; ser ousado, mas<br />
não intimidar; ser humilde, mas não tímido;<br />
ser orgulhoso, mas não arrogante,<br />
ter humor, mas sem loucura”. Complexo?<br />
Porventura. Mas quem disse que esta<br />
é uma competência acessível a todos<br />
quantos a queiram? Mas, afinal, de que<br />
falamos quando o tema é liderança? Em<br />
entrevista ao <strong>Jornal</strong> <strong>das</strong> <strong>Oficinas</strong>, João<br />
Alberto Catalão, empresário, coach e<br />
mentor de executivos, docente, speaker<br />
e autor de livros motivacionais, começou<br />
por partilhar o seu ponto de vista.<br />
“Liderar, nos atuais contextos, repletos<br />
de inconstância, velocidade, inovação,<br />
resiliência e competitividade, é, acima<br />
de tudo, um jogo de intangíveis, onde<br />
predominam a confiança, a inspiração, a<br />
intermediação, a motivação e a influência<br />
positiva”.<br />
De resto, desenganem-se aqueles<br />
que consideram que existe apenas um<br />
modelo único de liderança, aplicável a<br />
todos os contextos e realidades. Não<br />
funciona assim, como esclarece João<br />
de todos os membros <strong>das</strong> equipas por<br />
si liderados”, revela.<br />
n CONCEITO EM EVOLUÇÃO<br />
Apesar de não ser um conceito fechado,<br />
existem várias características indispensáveis<br />
aos líderes empresariais. “Atenção,<br />
curiosidade, resiliência, positivismo, criatividade<br />
e visão”, elenca João Alberto Catalão.<br />
Na outra ponta do raciocínio, estão<br />
os defeitos que estes nunca poderão<br />
ter. “Desonestidade intelectual, inércia,<br />
distância e ambiguidade”, acrescenta o<br />
especialista na matéria.<br />
Segundo o nosso entrevistado, uma liderança<br />
de qualidade, nos tempos atuais,<br />
deve ser “assente na sustentabilidade, humanizada,<br />
com valores e a 360°”, adianta o<br />
autor, que reconhece que o conceito tem<br />
evoluído na história. “Sim. Os novos paradigmas<br />
de mercado, as novas exigências e<br />
as tecnologias estão a provocar alterações<br />
muito significativas no conceito de liderança.<br />
Uma certeza: quem não acompanhar<br />
os novos tempos, vai com o tempo...”,<br />
alerta João Alberto Catalão.<br />
Em permanente contacto com empresários<br />
de vários setores, o speaker em<br />
temas motivacionais tem encontrado,<br />
nas suas muitas palestras, erros típicos,<br />
mas suficientes para, por vezes, colocarem<br />
em causa a viabilidade <strong>das</strong> próprias<br />
empresas. “Resistência à mudança, incapacidade<br />
para atrair e reter talentos”,<br />
resume a mesma fonte.<br />
n POSSIBILIDADES EM ABERTO<br />
Ponto fundamental a ter em consideração<br />
pelos líderes é a forma como a<br />
empresa se relaciona com os seus colaboradores.<br />
A comunicação é essencial.<br />
E deve fluir de forma natural.<br />
“Essencialmente, através de perguntas<br />
que estimulem a descoberta de novas<br />
possibilidades”, garante. Até porque<br />
Joaquim Candeias, administrador do bilstein group Portugal<br />
“Um líder deve respeitar e ser respeitado”<br />
João Alberto Catalão é empresário, coach,<br />
mentor de executivos, docente, speaker e<br />
autor de diversos livros motivacionais<br />
Alberto Catalão. “Dois paradigmas de<br />
liderança estão presentes na maioria <strong>das</strong><br />
organizações: a Liderança Ortodoxa, a<br />
qual apelido de Liderança ‘Maestro’ e a<br />
Liderança Integral e Situacional, a qual<br />
integra a capacidade de auto liderança,<br />
a capacidade de conhecer, inspirar e promover<br />
o desenvolvimento da qualidade<br />
Para Joaquim Candeias, responsável da filial portuguesa do<br />
bilstein group, pela sua maneira de ser e pelo “estilo de gestão”,<br />
em primeiro lugar, “é necessário ter a capacidade de saber<br />
respeitar toda a equipa/colaboradores para poder ser considerado<br />
e respeitado como líder”, afirma. Condição essencial. “Com este<br />
princípio básico, são cria<strong>das</strong> as condições para que todos sigam<br />
o líder, não por ele ser o chefe, mas por ser alguém respeitado e<br />
em quem todos acreditam”, ou seja, alguém que “tem a capacidade<br />
de atuar por antecipação”, sustenta. “Ter a visão antes dos<br />
factos é essencial num líder, onde a mente aberta à inovação e a<br />
novos desafios se tornam na sua rotina do dia a dia, para poder<br />
projetar a sua atividade diária, numa perspetiva ou estratégia<br />
de médio/longo prazo, onde cria os seus próprios objetivos e<br />
as metas a atingir com todos os que o rodeiam e que, inequivocamente,<br />
o apoiam”, diz.<br />
Fundamental, na sua opinião, é a comunicação com a equipa.<br />
“Utilizo, diariamente, duas palavras que todos os meus colegas/<br />
colaboradores bem conhecem: organização e comunicação. Por<br />
essa razão, a comunicação, para mim, é muito importante. E é<br />
algo que é muito promovido dentro da empresa, garantindo<br />
mais conhecimento interno, mais organização e, finalmente,<br />
melhores resultados a todos os níveis. Normalmente, o líder não<br />
tem capacidade de entrar muito no detalhe da sua organização,<br />
necessitando de usar a sua estrutura ou hierarquia para tal, mas<br />
deve partilhar e recolher a informação adequada para o ajudar<br />
a comunicar em todos os degraus da empresa, captando a atenção<br />
e o respeito de todos”, explica. Nesse sentido, a motivação<br />
não será nunca uma palavra vã. “Poderia enumerar imensas<br />
ações nesse sentido, mas, na verdade, apenas me concentro em<br />
algo que, ao conseguir atingir, certamente tenho garantida a<br />
motivação da equipa. Esforço-me imenso para ter ações diárias<br />
em diversas vertentes de modo a criar ou fomentar em todos o<br />
orgulho de trabalhar na nossa organização. Penso que o ‘orgulho’<br />
está alguns patamares acima da ‘motivação’ e, assim, com esta<br />
maneira de estar, penso estarem reuni<strong>das</strong> to<strong>das</strong> as condições<br />
para se conseguirem muito bons resultados, com muita consistência<br />
e regularidade. A motivação é efetiva, a tempo inteiro,<br />
como acontece dentro da nossa equipa e empresa”, garante. ✱<br />
www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Abril I 2018