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Boletim Biopesb
Ciência, meio meio ambiente e e cidadania em em suas suas mãos
ISSN - 2316-6649 - Ano 7 - Nº 27 - 2017
MATA ATLÂNTICA
a importância da preservação de um
dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta
Páginas 2 e 3
FEBRE AMARELA:
qual a relação do macaco
com a doença?
Páginas 4 e 5
ENTREVISTA
Uma conversa
sobre a Campanha
da Fraternidade
de 2017
SAÚDE E MEIO
AMBIENTE
Aumento de
epidemias no Brasil
causam preocupação
A MELHOR ÉPOCA
DO ANO!
Tradições culturais
agitam o mês de
junho na região
Página 6 Página 7
Página 8
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
MeioAmbiente Ano 7, n°27 - Pág 2
Editorial
Comemoramos no último
dia 27 de maio o Dia
Nacional da Mata
Atlântica, mas infelizmente
não temos muito o que
festejar. Pelo contrário, o
atual cenário político do
país está promovendo
uma flexibilização das leis
ambientais, ameaçando
vastas áreas de florestas.
O desmatamento da Mata
Atlântica referente ao
período de 2015 a 2016
cresceu em cerca de 60%.
Segundo estudo da SOS
Mata Atlântica e Instituto
Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), divulgado
pelo novo Atlas da Mata
Atlântica, o desmatamento
durante este período
foi equivalente a uma
área de 29.075 hectares
(ha), ou 290 Km 2 , nos 17
estados do bioma Mata
Atlântica – representando
aumento de 57,7% em
relação ao período
anterior (2014-2015),
referente a 18.433 ha. O
estado da Bahia lidera o
ranking de desmatamento,
principalmente pela
destruição ocorrida nos
municípios de Santa Cruz
de Cabrália e Belmonte.
O estado de Minas Gerais
que vinha liderando o
ranking de destruição da
Mata Atlântica em sete
das últimas nove edições
do Atlas, dessa vez ficou
em segundo com 7.410 ha
desmatados, seguido por
Paraná (3.453 ha) e Piauí
(3.125 ha). A estes tristes
dados somam-se uma das
piores mortandades de
primatas vivenciadas no
bioma Mata Atlântica,
decorrente do surto de
febre amarela. Até o final
de março desse ano, foram
confirmadas 4.240 mortes
de macacos associadas à
febre amarela no Brasil.
Segundo a Organização
Mundial de Saúde, este
crescimento da febre
amarela pode estar
associado ao aumento
da população urbana e
as alterações do clima e
dos ambientes naturais do
planeta. O momento é de
mobilização e de luta pela
justiça ambiental.
João Paulo Viana Leite
Editor
Projetos de corredores ecológicos
buscam a conservação da
biodiversidade da Mata Atlântica
Raissa Castro
Yan CleVelares
IsaBella Britto
A Mata
Atlântica
é um dos biomas
mais ricos do planeta,
sendo composto por uma
grande variedade de
ecossistemas ao longo de
todo o litoral brasileiro.
Esses ecossistemas são
bem diferentes entre si,
apresentando vegetação
diversificada, a qual
varia de acordo com as
características climáticas
das regiões em que
ocorrem. É considerado
um Patrimônio Natural
da Humanidade pela
Organização das Nações
Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura
(UNESCO, sigla em
ingês) por ser essencial
em diversos aspectos
socioambientais no Brasil.
Devido a sua grande
diversidade biológica,
com várias espécies que
ocorrem apenas neste
bioma, associado ao fato
de sofrer uma grande
perda da biodiversidade,
a Mata Atlântica está
entre 34 áreas do
planeta classificadas
como prioritária para
a pesquisa científica.
A Mata Atlântica possui
árvores de grande e
médio portes, como também
arbustos e vegetação
rasteira. As árvores mais
altas como ipês, manacáda-serra
e embaúbas recebem
a maior parte da
Boletim Biopesb
Redação: Alunos do PET-Bioquímica
da UFV (Bianca Reis, Dalila Soares,
Fernanda Rebellato, Graziela Paulino,
Isabella Costa, Isabela Paes, Isabella
Britto, Ítalo Bianchini, Júlia Coelho,
Lucas Almeida, Luiz Arruda, Paula Sudré,
Raíssa Castro e Yan Clevelares)
Diagramação: Intermídia - EJ de
Comunicação
www.biopesb.ufv.br
Editores-Chefes: João Paulo Viana Leite e
Tiago Antônio de Oliveira Mendes
Telefone: (31) 3899-3044
E-mail: biopesbufv@gmail.com
Endereço: Departamento de Bioquímica e
Biologia Molecular - UFV
CEP 36570-900, Viçosa - MG - Brasil
Tiragem: 1.000 exemplares
Apoio: Projeto financiado pelo Edital de
Popularização da Ciência, da Tecnologia e
da Inovação da Fapemig
Imagem: reprodução
luz solar e geram sombra
para as espécies do
interior da mata. Outra
característica relevante
da fl ora da Mata Atlântica
é a presença de bromélias
e orquídeas que
utilizam outras plantas
como ponto de fi xação.
Originalmente, a Mata
Atlântica estendia-se por
1.300.000 Km 2 abrangendo
diversos estados
brasileiros, ao longo do
litoral. No entanto, com
a exploração desordenada
da fl oresta iniciada
Imagem: reprodução
MeioAmbiente
27 DE MAIO: DIA NACIONAL DA MATA ATLÂNTICA
CUIDE, PROTEJA E PRESERVE
desde a chegada dos
portugueses no Brasil, a
vegetação nativa encontra-se,
atualmente, reduzida
a cerca de 12,5%
de sua cobertura original.
Apesar de tanto ter
sofrido com processos
de desmatamento, a
Mata Atlântica ainda
abriga cerca de 20.000
espécies vegetais o que
corresponde a 35% das
espécies existentes no
país, 849 espécies de
aves, 370 espécies de
anfíbios, 200 espécies de
répteis, 270 espécies de
mamíferos e em torno de
350 espécies de peixes.
Importante ressaltar, que
a diminuição de áreas
verdes desse bioma, coloca
em ameaça de extinção
várias dessas espécies.
Visando a conservação e
ampliação das áreas remanescentes,
importante
ressaltar a formação de
Corredores Ecológicos. Esses
corredores consistem
em áreas que unem fragmentos
de fl orestas, tendo
como objetivo reduzir o
efeito da fragmentação
dos ecossistemas. Com
a criação de corredores
ecológicos, torna-se possível
a recolonização
dos biomas pela fauna e
fl ora, uma vez que essas
áreas permitem que animais
possam se locomover
em maiores espaços, ajudando
na dispersão das
espécies e, também, na
polinização dos vegetais.
Corredores Ecológicos
fazem parte de estrategia
para proteção das
fl orestas tropicais do Brasil.
Dentre os corredores,
dois foram selecionados
como área de atuação
inicial: o Corredor Central
da Mata Atlântica
(CCMA) e o Corredor
Central da Amazônia
(CCA). O objetivo é contribuir
para conservação
efetiva da biodiversidade
desses locais. Com relação
à Mata Atlântica, buscase
assegurar a conectividade
entre as áreas protegidas
e sua manutenção,
enquanto na Amazônia,
a intenção consiste em
garantir a proteção dos
remanescentes fl orestais
e o incremento gradativo
das porções da paisagem
através do controle,
proteção e recuperação
da cobertura fl orestal.
O Sul da Bahia e a totalidade
do estado do Espírito
Santo fazem parte
do CCMA, incluindo áreas
marinhas até o limite da
plataforma continental.
Ano 7, n°27 - Pág 3
Os ecossistemas terrestres
deste corredor
encontram-se bastante
fragmentados e sob
ameaça de exploração
ou
desfl orestamento.
Atualmente
existe
proposta de criação de
um corredor ecológico
entre o PESB e o
Parque Nacional do
Caparaó,
conectando
os dois Parques, porém,
de acordo com Robin
Le Breton, especialista
em políticas públicas e
assuntos relacionados
à conservação de terras,
ainda não existe
um projeto concreto
acerca do assunto.
No domínio da
Mata Atlântica,
existem 131
unidades de
conservação
federais, 443
estaduais,
dentre as quais
se encontra o
PESB, e ainda
14 municipais
e 124 privadas.
Para conhecer
mais sobre
essas unidades
a c e s s e :
https://goo.gl/
t2f16w
Ciência
Ano 7 n°27 - Pág 4
FEBRE AMARELA: VOCÊ SABE
QUAL A RELAÇÃO DA DOENÇA
COM O MACACO?
FernanDa Re-
Bellato
JÚlia CoelHo
ConDÉ
IsaBella AlVes
Recentemente,
temse
noticiado sobre
o aumento do número
de casos de pessoas
infectadas com febre
amarela no Brasil, principalmente
no estado de
Minas Gerais. Mas, você
sabe como acontece a
transmissão da doença?
Sabe como diagnosticar
quando uma pessoa está
infectada?
A febre amarela é
uma doença infecciosa
grave com alto potencial
de disseminação, característica
das Américas
do Sul e Central e de
alguns países africanos.
Ela é causada por
um vírus transmitido por
artrópodes e pode ser
classificada de duas formas
distintas, de acordo
com o seu ciclo de transmissão:
febre amarela
silvestre e febre amarela
urbana.
No ciclo silvestre, o
vírus é transmitido pelos
mosquitos dos gêneros
Haemagogus e Sabethes,
cujo principal hospedeiro
é o macaco. Apesar de
contrair a doença, os
macacos não são capazes
de transmiti-la para o
ser humano. Portanto,
a presença de macacos
doentes não traz um
risco para a população,
mas serve como um alerta
sobre a possibilidade
da presença de um foco
da doença na região.
No entanto, a transmissão
para o homem
pode ocorrer quando
uma pessoa não vacinada
explora uma região
silvestre e é picada pelo
mosquito vetor.
No ciclo urbano, por
sua vez, o vetor transmissor
é o mosquito Aedes
aegypti, o qual também
é responsável pela
transmissão da dengue,
zika e chikungunya. Assim
sendo, os cuidados
para evitar a transmissão
da dengue também
são efetivos contra
a febre amarela. Portanto,
deve-se evitar o
acúmulo de água em
locais descobertos, de
modo a impedir que
a fêmea do mosquito
encontre um ambiente
propício para a deposição
de seus ovos.
Imagem: reprodução
Após o contágio, os
primeiros sintomas da
febre amarela são:
febre alta, calafrios,
cansaço, fraqueza,
dores de cabeça e no
corpo, náuseas e vômitos
por cerca de três dias.
Em cerca de 15% dos
casos pode haver uma
evolução para um caso
mais grave da doença, o
qual se caracteriza por
um breve período de
bem-estar e então a
Ciência
Ano 7, n°27 - Pág 5
ocorrência de
icterícia (olhos e
pele amarelados),
hemorragias no trato
gastrointestinal,
insuficiência hepática e
renal.
O tratamento para
a febre amarela é
sintomático, ou seja, não
existe um tratamento
específico para a
doença. Ao perceber
quaisquer dos sintomas
da febre amarela, devese
procurar um médico e
evitar a automedicação,
pois medicamentos
comuns como aqueles
com princípio ativo
à base de ácido
acetilsalicílico podem
favorecer quadros
hemorrágicos.
Além do combate ao
foco dos mosquitos vetores,
a prevenção da
febre amarela é feita
pela vacinação, a qual é
necessária apenas para
as pessoas que vivem em
áreas com foco da doen-
ça ou que planejam viajar
para essas regiões.
A vacina pode ser tomada
gratuitamente a
partir dos nove meses
de idade e é aplicada
em duas doses, sendo a
segunda após 10 anos
da primeira. Após a segunda
dose da vacina,
não é necessária mais
nenhuma dose, pois a
pessoa torna-se imune à
doença. A vacinação é
contraindicada apenas
para gestantes e bebês
com menos de 6 meses
de idade; nestes casos,
um médico deve ser procurado
para avaliar a
situação.
Recentemente, o Brasil
sofreu o maior surto de
febre amarela desde
1980, com, aproximadamente,
623 casos confirmados
até meados de
abril, segundo o Ministério
da Saúde (2017).
Por isso, mais de 22 mi
lhões de doses extras da
vacina já foram enviadas
para vários estados,
principalmente, Minas
Gerais, São Paulo, Espírito
Santo, Bahia e Rio
de Janeiro, com o intuito
de intensificar as campanhas
de vacinação
contra a febre amarela.
Ao notar alguns desses
sintomas, não deixe de
procurar um médico e, no
caso de encontrar macacos
mortos, notifique o
órgão de vigilância sa
nitária do seu município!
FEBRE AMARELA NO PESB
Segundo a Monitora Ambiental do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Laurielen
Pacheco, no início de 2016 quando teve início dos surto de febre amarela
no Brasil, nenhum macaco foi encontrado morto dentro da área do Parque. Contudo, como
Laurielen enfatiza, não se pode afirmar que não houve nenhum caso da doença, pois a
redução de funcionários do Parque neste período dificultou a fiscalização de toda a sua
área.
Apesar disso, a Secretária de Estado de Saúde de Minas Gerais solicitou o fechamento
dos Parques Estaduais do Rio Doce e da Serra do Brigadeiro, pois estas unidades
de conservação estão localizadas dentro da região onde houve a ocorrência de surto
de Febre Amarela. Portanto, o seu fechamento à visitação foi uma medida tomada para
impedir o possível contato de visitantes e funcionários do Parque com o vírus causador da
febre amarela.
No dia 02 de fevereiro deste ano, a reabertura dos Parques foi aprovada, devido
à queda do número de casos da doença na região em que os mesmos se localizam.
Entrevista
Lucas Filipe
Graziela Santos
A Campanha
Fraternidade,
da
realizada todo ano pela
comunidade católica, tem
como objetivo incentivar
a solidariedade e
fraternidade na população
por meio de ações que
visam contornar diversos
desafios da sociedade.
Esse ano, a campanha traz
como tema “Fraternidade:
biomas brasileiros e defesa
da vida”.
Nesta edição do Boletim
BioPESB, foram entrevistados
o Padre Geraldo Trindade
da Paróquia Nossa
Senhora de Fátima situado
em Viçosa e o Professor
André Rosa, docente do
Departamento de Engenharia
Agrícola da UFV.
Com base no tema da
Campanha da Fraternidade
2017, quais os pontos os
senhores destacariam?
Pe. Geraldo Trindade:
A campanha da
fraternidade neste ano de
2017 nos alerta para o cuidado
com a Casa Comum
com o tema: Fraternidade:
biomas brasileiros e defesa
da vida e o lema: Cultivar
e guardar a criação (Gn 2,
15). É neste intuito que se
propõe essa reflexão, para
que se aprofunde o conhecimento
dos cinco biomas:
amazônia, caatinga, cerrado,
mata atlântica, pampa
e pantanal, enquanto dons
de Deus esse promova relações
fraterna e conscientes
com a vida.
Prof. André: Dentro
desta temática destacaria
também reflexões sobre
nossas ações (consumismo,
exploração de recursos
naturais, dentre outros)
que deveriam permear
nossas atitudes diárias e
que, em última instância,
promoveriam um maior
cuidado e zelo ao bioma
Ano 7, n°27 - Pág 6
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2017:
UM INCENTIVO A CUIDAR DA BIODIVERSIDADE
Padre Geraldo Trindade
onde estamos inseridos.
Quais as metas sociais e
ambientais que a campanha
pretende atingir esse ano?
Pe. Geraldo Trindade:
O grande objetivo é
de conscientização
e conhecimento da
população de cada
bioma, das suas belezas
e importância para a
sustentação da vida, a
partir de políticas públicas
comprometidas com o
cuidado com a natureza e
também novos paradigmas
para o nosso estilo de vida,
que hoje é muito marcado
pela visão pragmática do
consumismo, do acúmulo de
riqueza, de exploração.
Prof. André: Dentre as
orientações gerais da CF
2017 são destacadas
para os biomas a (i) retomada
das propostas da
Campanha da Fraternidade
de 2016 que abordou
o saneamento básico;
(ii) despertar para a
beleza dos biomas e a
necessidade do cuidado
pelos pequenos gestos;
(iii) desmatamento zero
para os biomas; (iv) combate
a corrupção exigindo
transparência nos processos
licitatórios em relação
às enchentes e secas; assim
como a (v) defesa pelas
temáticas das questões
ecológicas dentro da educação
popular e regular.
Como equilibrar o avanço
tecnológico e a conservação
do bioma?
Professor André Rosa
Pe. Geraldo Trindade:
Não podemos estagnar o
avanço tecnológico e com
tudo o que ele significa
e nos traz, mas podemos
dar a este avanço critérios
verdadeiros e autênticos
que torne responsável a
exploração dos recursos
naturais. O grande
problema é que se coloca
essa exploração e a
necessidade de ganhos
financeiros orbitantes
que não levam em conta
a consciência de uma
exploração e um avanço
das tecnologias que
tenham como princípio
a qualidade de vida
das pessoas de hoje e a
manutenção da vida no
futuro. O pragmatismo no
avanço tecnológico não
coloca em risco somente
a natureza, mas antes de
tudo, coloca em risco a vida
humana, pois o princípio
de acúmulo de riqueza
e de exploração a todo
custo vem exatamente por
uma desconstrução de uma
imagem do ser humano
integrado com a natureza
e não simplesmente
de explorador dessas
riquezas. O pragmatismo
no avanço tecnológico não
coloca em risco somente
a natureza, mas antes de
tudo, coloca em risco a vida
humana, pois o princípio
de acúmulo de riqueza
e de exploração a todo
custo vem exatamente por
uma desconstrução de uma
imagem do ser humano
integrado com a natureza
e não simplesmente
de explorador dessas
riquezas.
Prof. André: Seria muito
pretencioso de minha parte
responder esta questão tão
complexa e que envolve
muitas variáveis, mas
alguns pontos que a Igreja
tem abordado apontam
para a necessidade de
uma real conversão e cura
das enfermidades nas
nossas relações com Deus,
com o próximo e com a
criação, em que o ponto de
partida é abrir mão das
nossas demandas para
satisfazer e zelar pelo
outro, pelo bem comum.
De acordo com São João
Paulo II passamos por
uma crise que vai além
das dimensões ambiental,
científica e tecnológica,
mas é fundamentalmente
moral. Ele aponta
para uma “urgente
necessidade moral de
uma nova solidariedade,
especialmente nas relações
entre os países em vias
de desenvolvimento e
os países altamente
industrializados”, onde
se tem a necessidade de
alcançarmos uma Ecologia
integral como condição
para a vida do planeta.
A Igreja Católica sempre
teve um diálogo frutífero
com a ciência, pois como
nos fala João Paulo II em
um documento chamado Fé
e Razão: “a fé e a razão
constituem como que, as
duas asas, pelos quais o
espírito humano se eleva
para a contemplação
da verdade. ” Por isso, a
Igreja apresenta critérios
humanísticos e de uma
visão integral da casa
comum e do ser humano a
fim de nortear os avanços
humanos e científicos.
Serra do Brigadeiro Ano 7, n°27 - Pág 7
Aumento de epidemias nos últimos anos preocupam propulação brasileira
IsaBela Paes
Dalila Soares
Bianca Reis
Em grande parte do território
brasileiro, incluindo
o estado de Minas Gerais,
frequentes alertas
com relação a possíveis
epidemias têm corrido nos
últimos anos. Em 2016,
Minas Gerais conviveu
com a maior epidemia de
dengue dos últimos cinco
anos, e no início de 2017,
aconteceu um grande surto
de febre amarela. No
Brasil, houve ainda um aumento
nos casos de febre
Chikungunya comparado
com o mesmo período do
ano passado e a recente
associação do Zika vírus
com a microcefalia tem
estimulado um aumento
das campanhas de mobilização
e monitoramento
de combate ao vetor dessas
doenças, o Aedes aegypti.
A dengue, febre
amarela, Zika e febre
Chikungunya são doenças
Com aparecimento
dessas epidemias no
estado de Minas Gerais,
diversas medidas tem
sido tomadas, tais como a
obrigatoriedade de todas
as cidades com mais de 2
mil imóveis, utilizarem o
Levantamento Rápido do
Índice de Infestação para
Aedes aegypti, de modo
a distinguir e monitorar os
locais com focos do mosquito.
A Regional de Saúde
de Ubá, que representa
grande parte dos
municípios que abrangem
o território rural da Serra
do Brigadeiro, com o intuito
de auxiliar o controle
do mosquito, optou por
realizar no final de 2016,
oficinas de capacitação
para agentes comunitários
de saúde (ACS) e agentes
de combate a epidemias
transmitidas pela picada
da fêmea do mosquito
Aedes aegypti. O Zika
pode ser transmitido
também pela placenta
da mãe para o bebê
em formação. Neste
caso, esse vírus tem
sido muito temido pelas
gestantes, já que existem
casos comprovados da
ocorrência de microcefalia
nos bebês, quando
não há o adequado
desenvolvimento do
cérebro. A febre
Chikungunya que possui
como vetor Aedes
aegypti em áreas
majoritariamente urbanas,
em áreas silvestres pode
ser transmitida também
pelo mosquito Aedes
albopictus.
Os sintomas das quatro
doenças citadas são muito
semelhantes e inespecífi
cos, como por exemplo,
dores de cabeça, dores
nas articulações, febre e
manchas avermelhadas
pela pele. Segundo a
Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), outras formas de
transmissão do Zika vírus
ainda não foram validadas,
mas especula-se ser
possível transmissão pela
saliva, relação sexual e
urina.
Este cenário, em
que grande parte da
população é colocada
em risco contagioso, uma
discussão importante que
se trava é a relação entre
o meio ambiente e saúde.
Sabe-se que o ciclo de
vida dos seres vivos está
intimamente ligado com
o ambiente em que eles
vivem. Este fato, tem
levado pesquisadores a
relacionar a degradação
do meio ambiente com
possíveis epidemias. Como
exemplo, pesquisadores
da Fiocruz estão estudando
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO EM MINAS GERAIS TIVERAM
FECHAMENTO AO TURISMO
(ACE), de modo a preparálos
para os possíveis
casos em 2017, visando o
combate ao Aedes Aegypti.
Pois, dessa forma, além da
prevenção contra a febre
amarela, instantaneamente
previna-se contra a dengue,
Zika e febre Chikungunya,
por possuírem o mesmo
vetor de transmissão.
Outra medida tomada
foi fechamento temporário
de algumas Unidades de
Conservação do estado.
A intenção do Sistema
Estadual do Meio Ambiente
(Sisema) quando propôs o
fechamento, em janeiro, dos
Parques Estaduais Serra do
Brigadeiro e Rio Doce, foi
de preservar visitantes e
funcionários de um possível
contato com o vírus, tendo
em vista que uma pessoa
contaminada pode ser
picada pelo mosquito e
esse vetor contaminado
pode transmitir o vírus a
outras pessoas. A partir
da queda na incidência de
casos da doença na região
dos Parques, o turismo
e pesquisas nas duas
Unidades de Conservação
já voltaram às atividades
a hipótese da tragédia
de Mariana, ocorrida em
2015, esteja relacionada
com a epidemia de febre
amarela registrada meses
após o rompimento da
barragem de rejeitos que
afetou diversos municípios.
Isso se deve ao impacto
que uma tragédia desse
porte tem de agredir
e causar impacto
ao meio ambiente.
Consequentemente, altera
toda a condição de vida
dos animais silvestres ali
presentes, levando-os a
procurar abrigo e comida
em lugares mais próximos
das comunidades
povoadas.
normais.
Entretanto a mobilização
não pode parar. É
necessário continuar reforçando
as medidas de controle
dessas doenças, com
combate aos mosquitos
transmissores, como evitando
o acúmulo de água.
Segundo a Secretaria de Estado de
Saúde – MG, no início do mês de abril
de 2017, considerando o PESB e os municípios que o
engloba, foram notificados casos de febre amarela e
dengue no município de Divino. Já nos municípios de
Muriaé e Fervedouro foram encontrados apenas casos
de dengue. Nos três municípios citados, a incidência
foi considerada de baixa proporção. Nesses primeiros
meses do ano não foram registrados casos de febre
Chikungunya em nenhum dos municípios do entorno
do Parque.
Turismo
Italo BiancHini
LuÍs VinÍcius
Paula SoDrÉ
Para muitas pessoas, a
chegada do mês de junho
significa muito mais do que
uma simples passagem no
calendário. A chegada
desse mês traz consigo
toda uma expectativa e
significado aguardados
por muitos durante todo o
ano: a tradição das festas
juninas. Comidas típicas,
bandeirinhas, fogueira,
roupas remendadas, vestidos
de chita e a própria
quadrilha são características
fundamentais que toda
festa junina que se preze
deve possuir.
As festas juninas possuem
uma forte associação
com os dias de alguns santos
católicos, como Santo
Antônio (13 junho), São
João (24 de junho) e São
Pedro (29 de junho) e são
comemoradas no Brasil
desde o século XVII, constituindo
a segunda maior
festa popular realizada
pelos brasileiros, ficando
atrás apenas do Carnaval.
Na Serra do Brigadeiro
não é diferente, as festas
juninas também são muito
importantes para a região,
reunindo muitas pessoas. A
comunidade de Bom Jesus
do Madeira, pertencente
ao município de Fervedouro,
é um desses locais,
onde muitos esperam por
essa época.
Uma outra tradição normalmente
comemorada
nestes dias de inverno é
a cavalgada, caracterizada
por uma marcha à
cavalo realizada por homens,
mulheres, idosos e
crianças, com o objetivo de
louvar divindades em meio
a paisagens deslumbrantes
da serra. Atualmente,
além da marcha a cavalo,
há também a presença de
carros de boi e veículos
motorizados. Dona Hilda,
uma simpática senhora
residente da comunidade
de Bom Jesus do Madeira,
conta que as cavalgadas
da região não têm data
específica para ocorrerem.
Além disso, segundo
ela, o evento acontece
na própria comunidade e
quem o organiza são pessoas
já envolvidas com o
movimento.
No povoado de Bom Jesus
do Madeira também vem
sendo mantida a tradição
de comemoração do Jubileu,
em evento realizado
para receber o Bom Jesus,
padroeiro da comunidade.
A festa ocorre sempre em
setembro e se tornou um
atrativo importante, principalmente
pelo fato de unir
moradores locais e nativos
que atualmente moram
fora da comunidade. No
evento, os moradores da
comunidade se reúnem
para montarem barraquinhas
com comidas e
outras com lembrancinhas,
ocorrendo também as procissões
religiosas.
Podemos notar que as
festas juninas, cavalgadas
e Jubileu representam uma
forte tradição cultural,
sendo motivo de muita
alegria e comemorações,
principalmente para as
pessoas de comunidades
da região. Elas refletem a
união de uma população
em prol de uma tradição
que já ultrapassa séculos
e ainda se mantém bem
enraizada e viva. Então,
se você ainda não conhece
as tradições de Bom Jesus
do Madeira, não perca
mais tempo e simbora
Ano 7, n°27 - Pág 8
Atrativos de festas e cavalgadas animam o turismo
na comumunidade de Bom Jesus do Madeira
aproveitar uma fogueira,
comendo a famosa broa
de fogão a lenha da
comunidade e dançando
ao som de uma fervorosa
quadrilha! Anarriê!
Para chegar
em Bom
Jesus do
Madeira pelo
município de
Fervedouro
são 22 km
pela estrada
de terra da
BR- 482. Pela
sede do PESB
são 7 km.