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Boletim Biopesb
Ciência, meio meio ambiente e e cidadania em em suas suas mãos
ISSN - 2316-6649 - Ano 8 - Nº 30 - 2018
Com a edição de número 30, o Boletim BioPESB
chega aos 30.000 exemplares distribuídos gratuitamente
no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro e
nos municípios do seu entorno. Esta é uma conquista
da parceria entre universidade, comunidade, PESB e
de vários outros leitores que consolidaram o BioPESB
como um veículo de popularização da ciência. Além
de difusão de informação, o Boletim também tem
sido um laboratório para vários estudantes que
desejam seguir a carreira de jornalismo científico.
Agradecemos a todos os leitores e reforçamos nosso
compromisso com a qualidade e a reflexão crítica e
transformadora.
entrevista com idealizador
do boletim biopesb
Páginas 2 e 3
conheça os riscos da
exposição solar
Páginas 4 e 5
regeneração
florestal
promata
forúm de
educação
ambiental
Como esse processo pode
auxiliar na recuperação da
diversidade e proteção ambiental
Preservando a Mata
Atlântica no PESB
Coletivo colocando em
prática boas ações ambientais
Página 6 Página 7
Página 8
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Entrevista Ano 8, n°30 - Pág 2
Editorial
Estamos completando a
trigésima edição do Boletim
BioPESB, resultado
de um longo caminho de
diálogo entre comunidade
científica e moradores do
entorno do PESB. O Boletim
é uma produção do
grupo de pesquisa BIO-
PROS, juntamente com
graduandos do PET Bioquímica
e estagiários do
curso de Comunicação
Social, todos da UFV. São
7 anos desde a primeira
edição. No entanto, embalado
na canção de
Gilberto Gil em que diz,
“Novo tempo sempre se
inaugura a cada instante
que você viver”, no ano
de 2017 o grupo sentiu a
necessidade de inovar em
suas ações. O sentimento
da necessidade de uma
maior aproximação com
a comunidade local levou
os pesquisadores do
BIOPROS a colocar o “pé
na estrada” e levar para
as escolas públicas da
região a expedição Saberes
da Mata Atlântica.
Montado em um caminhão-ciência,
a expedição
tem buscado levar o conhecimento
científico aos
estudantes de forma lúdica
e interativa, com exibição
de filme, painéis e
experimentos laboratoriais.
Foi também realizada
uma parceria com o Instituto
Estadual de Floresta
de Minas Gerais, passando
a expedição a fazer
parte da programação
do Fórum de Educação
Ambiental (ForEA), envolvendo
estrategicamente
os temas meio ambiente e
ciência. Caso a sua escola
deseje receber o Boletim
BioPESB e a Expedição
Saberes da Mata Atlântica,
entre em contato
conosco.
João Paulo Leite
Editor
Boletim BioPESB completa sua
trigésima edição com lançamento
de novo projeto
Isabella Britto
Lucas Filipe
Tamíris D’Ávilas
O
entrevistado da edição
é com o Prof.
João Paulo Viana Leite
do Departamento de Bioquímica
e Biologia Molecular
da UFV, que junto ao
Programa de Educação Tutorial
em Bioquímica, foi o
criador do Boletim BioPESB
no ano de 2011, chegando
a sua trigésima edição
ao longo desses anos.
Nesta entrevista, o prof.
João Paulo fala sobre a
trajetória e os desafios do
BioPESB para os próximos
anos.
Qual foi a motivação para
criar o Boletim BioPESB?
Antes de criar o Boletim
BioPESB já vínhamos realizando
pesquisas na
região da Serra do Brigadeiro
desde o ano de
2007. Como atuamos na
área de etnofarmacologia,
que trata da ciência
que estuda o conhecimento
popular sobre formas
de tratamento de
doenças de determinados
grupos étnicos ou sociais,
acabamos por conhecer
vários moradores locais
sabedores da medicina
tradicional, popularmente
chamados de raizeiros
ou benzedeiros. Com os
resultados das pesquisas
com as plantas medicinais
usadas na Serra, vimos a
necessidade de devolver
a comunidade local os
conhecimentos gerados
dentro dos laboratórios.
Ou seja, precisava de
melhorar o diálogo entre
pesquisadores e moradores
da Serra. Daí surge
o Boletim BioPESB.
Nas 30 edições, houve
Boletim Biopesb
Redação: Alunos do PET-Bioquímica
da UFV (Bianca Reis, Carine Medeiros,
Débora Pimentel, Isabela Paes, Isabella
Britto, Italo Bianchini, Júlia Coelho,
Lavínia Martin, Lucas Filipe, Luiz Vinícius,
Tamíris D’Ávilas, Maria Cecília Brangioni,
Maria Eduarda Almeida, Nicole
Oliveira, Paula Sudré, Raissa Castro, Yan
Clevelares)
Diagramação: Jéssica Silva
www.biopesb.ufv.br
alguma matéria que surtiu
uma maior repercussão,
como críticas e elogios para
o Boletim?
Aprendemos muito ao
longo das publicações das
edições. Descobrimos que
não queríamos ser apenas
mais um meio de comunicação,
mas sim um veículo
que tivesse uma identidade
com a vida local,
que as matérias fossem
relevantes para a região
com o compromisso de
criar uma reflexão e ação.
Neste sentido, destaco algumas
matérias, como a
que levantamos os valores
de ICMS ecológico recebidos
anualmente pelos
municípios do entorno do
PESB. É importante que a
população tenha conhecimento
desses recursos e
como eles são empregados.
Fizemos também uma
série sobre os povos Puris
que resgata a história da
“Serra dos Arrepiados”.
Mais recentemente, abordamos
o tema da mine-
Editores-Chefes: João Paulo Viana Leite e
Tiago Antônio de Oliveira Mendes
Telefone: (31) 3899-3044
E-mail: biopesbufv@gmail.com
Endereço: Departamento de Bioquímica e
Biologia Molecular - UFV
CEP 36570-900, Viçosa - MG - Brasil
Tiragem: 1.000 exemplares
Apoio: Projeto financiado pelo Edital de
Popularização da Ciência, da Tecnologia e
da Inovação da Fapemig
Entrevista
Ano 8, n°30 - Pág 3
ração, que é de grande
relevância para a região.
Quais são os principais desafios
em manter um projeto
como este?
Temos como convicção
que a ciência seja um
forte aliado para a conservação
do meio ambiente.
Precisamos ter
a compreensão da importância
de se proteger
a floresta Atlântica. Na
discussão da mineração,
por exemplo, não basta
dizer que a área vai ser
recuperada após sua derrubada,
mas saber de
quantas espécies da flora,
fauna e de microrganismos
que estaremos colocando
em risco de extinção. O
bioma Mata Atlântica é
uma das áreas com maior
perda de biodiversidade
do planeta, restando ape
nas cerca de um pouco
mais de 7% da sua área
original. A população,
principalmente, a local,
precisa ter o conhecimento
da sua importância. A
floresta tem mais valor
em pé do que destruída.
Isto já está comprovado.
Temos então este desafio
de dar voz à ciência e ao
conhecimento tradicional
que mostra a relevância
da Mata Atlântica.
Qual a opinião da população
em torno do PESB
sobre o BioPESB? Ele realmente
chega às escolas e à
população e cumpre o seu
objetivo?
Ter o retorno da população
quanto ao material
publicado foi e continua
sendo um desafio para nós
do BioPESB. Estamos chegando
a marca de 30.000
exemplares distribuídos
gratuitamente para a comunidade.
Somos uma
equipe formada por professores
e estudantes que
estamos sempre correndo
atrás de recursos junto ao
Ministério da Educação,
fazendo planejamento,
escrevendo matérias do
BioPESB, além de todos
os outros trabalhos que
temos dentro da universidade.
Assim, não tivemos
como ter uma avaliação
de opinião dos leitores
durante este tempo. O que
temos é a conversa sobre
o Boletim com membros
do Conselho Consultivo do
PESB, com a gerência do
Parque e, mais recentemente,
com professores
das escolas do entorno
do PESB. Muito nos alegra
que em algumas escolas
da região, matérias do
Boletim tem servido para
discussão. Temos também
um bom retorno de turistas
do PESB. Mesmo as críticas
de algumas matérias que
nos chegam são muito importantes
para o aprimoramento.
Como coordenador deste
boletim, quais são suas expectativas
para as próximas
edições do Boletim
BioPESB?
Justamente na tentativa
de estar mais próximo da
comunidade local conversando
sobre ciência, conseguimos
recentemente a
aprovação de um projeto
junto ao órgão de fomento
de pesquisa do estado,
a Fapemig, a aprovação
do projeto ‘Saberes da
Mata Atlântica”. Neste
projeto, estamos levando
às escolas uma exposição
interativa sobre ciência.
A proposta é passar
por todos os municípios
do entorno do PESB. Durante
estas expedições
estamos tendo a oportunidade
de conversar diretamente
com gestoras,
professoras e estudantes
sobre ciência. Temos visto
várias iniciativas bacanas
em escolas locais para o
ensino de ciência. Queremos
divulgar estas iniciativas
dentro do BioPESB, de
forma a criar uma rede de
professores que troquem
experiência sobre o uso
do ambiente natural local
como instrumento para
o ensino e aprendizagem
dos conteúdos lecionados
dentro da sala de aula.
Apostamos que o melhor
caminho para a conservação
ambiental nasce
na formação de cidadãos
conscientes dentro das escolas
da região. É preciso
motivar este estudante
desde o ensino básico,
proporcionando oportunidade
para despertar
todo seu potencial. Assim,
nossa estratégia para as
futuras publicações do
BioPESB passa por uma
aproximação maior com
esses educadores das
escolas locais, de forma
a construirmos juntos o
planejamento das próximas
edições.
O Boletim BioPESB é construído com a participação
dos alunos integrantes do grupo PET Bioquímica
da UFV. O trabalho que estende ao longo do ano,
inicia-se com ida ao Parque da Serra do Brigadeiro,
onde acontece o planejamento anual das edições e
divisão de matérias para cada editorial. O grande
diferencial, também um desafio para o grupo, é sempre
a busca por fontes primárias e registros históricos
confiáveis para elaboração de cada matéria. Com
isso, o trabalho do grupo busca sempre desenvolver
um conteúdo novo e de interesse para comunidade
ao entorno do Parque, com a preocupação de difundir
ciências em uma linguagem fácil e compreensivo
para qualquer nível formação do leitor.
Integrates do grupo PET Bioquímica, juntamente com o Prof.
João Paulo (coordenador do BioPESB) e o Prof. Tiago Mendes
(tutor do grupo)
Imagem: reprodução
Ciência
Ano 8 n°30 - Pág 4
Você que passa muito tempo em contato
com o sol, seja por lazer ou por trabalho,
conheça os riscos e saiba se proteger
Carine Medeiros
Júlia Coelho
Luiz Vinícius
Maria Eduarda Almeida
A
luz solar é essencial
para o metabolismo
de todos os animais
e vegetais. Se hoje temos
oxigênio disponível no
nosso planeta, é graças à
luz que incide nas plantas
e algas, que produzem o
oxigênio que respiramos
pelo processo de fotossíntese.
Mas esse não é o
único motivo pelo qual nós,
seres humanos, dependemos
dos raios solares. A
exposição ao sol estimula
a produção de vitamina
D, que está associada à
produção da massa óssea,
ajudando a evitar problemas
como osteoporose e
raquitismo. Além disso, regula
o sistema imunológico,
que auxilia na prevenção
de doenças dermatológicas
como psoríase e vitiligo;
e ainda ajuda a estimular
o bom humor, uma
vez que seu contato com a
pele estimula a produção
da serotonina, um neurotransmissor
que aumenta a
sensação de bem-estar.
Apesar dos benefícios da
luz solar serem verdades
científicas, aquela velha
Produtores rurais em exposição solar na cidade de São Francisco da Glória/MG
regra de que “tudo em
excesso faz mal” continua
valendo. Estudos comprovam
que a exposição contínua
ao sol contribui para
doenças dermatológicas,
como queimaduras e fotodermatoses,
sendo que a
longo prazo pode ocorrer
o envelhecimento cutâneo
precoce, perda de elasticidade
da pele e ainda
favorece o câncer de pele.
Sabe-se que os raios ultravioletas
liberados nos
feixes solares podem
penetrar em nossas células
e danificar a molécula de
DNA, que é responsável
pelo armazenamento da
nossa informação genética,
e assim, gerar mutações
que na maioria das
vezes são maléficas para
o corpo.
A exposição solar é um
dos maiores problemas
enfrentados pelos trabalhadores
rurais, que constantemente
estão sob regime
de trabalho pesado,
a céu aberto e muitas
vezes sem a proteção adequada.
Mesmo em dias
nublados, as radiações
solares conseguem penetrar
pelas nuvens e atingir
esses trabalhadores. É
comum encontrar lesões de
pele como melanose solar
e fotoenvelhecimento nessas
pessoas. Além disso,
Imagem: reprodução
segundo o Instituto Nacional
do Câncer (INCA), o
câncer de pele é o tipo de
câncer mais incidente no
Brasil, chegando a corresponder
a 30% de todos
os casos de tumores malignos
registrados no país.
Os trabalhadores rurais
são, mais uma vez, grande
parte dos afetados pela
doença, uma vez que, em
muitos casos, não lhes são
fornecidas as informações
necessárias para sua conscientização
a respeito dos
perigos causados pela exposição
excessiva ao sol.
Por isso é essencial que
haja conscientização por
parte de toda a popula-
Ciência
Ano 8, n°30 - Pág 5
ção, principalmente dos
trabalhadores que se mantém
expostos ao sol por
muito tempo, que o uso
de proteção como roupa
adequada, bonés ou chapéus
de abas largas, óculos
escuros, barraca e filtro
solar com fator mínimo de
proteção solar (FPS) 15
são indispensáveis. Assim
tentar evitar os raios
solares entre as 10 e 16
horas (ou entre 11 horas
e 17 horas, no horário de
verão), e se hidratar bastante.
A alta taxa de pessoas
com câncer de pele, principalmente
entre os trabalhadores
rurais, é considerada
uma questão de
saúde pública e demonstra
a necessidade de se
realizar estudos para investigar
as condições de
trabalho enfrentadas por
essa população. O apoio
de órgãos governamentais
seria de grande ajuda,
principalmente se fosse
possível a distribuição de
produtos como protetor solar,
bonés, chapéus, entre
outros, para a população
mais exposta ao problema,
pois muitas vezes não se
têm condições de adquirir
tais itens. Doenças de pele
não são menos importantes
que quaisquer outras
doenças, por isso, utilizar
todos os produtos indicados
e ir sempre ao médico
pode evitar grandes problemas
futuros.
Além disso, se a população
fosse ensinada a detectar
novas lesões contribuiria
para o diagnóstico
precoce do melanoma e,
portanto, o tratamento seria
beneficiado.
Imagem: reprodução
MeioAmbiente
Ano 8, n°30 - Pág 6
Regeneração florestal como forma de recuperação
da diversidade e proteção ambiental
Isabela Paes
Italo Bianchini
Maria Cecília Brangioni
“Regenerar” florestas
significa devolver às áreas
degradadas, atributos que
foram perdidos, como sua
biodiversidade, funções
ecológicas e oferta de serviços
ecossistêmicos como
fornecimento de água,
polinização e regulação
do clima. Este tem sido o
objetivo de vários produtores
rurais que atualmente
sentem no dia a
dia os prejuízos causados
pelo modelo de produção
baseado na destruição da
floresta.
O processo de regeneração
de áreas ambientais
é considerado um processo
de recomposição de
uma forma de vegetação,
anteriormente eliminada
por processos destrutivos,
como desmatamento de
florestas para extração
de madeira, queimadas
para geração de áreas
de pecuária, implantação
de projetos de mineração
ou até mesmo pela ocorrência
de acidentes ambientais,
como incêndios e
desastres naturais.
No processo de regeneração,
vários tipos de
vegetações vão se formando
e se sucedendo
até o restabelecimento da
vegetação original. Essa
formação e sucessão de
vegetação pode ocorrer
naturalmente. Neste caso
a regeneração ocorre pela
ação da fauna que ao se
alimentar de frutos e folhas
liberam as sementes
no solo, possibilitando o
crescimento de novas plantas.
Este processo também
pode ocorrer artificialmente,
quando há a interferência
humana através
do plantio de mudas ou
sementes.
O Parque Estadual da
Serra do Brigadeiro
(PESB), na época do descobrimento
e colonização do
Brasil, era repleto de matas
e florestas constituintes
da Mata Atlântica. Devido
a sucessivos ciclos de processos
ocorridos no passado,
como a extração de
madeira, mineração, crescimento
de áreas urbanas,
plantio de cana-de-açúcar
e o desenvolvimento da
pecuária, a Mata Atlântica
foi quase extinta, refletindo
esse aspecto na vegetação
presente em toda
a região da zona da mata
mineira.
Segundo Laurielen Gurgel
Pacheco, monitora ambiental
do PESB, apenas
cerca de 10% da vegetação
do Parque é composta
pela vegetação natural da
região, sendo locais onde
o ser humano tem grande
dificuldade para alcançar.
Outros 90% são compostos
de matas secundárias, ou
seja, uma vegetação proveniente
de processos de
regeneração ambiental,
Processo de sucessão florestal secundária pelo plantio de mudas
Imagem: reprodução
mais especificamente neste
caso, regeneração natural.
Um fato curioso sobre a
regeneração das matas
do PESB é que, de acordo
com os pesquisadores, pelo
tempo que a floresta está
sendo regenerada ela se
desenvolveu muito rápido,
o que é uma exceção pois
os processos de regeneração
geralmente ocorrem
lentamente.
No processo de restauração
ambiental é importante
um estudo prévio
das espécies nativas da
região. Esses estudos são
importantes para manter
as interações naturais entre
as espécies, tanto da
fauna quanto da flora local,
e dessa forma minimizar
as consequências
ao ecossistema da região
que se deseja restaurar a
vegetação nativa. Caso
esse estudo não seja feito
de modo correto, pode ser
gerado um desequilíbrio
ambiental devido ao plantio
de espécies vegetais
denominadas exóticas, que
influenciam no crescimento
da vegetação nativa, podendo
inclusive afastar
os animais da região. Um
desequilíbrio gerado nesse
ecossistema iria contra o
objetivo da regeneração
que é justamente recuperar
a originalidade das
formas vegetais e animais
que foram perdidas com o
tempo pela ação humana.
Portanto, o objetivo principal
desse processo é
causar o retorno de espécies
nativas à região regenerada.
Neste contexto, o
processo de regeneração
ambiental planejado com
a formação de corredores
ecológicos, áreas estas que
unem fragmentos florestais
ou unidades de conservação
permitindo o livre deslocamento
de animais e a
dispersão de sementes e
o aumento da cobertura
vegetal, se torna uma ferramenta
que propicia o
aumento do fluxo gênico.
A mistura de características
entre diferentes populações
de animais de uma
mesma espécie pode também
contribuir para aumentar
a diversidade dentro
dessa espécie.
Serra do Brigadeiro Ano 8, n°30 - Pág 7
PROMATA: Ações de preservação da Mata
Atlântica no PESB
Lavínia Martin
Nicole Oliveira
Paula Sudré
Raissa Castro
Um dos biomas mais ricos
do planeta é a Mata Atlântica,
a qual é composta por
uma grande variedade de
ecossistemas ao longo de
todo Brasil e abriga os
mais diversos seres vivos.
Ao longo dos anos, esse
domínio vegetativo foi alvo
de processos de desmatamento
e teve sua área
drasticamente reduzida à
aproximadamente 12,5%
do domínio original.
Mesmo com tanto desmatamento,
a Mata Atlântica
ainda é um bioma
muito importante, abrigando
cerca de 20.000
espécies vegetais e muitas
outras espécies animais. É
devido a essa importância
que foi desenvolvido o Projeto
de Proteção da Mata
Atlântica de Minas Gerais
(Promata), que tem como
objetivo apoiar o Instituto
Estadual de Florestas de
Minas Gerais (IEF) na proteção,
recuperação e sustentabilidade
das regiões
de Mata Atlântica do estado.
O projeto foi inicialmente
implantado em
2003 através da cooperação
entre os governos de
Minas e da Alemanha. A
implantação foi direcionada
pelo Ministério Federal
da Cooperação Econômica
e Desenvolvimento e pelo
Banco Alemão de Desenvolvimento
(KfW). Atualmente,
o projeto atua diretamente
em 15 unidades
de conservação do estado
e seus entornos, abrangendo
uma área total de 140
mil quilômetros quadrados
distribuídos em 429 municípios
pertencentes ao
Alto Jequitinhonha, Vale do
Rio Doce, Zona da Mata,
Centro-Sul e Sul do estado.
Toda essa área equivale
a aproximadamente 25%
do território mineiro.
Por meio do Promata,
foram ampliados esforços
políticos, institucionais e
administrativos destinados
ao fortalecimento do sistema
de áreas protegidas,
principalmente quando se
trata da Mata Atlântica,
o que foi muito importante
no fortalecimento
das ações de preservação
florestal de Minas Gerais.
Visando uma melhor implantação
do programa,
o projeto faz uso de medidas
de monitoramento,
controle e fiscalização das
Unidades de Conservação,
a fim de promover o desenvolvimento
sustentável,
a restauração e reflorestamento
da Mata Atlântica
e o investimento no desenvolvimento
de técnicas sustentáveis
de obtenção de
renda para moradores da
região.
O Parque Estadual da
Serra do Brigadeiro tem
sido beneficiado com o
PROMATA ao longo dos
Centro de Visitantes do PESB – Foto: Arquivo / Parque Estadual
Serra do Brigadeiro. Está localizado na sede do Parque, na estrada
Araponga/Fervedouro, Km 15, na zona rural de Araponga. O funcionamento
é de terça-feira a domingo, no horário de 8h as 17hs.
anos. Segundo relatório
publicado pela Secretaria
de Estado de Meio Ambiente
e Desenvolvimento
Sustentável - SEMAD, com
recursos do projeto, foram
construídos no PESB posto
para polícia ambiental,
laboratórios, centro de
pesquisa, centro de administração
e residências
para funcionários. Também
foram adotadas medidas
voltadas para a educação
ambiental, a implementação
de atividades de recuperação
da Mata Atlântica,
entre outros.
Pelo Promata, foi possível
executar o Projeto
de Exposição Permanente
no Centro de Visitantes
do PESB, que oferece uma
experiência interativa e
lúdica que mistura arte e
cultura no Parque.
Todas essas ações têm
sido de grande importância
para a melhoria das
condições do PESB, tanto
no que concerne à ampliação
da sua biodiversidade
quanto às melhorias voltadas
para as populações
do entorno. Desse modo,
o Promata tem impactado
positivamente na região,
sempre visando o reflorestamento
e preservação da
rica biodiversidade encontrada
nas peculiaridades
da Mata Atlântica que
recobre a Serra do Brigadeiro.
Imagem: reprodução
ForEA
Ano 8, n°30 - Pág 8
ForEA: Boas práticas ambientais e alinhamento
coletivo para vencer desafios
Bianca Reis
Débora Pimentel
Yan Clevelares
O Fórum Regional de Educação
Ambiental, conhecido
pela sigla ForEA, é o
maior evento de educação
ambiental de Minas Gerais
e funciona de forma itinerante,
ou seja, ocorrendo
em diferentes municípios
da Zona da Mata a cada
nova edição. O evento
também é plurianual, de
forma que em um mesmo
ano, mais de uma edição
acontece. Esse evento teve
origem a partir de uma
preocupação com a capacitação
de servidores
municipais. Contudo, o
púbico alvo se expandiu, e
hoje varia de gestores ambientais
a alunos de todos
os níveis de ensino.
O Fórum reúne a cada
Na XXV edição do ForEA,
o Sr. José Roberto, gerente
da Unidade de Conservação
Parque Estadual da
Serra do Brigadeiro, foi
homenageado ganhando
o diploma de mérito ambiental
em reconhecimento
aos relevantes serviços
prestados ao meio ambiente
em nível regional.
edição cerca de 600 participantes,
que se envolvem
nas atividades do evento.
Essas atividades são voltadas
para a educação e
capacitação ambiental,
como oficinas referentes a
captação de recursos, reciclagem,
coleta seletiva,
saúde e outras.
O objetivo do Fórum é
promover o envolvimento
com o tema educação ambiental,
por meio da construção
de conhecimentos
sobre os problemas ambientais
locais, além de
permitir troca de experiências,
fomentar e garantir o
acesso à informação pela
população.
Uma das maiores características
do ForEA é a sua
capacidade mobilizadora,
uma vez que desde sua
primeira edição em 2006
em Carangola, o ForEA
já mobilizou mais do que
10.000 pessoas, contando
organizadores, convidados
e participantes. Pela sua
relevância, o evento recebeu
no ano de 2014, o
Prêmio Hugo Werneck de
Sustentabilidade & Amor à
Natureza na categoria de
Melhor Exemplo em Educação
Ambiental. Esse prêmio
simboliza todo o trabalho
investido na realização
dos Fóruns e foi recebido
por Renato Gomes, analista
Ambiental do IEF, Betty
Giovannoni presidente da
CIEA Zona da Mata-MG e
por José Carlos Carvalho,
XXV ForEA realizado no município de Miradouro
ex-Ministro de Meio Ambiente
e ex-Secretário de
Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável de
Minas Gerais
Em 2017 foi realizado
o XXV ForEA na cidade
de Miradouro, MG, nos
dias 21 e 22 de setembro,
envolvendo aproximadamente
500 pessoas
entre gestores municipais e
representantes das comunidades
de 14 municípios.
Em paralelo, ocorreu também
o VII Fórum Regional
de Educação Ambiental
Mirim – ForEA Mirim - com
a participação de 250
crianças das escolas da
rede pública de ensino e
da APAE de Miradouro.
Em mais uma edição, o objetivo
foi baseado no fortalecimento
da Educação
Ambiental em Miradouro
e nos municípios participantes.
O XXV ForEA possibilitou
a oferta de 15
oficinas de gestores com
diversos temas, como Agroecologia
e Práticas Educa-
Imagem: reprodução
tivas, Turismo em Áreas Na
turais Rurais e Pintura com
Tinta de Solos. Durante o
evento, foram traçados os
projetos a serem executados
nos meses seguintes de
acordo com os temas trabalhados,
apresentando
projetos em andamento e
novos, como por exemplo,
o lançamento da Coleta
Seletiva no município, em
parceria com a prefeitura,
escolas e setores públicos.
Nessa edição houve também
a inauguração da
expedição do grupo BIO-
PROS/UFV, Saberes da
Mata Atlântica, direcionada
para estudantes do
ensino médio e fundamental,
que tem como meta a
popularização da ciência
nos municípios do entorno
do Parque Estadual Serra
do Brigadeiro.
Está previsto para 2018,
a realização de novas
edições do ForEA nos municípios
de Fervedouro, Simonésia
e São Sebastião
da Vargem Alegre.
Especial 30ª edição
PROJETO SABERES
DA MATA ATLÂNTICA:
Aqui, Ciência e conhecimentos
populares se unem pelo uso
sustentável da biodiversidade
A
exposição “Saberes
da Mata Atlântica”
busca o diálogo entre os
cientistas e a sociedade,
popularizando o conhecimento
científico ao passo
em que também se alimenta
do saber popular, de
forma a buscar soluções
conjuntas para desafios
socioambientais. Tal prática
tem sido uma dinâmica
dentro do grupo de pesquisa
BIOPROS (Bioprospecção
Molecular no Uso
Sustentável da Biodiversidade)
que, ao longo dos
últimos anos, tem buscado
avaliar as propriedades
químicofarmacêuticas de
diversas espécies vegetais
nativas da Mata Atlântica.
Agradecemos à Fapemig
(Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de
Minas Gerais) pelo importante
apoio financeiro, à
Pró-reitoria de Extensão
e Cultura da Universidade
Federal de Viçosa pelo
apoio na logística de tornar
a exposição itinerante,
ao Instituto Estadual de
Floresta pela parceria, e a
população do entorno do
Parque Estadual da Serra
do Brigadeiro que tem
sempre colaborado com
os pesquisadores e extensionistas
do BIOPROS.
Ano 8, n°30
Especial 30ª edição
BIODIVERSIDADE DA MATA ATLANTICA
Um tesouro a ser descoberto
Ano 8, n°30
Imagem: André Bernlinck
Na época da chegada
dos colonizadores
portugueses ao Brasil,
a região costeira do país
era coberta por uma densa
e exuberante floresta
que se estendia a uma
área superior a 1,3 milhão
km². Depois de mais
de 500 anos, esta região
de influência da Mata
Atlântica que concentra
cerca de 60% da população
brasileira, aproximadamente
124 milhões
de pessoas, está reduzida
a próximo de 7% da sua
área original. Segundo a
ONG Conservation International,
a Mata Atlântica
está entre as cinco principais
áreas do planeta de
maior diversidade biológica
e, ao mesmo tempo,
mais ameaçadas. Vários
foram os ciclos que determinaram
a destruição da
Mata Atlântica, como o
da exploração da madeira,
do ouro, da cana-de-
-açúcar, do café e mais
recentemente, em função
da ocupação demográfica
nas áreas urbanas. Este
cenário de perda de biodiversidade
já mostra a
sua face de exaustão, vítima
da ação humana, em
uma era que uma única
espécie, a Homo sapiens,
ameaça a sobrevivência
de várias outras espécies.
Os resultados dessa
destruição da floresta já
podem ser sentidos pelo
desequilíbrio climático,
secagem de várias fontes
d`água, perda de culturas
e tradições humanas,
e extinção de espécies as
quais a ciência não teve
ao menos tempo de conhecer.
Tentar compreender
como a redução da
área florestal está afetando
a nossa vida, conhecer
a importância ambiental e
social de espécies da flora,
da fauna e do universo
microscópico que habitam
a floresta antes de serem
extintas, e propor o uso
sustentável da biodiversidade;
têm sido alguns dos
desafios de cientistas de
vários campos do conhecimento.
Nesta jornada em
busca da vida, o saber
popular também se mostra
forte aliado, uma vez
que através das gerações,
o homem ao se lançar na
floresta em busca de sua
sobrevivência aprendeu
vários benefícios oferecidos
pela biodiversidade,
como alimentos e medicamentos.
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