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GERAL<br />
JORNAL VICENTINO<br />
7 de abril de 2018<br />
PRISÃO DO EX-PRESIDENTE<br />
Lula pretende se entregar hoje em<br />
SP, após missa para Marisa Letícia<br />
Os advogados do ex-presidente<br />
Luiz Inácio Lula da Silva informaram<br />
à cúpula da Segurança<br />
Pública que o petista pretende<br />
se entregar em São Paulo,<br />
após a missa em homenagem à<br />
ex-primeira-dama Marisa Letícia<br />
marcada para este sábado, 7. Ela<br />
faria 68 anos nesta data. As informações<br />
foram dadas por fontes<br />
que acompanham de perto as<br />
negociações para a entrega de<br />
Lula à Polícia Federal, que ainda<br />
não haviam se encerrado, até o<br />
fechamento da edição.<br />
Mais cedo, segundo o Jornal<br />
Estado de São Paulo, dois emissários<br />
de Lula negociavam com a<br />
PF os termos de rendição para<br />
que o petista seja preso. Ainda não<br />
há uma decisão sobre como será<br />
o procedimento a ser adotado.<br />
O canal de comunicação entre<br />
a defesa de Lula e a PF, uma<br />
das exigências do despacho do<br />
juiz Sérgio Moro, foi aberto no<br />
final da tarde de ontem. Pela<br />
PF, quem negocia é o delegado<br />
Igor Romário de Paulo, chefe da<br />
Lava Jato em Curitiba.<br />
O ex-presidente tinha até as<br />
17h desta sexta-feira, 6, para se<br />
entregar após a expedição do<br />
mandado de prisão pelo juiz federal<br />
Sérgio Moro no processo<br />
do triplex, que rendeu ao petista<br />
uma condenação de 12 anos<br />
e um mês de reclusão.<br />
A PF não realiza prisão após<br />
as 18h, mas policiais ouvidos<br />
disseram ao Estado que caso o<br />
ex-presidente resolva se entregar<br />
é possível recebê-lo em São<br />
Paulo para depois fazer sua remoção<br />
para Curitiba.<br />
O avião da PF já se encontra<br />
no Aeroporto Internacional<br />
de São Paulo, em Congonhas.<br />
Nesta sexta, 6, as duas partes<br />
se falaram após o término do prazo<br />
dado por Moro. O Estado apurou<br />
que, em um primeiro momento,<br />
os interlocutores de Lula afirmaram<br />
que o petista estava à disposição<br />
da PF, mas que ele não<br />
iria se entregar. "Que venham me<br />
pegar", disse a um aliado.<br />
A posição do petista era de<br />
que a PF teria que buscá-lo no<br />
lendário Sindicato dos Metalúrgicos,<br />
onde fez carreira.<br />
Entretanto, uma fonte da PF<br />
afirmou ao Estado que a sinalização<br />
dos interlocutores do petista<br />
era de que Lula se entrega,<br />
mas dentro do ‘tempo’ dele.<br />
Um petista que está no Sindicato<br />
dos Metalúrgicos com o<br />
ex-presidente disse que ele irá<br />
se entregar e que os últimos<br />
detalhes estão sendo ajustados<br />
com os aliados mais próximos.<br />
Relembre as fases do processo que<br />
levou à ordem de prisão de Lula<br />
O processo que culminou<br />
com a ordem de prisão do expresidente<br />
Luiz Inácio Lula da<br />
Silva, expedida ontem (5) pelo<br />
juiz federal Sérgio Moro, teve<br />
início há cerca de quatro anos,<br />
quando a força-tarefa da Operação<br />
Lava Jato iniciou a investigação<br />
da compra de um apartamento<br />
triplex à beira-mar no<br />
Guarujá (SP).<br />
Os investigadores informaram<br />
que o ex-presidente teria<br />
sido beneficiado com o repasse<br />
de R$ 3,7 milhões em propina<br />
– parte paga por meio do triplex<br />
no Guarujá (SP) - em troca<br />
de conceder vantagens à empreiteira<br />
OAS em contratos<br />
com a Petrobras.<br />
Outra parte do dinheiro teria<br />
sido recebida por meio do<br />
pagamento das despesas de armazenamento<br />
do acervo presidencial<br />
acumulado por Lula em<br />
seus oito anos de mandato. Quatro<br />
dias depois, Moro aceitou a<br />
denúncia, tornando Lula réu na<br />
Lava Jato. A partir daí teve início<br />
a ação penal.<br />
Lula não é<br />
considerado foragido,<br />
diz Justiça Federal<br />
- 04/03/2016 : Houve condução coercitiva de Lula para depor à Polícia Federal, autorizada<br />
por Moro. A defesa também questionou interceptações telefônicas feitas no escritório de Roberto<br />
Teixeira, um dos advogados do ex-presidente. As gravações acabaram anuladas como<br />
prova.<br />
- 14/08/2016: O procurador da República Deltan Dallagnol apresenta denúncia por corrupção<br />
passiva e lavagem de dinheiro contra o ex-presidente. Na ocasião, os procuradores apontaram<br />
Lula como “comandante” do esquema de corrupção na Petrobras.<br />
- 20/04/2017: Após quatro meses preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, em<br />
decorrência de outras ações, o empresário Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, depõe contra<br />
Lula no processo, e afirma que havia reservado o triplex para Lula.<br />
- 10/05/2017: Lula e Moro ficam frente à frente pela primeira vez. Na ocasião, o ex-presidente<br />
negou ser dono do triplex no Guarujá (SP), afirmando que nunca ocupou o imóvel ou ter tido<br />
sequer a intenção de comprá-lo. A defesa reafirmou não haver nenhum documento a comprovar<br />
que a unidade seria de propriedade de Lula.<br />
- 12/07/2017: Moro proferiu sua sentença, na qual condenou Lula a nove anos e seis meses<br />
de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.<br />
- 12/09/2017: A defesa do ex-presidente recorreu contra sentença ao Tribunal Regional da<br />
4ª Região (TRF4), segunda instância da Justiça Federal, com sede em Porto Alegre. Na alegação,<br />
os advogados argumentam que houve uma série de equívocos durante a tomada de depoimentos.<br />
- 12/01/2018: Os desembargadores da Oitava Turma do TRF4 decidem ampliar a punição a<br />
Lula para 12 anos e um mês, em regime fechado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro<br />
no caso do triplex do Guarujá (SP).<br />
- 21/02/2018: Advogados do ex-presidente recorrem ao próprio TRF4 contra decisão de<br />
prisão sob a alegação de que viola a Constituição.<br />
- 27/03/2018: A defesa de Lula recorre, novamente, ao TRF4 contra a decisão de pena em<br />
regime fechado.<br />
- 04/04/2018: Em sessão que durou mais de 9 horas, o Supremo Tribunal Federal (STF), por<br />
um placar de 6 x 5, rejeitou habeas corpus preventivo apresentado por Lula para evitar uma<br />
eventual prisão.<br />
-05/04/2018: O juiz Sérgio Moro determina que o ex-presidente se apresente à Polícia<br />
Federal até as 17h do dia seguinte para cumprir a pena em regime fechado.<br />
-06/04/2018: Há protestos contra e a favor da decisão do Supremo. Em São Paulo, Lula se<br />
reúne com a cúpula do PT e sindicalistas. É aguardada a manifestação dele.<br />
Após o fim do prazo determinado<br />
pelo juiz federal Sérgio<br />
Moro, o ex-presidente Luiz Inácio<br />
Lula da Silva não é considerado<br />
foragido. A assessoria de<br />
imprensa da Justiça Federal no<br />
Paraná esclareceu que Moro<br />
concedeu a oportunidade de ele<br />
se entregar à Polícia Fededal e,<br />
por isso, mesmo após as 17h,<br />
ele não era tratado como foragido<br />
da Justiça.<br />
O presidente da Federação<br />
Nacional dos Policiais Federais,<br />
Luís Antônio Boudens, que<br />
se reuniu com o superintendente<br />
da Polícia Federal no<br />
Paraná, delegado Maurício Valeixo,<br />
explicou que Lula não é<br />
considerado foragido porque<br />
não há componentes de fuga.<br />
“A condição de foragido é específica.<br />
Tem que haver componentes<br />
de fuga, de rejeição<br />
de apresentação. Terminou o<br />
prazo para que ele se apresente<br />
voluntariamente. Como não<br />
aconteceu, o mandado será<br />
cumprido.”<br />
Boudens se reuniu com o<br />
superintendente para pedir reforço<br />
na segurança dos agentes<br />
que devem cumprir o mandado<br />
de prisão do ex-presidente<br />
Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo<br />
ele, a ordem de prisão do<br />
juiz Moro foi muito rápida e não<br />
houve tempo hábil para que os<br />
policiais planejassem a execução<br />
do mandado.<br />
“Para a nossa avaliação, foi<br />
uma surpresa esse mandado.<br />
Apesar de avaliarmos que os ritos<br />
legais foram seguidos, nós<br />
vimos uma celeridade no procedimento<br />
padrão que o TRF4<br />
vem adotando. Essa celeridade<br />
tem aspectos positivos e negativos.<br />
Não sob o ponto de vista<br />
processual, mas sob o ponto de<br />
vista do cumprimento e da execução.<br />
Nós temos que estar preparados<br />
para que tudo transcorra<br />
da melhor forma possível”,<br />
disse.<br />
Segundo Boudens, outro<br />
assunto discutido na reunião<br />
com o superintendente foi a<br />
manutenção dos serviços à<br />
população na sede em Curitiba,<br />
como a expedição de passaportes.<br />
“Nossa preocupação<br />
apresentada aqui para o<br />
superintendente foi de manter<br />
todos os serviços para não<br />
prejudicar nem os policiais<br />
nem os cidadãos que buscam<br />
o serviço da Polícia Federal”,<br />
acrescentou.<br />
Defesa de Lula entra com<br />
novo recurso no STF<br />
A defesa do ex-presidente<br />
Luiz Inácio Lula da Silva entrou<br />
ontem no Supremo Tribunal Federal<br />
(STF) com um novo recurso<br />
para suspender a decisão<br />
do juiz federal Sérgio Moro que<br />
determinou a execução provisória<br />
da pena de 12 anos de prisão<br />
na ação penal do triplex do<br />
Guarujá (SP). O recurso, uma reclamação,<br />
será julgado pelo<br />
ministro Edson Fachin, que já<br />
rejeitou o mesmo pedido anteriormente.<br />
Na reclamação, a defesa<br />
de Lula sustenta que Moro<br />
não poderia ter executado a<br />
pena porque não houve esgotamento<br />
dos recursos no Tribunal<br />
Regional Federal da 4ª<br />
Região (TRF), segunda instância<br />
da Justiça Federal.<br />
Para os advogados, a decisão<br />
do Supremo Tribunal Federal<br />
(STF) que autorizou, em<br />
2016, as prisões após segunda<br />
instância deve aplicada<br />
somenteapós o trânsito em<br />
julgado no TRF4.<br />
“Sem o exaurimento da jurisdição<br />
da segunda instância,<br />
mesmo essa interpretação mais<br />
restritiva da garantia constitucional<br />
à luz da presunção de inocência<br />
foi claramente afrontada<br />
pela decisão de ontem do<br />
TRF4 que determinou o imediato<br />
recolhimento do reclamante<br />
à prisão. ”, diz a defesa<br />
Na quinta (5), ao determinar<br />
a prisão, Moro explicou<br />
que, embora caiba mais um recurso<br />
contra a condenação de<br />
Lula, os chamados embargos<br />
dos embargos, a medida não<br />
poderá rever os 12 anos de<br />
pena. "Não cabem mais recursos<br />
com efeitos suspensivos<br />
junto ao Egrégio Tribunal Regional<br />
Federal da 4ª Região.<br />
Não houve divergência a ensejar<br />
infringentes. Hipotéticos<br />
embargos de declaração de<br />
embargos de declaração<br />
constituem apenas uma patologia<br />
protelatória e que deveria<br />
ser eliminada do mundo<br />
jurídico. De qualquer modo,<br />
embargos de declaração não<br />
alteram julgados, com o que<br />
as condenações não são passíveis<br />
de alteração na segunda<br />
instância", explicou.