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TÍTULO DA HORA COM MUITAS LINHAS!<br />
O autor também relata que, tanto no caso de “Saudosa<br />
Maloca” como de “Abrigo de Vagabundo” são poucas as<br />
opções de destino para as personagens. Quando não moram em<br />
habitações improvisadas ou ilegais como as malocas, acabam<br />
tendo que ir para a praça, e viver como indigentes. Quando o<br />
destino aparentemente sorri a um dos personagens, como em<br />
“Abrigo de Vagabundo”, ele se desloca do centro e vai para<br />
lugares mais afastados, mas nota-se que as opções dos<br />
companheiros que não tiveram a mesma sorte é provavelmente<br />
ficar na rua ou na prisão, “[...]/ Estarão jogados / Na avenida São<br />
João / Ou vendo o sol quadrado / Na detenção [...]”, reforçando a<br />
ideia da importância do problema da habitação para o cotidiano<br />
de Adoniran e seus companheiros. Ele ainda destaca que a<br />
frequência que a palavra “rua” aparece e o modo como ela<br />
surge nas canções a coloca sempre como contraponto entre o<br />
ambiente particular da casa e o espaço público como lugar de<br />
sociabilidade.<br />
A frequência com que esse espaço<br />
caracteristicamente público é mencionado sugere<br />
uma assimilação simbólica do espaço público, em<br />
contraste com a impossibilidade de apropriação<br />
efetiva pelos praticantes do samba nesses espaços.<br />
Nem sequer o desejo de apropriação da rua é<br />
manifesto: o registro de vivências outras pode<br />
apenas exercer um papel compensador ante a<br />
impossibilidade de o próprio samba na rua ser o<br />
objeto de registro. (SILVA, 2011. P. 200)<br />
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