Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Manuel Queiros - Super Liga e Portugal?<br />
A F i s i o l o g i a d e j o g a d o r e s d e F u t s a l , F u t e b o l i s t a s e Á r b i t r o s<br />
Desporto&<strong>Sports</strong><br />
Edição <strong>13</strong> • 2018<br />
Idade Relativa<br />
no FUTSAL<br />
Verdade ou Apenas Mito?<br />
Transferências = dinheiro mal gasto?<br />
Vai vencer o Mundial quem tiver mais posse de bola?<br />
Talento ou<br />
popularidade?<br />
O Que É Mais Crucial<br />
Para O Sucesso Da Carreira<br />
De Um Futebolista?<br />
>>> super especial<br />
Demasiados<br />
craques<br />
destrói as<br />
equipas de<br />
futebol?<br />
Sr. Alex Ferguson<br />
Mestre em<br />
Mind-Games<br />
CASA DE APOSTAS<br />
E SALÁRIOS<br />
dos futebololistas:<br />
Neymar Junior<br />
O segr<strong>ed</strong>o dos dribles da<br />
esperança no “Hexa” está<br />
no cérebro!<br />
Como<br />
a<br />
fragilidade<br />
do corpo<br />
de Lionel<br />
Messi<br />
criou<br />
UM<br />
SUPER<br />
génio<br />
EDIÇÃO<br />
ESPECIAL<br />
SÓ COM<br />
FUTEBOL<br />
E<br />
FUTSAL<br />
Aprenda como são calculadas as odds dos grandes jogos do futebol europeu<br />
?
A <strong>ed</strong>ição do<br />
talento
Só futebol<br />
e futsal
Compre ou subscreva a <strong>ed</strong>ição total<br />
Está a ler<br />
a <strong>versão</strong><br />
<strong>gratuita</strong><br />
Para ler as<br />
+ 120 páginas<br />
da <strong>versão</strong> total<br />
clique nas<br />
imagens abaixo!<br />
Disponível em todas as plataformas e em todos os dispositivos
Índice<br />
Pág.<br />
48<br />
38<br />
FUTSAL: IDADE<br />
RELATIVA<br />
A idade relativa representa uma vantagem<br />
competitiva para chegar às seleções de futsal<br />
em Portugal?<br />
34<br />
FUTEBOL: RECRUTAR<br />
JOVENS TALENTOS EM<br />
ÁFRICA<br />
Júlio Coelho escreve sobre o potencial do<br />
futebolista africano e de como Portugal<br />
pode estimular o surgimento de talentos nos<br />
PALOP.<br />
Edição <strong>13</strong> • 2018<br />
M essi<br />
Como o corpo frágil criou o maior génio do futebol?<br />
46<br />
FUTSAL: HIDRATAÇÃO<br />
Como um atleta se deve hidratar. E quais as<br />
consequências se não o fizer corretamente?<br />
(A voz aos especialistas)<br />
56<br />
FUTEBOL: COMO<br />
VENCER?<br />
Marque golos nos primeiros 15 minutos e<br />
evite sofrer nos últimos 10.<br />
30<br />
CURIOSIDADES<br />
“MESSI não joga o que pensa<br />
nem o que sabe conscientemente<br />
mas joga sim o que o seu<br />
corpo é e lhe dita”.<br />
Ricardo Serrado<br />
Futebol, Mundial, Tática... e muito mais!
Www.desportoeesport.com<br />
www.facebook.com/DesportoeEsport/<br />
www.twitter.com/DesportoeEsport<br />
Champions<br />
League Qual a<br />
vantagem do fator<br />
casa?<br />
22<br />
pág. 18<br />
Sr. Alex Ferguson: Mestre em “Mind-Games”<br />
A mente do homem que mudou o ManUnit<strong>ed</strong><br />
Manuel<br />
Queiroz<br />
Portugal e a Super-Liga europeia<br />
de futebol: O futuro é<br />
uma europa unida?<br />
Pág. 14<br />
Futsal:<br />
os diferentes pisos<br />
e o impacto sobre<br />
a musculatura dos<br />
atletas!<br />
Pág. 42
82<br />
Pág.<br />
Neymar:<br />
o<br />
segr<strong>ed</strong>o<br />
estA no<br />
cerebro
Especial tema de capa<br />
O que é mais<br />
importante<br />
para o<br />
sucesso do<br />
futebolista:<br />
Talento ou<br />
Popularidade?<br />
pág. 66<br />
D e m a s i a d o s craques destrói as equipas? Excesso de<br />
Pag. 74<br />
talento mata as equipas? Ou é mito?<br />
Casa de apostas e<br />
salários dos jogadores.<br />
A secreta<br />
correlação que ninguém<br />
fala!<br />
pág. 78<br />
Quais são as<br />
exigências físicas<br />
e musculares do<br />
futsal?<br />
pág. 100<br />
ARSENE WENGER<br />
É UM CALHAU<br />
COM OLHOS?<br />
Futsal: Como acontecem os golos?<br />
Como, onde e que tática… e nas<br />
seleções?<br />
pág. 96<br />
O francês é culpado ou<br />
vitima? Os números não<br />
mentem…<br />
pág. 116
Futebol:<br />
Pag. 60<br />
Menos competitivo?<br />
Há mais domínio hoje que antigamente? Ou é mito?<br />
106<br />
Vai vencer o Mundial<br />
quem tiver mais posse<br />
de bola?
www.facebook.com/DesportoeEsport/<br />
www.twitter.com/DesportoeEsport<br />
88<br />
91<br />
futebol: o<br />
que vai mudar<br />
até 2025?<br />
Tecnologia:<br />
Anteveja as grandes<br />
mudanças do futebol<br />
GRANDES ESTÁDIOS = VITÓRIAS?<br />
mundial para a próxima<br />
década<br />
110<br />
ENCICLOPÉDIA<br />
80<br />
AS EXIGÊN-<br />
118<br />
RECUPERAÇÃO<br />
DAS LESÕES NO<br />
FUTEBOL<br />
As lesões são uma fatalidade?<br />
Talvez não...<br />
CIAS FÍSICAS DOS<br />
ÁRBITROS<br />
Quanto custa ao corpo ser o<br />
homem do apito?<br />
DE JOGADORES DE<br />
FUTSAL<br />
E ainda: Qual o valor de Massa ideal<br />
para jogadores de Futsal?<br />
62 QUAL A<br />
EFICÁCIA DOS<br />
CRUZAMENTOS?<br />
Cruzar ou não Cruzar? É uma tática eficaz? Ou<br />
simplesmente um desperdício?<br />
108<br />
Quando surgem os golos<br />
na Copa do Mundo?<br />
Todos os dados para antever o<br />
Mundial da Russia2018 e apostar<br />
com amigos.<br />
102 As exigências<br />
físicas dos futebolistas.<br />
Quanto custa ser<br />
um futebolista<br />
profissional
Treze centésimos de segundo. Este é o tempo que um<br />
guarda-r<strong>ed</strong>es tem para escolher como vai defender<br />
um penálti depois dele ser cobrado.<br />
12 •
• <strong>13</strong>
#Champions, Portugal, Futuro e<br />
SuperLiga<br />
O futuro do futebol será uma Europa Unida?<br />
Manuel QUEIROZ<br />
Jornalista desde 1981, pertenceu às direções <strong>ed</strong>itoriais do i, do Correio<br />
da Manhã, do Record e do Grande Porto.
#Opinião<br />
No princípio eram os campeonatos<br />
regionais, depois alargouse<br />
e passou-se ao campeonato<br />
nacional, nos anos 50 jornalistas<br />
franceses inventaram as competições<br />
europeias. Há dois anos<br />
houve grandes discussões entre<br />
os clubes mais importantes da<br />
Europa para prepararem o ciclo<br />
das competições europeias que<br />
agora vai começar (2018-21) e<br />
discutiu-se muito numa ótica<br />
de proteção dos interesses dos<br />
principais clubes. A<br />
fórmula de cálculo<br />
do ranking de clubes<br />
mudou, pensou-se<br />
em fazer jogos até<br />
aos fins-de-semana,<br />
acabou-se nesta ideia<br />
de que as quatro<br />
principais ligas têm<br />
direito a quatro<br />
clubes que entram<br />
diretamente na<br />
fase de grupos da<br />
Champions. Quatro<br />
clubes de Inglaterra,<br />
“Já se ouviram propostas de Portugal<br />
se juntar à Escócia, e à Bélgica e fazerem<br />
um campeonato único, porque teria<br />
outras receitas.”<br />
Espanha, Itália e Alemanha (as<br />
quatro ligas mais importantes<br />
neste momento) já não são uma<br />
espécie de liga europeia? E<br />
pode haver mais um ou dois,<br />
conforme os venc<strong>ed</strong>ores da Liga<br />
dos Campeões e da Liga Europa.<br />
É pelo menos um embrião<br />
de qualquer outra coisa se os<br />
números continuarem a subir do<br />
ponto de vista de receita comercial.<br />
As receitas brutas da Uefa<br />
Champions<br />
League,<br />
a Europa<br />
League e da<br />
Supertaça<br />
Europeia<br />
na corrente<br />
época de<br />
2017-18 é<br />
de 2,35 mil<br />
milhões de<br />
euros, segundo<br />
os dados oficiais<br />
da conf<strong>ed</strong>eração<br />
europeia.<br />
O montante total disponível<br />
para ser distribuído<br />
pelos clubes participantes é de<br />
€1,718 mil milhões, dos quais<br />
€1,318.9 mil milhões serão<br />
para os clubes participantes na<br />
UEFA Champions League e<br />
na SuperTaça Europeia, sendo<br />
399,8 milhões destinados aos<br />
clubes da UEFA Europa League.<br />
A Premier League, só em<br />
direitos televisivos, no triénio<br />
2016-19 vão receber mais ou<br />
menos isso por ano (cerca de<br />
2,35 mil milhões/ano), mas o<br />
contrato seguinte não mantém a<br />
taxa de crescimento que vinha<br />
tendo (vai mesmo baixar um<br />
pouco). Em Portugal temos<br />
que na próxima época, em que<br />
entram em pleno vigor os novos<br />
contratos, andará talvez pelos<br />
200 milhões. A liga turca anda<br />
pelos 400 milhões, Alemanha,<br />
Itália e Espanha pelos mil milhões.<br />
Na lista de 20 cubes com<br />
maior receita de TV, 14 são<br />
ingleses.
A Premier League, só<br />
em direitos<br />
televisivos, vai<br />
receber este ano<br />
cerca de 2,35<br />
mil milhões; A<br />
Champions receberá<br />
1,318.9 mil<br />
milhões em<br />
2017/2018.<br />
Mercado<br />
maior<br />
O caminho que se tem seguido<br />
é, claramente, no sentido<br />
de haver uma liga europeia.<br />
Desportivamente faz sentido. A<br />
Lei Bosman, que permitiu quase a<br />
livre circulação de jogadores por<br />
toda a Europa, deu também um<br />
impulso fortes.<br />
Depois, os transportes são<br />
muito mais fáceis e devem continuar<br />
a evoluir nesse sentido, o<br />
povo tem conseguido aumentar<br />
os seus proventos (o que permite<br />
que seja cada vez mais caro<br />
ver um jogo na TV), as empresas<br />
alargam-se no mercado e<br />
têm interesse em chegar a uma<br />
audiência maior, globalizada até.<br />
A Champions já é uma prova<br />
global (os jornais da América do<br />
Sul ou da Ásia chamam regularmente<br />
às capaz os resultados<br />
da prova) mas ainda se pode<br />
aprofundar. Tem havido grandes<br />
empresas, nos últimos decénios,<br />
a tentarem levar os clubes<br />
a tornarem-se independentes da<br />
Uefa para fazer uma outra prova<br />
(no basquetebol já há um problema<br />
desses e a modalidade ainda<br />
não conseguiu organizar-se convenientemente).<br />
O movimento<br />
- desportivo, económico, até de<br />
abertura das pessoas – cada vez<br />
mais há espetadores a fazerem<br />
viagens para ver jogos, é mesmo<br />
no sentido de alargar horizontes.<br />
Já se ouviram propostas de<br />
Portugal se juntar à Escócia, e à<br />
Bélgica e fazerem um campeonato<br />
único, porque teria outras receitas.<br />
Estamos a chegar<br />
pontos em que<br />
a chamada AGFA<br />
(Amazon, Google,<br />
Facebook, Apple),<br />
os gigantes da nova economia,<br />
encaram seriamente a importância<br />
do mercado futebolístico, nomeadamente<br />
em algumas formas<br />
de retransmissão de imagens (já<br />
começou, lentamente).<br />
Essa é a nova fronteira do<br />
Mercado que também será um<br />
teste à estabilidade destas empresas,<br />
porque vão ter que se convencer<br />
que há mesmo negócio e<br />
que são capazes de o explorar. É<br />
que se começa a discutir, em certos<br />
meios, se os 90 e tal minutos<br />
de um jogo de futebol têm futuro.<br />
Grande parte dos jovens não<br />
aguenta estar a ver 90 minutos –<br />
vê bocados. O futebol terá que se<br />
adaptar?
“A<br />
identificação<br />
entre o público,<br />
as suas<br />
equipas e os<br />
seus campeonatos<br />
com<br />
uma dimensão<br />
própria é algo<br />
que se sente do<br />
Atlântico aos<br />
Urais, de Portugal<br />
à Roménia,<br />
de Moscovo a<br />
Londres, de Paris<br />
a Berlim. E continua<br />
a ter um<br />
valor económico<br />
muito relevante...”<br />
A Europa<br />
desunida<br />
O futuro vai depender de<br />
muita coisa. Por exemplo,<br />
grande parte disto tem sido<br />
gerado em países da União<br />
Europeia após a II Guerra<br />
Mundial, mas não sabemos<br />
como isto vai evoluir.<br />
O “Brexit” está a tornar-se um<br />
facto e com uma Europa desunida,<br />
menos estável, logo a crescer<br />
menos economicamente, não<br />
haverá liga europeia mais aprofundada.<br />
A UE é uma locomotiva<br />
em quase tudo e se o motor falhar<br />
o comboio pára. Só uma Europa<br />
em paz pode ter veleidades de<br />
aumentar a cadência. Acresce<br />
que se a dimensão regional se<br />
foi ficando por jogos de jovens,<br />
a dimensão nacional é um dos<br />
traços mais fortes do futebol e do<br />
desporto, é um território reconhecido,<br />
que os adeptos dominam,<br />
que tem meios de comunicação<br />
social que coerentemente transmitem<br />
uma mensagem para um<br />
grupo definido. A identificação<br />
entre o público, as suas equipas<br />
e os seus campeonatos com uma<br />
dimensão própria é algo que se<br />
sente do Atlântico aos Urais, de<br />
Portugal à Roménia, de Moscovo<br />
a Londres, de Paris a Berlim. E<br />
continua a ter um valor económico<br />
muito relevante, de que a<br />
Premier League é o caso mais<br />
evidente – de facto, caminha para<br />
se tornar uma espécie de NBA do<br />
futebol, que consegue ter todos<br />
os jogadores mais importantes do<br />
mundo pela sua capacidade financeira<br />
(e pelo seu ambiente mais<br />
calmo e alegre também, porque<br />
uma coisa não vai sem a outra).<br />
Claro que o Carcavelinhos ou o<br />
Académico do Porto já foram<br />
clubes muito importantes e foram<br />
ultrapassados inexoravelmente.<br />
Mas percebemos mal como os<br />
clubes médios se conseguiriam<br />
manter no balanço e eles representam,<br />
em Portugal e nos outros<br />
países, os interesses de muitos<br />
milhares de pessoas. Um futuro<br />
de clubes só de primeiras e segundas<br />
cidades de cada país pareceme<br />
pouco promet<strong>ed</strong>or e, mais do<br />
que isso, empobrec<strong>ed</strong>or para o<br />
movimento do futebol.<br />
Mais ainda, tem havido, em<br />
contraponto com a dimensão<br />
política da União Europeia, um<br />
regresso a valores locais, promovendo<br />
o antigo, na preservação<br />
das cidades antigas, na identificação<br />
de máximos denominadores<br />
comuns entre comunidades<br />
- a Catalunha, a Escócia,<br />
a Lombardia, são exemplos de<br />
regiões que têm movimentos<br />
de emancipação, mas em geral<br />
o valor da tradição está a ser<br />
relevado. A tradição precisa de<br />
tempo e a primeira grande alteração<br />
das competições precisou de<br />
quase 40 anos (a criação da Taça<br />
dos Campeões Europeus, por sugestão<br />
do jornalista do L’Equipe<br />
Gabriel Hanot, é de 1955, a Liga<br />
dos Campeões apareceu em 1992)<br />
e diria que lá para 2025, ou 2030<br />
poderemos ver novas modificações<br />
importantes. Se a Europa<br />
estiver unida...
#Futebol<br />
Champions League<br />
Qual a vantagem do fator casa?<br />
No futebol sempre se associou<br />
o fator casa como determinante<br />
para a vitória final no desafio.<br />
Para a grande maioria dos adeptos<br />
é senso comum. E, neste<br />
caso, a realidade acompanha a<br />
voz do povo. Mas existem condicionantes<br />
que são importantes<br />
definir. Desde logo, estamos a<br />
analisar clubes que disputam as<br />
suas ligam internas, e exibem<br />
números esmagadores em suas<br />
casas. Em campeonatos desequilibrados,<br />
como são a grande<br />
maioria dos campeonatos europeias,<br />
os “clubes grandes” apresentam<br />
fantásticos registos em<br />
casa, onde muito raramente perdem<br />
pontos, e quando o fazem,<br />
fazem-no contra os seus rivais<br />
– também eles com pretensões ao<br />
título.<br />
Para além disso, transversalmente<br />
o fator casa é uma<br />
realidade para praticamente<br />
todos os clubes das principais<br />
ligas do velho continente, onde<br />
a percentagem de vitórias quase<br />
sempre se fixa bem acima dos<br />
empates e derrotas. Usando o<br />
exemplo da Premier League, tido<br />
como a liga mais competitiva do<br />
mundo, os valores de vitória em<br />
casa variam entre os 60-65%; no<br />
Championship, 2 liga inglesa, os<br />
valores são muito semelhantes.<br />
O Brasileirão, que facilmente se<br />
admite ser o principal campeonato<br />
sul-americano, segue a mesma<br />
linha da europa, com 65% de<br />
média de vitórias da equipa da<br />
casa.<br />
Nos campeonatos a vantagem<br />
da equipa da casa é clara, mas<br />
como é na maior competição do<br />
mundo de futebol, a Liga dos<br />
campeões?<br />
O trabalho de Lucas Rios<br />
e colegas explanado no artigo<br />
“A vantagem em casa no futebol:<br />
comparação entre Copa<br />
Libertadores da América e UEFA<br />
Champions League”, responde a<br />
esta pergunta. Ele analisou todos<br />
os jogos da Liga dos Campeões<br />
de 2004/2005 à 2011/2012, e<br />
encontrou um efeito positivo<br />
bastante acentuado do fator casa,<br />
com valores de 60,5 ± 5%.<br />
E há clubes com taxas elevadíssimas<br />
de vitórias em casa.<br />
Analisando apenas clubes com<br />
pelo menos quatro participações<br />
na prova, pela ordem decrescente,<br />
as equipas mais fortes no<br />
seu r<strong>ed</strong>uto são: Arsenal/ING,<br />
Chelsea/ ING, Real Madrid/<br />
ESP, Barcelona/ESP, Juventus/<br />
ITA, Bayern München/ ALE,<br />
Manchester Unit<strong>ed</strong>/ING, Milan/<br />
ITA, Valencia/ESP, Porto/POR,<br />
Werder Bremen/ALE, PSV/<br />
HOL, Benfica/POR, Roma/ITA,<br />
Zenit/RUS, Fenerbahçe/TUR e<br />
Shakhtar Donetsk/UCR<br />
E na Taça<br />
Libertadores?<br />
É ainda mais preponderante<br />
que na Liga dos campeões com<br />
valores de vitória da equipa da<br />
casa na ordem dos 67.8 ± 4%.<br />
São vários os argumentos para<br />
esta diferença: maiores distancias<br />
geográfica e a maior diferenciação<br />
entre países. Na região<br />
andina, há dificuldades dos<br />
visitantes por enfrentamentos de<br />
grandes altitudes, que interferem<br />
com a performance dos atletas.<br />
O América do México é um<br />
excelente exemplo desta realidade<br />
com 100% de aproveitamento<br />
em casa. O clube tem duas<br />
vantagens: longas viagens e o seu<br />
estádio, o “Estádio Azteca”, ficar<br />
a 2.240 metros de altitude.<br />
18 •
Na Premier League, tido como a liga mais competitiva do mundo, os<br />
valores de vitória em casa variam entre os 60-65%; no Championship,<br />
2 liga inglesa, os valores são muito semelhantes. As restantes ligas<br />
europeias apresentam valores semelhantes. Assim como o Brasileirão,<br />
o principal campeonato sul-americano.<br />
• 19
20 •
#Liderança e Motivação<br />
José Mourinho<br />
Um CEO nos relvados do futebol<br />
José Mourinho é um<br />
CEO. Em tudo: como<br />
gere as equipas, como<br />
treina e nas metodologias.<br />
A sua filosofia é<br />
baseada na organização<br />
máxima, no detalhe a<br />
todo o pormenor, na<br />
visão a curto e médio prazo e a<br />
gestão dos recursos humanos é “executada”<br />
a top e de acordo com as<br />
mais recentes práticas empresariais,<br />
assente na motivação dos seus colaboradores.<br />
E tu isto só é possível, pela<br />
sua capacidade de liderança; sempre<br />
incontestável em todos os clubes que<br />
treinou. Às vezes ganhou-a; outras<br />
vezes conquistou-a à força.<br />
Os jogadores foram sempre conquistados<br />
com “inteligência emocional”;<br />
quem não se lembra das<br />
palavras de Zlatan Ibrahimovic, “por<br />
Mourinho seria capaz de matar” ou<br />
das lagrimas de Materazzi quando<br />
mourinho abandonou o Internacional<br />
de Milão. Isto é uma conquista de<br />
dia-a-dia: de dialogo, de readaptação<br />
de objetivos individuais e de atenção<br />
para as diferentes “sensibilidades e<br />
necessidades de cada atleta”.<br />
Sistematização<br />
do jogo<br />
José Mourinho é bem conhecido<br />
pela qualidade do processo defensivo<br />
das equipas que treina. As suas equipas<br />
sofrem poucos golos e os seus<br />
jogadores cometem poucos ou quase<br />
nenhuns erros – diga-se daqueles<br />
“erros não forçados”. Segundo a<br />
filosofia de mourinho, a organização<br />
defensiva centra-se na sistematização<br />
de padrões e na disposição da<br />
equipa por blocos. Mourinho aponta<br />
a simplicidade como a melhor<br />
forma de fazer chegar a informação<br />
aos jogadores - “curto e objetivo”,<br />
como gosta de dizer. Informação em<br />
demasiado é contraproducente e está<br />
em total desacordo com a “atenção<br />
disponibilizada” dos futebolistas nos<br />
parâmetros atuais do futebol espetáculo<br />
e nos seus atletas como “movie<br />
stars”. O técnico português opta por<br />
palestras com dois ou três pequenos<br />
vídeos e durante a semana dos<br />
jogos mais importantes, esses mesmos<br />
vídeos, estão em permanente<br />
“play” um pouco por todo o <strong>ed</strong>ifício<br />
do clube, desde aos balneários, à sala<br />
m<strong>ed</strong>ica ou os refeitórios. Onde estiverem<br />
os jogadores, estão os vídeos.<br />
A avaliação da progressão<br />
de cada futebolista deve ser feita<br />
segundo três parâmetros...<br />
“Eu não tenho problemas<br />
em beijar, chorar,<br />
ou “bater” nos meus<br />
jogadores. Tudo pertence<br />
à família. Eu aprendi isso<br />
com minha esposa e minha<br />
própria família. Na minha<br />
família, estamos abertos<br />
a ser criticado pelos meus<br />
filhos e o mesmo se aplica<br />
aos meus jogadores."<br />
Deve-se estar aberto a<br />
compartilhar emoções e<br />
ideias.“<br />
José Mourinho<br />
L<br />
iderança Transformacional.<br />
O nome é estranho, mas o<br />
conceito é simples. Mudar<br />
sistematicamente os objetivos<br />
de cada jogador de forma<br />
individualizada para que eles<br />
se aproximem da filosofia e<br />
necessidades do clube e da<br />
equipa. Este é talvez a tarefa<br />
mais dura dos treinadores<br />
modernos dos grandes clubes<br />
europeus. Hoje os futebolistas<br />
top são PMEs – pequenas e<br />
médias empresas, inseridos<br />
em inúmeros negócios e com<br />
dezenas de pessoas a seu<br />
cargo. Assim nem sempre as<br />
suas energias estão focadas no<br />
clube – não raras vezes interesses<br />
comerciais e financeiros<br />
metem-se no caminho. Ai<br />
entra a necessidade de controlar<br />
o grupo como um todo<br />
mas com um tratamento individualizado<br />
e instaurar no balneário<br />
uma filosofia comum<br />
com objetivos comuns, que na<br />
mente de cada jogador/homem<br />
passa a ser o seu objetivo principal.<br />
• 21
Sr. ALEX<br />
FERGUSON<br />
Mestre em<br />
A mente do homem que criou<br />
o Manchester Unit<strong>ed</strong> como<br />
hoje o conhecemos!<br />
“Mind-<br />
Games”<br />
Tiago<br />
GUADALUPE<br />
Licenciado em Educação Física e<br />
Desporto. Mestre em Ciências do Desporto.<br />
Autor de diversos estudos onde contou<br />
com a colaboração de José Mourinho, Cristiano<br />
Ronaldo, Lampard, Drogba, Ballack,<br />
Terry etc.<br />
Co-autor do livro “Liderator -<br />
A Excelência no Desporto”<br />
Coordenador na Divisão de Desporto da<br />
Câmara Municipal de Loulé<br />
TG.GUADALUPE@GMAIL.COM<br />
O mundo está em constante mudança, de cada vez que<br />
piscamos os olhos ele move-se debaixo dos nossos pés.<br />
No futebol a mudança veio para ficar... o discurso, a<br />
mensagem, a transmissão de informação para o exterior<br />
alterou-se. Alex Ferguson é um exemplo de um<br />
treinador que entendeu que mais do que com o apito<br />
do árbitro na relva, os jogos começam e acabam antes<br />
e depois nas suas conferências de imprensa, com os<br />
chamados - Mind Games, (jogos da mente). Trata-se<br />
de um entendimento que resulta, da consciência do<br />
poder e impacto da comunicação no futebol moderno.<br />
Uma das várias funções na comunicação externa de<br />
um clube desportivo tem que ver com a ou as mensagens<br />
que se quer fazer passar. Todas as semanas existe competição,<br />
todas as semanas os resultados são, ou podem ser<br />
diferentes, constantemente há que ajustar a mensagem.
A comunicação externa é<br />
um elemento crítico da vida<br />
do clube, ajuda a ganhar e a<br />
perder jogos, ajuda a ganhar<br />
e a perder campeonatos. Uma<br />
dessas modalidades de comunicação<br />
externa são os Mind<br />
Games.<br />
Ferguson é o técnico<br />
mais vitorioso da história do<br />
futebol inglês, considerado<br />
o melhor treinador de todos<br />
os tempos - em 39 anos de<br />
carreira, ganhou 49 títulos.<br />
Nos 27 anos que treinou o<br />
Manchester Unit<strong>ed</strong> (1986-<br />
20<strong>13</strong>), conquistou 38 títulos,<br />
transformando-se numa lenda<br />
viva com direito a uma estátua<br />
no emblemático estádio<br />
do Manchester Unit<strong>ed</strong>.<br />
Ferguson sempre manifestou<br />
um talento nato para a comunicação,<br />
sentindo-se verdadeiramente<br />
como peixe na<br />
água. Os “Mind Games” são<br />
a prova cabal e inequívoca<br />
da inteligência emocional e<br />
do talento de Ferguson para<br />
passar a sua mensagem aos<br />
outros, um instrumento que<br />
o escocês sabia utilizar como<br />
ninguém. O Manchester<br />
Unit<strong>ed</strong> adquiriu uma dimensão<br />
mundial com Alex<br />
Ferguson, transformou-se<br />
num dos clubes mais m<strong>ed</strong>iáticos,<br />
o objetivo em todos os<br />
jogos era apenas um, vencer.<br />
Outro resultado não é espetável.<br />
A obrigatori<strong>ed</strong>ade de<br />
vencer acarreta muita pressão<br />
para o clube.<br />
O objetivo dos “Mind Games”<br />
do treinador era retirar o máximo<br />
de pressão dos seus jogadores<br />
e, colocar essa pressão<br />
nos clubes adversários. É isto<br />
que confessou Andy Cole,<br />
ex avançado do clube inglês<br />
(Lourenço e Guadalupe,<br />
2017: 110):“O objetivo de<br />
Ferguson era proteger o clube,<br />
afastando a pressão dos seus<br />
jogadores, ele era muito bom<br />
a fazer cair a pressão no<br />
treinador e nos jogadores das<br />
outras equipas. Tratava-se de<br />
um mecanismo de defesa que<br />
nos motivava pois éramos<br />
nós, o nosso pequeno mundo,<br />
o Manchester Unit<strong>ed</strong> contra<br />
o resto do mundo. Com a sua<br />
experiência, ele aproveitava<br />
os percalços e ia “para cima”<br />
dos nossos adversários mas<br />
conseguia lidar muito bem<br />
com a tensão que daí resultava.<br />
“Quando ele apontava para o relógio era obviamente para<br />
passar uma mensagem. Esta mensagem variava consoante o<br />
resultado no momento e podia ser dirigida para nós, para o<br />
nosso adversário ou até para os árbitros. Quando apontava<br />
para o relógio era um sinal que faltava pouco tempo,<br />
se estivéssemos a ganhar por apenas um golo num jogo<br />
equilibrado era sinal para mantermos a posse da bola. Se<br />
estivéssemos a perder ou empatados era sinal que chegava<br />
a altura de dar tudo o que tínhamos na procura do golo e<br />
da vitória "<br />
Nicky Butt - ex-atleta de Ferguson<br />
Muitos treinadores não sabiam<br />
lidar com os “Mind Games” dele<br />
e isso afetava-os, ele voltava-se e<br />
dizia: “estás na minha mão”.<br />
Ele usava a imprensa, sempre<br />
no intuito de tentar tirar algum<br />
proveito disso, tentando abalar<br />
os nossos opositores, limitandoos,<br />
pressionando-os e fazendo-os<br />
pensar. Enquanto tudo isto se<br />
passava nós permanecíamos no<br />
nosso círculo, motivados, confiantes,<br />
concentrados no que tínhamos<br />
de fazer para vencer.”<br />
Depois deste exemplo elucidativo<br />
sobre a forma como os<br />
seus jogadores viam e sentiam<br />
os “Mind Games” do treinador<br />
escocês, tenhamos em consideração<br />
a própria opinião de Fergie,<br />
(Ferguson, 20<strong>13</strong>: 247): “Por<br />
vezes joguei os meus trunfos.<br />
Dizer que acabávamos sempre as<br />
nossas campanhas numa passada<br />
larga e com maior capacidade<br />
para resolver os jogos poderia<br />
ser classificado como uma<br />
armadilha e, fiquei admirado por<br />
ver Carlo Ancelotti, treinador do<br />
Chelsea, cair nela no inverno de<br />
2009.<br />
Cito-o “Alex diz que o<br />
Unit<strong>ed</strong> é mais forte na segunda<br />
metade da época, mas nós também”.<br />
Eu repetia-o ano após ano:<br />
“Esperem pela segunda metade<br />
da época.” Funcionou sempre.<br />
Fervilhava na cabeça dos nossos<br />
jogadores e criava receios nos<br />
adversários.
Alex Ferguson com alguns dos seus atleta mais<br />
famosos: Cantona, beckham e Ronaldo.<br />
Nessa segunda metade, o Unit<strong>ed</strong><br />
surgiria como uma força invasora,<br />
jorrando fogo nos olhos de todos.<br />
Tornou-se uma profecia que nos<br />
realizava.”<br />
O treinador dá-nos outro<br />
exemplo, relembrando um episódio<br />
que aconteceu na temporada<br />
de 94/95, (Ferguson, 20<strong>13</strong>):<br />
“Quando o Kenny (Dalglish)<br />
estava no comando do Blackburn<br />
Rovers e eles saíram na frente<br />
da corrida para o título, contei:<br />
“Bem, esperamos que sejam como<br />
um Devon Loch, (famoso cavalo<br />
de corrida que no Grand National<br />
em Aintree, a cerca de 40 metros<br />
da chegada, comandava a corrida<br />
confortavelmente quando, caiu,<br />
perdendo a vitória).” Em cheio.<br />
Todos os artigos de jornais passaram<br />
a falar de Devon Loch e<br />
o Blackburn começou a perder<br />
pontos. Devíamos de ter ganho<br />
o campeonato mas o Rovers<br />
aguentou-se, ficámos a 1 ponto<br />
do título. Não há dúvidas que<br />
lhes tornamos a vida mais difícil<br />
ao agitar o fantasma do cavalo e<br />
daquele falhanço em Aintree.”<br />
Para que não restem quaisquer<br />
dúvidas sobre o talento de<br />
Ferguson para comunicar, vejamos<br />
um dos episódios mais marcantes<br />
dos “Mind Games” do escocês, o<br />
“Fergie Time” (Ferguson, 20<strong>13</strong>:<br />
248): “Tocar no relógio era outra<br />
artimanha psicológica. O objetivo<br />
era provocar efeitos no adversário<br />
(...) Ao verem-me tocar no relógio<br />
e gesticular, os opositores assustavam-se.<br />
Pensavam logo que o<br />
árbitro iria dar mais 10 minutos,<br />
ou assim. Toda a gente sabia que<br />
o Unit<strong>ed</strong> era especialista em marcar<br />
golos tardios. Ao verem-me<br />
apontar para o relógio, os nossos<br />
adversários sentiam que teriam<br />
de defender durante um período<br />
de tempo que, para eles, pareceria<br />
uma eternidade. Sentiam-se encurralados.<br />
Sabiam que nós nunca<br />
desistíamos e que estávamos fadados<br />
para dramas ao cair do pano.”<br />
“LIDERATOR | A<br />
EXCELÊNCIA NO<br />
DESPORTO”<br />
é um livro que apresenta<br />
de uma forma<br />
inspiradora, objectiva<br />
e prática todos os<br />
principais factores<br />
da liderança desportiva<br />
de sucesso, bem<br />
como a transposição<br />
e aplicação ao universo<br />
das empresas e<br />
organizações.<br />
Contando com a<br />
participação especial<br />
de, entre outros,<br />
José Mourinho,<br />
Leonardo Jardim,<br />
Andy Cole e Nicky<br />
Butt, descodifica a<br />
“arte de liderar” de<br />
três casos de sucesso<br />
através da caracterização<br />
dos traços<br />
de personalidade<br />
de Alex Ferguson,<br />
José Mourinho e<br />
Guardiola, tornando<br />
esta obra indispensável<br />
para quem<br />
deseje conduzir uma<br />
equipa – desportiva/<br />
empresarial – rumo<br />
aos objectivos.<br />
FB: @liderator
Nicky Butt, um dos jogadores<br />
mais importantes da carreira de<br />
Ferguson dá-nos a sua percepção<br />
(Lourenço e Guadalupe, 2017:<br />
112): “Quando ele apontava para o<br />
relógio era obviamente para passar<br />
uma mensagem. Esta mensagem<br />
variava consoante o resultado<br />
no momento e podia ser dirigida<br />
para nós, para o nosso adversário<br />
ou até para os árbitros. Quando<br />
apontava para o relógio era um<br />
sinal que faltava pouco tempo, se<br />
estivéssemos a ganhar por apenas<br />
um golo num jogo equilibrado era<br />
sinal para mantermos a posse da<br />
bola. Se estivéssemos a perder ou<br />
empatados era sinal que chegava a<br />
altura de dar tudo o que tínhamos<br />
na procura do golo e da vitória.<br />
O apontar para o relógio também<br />
tinha muito a ver com a confiança<br />
que Alex tinha nos seus jogadores.<br />
Ele sabia que nós conseguíamos<br />
superar os adversários,<br />
pressiona-los, obriga-los a cometer<br />
erros e dar a volta ao resultado.<br />
Sempre marcamos golos aos 80,<br />
90, 95 minutos. Sempre acr<strong>ed</strong>itamos.<br />
Vejam o que aconteceu, na<br />
final da Champions League em<br />
Barcelona. Os nossos adversários<br />
quando viam o toque do nosso<br />
treinador no relógio deviam ficar<br />
nervosos, receosos e a pensar:<br />
“Oh não, 10 minutos, eles vêm ai<br />
com tudo”. Podia ser também uma<br />
mensagem dirigida aos árbitros,<br />
para eles acrescentarem mais<br />
tempo, para não perderem tempo.”<br />
Estatisticamente, o Unit<strong>ed</strong> de<br />
Ferguson, foi a equipa inglesa que<br />
mais golos marcou nos últimos<br />
minutos das partidas.<br />
Os “Mind Games” de Fergie<br />
não são mais que o aproveitamento<br />
dos vários canais de comunicação<br />
que teve ao seu dispor, para<br />
tentar condicionar ou modificar os<br />
comportamentos de outros, através<br />
daquilo que fez e disse, em jeito<br />
de desafio.<br />
Nos 27 anos que treinou o Manchester<br />
Unit<strong>ed</strong> (1986-20<strong>13</strong>), conquistou 38<br />
títulos, transformando-se numa lenda<br />
viva com direito a uma estátua no<br />
emblemático estádio do Manchester<br />
Unit<strong>ed</strong>.<br />
REFERÊNCIAS DO TEXTO:<br />
Ferguson, A. (20<strong>13</strong>) Alex Ferguson - A Minha Autobiografia,<br />
Alfragide: Casa das Letras
Disponível em todas as Plataformas<br />
198<br />
pág.<br />
Compre a sua copia digital!<br />
Compre online: https://www.magzter.com/PT/Desporto%26Esport%3B/Desporto-%26-Esport/<strong>Sports</strong>/201599<br />
Paypall: https://www.presspadapp.com/digital-magazine/desporto-esport<br />
Amostra Grátis (30 páginas) https://www.docdroid.net/65ywrUE/revista-desportoesport-<strong>ed</strong>-11-amostra-de-35-pg-de-200.pdf.html<br />
Para mais informações contate-nos pelo nosso email: contato@desportoeesport.com ou desportoeesport@hotmail.com
28 •
Super Especial na sexta <strong>ed</strong>ição da Nossa <strong>Revista</strong><br />
Um “Ladrão de ideias” chamado<br />
GUARDIOLA<br />
Os segr<strong>ed</strong>os do treino do tecnico nr.1 do Mundo<br />
“O mais maravilhoso do meu trabalho é<br />
imaginar o jogo que vai acontecer amanhã.<br />
Gosto de ficar sonhando com o futuro”<br />
“[Existem outras formas<br />
que podem ser bem suc<strong>ed</strong>idas,<br />
mas] a minha forma de jogo é a<br />
minha forma de jogo.” Pep tem<br />
absoluta razão nas duas sentenças:<br />
primeiro, existem diversas<br />
formas táticas de se vencer um<br />
jogo; e segundo, nenhuma é tão<br />
reconhecível e espetacular como<br />
aquela que ele implementa nas<br />
suas equipas. Caça obsessiva pela<br />
bola; pressão constante sobre os<br />
adversários; centenas de passes<br />
na procura do espaço… a beleza<br />
do jogo das equipas de Guardiola<br />
é indiscutível. As ideias do técnico<br />
catalão são as mais atrativas<br />
da última década. No entanto,<br />
a sua força está na sua capacidade<br />
de comunicar; até porque,<br />
a melhor das ideias rapidamente<br />
se torna no maior dos desastres<br />
se não for facilmente entendida,<br />
principalmente no futebol moderno,<br />
onde os balneários são<br />
verdadeiras torres de babel, com<br />
múltiplas línguas.<br />
Mas, segundo Pep, comunicar<br />
é fácil quando as conversas são<br />
conduzidas com paixão; quando<br />
as palavras não são suficientes,<br />
Pep usa todo o corpo para dizer<br />
o que quer. Ele abraça os jogadores,<br />
beija-os, joga-os para a<br />
frente, empurra-os… eles? Eles<br />
respondem da mesma forma e<br />
com a mesma paixão. É só ver<br />
como Ribéry ou Boateng comemoraram<br />
os seus golos com Pep<br />
para entender que a boa comunicação<br />
precisa de uma boa dose<br />
de paixão. Quando, em março de<br />
2014, o Bayern já era campeão<br />
alemão, Franck Ribéry foi até<br />
Guardiola na comemoração do<br />
campeonato e disse: “Eu amote!<br />
Você está no meu coração”.<br />
O mesmo se passou com Lahm,<br />
Robben e tantos outros. Quando<br />
o jogador Pierre-Emile Højbjerg<br />
lhe contou em particular que<br />
seu pai sofria de cancro, os dois<br />
choraram juntos. O treinador<br />
fez tudo o que pôde para apoiar<br />
o jovem jogador e seu pai, que<br />
morreu alguns meses depois.<br />
Højbjerg disse recentemente: “O<br />
Pep é como um segundo pai para<br />
mim”.<br />
A principal vantagem de Pep<br />
Guardiola conta a “concorrência”<br />
é a constante insatisfação e<br />
a necessidade de perguntar sem<br />
parar, e sem m<strong>ed</strong>o de questionar<br />
a toda a hora o caminho que<br />
definiu. E coragem para o alterar;<br />
muitas vezes fê-lo da noite para<br />
o dia.<br />
Os mais próximos, dizem que<br />
normalmente ele só se permite<br />
cinco minutos para comemorar<br />
uma vitória. Cinco minutos, não<br />
mais. Depois, começa a análise<br />
fria e racional do jogo com seus<br />
colaboradores mais próximos<br />
e também a preparação para a<br />
próxima partida e o estudo do<br />
próximo adversário. Ele adora<br />
vencer. Mas ele exige de si: a<br />
busca do jogo perfeito! Ele sabe<br />
que é uma quimera, mas não<br />
deixa de tentar.<br />
Para além disso, Guardiola lê<br />
tudo a quem tem acesso e possa<br />
de alguma maneira ajuda-lo a<br />
entender melhor todos os detalhes<br />
do que é treinar hoje uma<br />
equipa de futebol de topo, que<br />
em muitos aspetos é tão desafiante<br />
quanto gerir uma...<br />
• 29
Escutei<br />
ontem<br />
no café que:<br />
AS SELEÇÕES COM MAIS “JOGADORES ESTRANGEIROS” SÃO:<br />
Dos 1.032 jogadores que participaram das eliminatórias para as 31 equipas qualificadas e os 40 jogadores<br />
russos tomados em consideração, 98 nasceram fora da associação representada (9,1%). A percentagem<br />
máxima foi m<strong>ed</strong>ida para Marrocos (61,5%), enquanto sete países não classificaram nenhum<br />
jogador nascido fora de suas fronteiras nacionais. De acordo com a Conf<strong>ed</strong>eração, os valores variam<br />
entre 28,7% para as seleções da CAF qualificadas e 2,1% para as da AFC. Portugal é o 3 país nesta lista<br />
com 32,1%. As seleções europeias são as mais representadas.<br />
Os mercados nacionais perdem força!<br />
A percentagem de transferências nacionais diminuiu ligeiramente entre a<br />
primeira e a última metade da última década: de 61,5% para 58,3%. O mesmo<br />
vale para recrutamentos de ligas não ligadas à UEFA (-2,9%). Inversamente,<br />
a proporção relativa de inscrições de estrangeiras de grande 5 ligas (+ 3,3%) e<br />
outras ligas estrangeiras da UEFA (+ 2,7%) aumentaram. No total, quase metade<br />
das transferências são realizadas a partir de outras equipes da liga grande,<br />
seja a nível nacional (32,5%, em diminuição) ou internacionalmente (<strong>13</strong>,8%,<br />
em aumento). Entre julho de 2005 e agosto de 2017.<br />
30%<br />
O número em que se fixa<br />
a inflação do mercado de<br />
transferências de jogadores<br />
em 2017/2018, segundo<br />
estudo do observatório de<br />
Futebol do CIES.<br />
30 •
Esqueçe<br />
a Posse!<br />
Jogua<br />
sempre<br />
um jogo<br />
directo!<br />
Se Queres<br />
Vencer:<br />
Compra<br />
o Pirlo<br />
Um estilo de jogo direto caracterizado por uma elevada<br />
velocidade do processo ofensivo, assim como por uma<br />
r<strong>ed</strong>ução e simplicidade das suas ações, tende a conduzir a<br />
uma maior eficácia ofensiva das equipas. Padrões de jogo<br />
onde o contra-ataque e o ataque-rápido pr<strong>ed</strong>ominam, com<br />
poucos passes, e mesmo com poucos atletas a intervir na<br />
jogada, tendem a ter resultados mais positivos (P<strong>ed</strong>ro F.<br />
Barbosa “Eficácia do processo ofensivo do futebol”):<br />
a) Processos ofensivos mais rápidos 0 a 15 segundos)<br />
são aquelas que criam em termos absolutos mais jogadas<br />
de perigo iminente e de golo;<br />
b) Sequências ofensivas com um menor número de<br />
passes (0 a 4 passes) são aquelas que levam a um maior<br />
número de processos ofensivas para golo;<br />
c) As sequências ofensivas com um menor número de<br />
jogadores a contactar com a bola (0 a 4 jogadores) levam<br />
a um maior número de oportunidades para golo, e a um<br />
maior número de golos em termos absolutos;<br />
Por todos os dados, fica claro as equipas devem privilegiar<br />
no seu processo ofensivo um estilo de jogo direto<br />
no sentido de aumentar a sua eficácia ofensiva, ou pelo<br />
menos, dentro do que é a vari<strong>ed</strong>ade de momentos de uma<br />
partida de futebol, incluir movimentos coletivos que privilegiem<br />
a velocidade, em detrimento da posse.<br />
Sabendo-se que a organização de jogo de uma equipa<br />
está tão dependente das circunstâncias da partida, ou por<br />
outras palavras, do que o jogo lhe dá, que os treinadores<br />
através da modelação de comportamentos no treino estão<br />
obrigados a implementar rotinas de jogo de forma a “direcionar”<br />
as ações dos jogadores, e a criar situações de jogo,<br />
em que a velocidade seja uma opção, mesmo quando, os<br />
constrangimentos do jogo apontam para outro sentido.<br />
O Panamá é a equipa<br />
mais velha no<br />
Mundial2018<br />
A equipa panamenha colocou os jogadores<br />
mais antigos em geral (29,4 anos<br />
de idade), seguido por Costa Rica (29,0<br />
anos de idade) e Islândia (29,0 anos de<br />
idade). No extremo oposto da escala, a<br />
Nigéria (24,9 anos de idade), a Alemanha<br />
(25,7 anos de idade) e a Inglaterra<br />
(25,9 anos de idade) colocaram os jogadores<br />
mais jovens. Por Conf<strong>ed</strong>eração,<br />
a idade média varia entre 26,5 anos de<br />
idade para equipes qualificadas da CAF<br />
e 28,6 anos para a CONCACAF.<br />
A ALTURA DO MUNDIAL DE 2018<br />
Em média, a altura dos jogadores<br />
empregados por esquadrões qualificados é<br />
181,7cm. Este valor é ligeiramente inferior<br />
ao observado em 31 campeonatos europeus<br />
de divisão superior (182,1cm). A Espanha<br />
é o único país europeu entre as sete nações<br />
que colocaram jogadores com uma altura<br />
média inferior a 180 cm.<br />
• 31
A altura<br />
importa<br />
no futebol?<br />
Não. Não existe correlação entre a altura média das equipas e os resultados finais. A CIES analisou<br />
50 clubes profissionais de 36 ligas europeias e verificou que as lacunas detetadas no jogo refletem as<br />
diferentes abordagens táticas. Por exemplo, há treinadores que procuram na altura dos atletas o diferencial<br />
chave, enquanto outros, preferem focar-se em outros parâmetros como a técnica ou a velocidade.<br />
No entanto, ainda que a altura não seja preponderante para a equipa, é-o para os futebolistas, já que<br />
atletas mais pequenos têm hoje mais dificuldade de chegar à profissionalização.<br />
A altura média dos futebolistas analisadas é de 182,1 cm, e, no total, apenas 67 Siga-nos clubes de 572 nas (11,7%)<br />
jogaram com jogadores que na média é inferior a 180 cm. Entre eles, destacam-se o Manchercer citu, o<br />
Nice, o Barcelona ou o Real Madrid.<br />
nossas<br />
O FC København lidera o ranking de equipa com a média mais alta de alturas r<strong>ed</strong>es com 186,2 sociais cm, enquanto<br />
que o Ludogorets Razgrad, com 177,0 cm de média, é a equipa mais baixa da europa.<br />
.<br />
32 •
Isto<br />
só<br />
está<br />
no<br />
blog<br />
Ac<strong>ed</strong>a aos conteúdos em:<br />
desportoeesport.com<br />
CICLISMO<br />
Como funcionam as bicicletas a<br />
motor?<br />
http://www.desportoeesport.com/ciclismo-como-funcionam-as-bicicletas-a-motor/<br />
A grande polémica estourou há um ano: é possível<br />
bicicletas a motor? A resposta parece ser afirmativa e a<br />
ciência apoia essa possibilidade. Entenda os mecanismos<br />
pode detrás dos “motores nas biclicletas”…<br />
CRISTIANO RONALDO<br />
Os segr<strong>ed</strong>os de CR7 revelados<br />
www.desportoeesport.com/ronaldo-os-segr<strong>ed</strong>os-do-treino-do-melhor-do-mundo/<br />
Cristiano Ronaldo é um Mix perfeito de diversas disciplinas<br />
físicas e de diversas modalidades calibradas ao milímetro para o<br />
futebol. Tão rápido quanto um velocistas de 100 metros ou forte<br />
como um levantador de pesos, para CR7 tudo parece simples e<br />
fácil. as nada está mais longe da realidade: o seu sucesso é fruto<br />
de uma forte ética e filosofia de treino praticada 365 dias por ano,<br />
com uma compreensão e consciência exata da importância do<br />
trabalho e do seu papel decisivo para o êxito. O treino da mente é<br />
igualmente importante, aliás, assume um papel tão fundamental<br />
quanto o físico para o sucesso.<br />
FERNANDO SANTOS<br />
Porque o selecionador português<br />
acertou com CR7 onde Mourinho<br />
e Benitez falharam?<br />
http://www.desportoeesport.com/lideranca-porque-fernando-santos-acertou-com-cr7-onde-mourinho-e-benitez-falharam/<br />
Usar o corpo, e a sua linguagem corporal, com inteligência<br />
pode ser a diferença entre<br />
o sucesso ou o fracasso na liderança com<br />
jogadores como Ronaldo. Liderar é<br />
muito mais que usar as palavras…<br />
ensine o seu corpo e aprenda a ser líder como Fernando<br />
Santos.<br />
ANDEBOL/HANDEBOL<br />
Os atributos dos jogadores de<br />
andebol que o levam ao êxito<br />
http://www.desportoeesport.com/os-atributos-morfologicos-do-jogador-de-andebol-para-o-sucesso/<br />
O debate é longo e complexo: quais os atributos morfológicos<br />
para o êxito de um atleta no andebol. Como<br />
podemos saber se aquele atleta tem o que é preciso<br />
para se tornar em um profissional, Para saber os<br />
mais recentes conclusões sobre o tema, leia o artigo do<br />
Professor Luís da Cunha Massuça,<br />
101+2 PERGUNTAS E<br />
RESPOSTAS<br />
SOBRE FITNESS E MUSCULAÇÃO<br />
http://www.desportoeesport.com/1012-perguntas-respostas-corrida-fitness-musculacao-saude/<br />
PEP GUARDIOLA<br />
As táticas de<br />
Barcelona a Munich<br />
www.desportoeesport.com/pep-guardiola-taticas-de-barcelona-munique/<br />
Pep Guardiola é técnico principal há menos de uma década mas o fascínio<br />
que exerce faz com que muitos não o apontem somente como o melhor<br />
treinador do mundo hoje, mas como o principal candidato ainda no ativo a<br />
melhor treinador de futebol de sempre. O seu sucesso não é, nem pode ser<br />
por mero acaso. As suas vitórias não se originam na sorte. Pep ganha mais,<br />
porque é melhor. Muito Melhor! Mas, primeiro, é preciso desmistificar a<br />
figura, para que possamos compreender o homem e as suas ideias...<br />
www.facebook.com/DesportoeEsport<br />
@DESPORTOEESPORT<br />
www.twitter.com/DesportoeEsport<br />
• 33
#Futebol<br />
Recrutar Jovens nos<br />
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa<br />
S<br />
eguramente não é a<br />
primeira vez, nem sequer<br />
será a última, que<br />
alguém vem tentar recuperar<br />
a ideia, de que a<br />
fonte africana, é uma<br />
Júlio fonte rica e barata, em<br />
termos de jovens promissores<br />
para a prática do<br />
Professor do Ensino<br />
futebol. Sem querer ser<br />
Superior na área da<br />
saudosista, quem não se<br />
Gestão, ex-dirigente lembra de Eusébio, entre<br />
desportivo, autor do livro dezenas de muitos outros,<br />
“Formar Jovens Futebolistas:<br />
um projeto formativo não entre nós, ou nomes<br />
há muito retirados ou já<br />
dos 6 aos 18 anos” mais recentes como Nani e<br />
Renato Sanches, dos muitos<br />
que por aí vão singran-<br />
jcoelho@ipleiria.pt<br />
do como excelentes profissionais<br />
de futebol. Estes são apenas<br />
alguns exemplos da riqueza que<br />
existe no continente africano, em<br />
termos de recursos humanos com<br />
apetência para a prática desportiva<br />
em geral e para o futebol, em particular.<br />
Países como a França e a<br />
Holanda, entre muitos outros, ou<br />
até mesmo os países nórdicos, têm<br />
conseguido mobilizar atletas futebolistas,<br />
africanos ou das caraíbas,<br />
que até chegam a representar as<br />
suas seleções. Numa época em que<br />
tanto se fala de migrações, ajudas<br />
e apoios aos países em desenvolvimento,<br />
o desporto pode assumir um<br />
COELHO<br />
papel central nesse projeto. Ora,<br />
Portugal pode ter um papel central<br />
nesse processo, quer permitindo um<br />
recrutamento direto, quer através<br />
da criação de centros <strong>ed</strong>ucacionais,<br />
vocacionados para a prática desportiva.<br />
Basta pensar no que é mais<br />
económico: comprar ou produzir?<br />
Esta última, bem mais contributiva<br />
para a melhoria das condições de<br />
vida das populações locais, mais<br />
fragilizadas. Portugal possui uma<br />
fonte de abastecimento privilegiada,<br />
onde a língua é comum, as<br />
culturas estão muito próximas e<br />
onde todos se entendem. África, ou<br />
melhor os PALOP. Por um lado, os<br />
grandes clubes devem equacionar<br />
a pertinência de investir diretamente<br />
no terreno, criando escolas<br />
nesses países, que possam ir dos<br />
6 aos 18 anos, pelo menos, com<br />
projetos <strong>ed</strong>ucacionais vocacionados<br />
para a literacia e o desporto (pelo<br />
menos numa primeira fase!), onde<br />
os custos fixos sejam r<strong>ed</strong>uzidos, de<br />
modo a que desenvolvam ações de<br />
formação e captação de jovens talentos,<br />
por valores que possam ser<br />
rentabilizados.<br />
"Não deveria Portugal, central algumas políticas<br />
de internacionalização no incentivo e estímulo ao<br />
investimento externo nesses países, também na área<br />
desportiva. Será que a transferência de valores por<br />
essa via e, posteriormente, pela riqueza criada pelos<br />
próprios visados, não poderá contribuir para combater<br />
o fluxo migratório oriundo desses países?"<br />
34 •
#Opinião<br />
Estes projetos devem ser desenhados para<br />
ciclos de 10 anos. Por outro lado, Portugal<br />
deve, em s<strong>ed</strong>e da CPLP, encontrar mecanismos<br />
facilitadores de fluxo migratório de<br />
jovens que queiram praticar desporto e,<br />
eventualmente, fazerem disso um modo para<br />
melhorarem as suas vidas.<br />
Insistimos no Brasil (nada contra, serve<br />
apenas como exemplo!), estamos agora<br />
nos países de leste (o mesmo comentário<br />
que o anterior), onde todos lá vão, por ser<br />
mais próximo e por, eventualmente, as leis<br />
migratórias serem mais “amigas”. Porque<br />
não pensar em África, onde podemos todos<br />
dar um contributo efetivo para a melhoria<br />
das condições de vidas daquelas populações<br />
através do desporto. Não deveria Portugal,<br />
central algumas políticas de internacionalização<br />
no incentivo e estímulo ao investimento<br />
externo nesses países, também na<br />
área desportiva. Será que a transferência de<br />
valores por essa via e, posteriormente, pela<br />
riqueza criada pelos próprios visados, não<br />
poderá contribuir para combater o fluxo<br />
migratório oriundo desses países?<br />
Existem estudos que confirmam que a<br />
constituição física dos povos africanos,<br />
são fisionomicamente e em média, mais<br />
adequados para a prática desportiva. Por<br />
conseguinte, porque continuamos a optar<br />
por outras fontes de recrutamento. Relembro<br />
que temos Angola, Moçambique, Cabo<br />
Verde, Guiné e São Tomé e Príncipe. Não<br />
conto, nem o número de jovens nem a “vontade”<br />
destes jovens que querem tentar a sua<br />
“sorte” como futebolistas.<br />
• 35
O maior goleador de todos os tempos é Arthur<br />
Fri<strong>ed</strong>enreich (na foto), com 1.329 golos,<br />
superando o famoso… Pelé com 1.283 golos.<br />
Obviamente, contabilizam-se jogos oficiais e<br />
particulares.<br />
36 •
• 37
#Grandes Perguntas<br />
Pode a<br />
Idade<br />
relativa<br />
REPRESENTAR UMA<br />
VANTAGEM PARA<br />
CHEGAR ÀS SELECÇÕES<br />
DE FUTSAL EM<br />
PORTUGAL?<br />
38 •
Maria F.<br />
Serrano<br />
Mestre em Jornalismo<br />
Desportivo; Jornalista<br />
Desportiva da Real<br />
Madrid TV<br />
João M.<br />
Serrano<br />
Professor Auxiliar<br />
com Agregação da<br />
Universidade de Évora,<br />
Mestre em Treino Desportivo,<br />
Treinador de<br />
Futsal Grau III, Seleccionador<br />
Distrital de<br />
Futsal da Associação<br />
de Futebol de Évora<br />
jmrs@uevora.pt<br />
As competições desportivas<br />
encontram-se organizadas por<br />
escalões etários, procurando desta<br />
forma proporcionar às crianças<br />
e jovens em formação a possibilidade<br />
de competirem dentro de<br />
padrões semelhantes de desenvolvimento<br />
físico e cognitivo. No<br />
Futsal em Portugal, por exemplo,<br />
os escalões de formação abrangem<br />
normalmente dois anos: Petizes<br />
(6-7 anos); Traquinas (8-9 anos);<br />
Benjamins (10-11 anos); Infantis<br />
(12-<strong>13</strong> anos); Iniciados (14-15<br />
anos); Juvenis (16-17 anos);<br />
Juniores (18-19 anos), com a contagem<br />
da idade a acompanhar o<br />
ano civil, a iniciar-se em Janeiro e<br />
a terminar em Dezembro. A diferença<br />
de idade cronológica entre<br />
um jogador do segundo ano<br />
do escalão que nasceu em Janeiro<br />
e um jogador do primeiro ano do<br />
escalão que nasceu em Dezembro<br />
é, neste caso, de praticamente dois<br />
anos, pelo que é normal que existam<br />
diferenças de desenvolvimento,<br />
criando desvantagem aos mais<br />
jovens (Penna et al., 2012). Esta<br />
questão ganha maior importância<br />
nos escalões em que as competições<br />
assumem um carácter formal.<br />
Se nos escalões lúdicos (até<br />
aos Benjamins) se aposta em geral<br />
no modelo formativo, de igualdade<br />
de oportunidades, com uma<br />
formação gradual e integral dos<br />
jogadores com objectivos de longo<br />
prazo, nos escalões pré-competitivos<br />
(Infantis) e, especialmente,<br />
nos escalões etários acima deste<br />
a aposta é claramente no modelo<br />
competitivo, procurando as equipas<br />
alcançar o sucesso a curto<br />
prazo. No Futsal em Portugal, são<br />
organizadas as taças nacionais Sub<br />
15, Sub 17 e Sub 19 em masculinos<br />
e Sub 19 femininos, é, por isso,<br />
de esperar que nesta perspectiva e<br />
nestes escalões muitos treinadores<br />
se preocupem mais com o resultado<br />
do que com o processo, proporcionando<br />
menos tempo de competição<br />
aos jogadores do primeiro<br />
ano do escalão (Sub 14, Sub 16 ou<br />
Sub 18), normalmente com menor<br />
desenvolvimento físico do que os<br />
colegas do segundo ano do mesmo<br />
escalão.<br />
Efeito da Idade Relativa” (EIR) encontra-se associado às diferenças físicas e psicológicas<br />
entre atletas do mesmo ano de nascimento mas de meses diferentes. De acordo com este<br />
efeito, estas diferenças fisiológicas (muito associadas à idade cronológica) conferem vantagem<br />
temporária na prática de um determinado desporto aos atletas nascidos nos primeiros<br />
meses do ano (Andronikos et al., 2016).<br />
• 39
Como consequência, o EIR tem<br />
um impacto directo nos processos<br />
de identificação de talentos<br />
em desportos de invasão, onde há<br />
competição pelo espaço (como é<br />
o caso do Futsal). A selecção de<br />
jogadores é, normalmente, baseada<br />
na altura e no desempenho físico<br />
e os jogadores cronologicamente<br />
mais velhos, especialmente na<br />
infância e na adolescência (Baker<br />
et al., 2010; Mazzardo et al.,<br />
2016), encontram-se em níveis<br />
mais avançados de crescimento<br />
e maturação, tanto física como<br />
cognitiva. Este efeito pode levar<br />
a uma discriminação negativa<br />
dos jogadores que apresentam<br />
menos desenvolvimento ao serem<br />
excluídos prematuramente do<br />
processo de selecção de talentos<br />
e, inclusivamente, conduzir ao<br />
abandono da modalidade devido<br />
à desmotivação e à baixa percepção<br />
de competência (Baker et al.,<br />
2010). A vantagem proporcionada<br />
aos mais desenvolvidos para a<br />
idade em termos de prática pode<br />
ter não só um efeito de curto prazo<br />
(im<strong>ed</strong>iato) na selecção de talentos,<br />
mas também um efeito acumulado<br />
(a longo prazo) em termos<br />
de oportunidade para desenvolver<br />
treinos mais completos e de maior<br />
qualidade, associados aos estímulos<br />
motivadores da percepção de<br />
competência – factor determinante<br />
da participação desportiva, que se<br />
reflectirão no nível a atingir no<br />
futuro (Mazzardo et al., 2016).<br />
Estudo<br />
aplicado ao Futsal<br />
em Portugal<br />
O EIR tem sido documentado em<br />
diversas modalidades desportivas,<br />
nomeadamente, no Hóquei<br />
no Gelo (Pierson et al., 2014), no<br />
Basquetebol (Arrieta et al., 2016),<br />
no Futebol (Delorme, 2014)<br />
e também no Futsal no Brasil<br />
(Penna et al., 2012). Neste estudo<br />
pretendeu-se avaliar se o EIR se<br />
faz sentir no Futsal em Portugal ao<br />
nível das selecções nacionais e das<br />
selecções distritais.<br />
Foram consideradas duas subamostras<br />
num total de 711 jogadores<br />
portugueses de Futsal: uma<br />
constituída pelos 219 jogadores<br />
de Futsal internacionais “AA”<br />
por Portugal (143 masculinos e<br />
76 femininos), com base na informação<br />
disponibilizada no site<br />
oficial da F<strong>ed</strong>eração Portuguesa<br />
de Futebol (http://www.fpf.pt/pt/<br />
Jogadores); outra constituída por<br />
jogadores Sub 17 (264) e jogadoras<br />
Sub 19 (228), que integraram<br />
em 2017 as selecções distritais de<br />
Futsal nos respectivos torneios<br />
inter-associações. Os jogadores<br />
foram agrupados por mês de<br />
nascimento em 4 trimestres: 1º<br />
Trimestre- nascidos entre Janeiro<br />
e Março; 2º Trimestre- nascidos<br />
entre Abril e Junho; 3º Trimestrenascidos<br />
entre Julho e Setembro;<br />
4º Trimestre- nascidos entre<br />
Outubro e Dezembro.<br />
Os gráficos das figuras 1 e 2<br />
mostram a distribuição de frequências<br />
por trimestres no caso dos<br />
internacionais “AA” de Futsal<br />
em Portugal, masculinos e femininos,<br />
respectivamente. A análise<br />
estatística dos resultados mostrou,<br />
na selecção masculina (gráfico da<br />
figura 1), significativamente maior<br />
frequência de jogadores nascidos<br />
no primeiro trimestre, relativamente<br />
aos restantes, enquanto,<br />
na selecção feminina (gráfico da<br />
figura 2), não se verificaram diferenças<br />
significativas entre trimestres.<br />
Este diferencial entre géneros<br />
pode reflectir a diferença entre os<br />
processos de Futsal masculino e<br />
feminino. O rácio do número de<br />
internacionais “AA” masculinos<br />
versus femininos é da ordem<br />
dos 2:1. É normal que quanto<br />
maior for o número de praticantes<br />
numa dada modalidade, maior<br />
seja a probabilidade de ocorrer o<br />
EIR, devido à maior pressão de<br />
selecção, à maior concorrência por<br />
um lugar (Mazzardo et al., 2016).<br />
Na verdade a prática do Futsal<br />
feminino em Portugal é relativamente<br />
recente, com muito menor<br />
número de praticantes do que no<br />
sector masculino.<br />
Os gráficos das figuras 3<br />
e 4 mostram a distribuição de<br />
frequências por trimestres no caso<br />
dos jogadores(as) de Futsal das<br />
selecções distritais em 2017, Sub<br />
17 masculinos e Sub 19 femininos,<br />
respectivamente. No caso<br />
masculino (gráfico da figura 3), o<br />
efeito é significativo, verificandose<br />
ao longo do ano (do 1º para<br />
o 4º trimestre) uma progressiva<br />
diminuição da frequência dos<br />
jogadores, o que parece acentuar o<br />
EIR nesta nova geração de potenciais<br />
internacionais “AA”. No<br />
caso feminino (gráfico da figura<br />
4), o efeito é apenas significativo<br />
entre as jogadoras nascidas nos 3<br />
primeiros trimestres e as nascidas<br />
no 4º trimestre do ano, com menor<br />
frequência do 4º trimestre, o que<br />
de certa forma confirma o que se<br />
verificou ao nível das internacionais<br />
“AA”.<br />
REFERÊNCIAS DO TEXTO:<br />
-Andronikos, G., Elumaro, A. I., Westbury, T., Martindale, R. (2016). Relative age effect: implications for effective practice. Journal<br />
of <strong>Sports</strong> Sciences, 34 (12), 1124–1<strong>13</strong>1. -Arrieta, H., Torres-Unda, J., Gil, S., Irazusta, J. (2016). Relative age effect and performance<br />
in the U16, U18 and U20 European Basketball Championships. Journal of <strong>Sports</strong> Sciences, 34 (16), 1530–1534. -Baker, J.,<br />
Schorer, J., Cobley, S. (2010). Relative age effects: An inevitable consequence of elite sport? Sportwiss, 40, 26–30. -Delorme, N.<br />
(2014). Do weight categories prevent athletes from relative age effect? Journal of <strong>Sports</strong> Sciences, 32 (1), 16–21. -Mazzardo, O.,<br />
Jacob, B. S., Dognini, T. G. L., Campos, W. (2016). A magnitude do efeito da idade relativa no Futsal. Caderno de Educação<br />
Física e Esporte, 14(1), 31–40. -Penna, E. M., Costa, V. L., Ferreira, R. M., Moraes, L. C. (2012). Efeito da idade relativa no Futsal<br />
de base de Minas Gerais. <strong>Revista</strong> Brasileira de Ciências do Esporte, 34(1), 41–51. -Pierson, K., Addona, V., Yates, P. (2014). A<br />
behavioural dynamic model of the relative age effect. Journal of <strong>Sports</strong> Sciences, 32 (8), 776–784.<br />
40 •
Estes resultados abrem boas<br />
perspectivas para a realização de<br />
estudos mais alargados em termos<br />
de escalões e de regiões do país,<br />
às selecções jovens de Portugal e<br />
às selecções distritais, masculinas<br />
e femininas, que participam anualmente<br />
nos torneios inter-associações<br />
de Futsal. Interessará avaliar, por um<br />
lado, se o EIR tende a diminuir à<br />
m<strong>ed</strong>ida que os escalões de formação<br />
se aproximam do escalão sénior,<br />
onde o diferencial de maturação<br />
tende a esbater-se (Mazzardo et al.,<br />
2016), e, por outro, se este efeito é<br />
mais evidente nos distritos do país<br />
onde o Futsal tem mais praticantes<br />
e onde o nível competitivo é mais<br />
elevado (realidades diferentes, litoral<br />
versus interior). Também importa<br />
confirmar se o EIR é específico<br />
apenas do género masculino em<br />
Portugal ou se a tendência de crescimento<br />
da participação feminina nesta<br />
modalidade também conduz à exacerbação<br />
deste efeito. Pode ser ainda<br />
interessante incluir neste estudo a<br />
análise em função da posição que<br />
os jogadores ocupam no campo,<br />
particularmente relevante se forem<br />
consideradas diversas abordagens ao<br />
modelo de jogo: desde o tipo de defesa<br />
(individual, zona, misto, pressionante<br />
ou não) ao sistema de jogo (em<br />
“GR+4:0”, em “GR+3:1” ou ainda<br />
em “GR+2:2”).<br />
Confirmando-se o EIR no Futsal,<br />
torna-se pertinente que as políticas<br />
de fomento e desenvolvimento da<br />
modalidade em Portugal perspectivem<br />
m<strong>ed</strong>idas que diminuam o<br />
impacto do mesmo. É fundamental<br />
que, sempre que possível, se organizem<br />
campeonatos e selecções distritais/nacionais<br />
por ano de idade<br />
e não por escalão e, preferencialmente<br />
por nível de maturação física<br />
e cognitiva. Por outro lado, será<br />
fundamental que a identificação de<br />
talentos possa estender-se até períodos<br />
mais tardios (nomeadamente nos<br />
escalões de Juvenis ou de Juniores) e<br />
que a revisão dos critérios utilizados<br />
passem a incluir características sólidas,<br />
não transitórias.<br />
FIGURA 1- Distribuição de frequências por trimestres no<br />
caso dos internacionais “AA” (masculinos) de Futsal em<br />
Portugal.<br />
FIGURA 2- Distribuição de frequências por trimestres no<br />
caso das internacionais “AA” (femininos) de Futsal em<br />
Portugal.<br />
FIGURA 3- Distribuição de frequências por trimestres no<br />
caso dos jogadores de Futsal das selecções distritais<br />
masculinas Sub 17, em Dezembro de 2017.<br />
FIGURA 4- Distribuição de frequências por trimestres no<br />
caso dos jogadores de Futsal das selecções distritais<br />
femininas Sub 19, em Fevereiro de 2017.<br />
• 41
#Futsal<br />
Os diferentes tipos de pisos das quadras<br />
Pisos e o impacto<br />
sobre a musculatura<br />
dos atletas<br />
Willians LONGEN<br />
Fisioterapeuta, Pós-Graduado em Ciências do Esporte e M<strong>ed</strong>icina Esportiva, Mestre em<br />
Ergonomia, Doutor em Ciências da Saúde / Laboratório de Biomecânica-LABIOMEC-Universidade<br />
do Extremo Sul Catarinense - UNESC<br />
willians@unesc.net<br />
42 •
Futebol de salão (futsal) é um<br />
esporte derivado do futebol<br />
de campo, que migrou<br />
e foi adaptado pela falta de<br />
espaços amplos e adequados<br />
para se jogar e pela<br />
necessidade de criar alternativas<br />
para a prática protegida<br />
das intempéries de<br />
diversas ordens (Navarro e<br />
Almeida, 2008; Lefchak e<br />
Longen, 2014). Trata-se de<br />
uma modalidade com progressiva<br />
ascensão e que tem<br />
atraído adeptos em todo o<br />
mundo. Em geral é praticado<br />
em quatro tipos distintos de<br />
pisos: concreto, asfáltico,<br />
de madeira e de material<br />
sinteticamente estruturado<br />
(conhecido popularmente<br />
por “sintético”). Preconizase<br />
que sejam rigorosamente<br />
nivelados, sem declives, nem<br />
depressões, visando prevenir<br />
escorregões, entorses ou<br />
outros tipos de mecanismos<br />
de trauma indireto, além dos<br />
impactos na qualidade da<br />
fluidez da bola e portanto,<br />
da prática do esporte em si.<br />
Sobre trauma é importante<br />
destacar que trauma direto<br />
é o ocasionado pela ação<br />
de um agente (geralmente<br />
adversário) diretamente<br />
sobre a estrutura corporal,<br />
ocasionando lesões, muito<br />
frequentemente entorses e<br />
fraturas. O trauma indireto<br />
é sofrido sem o contato com<br />
outro agente, onde a cinética<br />
(movimento) do próprio<br />
lesionado acaba acarretando<br />
a lesão, não sendo raros também<br />
os entorses e os estiramentos<br />
musculares.<br />
Cada superfície de jogo tem<br />
suas características que refletem<br />
nas exigências psicofisiológicas<br />
de uma prática rápida e fluída,<br />
como do futsal, até chegar ao<br />
esforço físico demasiadamente<br />
intenso do futebol de areia, que<br />
por vezes exige que a condução<br />
da bola seja aérea, tamanha a<br />
exigência imposta pela irregularidade<br />
e absorção de energia cinética<br />
(do movimento) que a areia<br />
exige.<br />
O futsal caracteriza-se por ser<br />
uma modalidade esportiva onde a<br />
movimentação em quadra requer<br />
súbita aceleração e desaceleração,<br />
com bruscas mudanças de<br />
direção, expondo as estruturas<br />
osteomioarticulares dos praticantes<br />
a grandes exigências, elevando<br />
o risco de lesão em relação<br />
à outras modalidades (Moreira<br />
et al, 2004; Lefchak e Longen,<br />
2014).<br />
A busca pela melhor preparação<br />
competitiva, bem como,<br />
a evolução tática e técnica das<br />
últimas décadas abriu espaço ao<br />
futebol-força, visto que, o futsal<br />
é caracterizado por uma expressiva<br />
necessidade de preparo<br />
físico, rapidez, forte marcação em<br />
espaço restrito exigindo esforços<br />
de alta intensidade, explosões,<br />
arrancadas e desacelerações, paradas<br />
bruscas, velocidade, direção,<br />
na maioria das vezes com curta<br />
duração. A força muscular é um<br />
O piso de madeira<br />
é tido como uma<br />
melhor solução<br />
de qualidade<br />
para quadras<br />
especialmente as<br />
poliesportivas,<br />
incluindo o futsal.<br />
Nas mesmas, via<br />
de regra, há uso<br />
de amortec<strong>ed</strong>ores<br />
de impacto de<br />
borracha, com<br />
perspectiva de<br />
absorção de<br />
60% do impacto<br />
envolv ido nas<br />
qu<strong>ed</strong>as, frenagens,<br />
arrancadas,<br />
saltos e impulsos<br />
envolv idos na<br />
dinâmica da<br />
prática do futsal.<br />
dos mais importantes componentes<br />
para o desempenho dessa<br />
modalidade. O desempenho dos<br />
atletas em quadra sofre influência<br />
do nível de preparo da musculatura<br />
exigida para a prática do futsal<br />
(Junior e Assis, 2010; Moraes,<br />
Martins e Longen, 2016).<br />
Em relação às exigências<br />
musculoesqueléticas e os riscos<br />
da prática do futsal há fatores intrínsecos<br />
e extrínsecos.<br />
• 43
Entre os fatores intrínsecos<br />
estão as alterações ortopédicas<br />
dos segmentos corporais natas<br />
ou adquiridas. Com relação aos<br />
fatores extrínsecos, pode-se<br />
destacar as condições do piso,<br />
iluminação da quadra e tipo de<br />
calçado utilizado pelo atleta<br />
tanto profissional como amador.<br />
Estes fatores associados podem<br />
influenciar em exigências<br />
musculoesqueléticas que são<br />
recrutadas de forma a alcançar<br />
os objetivos pontuais de cada<br />
momento da prática do futsal,<br />
bem como, de vencer as tendências<br />
e riscos dos mecanismos<br />
de lesão. Têm-se as lesões em<br />
cadeia cinética fechada e aberta.<br />
As lesões em cadeia cinética<br />
fechada (situação em que o pé<br />
encontra-se apoiado no solo)<br />
são consideradas graves, envolvendo<br />
maior número de estruturas<br />
osteomioarticulares. Já as<br />
lesões em cadeia cinética aberta<br />
são aquelas em que o pé não<br />
está em contato com o solo.<br />
A 18ª<br />
“Cada superfície<br />
de jogo tem suas<br />
características que<br />
refletem nas exigências<br />
psicofisiológicas de uma<br />
prática rápida e fluída,<br />
como do futsal, até<br />
chegar ao esforço físico"<br />
44 •<br />
Em um estudo do nosso<br />
grupo de pesquisa, no qual foi<br />
acompanhado um conjunto<br />
de atletas de futsal feminino<br />
ao longo de duas temporadas,<br />
envolvendo atletas sub-17, sub-<br />
20 e adultas, totalizando 42 jogadoras<br />
da mesma equipe, foram<br />
registradas 176 lesões relacionadas<br />
à prática do futsal, incluindo<br />
treinamento e jogos amistosos<br />
e de competições oficiais. A<br />
distribuição destas lesões foi<br />
bastante simétrica nos 2 anos,<br />
A 18ª etapa é aquela<br />
sendo 87 no primeiro e 89 no<br />
segundo. Isso representou uma<br />
média de 0,44 lesões por dia. As<br />
atletas apresentaram lesões em<br />
diferentes segmentos corporais<br />
com uma grande prevalência<br />
para os membros inferiores.<br />
Para se ter uma dimensão<br />
disto, enquanto 84% das lesões<br />
envolveram os membros inferiores,<br />
o segundo segmento afetado<br />
foi a coluna lombar com 8%,<br />
membro superior 4%, região<br />
dorsal com 2% e a cabeça com<br />
1%. Destas lesões de membros<br />
inferiores, prevaleceu o entorse<br />
de tornozelo representando<br />
46,1%, seguido pelos estiramentos<br />
musculares de coxa com<br />
32,5%, em terceiro o entorse de<br />
joelho com 15,2% e em quarto<br />
a lesão envolvendo os adutores<br />
de coxa com 6,2%, este último,<br />
com pr<strong>ed</strong>omínio dos estiramentos<br />
musculares (Moraes, Martins<br />
e Longen, 2016).<br />
Sabe-se que cada prática<br />
esportiva conta com inúmeras<br />
particularidades, que inclusive<br />
representam objeto de estudo de<br />
disciplinas inteiras em cursos de<br />
graduação ou de pós-graduação,<br />
ou até mesmo cursos inteiros<br />
como há muitas décadas já existem<br />
em países como a Rússia,<br />
graduação em futebol, entre outras.<br />
A propósito este país, s<strong>ed</strong>e<br />
da copa do mundo de 2018, tem<br />
fortes e intensas relações com o<br />
mundo do esporte no aprofundamento<br />
fisiológico, nas técnicas<br />
e da performance, tanto como<br />
referência em vários aspectos<br />
para o mundo e berço formativo,<br />
como também em interrogações<br />
geradas sobre as nuances<br />
dos limites éticos do manejo e<br />
aplicação de tanta informação, a<br />
exemplo da recente perspectiva<br />
olímpica do país. Neste contexto<br />
mundial, o futsal embora tenha<br />
surgido na América do Sul está<br />
bem difundido em muitos países<br />
e com progressiva expansão da<br />
adesão à sua prática.<br />
O futsal como esporte coletivo<br />
conta em especial, entre<br />
outros elementos secundários,<br />
com os jogadores, uma quadra<br />
e a bola. Como exposto inicialmente<br />
cada jogador conta com<br />
suas características intrínsecas.<br />
A bola é padrão e conta com<br />
poucas variações. Com isso um<br />
elemento que merece reflexão<br />
mais aprofundada é o tipo de<br />
quadra, que basicamente apresentam<br />
diferenças em função<br />
do tipo de piso, considerando<br />
que as dimensões, formas de<br />
demarcação, balizas, r<strong>ed</strong>es de<br />
proteção, etc, são preconizadas<br />
com um padrão.<br />
"O futsal é caracterizado<br />
por uma expressiva<br />
necessidade de preparo<br />
físico, rapidez, forte<br />
marcação em espaço<br />
restrito exigindo esforços<br />
de alta intensidade,<br />
explosões, arrancadas e<br />
desacelerações, paradas<br />
bruscas, velocidade,<br />
direção, na maioria<br />
das vezes com curta<br />
duração."<br />
O risco de lesão é<br />
elevado.
Entre os tipos de piso o de<br />
concreto é a alternativa mais<br />
comumente encontrada nas<br />
quadras de futsal em função<br />
da simplicidade da aplicação e<br />
menor investimento exigido. No<br />
entanto, há disposições técnicas<br />
para um melhor aproveitamento<br />
geral deste tipo de pavimento.<br />
Tais m<strong>ed</strong>idas podem envolver<br />
materiais de melhor ou pior<br />
qualidade e específicos para<br />
cada camada do concreto, juntas<br />
de dilatação, soldas de trincas,<br />
auto nivelamento, adequada<br />
pintura e demarcação da superfície.<br />
O piso asfáltico é basicamente<br />
estruturado com as<br />
mesmas características do piso<br />
de concreto, no entanto, é disposta<br />
uma camada asfáltica<br />
entre os materiais dispostos nos<br />
diferentes níveis de camada da<br />
cobertura.<br />
O piso de madeira é tradicionalmente<br />
tido como uma<br />
melhor solução de qualidade<br />
para quadras especialmente as<br />
poliesportivas, incluindo o futsal.<br />
Nas mesmas, via de regra,<br />
há uso de amortec<strong>ed</strong>ores de<br />
impacto de borracha, com perspectiva<br />
de absorção de 60% do<br />
impacto envolvido nas qu<strong>ed</strong>as,<br />
frenagens, arrancadas, saltos e<br />
impulsos envolvidos na dinâmica<br />
da prática do futsal. As tecnologias<br />
envolvendo materiais<br />
mais elaborados e as técnicas<br />
de preparação e colocação deste<br />
tipo de pavimento tem evoluído,<br />
com evolução por exemplo do<br />
maior isolamento quanto à umidade,<br />
agentes biológicos e deteriorização<br />
da base de madeira.<br />
O piso sintético geralmente<br />
é de polipropileno (PP), que é<br />
um material de alta resistência<br />
mecânica, ou<br />
seja, resiste de<br />
forma significativa<br />
a carga,<br />
impacto e<br />
abrasão.<br />
Este<br />
tipo de pavimento<br />
não é raro em quadras<br />
poliesportivas que também contemplam<br />
práticas como vôlei,<br />
handebol e basquete, além do<br />
futsal. Embora as quadras de<br />
concreto e de madeira também<br />
permitam tal condição. Este<br />
tipo de quadra é percebida pelos<br />
praticantes como mais levemente<br />
mais flexível.<br />
No ano de 2014 nosso grupo<br />
publicou um estudo no qual<br />
foram investigadas as possíveis<br />
influências de dois tipos de piso<br />
de quadra de futsal, a sintética<br />
e a de madeira sobre alguns dos<br />
principais músculos requisitados<br />
na prática. Este artigo publicado<br />
na <strong>Revista</strong> Brasileira de<br />
M<strong>ed</strong>icina do Esporte (volume<br />
20, número 1, Jan/Fev, 2014)<br />
intitulado: “Existe Relação<br />
entre o Tipo de Piso de Futsal<br />
e as Respostas Adaptativas da<br />
Musculatura em Praticantes de<br />
Futsal Masculino?”, com análise<br />
eletromiográfica (EMG) comparativa<br />
e com grupo controle<br />
indicou que não houve diferença<br />
estatisticamente significativa<br />
entre os grupos (Lefchak<br />
e Longen, 2014). Embora a<br />
percepção dos atletas profissionais<br />
e amadores seja de<br />
que há diferenças na prática<br />
do esporte, ainda é difícil<br />
delimitar as diferenças sobre<br />
a resposta da musculatura<br />
e para que se possa afirmar<br />
que sejam consideráveis em<br />
termos de performance<br />
dos atletas, fadiga e risco<br />
de lesões. Certamente<br />
este é um assunto que<br />
merece mais estudos e<br />
com diferentes abordagens<br />
metodológicas, pois<br />
em outro estudo, já citado<br />
aqui (Moraes, Martins<br />
e Longen, 2016) referente à<br />
incidência e tipificação de<br />
lesões, não encontramos associação<br />
entre tipo de piso e maior<br />
ou menor risco, bem como, tipo<br />
específico de lesões para determinado<br />
tipo de piso.<br />
Em síntese todo estímulo<br />
mecânico exerce impacto sobre<br />
os grupos musculares em maior<br />
ou menor grau. As respostas<br />
psicofisiológicas sejam voluntárias<br />
(pensadas), automáticas<br />
(interm<strong>ed</strong>iárias entre o pensado<br />
e o ato reflexo, muito decorrentes<br />
do treinamento repetido<br />
do ato esportivo) e reflexas<br />
(involuntárias), que representam<br />
a conexão corpo e mente<br />
no ato prático esportivo, sofrem<br />
influência do tipo de quadra no<br />
futsal. No entanto, não é possível<br />
afirmar que as diferenças<br />
entre os tipos de quadra reflitam<br />
em respostas adaptativas<br />
suficientes para justificar que<br />
determinado tipo de quadra em<br />
detrimento de outro exige mais<br />
ou menos da musculatura e que<br />
represente maior risco de lesão<br />
indireta.<br />
REFERÊNCIAS DO TEXTO:<br />
Júnior J de V, Assis T de O. Lesões em atletas de futebol profissional de um clube da cidade de Campina Grande, no estado da Paraíba. Campina Grande/PB. <strong>Revista</strong><br />
Brasileira de Ciências da Saúde, v. 8, n. 26, Out/Dez, 2010; Lefchak FJ, Longen WC. Existe relação entre o tipo de piso da quadra de futsal e respostas adaptativas da musculatura<br />
em praticantes de futsal masculino? <strong>Revista</strong> Brasileira de M<strong>ed</strong>icina do Esporte. v.20, n.1, Jan-Feb, 2014. p. 8-12; Moraes MR, Martins MS, Longen WC. Lesões Músculo<br />
Esqueléticas em Atletas Profissionais de Futsal Feminino: um Seguimento Longitudinal de Duas Temporadas. <strong>Revista</strong> Inspirar Movimento & Saúde. v. 10, n. 3, Jul/Ago/Set, 2016.<br />
p.37-40; Moreira D, Godoy JRP, Braz RG, Machado GFB, Santos HFS. Abordagem Cinesiológica do Chute no Futsal e suas Implicações Clínicas. <strong>Revista</strong> Brasileira de Cineantropometria<br />
e Movimento. v.12, n. 2, 2004. p. 81-5; Navarro AC, Almeida R. Futsal. São Paulo: Phorte, 2008;<br />
• 45
#Saúde e Performance<br />
HIDRATAÇÃO DOS JOGADORES DE FUTSAL<br />
Hidratar-se é um hábito saudável<br />
em qualquer situação e dentro<br />
do esporte não seria diferente.<br />
Na prática de futsal, como em<br />
outro exercício, há uma perda<br />
de líquidos e eletrólitos através<br />
do suor. Essa perda é mensurada<br />
através da variação de peso do atleta antes e<br />
após o exercício e é considerada “normal” quando<br />
é menor que 1%. Uma variação superior pode ser<br />
considerada o início de um quadro de desidratação<br />
e quanto maior a variação, mais desidratado estará<br />
o atleta. Os efeitos fisiológicos da desidratação<br />
variam de acordo com o nível da mesma e podem<br />
ser desde um leve comprometimento da capacidade<br />
que o corpo possui em regular a sua temperatura<br />
(variação de 1% - desidratação leve) até um<br />
possível colapso (variação de 7% - desidratação<br />
severa).<br />
Entre os dois níveis extremos, alguns sintomas<br />
podem surgir e comprometer o desempenho do<br />
atleta como: dor de cabeça, câimbra, dificuldade<br />
de concentração, fadiga generalizada, alterações<br />
visuais, sonolência, sensação de perda de força<br />
e outros. Diante disso, o acompanhamento nutricional<br />
dos atletas é de extrema importância. O<br />
profissional nutricionista precisa acompanhá-los<br />
durante os treinos para conhecer o perfis e traçar<br />
estratégias que evitem os transtornos oriundos da<br />
desidratação.<br />
Os protocolos de hidratação são necessários<br />
em todos os momentos que envolvem o exercício,<br />
dessa forma, estratégias para antes, durante e após<br />
o exercício são indicadas para imp<strong>ed</strong>ir o quadro<br />
de desidratação e amenizar os conseqüentes efeitos<br />
negativos, mas vale ressaltar que os atletas<br />
precisam ter bons hábitos hídricos independente<br />
desses períodos.<br />
46 •
#Futsal<br />
A<br />
recomendação geral é que a hidratação<br />
comece com 500 ml de água 2 horas<br />
antes do exercício, seguir durante o<br />
treino ou competição em intervalos de<br />
15 a 20 minutos e continuar em livre<br />
demanda até 24 horas após a finalização<br />
do exercício.<br />
Tayana<br />
No futsal, o pequeno número<br />
Aleixo de intervalos dificulta a hidratação<br />
Tayana Aleixo. Nutricionista - CRN durante o jogo, o que reforça ainda<br />
7 6885 - Universidade F<strong>ed</strong>eral mais a importância da mesma antes<br />
do Pará (UFPA). Especialista em de iniciar o exercício para evitar a<br />
Nutrição e Suplementação no desidratação e seus efeitos. A qualidade<br />
dos líquidos que serão ingeridos<br />
Esporte (Faculdade Conhecimento e<br />
também é de extrema importância,<br />
Ciência – FCC).<br />
visto que podem evitar ou estimular<br />
tayanapas@gmail.com<br />
a desidratação. A fonte mais indicada<br />
por ser abundante e por responder às<br />
necessidades de perda de líquido é a<br />
água. Entretanto, para exercício que<br />
tem uma hora de duração ou tem a<br />
intensidade alta mesmo que não ultrapasse<br />
uma hora, os repositores hidroeletrolíticos<br />
são a fonte mais adequada<br />
durante e após este exercício. Os<br />
repositores são bebidas que contém<br />
carboidratos, vitaminas e minerais<br />
em quantidade adequada para repor<br />
energia e eletrólitos perdidos durante<br />
a partida.<br />
A água de coco, considerada um<br />
repositor hidroeletrolítico natural,<br />
também é uma alternativa já que possui<br />
em sua composição vitaminas,<br />
A 18ª etapa é aquela que tem o perfil<br />
minerais e carboidratos. Os sucos de<br />
frutas naturais também podem fazer<br />
parte da reidratação no período que<br />
suc<strong>ed</strong>e o jogo, especialmente nas 24<br />
horas após. Não se indica consumir os<br />
sucos antes, durante e im<strong>ed</strong>iatamente<br />
após, já que os resquícios de fibras<br />
das frutas podem gerar desconfortos<br />
gastrointestinais. Mas caso um<br />
suco seja a única alternativa, coá-lo<br />
é uma opção para diminuir o teor de<br />
fibras da bebida. Há ainda as bebidas<br />
carboidratadas, que tem em sua composição<br />
carboidratos de rápida absorção,<br />
sendo uma boa alternativa para<br />
o momento pós-jogo com objetivo de<br />
recuperar as reservas energéticas esgotadas<br />
durante o exercício.<br />
Outras bebidas como café, chás<br />
(verde, mate, preto e hibisco) e bebidas<br />
alcoólicas não são indicadas em<br />
nenhum dos momentos que envolvem<br />
o exercício, já que possuem propri<strong>ed</strong>ades<br />
diuréticas podendo induzir o<br />
aumento da perda de líquidos através<br />
da urina, estimulando o processo de<br />
desidratação. O leite também não é<br />
indicado para ser consumido antes do<br />
treino, já que em sua composição há<br />
proteínas de digestão lenta e gorduras<br />
que prolongam o processo digestivo<br />
podendo causar desconfortos durante<br />
o jogo.<br />
Apesar de existirem orientações<br />
gerais sobre hidratação, vários pontos<br />
precisam ser analisados pelo<br />
nutricionista responsável para que se<br />
estabeleça a melhor estratégia para<br />
a equipe. Fatores como temperatura<br />
do ambiente, umidade relativa do ar,<br />
vestimentas, aclimatação do atleta,<br />
duração e intensidade do exercício<br />
são muito relevantes, pois influenciam<br />
diretamente no aumento da sudorese<br />
(produção de suor) e na desidratação.<br />
O que precisa ficar claro é que não<br />
se deve negligenciar a hidratação na<br />
prática desse esporte, ou em qualquer<br />
outro, já que até o menor nível de<br />
desidratação gera efeitos negativos,<br />
influenciando diretamente no desempenho<br />
e na saúde dos atletas.<br />
• 47
48 •
Ricardo SERRADO<br />
Doutorando em história e teoria das ideias pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e Director do Museu Sporting.<br />
Desenvolve estudos sobre a história do futebol, tendo já publicado 8 livros e inúmeros artigos sobre a tematica<br />
Como a fragilidade do corpo<br />
de Messi criou um génio?<br />
O corpo que mudou o futebol Mundial<br />
“MESSI não joga o que<br />
pensa nem o que sabe<br />
conscientemente mas joga sim o<br />
que o seu corpo é e lhe dita”<br />
J<br />
á tive oportunidade de referir noutros<br />
locais que me parece amplamente<br />
“invulgar” o rendimento futebolístico<br />
de Lionel Messi. Não me refiro apenas ao<br />
número extraordinário de golos que marca, mas<br />
a toda a qualidade que coloca no terreno de<br />
jogo, seja no passe curto, no passe longo, no<br />
drible, nas assistências para golo e na criação<br />
de lances de perigo, seja ainda na forma como<br />
gere os ritmos do jogo e define uma determinada<br />
ação. Em todos estes capítulos Messi é<br />
extraordinário.<br />
Se no número de golos marcados alguns futebolistas<br />
conseguem ombrear com o argentino,<br />
designadamente Cristiano Ronaldo - o seu maior<br />
concorrente nesse capítulo - ou outros que pontualmente<br />
surgem, como Harry Kane ou Edinson<br />
Cavani, no cômputo geral, isto é, no que concerne às<br />
outras dimensões do jogo, julgo muito difícil outro<br />
futebolista sequer se aproximar daquilo que o argentino<br />
oferece ao futebol. Mais estranho ainda, no meu<br />
entender extremamente invulgar, é a relação desse<br />
rendimento futebolístico, a meu ver ímpar no futebol<br />
mundial, com a constituição morfológica, aparentemente<br />
débil, do argentino. Se compararmos o corpo<br />
de Messi (169 cm.) com os de Ronaldo (184 cm.),<br />
Cavani (188 cm.) ou Kane (188 cm.), chegamos<br />
facilmente à conclusão que o argentino é, de todos,<br />
largamente o mais baixo, o mais franzino e, subsequentemente<br />
aquele que possuí menor capacidade<br />
de choque, passada menos larga e inferiores possibilidades<br />
de marcar pelo ar. No entanto, nunca na<br />
história do futebol mundial um jogador tão mais<br />
pequeno que os restantes companheiros fez tantos<br />
golos.<br />
Atualmente, numa época marcada claramente<br />
por um futebol extremamente rápido e fechado,<br />
com espaços curtos em que a decisão tem de ser<br />
tomada em milésimos de segundo, no qual todos os<br />
jogadores são autênticos atletas, pejados de força e<br />
detentores de velocidades vertiginosas, em que os<br />
avançados são, por regra, detentores de corpos musculados,<br />
altos e fortes, e os defesas autênticas “torres”<br />
de músculo, um dos melhores marcadores<br />
de golos do mundo tem 169 cm, sendo capaz de se<br />
bater, ao nível de golos, com atletas<br />
morfologicamente muito mais aptos.<br />
Como é que isto é possível?<br />
No meu entender, a resposta encontra-se no<br />
corpo de Messi.<br />
• 49
Bento de Espinosa, filosofo seiscentista holandês filho de portugueses, disse no<br />
século XVII, na sua obra Ética, que: “a mente [ou, nesta perspetiva, a consciência] está<br />
unida ao corpo pelo facto de que o corpo é o objeto da mente”. Disse ainda que “tudo<br />
o que acontece no corpo humano a mente deve percebê-lo” e que “a ideia que constitui<br />
a mente humana é a ideia do corpo”. Ao contrário do pensamento dominante da altura,<br />
e dos dois mil anos antec<strong>ed</strong>entes, que considerava o ser humano constituído de duas<br />
substâncias distintas - a mente (imaterial) e o corpo (material) -, designado de dualismo<br />
de substância (defendido por Platão, Aristóteles, Descartes entre muitos outros),<br />
Espinosa desenvolve um sistema ontológico que defende que a mente e o corpo são<br />
constituídos de uma única Substância e não são produtos de duas naturezas distintas.<br />
Ao contrário do dualismo defendido e implementado por René Descartes, que considerava<br />
a mente a substância nobre do ser humano, capaz de controlar a seu belo<br />
prazer o corpo, para Espinosa é o corpo que fornece os conteúdos à mente, sendo por isso o elemento central<br />
da natureza humana. A mente estava ancorada no corpo e não existia sem o corpo, pois era de lá e para lá que<br />
estava direcionada. Em poucas palavras, a mente era habitada pela ideia do corpo. Ao contrário de Descartes,<br />
para Espinosa é o corpo que torna a mente consciente, fornecendo-lhe os conteúdos segundo os quais ela pensa.<br />
Não se pensa com o corpo, mas sem ele é impossível pensar pois é ele que informa e habita a mente.<br />
A ideia do corpo alimentar os conteúdos da mente não é uma ideia meramente filosófica, mas uma tese que<br />
pode ser experimentada e testada. Em laboratório, através da análise e estudo de vários casos, o neurocientista<br />
português António Damásio tem verificado que “a suspensão do mapeamento do corpo acarreta a suspensão<br />
da mente”. Tal como Espinosa anteviu, Damásio comprovou que “retirar a presença do corpo é como retirar o<br />
chão em que a mente caminha”. O corpo é ubíquo para a mente surgir. Segundo Damásio, o corpo é “o alicerce<br />
da mente consciente”. Para o neurocientista, a consciência tem que ver “com uma organização de conteúdos<br />
mentais centrada no organismo que produz e motiva esses conteúdos”. Segundo esta perspetiva, o cérebro traduz<br />
mentalmente os estados do corpo, o que significa que “Os nossos mais elevados pensamentos e melhores<br />
acções, as nossas maiores alegrias e mais profundas mágoas apoiam-se no corpo”.<br />
Em suma, tanto para Espinosa como para Damásio, sem corpo a mente (ou consciência) seria uma entidade<br />
não existente. O corpo é, portanto, necessário para o surgimento de uma consciência humana.<br />
50 •
O corpo e a mente de Messi<br />
A<br />
pesar das ideias de Espinosa serem atualmente<br />
corroboradas pela ciência moderna, é um facto<br />
que o dualismo de substância ainda habita forte<br />
mente o nossoquotidiano. Seja por convicção<br />
pessoal, seja por influências exteriores, facilmente<br />
somos levados a crer que a nossa mente é soberana nas<br />
nossas ações e que o nosso corpo é um elemento considerado<br />
à parte, como se constituído por uma substância<br />
menor. Ou seja, parece-nos lógico que, por um lado a<br />
mente é superior ao corpo, e por outro, devido a essa<br />
superioridade, é a mente que controla o corpo. Mais:<br />
estamos convencidos que temos liberdade para decidir<br />
sem os condicionalismos do nosso corpo, como se nos<br />
pudéssemos desligar da nossa existência física. Ora, é<br />
amplamente provável que estas convicções não passem<br />
de uma ilusão, como tantas outras que nos rodeiam,<br />
como a ideia de que o que vemos no céu estrelado à<br />
noite são estrelas. Não são. O que vemos é a luz emanada<br />
dessas estrelas há milhões de anos. Muitas das “estrelas”<br />
que julgamos ver não existem. Estão mortas há milhões<br />
de anos ou há milhares de milhões de ano.<br />
Da mesma forma, a ideia que a mente controla o<br />
corpo, ou a ideia que temos liberdade para atuar sem os<br />
constrangimentos do corpo, é uma ilusão. Uma ilusão<br />
construída pelo nosso cérebro. Uma ilusão poderosa,<br />
talvez a mais poderosa de todas as ilusões, uma ilusão<br />
provavelmente necessária, mas ainda assim uma ilusão.<br />
Não há nenhuma ação que pudéssemos realizar sem o<br />
corpo. A própria mente não é mais do que o produto do<br />
corpo. Não é mais do que um conjunto vasto de neurónios<br />
a trabalhar em contacto com o corpo. As conclusões<br />
de Descartes não são mais do que uma explicação<br />
elegante, mas incorreta, de uma ideia intuitiva que, em<br />
maior ou menor m<strong>ed</strong>ida, todos parecemos desenvolver a<br />
certa altura da nossa existência.<br />
Devido à ideia de que a mente é superior e distinta do<br />
corpo, muitos treinadores incitam os seus atletas a pensar<br />
antes de executar alguma ação, o que demonstra uma<br />
tendência generalizada para se dar uma primazia à mente<br />
na ação, o que não me parece correto.<br />
No entanto, a consciência (ou a mente) tem um papel<br />
exíguo na ação do futebolista, embora considere, evidentemente,<br />
que sem mente e sem consciência é impossível<br />
fazer o que quer que seja, pelo menos numa perspetiva<br />
humana.<br />
No meu ponto de vista, o futebolista joga com o<br />
corpo - com a sab<strong>ed</strong>oria do corpo -, com pouco ou nenhum<br />
auxílio do pensamento consciente, não obstante a<br />
consciência ser, evidentemente, fundamental para se<br />
jogar futebol nem que seja porque dela todos dependem<br />
para estar acordados. Ela é, no entanto, lenta para<br />
poder ter algum papel relevante nos processos rápidos<br />
e automáticos que um futebolista tem que desenvolver<br />
em menos de meio segundo. Vários estudos têm comprovado<br />
a lentidão da consciência, que demora cerca de<br />
0,5 segundos a apreender e processar um estímulo o que<br />
em contexto de um jogo de futebol corresponde a um<br />
processo altamente lento e ineficaz. Para além do mais, a<br />
consciência é um sistema amplamente limitado, pois só<br />
consegue produzir um pensamento de cada vez o que<br />
denota pouca eficiência em tarefas que exigem uma pluralidade<br />
de movimentos, como os que obrigam qualquer<br />
desporto, sobretudo quando comparado com o subconsciente<br />
que consegue realizar inúmeras ações sincrónicas.<br />
Muitos futebolistas, entre eles Messi, já afirmaram<br />
que não pensam muito naquilo que fazem em campo.<br />
Simplesmente não há tempo para isso. Quando pensam,<br />
normalmente falham<br />
Neste sentido, a premissa mais importante do meu<br />
ponto de vista é: o futebol de Messi é, fundamentalmente,<br />
fruto da sab<strong>ed</strong>oria do seu corpo. Messi não joga<br />
o que pensa nem o que sabe conscientemente mas joga<br />
sim o que o seu corpo é e lhe dita. É nos inúmeros processos<br />
subconscientes atados ao corpo mas mapeados<br />
no seu cérebro que reside a sua sab<strong>ed</strong>oria, e não na sua<br />
consciência.<br />
Vejamos esta ideia com algum detalhe!<br />
“A relação com a bola tem que ver com a<br />
capacidade do cérebro de Messi mapear<br />
o seu organismo e as ações que o mesmo<br />
desenvolveu, por outro, a relação com o<br />
jogo prende-se com a capacidade do mesmo<br />
cérebro mapear ações exteriores, coletivas<br />
e individuais."<br />
• 51
Do ponto de vista evolutivo, os<br />
primórdios dos sistemas nervosos e<br />
das mentes que com eles emergiram,<br />
entraram em cena na história da vida<br />
há cerca de 600 milhões de anos para<br />
otimizar a sobrevivência dos corpos<br />
que passaram a detê-los. Com a entrada<br />
dos sistemas nervosos no jogo da<br />
vida, os corpos que os possuíam<br />
podiam criar imagens mais detalhadas<br />
do seu meio interior e do meio exterior<br />
onde se inseriam, o que foi promovido<br />
pela seleção natural.<br />
A função vital da mente é, portanto,<br />
por um lado conhecer detalhadamente<br />
o meio que o corpo se insere, por<br />
outro, conhecer pormenorizadamente o<br />
meio interno do próprio corpo, retirando<br />
dele toda a informação sobre o que<br />
é e como está esse corpo. A mente é<br />
serva do corpo e o neurónio é, aliás,<br />
uma célula direcionada e vocacionada<br />
para o corpo.<br />
Ora, segundo esta perspetiva, o<br />
cérebro de Messi projeta mentalmente<br />
um determinado corpo. Ou<br />
seja, a mente de Messi reproduz, e é<br />
em grande m<strong>ed</strong>ida constituída, por<br />
imagens dos estados internos do seu<br />
corpo, nomeadamente a sua morfologia<br />
e a sua fisiologia. Em poucas palavras,<br />
o cérebro de Messi reproduz em<br />
“linguagem” mental o estado “físico”<br />
do seu corpo.<br />
Posto isto, de que forma o corpo de<br />
Messi nos pode ajudar a compreender<br />
o seu talento? No meu ponto de vista,<br />
a qualidade de Messi tem que ver, fundamentalmente,<br />
com dois fatores:<br />
1) a sua relação com a bola em<br />
contexto de jogo, que tem que ver<br />
com um mapeamento interno do<br />
organismo e 2) a sua compreensão<br />
do jogo, que está relacionado com o<br />
mapeamento exterior ao organismo,<br />
nomeadamente das ações dos seus<br />
colegas e adversários.<br />
A relação de Messi com a bola<br />
em contexto de jogo depende da sua<br />
habilidade técnica, da sua capacidade<br />
em mudar de velocidade, alterar vertiginosamente<br />
de direção e de arrancar<br />
com a bola “colada” ao pé. Ora, todas<br />
estas ações dependem das instruções<br />
que o corpo de Messi forneceu à<br />
mente criando um duplo neuronal<br />
(com mapas de ação) capaz de as<br />
operar sem grande dificuldade sempre<br />
que a situação o exige, de forma<br />
totalmente automática, sem auxílio<br />
significativo da consciência. De referir<br />
que estas ações, embora dependam da<br />
harmonia do corpo na sua totalidade é<br />
altamente provável que exista proeminência<br />
de alguns sistemas neuronais<br />
como, entre outras, do cerebelo, crucial<br />
para a coordenação motora. Penso<br />
que o sistema límbico, relacionado<br />
com as emoções (e com os sistemas de<br />
recompensa e castigo), desempenha<br />
igualmente um papel decisivo, sobretudo<br />
na aprendizagem e no enraizamento<br />
de novas ações, ao marcar o<br />
valor de uma determinada ação que<br />
teve sucesso em detrimento de outras<br />
que não tiveram. Temos de questionar<br />
se, inclusive, a falta da hormona de<br />
crescimento somatropina não teve<br />
um papel importante ao não permitir<br />
que o corpo de Messi crescesse num<br />
ritmo normal, tendo feito com que o<br />
seu organismo ficasse dotado de uma<br />
morfologia específica que o capacitou<br />
para um maior desempenho no que<br />
concerne às mudanças de velocidade,<br />
por exemplo. Não tendo o desenvolvimento<br />
natural, o corpo de Messi<br />
teve, igualmente, de arranjar alternativas<br />
para ser bem suc<strong>ed</strong>ido no contexto<br />
de um jogo de contacto viril e<br />
agressivo, estimulando a criatividade<br />
e, assim, o evitamento dos adversários<br />
pelo drible e não pelo confronto<br />
físico. De referir, igualmente, os sistemas<br />
neuronais relacionados com o<br />
equilíbrio (sistema vestibular) e com<br />
perceção sensorial (córtices associativos),<br />
fundamentais para as ações<br />
acima referidas.<br />
Para que a relação com a bola<br />
em contexto de jogo de Messi seja<br />
produtiva, julgo ser necessário um<br />
cérebro portentoso, não só capaz de<br />
ser particularmente ativo ou<br />
dotado nos sistemas neuronais acima<br />
referidos, como para mapear eficazmente<br />
um conjunto enorme de<br />
ações eficientes que têm de estar disponíveis<br />
sempre que o contexto<br />
o exige.<br />
52 •<br />
"... quando Messi está a jogar futebol, o seu cérebro é como uma<br />
portentosa "máquina" de decisão, avaliando e definindo, de forma<br />
automática, num conjunto de inúmeros processos inconscientes, quais as<br />
ações mais eficientes a executar".
• 53
54 •<br />
Em suma, por um lado, a relação com a bola tem que<br />
ver com a capacidade do cérebro de Messi mapear o seu<br />
organismo e as ações que o mesmo desenvolveu, por<br />
outro, a relação com o jogo prende-se com a capacidade<br />
do mesmo cérebro mapear ações exteriores, coletivas e<br />
individuais.<br />
Para terminar, é importante referir algo que me parece<br />
muito pertinente. O cérebro de Messi não tem apenas a<br />
capacidade de conter um reportório “infinito” de<br />
soluções para os vários problemas que um jogo de futebol<br />
oferece, como tem a sab<strong>ed</strong>oria de “escolher” a melhor<br />
solução (de entre muitas) para um determinado problema.<br />
É por isso que Messi é, no meu entender, o melhor futebolista<br />
que o jogo já conheceu. Não só porque ele possui o<br />
maior reportório de soluções para um problema, como ele<br />
escolhe, na maior parte das vezes, a solução mais eficiente.<br />
Só um cérebro portentoso é capaz de reter e mapear<br />
inúmeras soluções para um conjunto enorme de problemas<br />
e depois ter ainda a capacidade de “selecionar” a mais eficiente<br />
de todas as<br />
disponíveis.<br />
Numa perspetiva poética poderíamos dizer que é como<br />
se os segr<strong>ed</strong>os do futebol estivessem guardados no corpo<br />
de Messi e fossem recrutados sempre que necessário da<br />
forma mais eficiente possível.<br />
"[Messi éextraordinário nos golos que marca],<br />
mas a toda a qualidade que coloca no terreno<br />
dejogo, seja no passe curto, no passe longo, no<br />
drible, nas assistências para golo e na<br />
criação de lances de perigo, seja ainda na<br />
forma como gere os ritmos do jogo e define<br />
uma determinada ação."
www.facebook.com/DesportoeEsport/<br />
www.twitter.com/DesportoeEsport<br />
Ciclismo, Futebol, andebol, Ténis, Futsal, Corrida<br />
#<strong>Sports</strong><br />
Os melhores artigos e os melhores textos<br />
são escritos em<br />
www.desportoeesport.com<br />
• 55
A maioria dos jogos: o golo<br />
decisivo ocorreu entre os 86 e<br />
os 90 minutos, com 10,5% da<br />
totalidade de golos<br />
Diogo Sampaio<br />
Vitória?<br />
Marque nos<br />
primeiros<br />
15 minutos<br />
G<br />
enericamente, acr<strong>ed</strong>ita-se que marcar primeiro aumenta a probabilidade de vitória para a<br />
equipa que se adianta no marcador. Isto pela alta complexidade de uma partida de futebol e de<br />
como o placar condiciona as ações subsequentes no jogo, a que se soma, o facto do futebol, ser<br />
um desporto de resultado baixo - da análise dos campeonatos de Portugal, Inglaterra, Espanha e Itália,<br />
e de um total de <strong>13</strong>80 jogos, apurou-se que 52% dos resultados finais das partidas se sitiavam entre o<br />
0-0 e o 2-2, sendo o 2-1 aquele que acontece com mais frequência, seguindo-se o 3-1, o 1-0, 1-1 e 0-1<br />
(Centro de Estudos do Futebol, Universidade Lusófona).<br />
No futebol atual um dos maiores problemas é criar oportunidades de golo, as estimativas indicam que<br />
em cada cem ataques, só dez terminam com um remate à baliza, e destes dez apenas um origina golo,<br />
que é o mesmo que mesmo que a probabilidade de se marcar um golo num jogo de futebol é de cerca<br />
de 1%, segundo dados disponibilizados pela FIFA.<br />
Um “segr<strong>ed</strong>o” Chamado: Marcar Primeiro<br />
A crença acompanha os números, e marcar primeiro é<br />
um dos elementos essenciais para conquistar a vitória.<br />
Os números são arrasadores, e para o campeonato<br />
português, temos que 62% das equipas que marcaram<br />
primeiro, ganharam. Além disso, 19 por cento das que o<br />
conseguiram empataram. Apenas 16 por cento perdeu.<br />
Em Espanha o valor sobe de 62 para os 66 por cento!<br />
No campeonato Grego ascende para valores ainda mais<br />
altos, fixando-se nuns incríveis 74,2%. A mesma tendência<br />
segue o Brasileirão, principal campeonato brasileiro,<br />
que não difere muito da média dos principais campeonatos<br />
europeus: quem marca primeiro, vence<br />
70,97 por cento dos jogos (P<strong>ed</strong>ro Moreira, “Relação<br />
entre vantagem em casa e o efeito do primeiro gol nos<br />
resultados finais das partidas de futebol do campeonato<br />
brasileiro”). Dizem ainda os números que em 50 por<br />
cento dos jogos, quem marcou primeiro liderou sempre<br />
até ao final. Somente em 14 por cento dos jogos quem<br />
marcou primeiro permitiu que o adversário desse a volta<br />
e ganhasse.<br />
As principais competições de seleções não diferem<br />
muito destes valores. No Mundial de 2006 quem marcou<br />
primeiro venceu 73,21 por cento das vezes. No<br />
Euro2012, a percentagem baixa um pouco, mas continua<br />
acima dos 70 por cento, com 70,97.<br />
56 •
Mas não é só marcar primeiro, é marcar mais c<strong>ed</strong>o!<br />
Se dividirmos uma partida de futebol em períodos de<br />
15 minutos, existem dados suficientes para afirmar com<br />
firmeza que a maior percentagem de ocorrência de golos<br />
se dá no início da segunda parte, entre os 45 e 60 minutos,<br />
e no final da partida, entre os 75 e 90 minutos; não é de<br />
admirar que se marque na globalidade mais golos na segunda<br />
parte do que na primeira, 57 contra 43 por cento dos<br />
golos – retirando-se destas análises os golos obtidos em<br />
períodos de desconto.<br />
O estudo da Lusófona, acima mencionado, concluiu que<br />
em 41 por cento das partidas o desfecho ficou definido até<br />
aos 35 minutos. Se levarmos a análise até aos 50 minutos<br />
temos 53 por cento das decisões. Em 70 por cento dos<br />
jogos, tudo ficou esclarecido até aos 70 minutos. Ou seja,<br />
os golos conseguidos no fim só foram de facto importantes<br />
em menos de um terço dos jogos.<br />
Pode-se ir ainda mais longe. Os primeiros 15 minutos da<br />
partida, a fase do «fase de estudo mútuo», são o período<br />
com menos ocorrência de golos, com uma percentagem<br />
de apenas 12 por cento. Contudo, este é o período onde<br />
a ocorrência do golo, mais influencia o resultado final da<br />
partida. Em análise ao campeonato brasileiro, uma das<br />
competições mais competitivas, 65,67% dos “times” que<br />
marcaram golo antes dos 15 minutos venceram o jogo, e<br />
apenas 16,42% perderam (Douglas Bento “Relação entre o<br />
gol marcado antes dos quinze minutos de partida e o resultado<br />
final de jogo no futebol”).<br />
A velha máxima de entrar forte e marcar c<strong>ed</strong>o é verdadeira,<br />
e corroborada pelos números, e é de acr<strong>ed</strong>itar que seja<br />
ainda mais capital nos próximos anos, com o aumento das<br />
equipas com ideias defensivas, que parece ser a tendência<br />
dos últimos anos.<br />
• 57
Manuel Queiros - Super Liga e Portugal?<br />
A F i s i o l o g i A d e j o g A d o r e s d e F u t s A l , F u t e b o l i s t A s e Á r b i t r o s<br />
Desporto&<strong>Sports</strong><br />
Edição <strong>13</strong> • 2018<br />
Idade RelatIva<br />
no FUTSAL<br />
Verdade ou Apenas Mito?<br />
transFerênCias = DinheirO Mal gastO?<br />
Vai VenCer O MunDial QueM tiVer Mais POsse De bOla?<br />
Talento ou<br />
popularidade?<br />
O Que É Mais CruCial<br />
Para O suCessO Da Carreira<br />
De uM FutebOlista?<br />
>>> suPer esPeCial<br />
demasIados<br />
cRaques<br />
destRóI as<br />
equIpas de<br />
futebol?<br />
Sr. Alex Ferguson<br />
Mestre em<br />
Mind-Games<br />
CASA DE APOSTAS<br />
E SALÁRIOS<br />
dos futebololistas:<br />
Neymar Junior<br />
O segr<strong>ed</strong>o dos dribles da<br />
esperança no “Hexa” está<br />
no cérebro!<br />
Como<br />
a<br />
fragilidade<br />
do corpo<br />
de Lionel<br />
Messi<br />
criou<br />
UM<br />
SUPER<br />
génio<br />
EDIÇÃO<br />
ESPECIAL<br />
SÓ COM<br />
FUTEBOL<br />
E<br />
FUTSAL<br />
Aprenda como são calculadas as odds dos grandes jogos do futebol europeu<br />
?<br />
58 •
Há +70 páginas que<br />
ainda não conhece!<br />
COMPRE<br />
OU<br />
SUBSCREVA<br />
2€, 3€ ou 4€<br />
3 meses, 6 meses ou 12 meses -<br />
escolha o seu plano!<br />
• 59
60 •
REFERÊNCIAS DE<br />
IMAGENS:<br />
Capa: clipart; Índice:<br />
footyheadlines, portugalmundial,<br />
ominho,<br />
foottheball; Manuel<br />
Queiroz – Liga<br />
europeia e Portuhal:<br />
abola, Record,<br />
scorenigeria, dailypost,<br />
sportsdictator<br />
givemesport, brila;<br />
Champions fator<br />
casa: dailymail;<br />
Mourinho teaser: footyfair;<br />
Alex fergunson<br />
– Mestre em Mind<br />
games: independent,<br />
sportsjoe, skysports,<br />
goal; Curiosidade<br />
– escutei ontem<br />
no café: publico,<br />
futboldesdefrancia;<br />
Recrutar Jovens nos<br />
PALOP: ethnologue,<br />
folha; Futsal – tipos<br />
de piso: stampaquadras,<br />
dicas<strong>ed</strong>ucacaofisica,<br />
apmsantos;<br />
Futsal – hidratação:<br />
fonoandreia; Lionel<br />
Messi – corpo e cérebro<br />
de um génio:<br />
z<strong>ed</strong>ge, calcioefinanza,<br />
gilabola; Vitória –<br />
marque em 15 minutos:<br />
dawuroafrica; O<br />
futebol está menos<br />
competitivo: ru<strong>ed</strong>esjoueurs,<br />
independente,<br />
espn; Futebol – os<br />
cruzamentos são<br />
eficazes: goal; Cabecear<br />
a bola causas<br />
danos cerebrais:<br />
religiaocientifica;<br />
Futebol - Sucesso<br />
ou Popularidade o<br />
que é mais importante:<br />
Pinterest, sapo,<br />
maisfutebol, forbes,<br />
deviantart, zimbio;<br />
Demasiados craques<br />
destrói as equipas:<br />
ceroacero; Casa de<br />
apostas e salários:<br />
publico; Exigência<br />
física dos árbitros:<br />
fcporto, maisfutebol;<br />
Neymar - o segr<strong>ed</strong>o<br />
está no cérebro:<br />
thewallpapers, Pinterest,<br />
veja, ecodiario;<br />
Constrói estádios que<br />
vences: bleacherreport,<br />
mlssoccer;<br />
Tecnologia e futebol:<br />
globo, jpn; Exigências<br />
físicas do futebol:<br />
wallpaper21, tribunnews;<br />
Vai vencer o<br />
mundial quem tiver<br />
mais posse de bola:<br />
Pinterest; Golos no<br />
Mundial: goal; Lesões<br />
no futebol: areah,<br />
suasaude, rsaude;<br />
Transferências – é<br />
deitar dinheiro fora:<br />
telegraph, tienphong,<br />
sportseries; Arsene<br />
Wenger: nbcsports;<br />
Recuperação futsal:<br />
boanoticia.<br />
• 61
w w w . d e s p o r t o e e s p o r t . c o m<br />
Download<br />
TODAS AS NOSSAS<br />
REVISTAS. SEM PUBLICIDADE.<br />
100% DE CONTEÚDO.<br />
Disponível na App Store e na Google Play Store e<br />
na Magzter