Hempada #12 - Canadeu: Duas prisões e Muita Maconha!

com reagentes (usam cromatografia por
camada delgada) e contavam com materiais
informativos belíssimos.
O tom transdisciplinar do congresso
era claro e conviviam, no mesmo espaço,
representantes de diferentes etnias;
cientistas falando sobre neurociência;
ativistas discutindo formas de mudar as
políticas de drogas. É bem verdade que
tais identidades por vezes se permeavam
e distinções duras possivelmente seriam
falsas. Um objetivo audacioso! Tão
audacioso como o próprio nome que temos
dados a várias plantas professoras,
de forma a nos aproximarmos mais dos
usos tradicionais e contemporâneos das
plantas e substâncias que catalisam a
ampliação da consciência: psicodélicos
– manifestação da mente (aquelas que
fazem a mente manifesta); e enteógenos
(a produção do divino interior). Sequer
me recordo – felizmente – do uso da
palavra “alucinógeno” para se referir as
plantas e substâncias consideradas, tradicional
ou contemporaneamente, como
promotoras do sagrado.
O congresso também contou com a
incrível apresentação de Donna Dryer
[psiquiatra transpessoal], Richard Yensen
e Ivonne Roquet [filha de Salvador Roquet]:
os dois primeiros são terapeutas
que têm realizado parte das pesquisas
contemporâneas sobre psicodélicos no
tratamento de transtornos mentais. O
trio falou sobre o psiquiatra Salvador
Roquet: pionero mexicano en el uso
de plantas sagradas en psicoterapia.
Roquet foi um: “cientista dedicado ao
serviço da humanidade”. Falecido em
1995, o médico criou um sistema importante
de psicoterapia aliada ao uso de
psicodélicos. De forma distinta a outros
pesquisadores, como Stanislav Grof,
Roquet realizava terapia em grupo e utilizava
uma variedade de plantas para
ajudar seus pacientes. Os grupos de psicoterapia
com psicodélicos de Roquet
ocorriam sem clara liderança e os que
concluíam a terapia falavam aos que
entravam sobre como a terapia ocorria,
como eram os efeitos, como se poderia
regressar a infância; como conseguir o
encontro com o sagrado e com o amor
dentro de si mesmos. Os pacientes entravam
e falavam abertamente durante
o grupo, que era realizado em grandes
salas nas quais se projetavam imagens
que remetiam às sombras e às belezas
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