JORNAL VICENTINO 05.05.2018
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TRAGÉDIA EM SP<br />
GERAL<br />
<strong>JORNAL</strong> <strong>VICENTINO</strong><br />
05 de Maio de 2018 3<br />
Bombeiros encontram corpo<br />
no edificio que desabou em SP<br />
As equipes do Corpo de<br />
Bombeiros localizaram<br />
no final da manhã de ontem<br />
(4) a primeira vítima<br />
nos escombros do edifício<br />
Wilton Paes de Almeida,<br />
que desabou após um incêndio<br />
na madrugada da<br />
ultima terça-feira (1º).<br />
Parte do corpo da vitima<br />
está soterrada no local<br />
identificado como setor<br />
1, local em que as<br />
equipes de resgate concentram<br />
as buscas manuais<br />
pela queda do morador<br />
conhecido como<br />
Ricardo, que caiu quando<br />
tentava ser resgatado.<br />
Ontem por volta das 14<br />
horas, a cadela Vasty<br />
identificou um sinal de<br />
vítima neste setor. As<br />
equipes de Buscas e Resgate<br />
em Estruturas Colapsadas<br />
(BREC) investiram<br />
na retirada dos escombros<br />
e as equipes<br />
encontraram a primeira<br />
vítima fatal.<br />
Durante a madrugada,<br />
5 máquinas auxiliaram na<br />
retirada dos escombros.<br />
Os entulhos do prédio<br />
que desabou formam<br />
uma montanha de 15 metros<br />
de altura. Uma equipe<br />
com mais de 40 homens<br />
trabalharam na<br />
madrugada, quando atingiram<br />
escombros habitados<br />
por moradores, já<br />
que começaram a ser encontradas<br />
roupas dos<br />
moradores e botijões de<br />
gás.<br />
INCÊNDIO<br />
O incêndio que causou<br />
o desabamento do edifício<br />
Wilton Paes de Almeida,<br />
na última terça-feira<br />
(1º), foi causado por um<br />
curto-circuito em uma<br />
tomada de um cômodo<br />
no quinto andar. O espaço<br />
era ocupado por uma<br />
família de quatro pessoas.<br />
Segundo o secretário<br />
de Segurança Pública de<br />
São Paulo, Mágino Alves<br />
Barbosa Filho, o pai e<br />
uma criança ficaram feridos<br />
com queimaduras<br />
graves.<br />
“O incêndio começou<br />
no quinto andar, em um<br />
cômodo que era ocupado<br />
por uma famílias, quatro<br />
pessoas, duas dessas<br />
pessoas sofreram ferimentos<br />
e foram levadas<br />
para o hospital. Uma<br />
para a Santa Casa e outra<br />
para o Hospital das<br />
Clínicas”, disse.<br />
O estado da criança,<br />
que tem 3 anos de idade,<br />
é grave. Ela foi socorrida<br />
pelo pai, que está com<br />
dois terços do corpo queimados.<br />
“Mas está em<br />
uma situação aparentemente<br />
melhor que a da<br />
criança”, informou o secretário.<br />
De acordo com Barbosa<br />
Filho, três aparelhos<br />
estavam ligados na tomada<br />
onde ocorreu o curtocircuito:<br />
um micro-ondas,<br />
uma geladeira e uma televisão.<br />
“Não foi uma briga<br />
de casal [como chegou<br />
a ser cogitado inicialmente],<br />
o que aconteceu foi a<br />
fatalidade, em um prédio<br />
que tinha diversas irregularidades,<br />
essa tomada ligava<br />
três aparelhos, terminou<br />
vitimando a família<br />
que ocupava esse cômodo”.<br />
O secretário disse<br />
que a mãe, que foi ouvida<br />
pela polícia, conseguiu salvar<br />
o outro filho, um bebê.<br />
Reintegração de posse de imóveis em risco está cogitada<br />
A partir de segundafeira<br />
(7), cinco equipes<br />
montadas pela Prefeitura<br />
de São Paulo vão divulgar<br />
os critérios para<br />
dar início às vistorias em<br />
cerca de 70 imóveis públicos<br />
e particulares da<br />
capital [56 deles só no<br />
centro da cidade] que<br />
estão ocupados irregularmente<br />
por cerca de<br />
5,5 mil famílias. A decisão<br />
foi tomada após<br />
uma reunião da forçatarefa,<br />
após o incêndio e<br />
desabamento do edifício<br />
Wilton Paes de Almeida,<br />
no Largo do Paissandu,<br />
no centro de São Paulo.<br />
Em entrevista concedida<br />
após essa reunião, o prefeito<br />
Bruno Covas reconheceu<br />
que estas ocupações<br />
poderão sofrer<br />
reintegração de posse<br />
caso a estrutura dos<br />
prédios esteja comprometida.<br />
“Podemos solicitar<br />
auxílio judicial para poder<br />
fazer, junto à força<br />
policial, a reintegração de<br />
posse havendo qualquer<br />
iminência de risco”, disse<br />
o prefeito. E se houver<br />
resistência das pessoas<br />
durante o levantamento<br />
dos dados, a Justiça também<br />
poderá ser acionada.<br />
“Vamos buscar autorização<br />
judicial para entrar.<br />
Mas esperamos e<br />
temos certeza que os<br />
movimentos de moradia<br />
serão parceiros nossos<br />
nesse desafio”, afirmou<br />
o prefeito. “Vamos verificar<br />
se é o caso, a partir<br />
do levantamento desse<br />
nível de criticidade, se for<br />
o caso de pedir alguma<br />
medida judicial, se é o<br />
caso de fazer alguma intervenção.<br />
Vamos analisar<br />
caso a caso a partir<br />
desse levantamento”,<br />
acrescentou.<br />
Cerca de 20 movimentos<br />
sociais que ocupam<br />
imóveis no centro da capital<br />
serão chamados a<br />
participar dessas equipes.<br />
Esse levantamento<br />
sobre os imóveis deve<br />
demorar 45 dias. Segundo<br />
o prefeito, na segunda-feira,<br />
além da divulgação<br />
dos critérios de<br />
avaliação dos imóveis,<br />
devem ser iniciadas também<br />
as vistorias.<br />
STF aprova restrição do foro privilegiado<br />
para deputados e senadores<br />
O Supremo Tribunal<br />
Federal (STF) decidiu na<br />
quinta (3) restringir o foro<br />
por prorrogativa de função,<br />
conhecido como foro<br />
privilegiado, para deputados<br />
e senadores.<br />
Por 7 votos a 4, os ministros<br />
decidiram que os<br />
parlamentares só podem<br />
responder a um processo<br />
na Corte se as infrações<br />
penais ocorreram<br />
em razão da função<br />
e cometidas durante o<br />
mandato. Caso contrário,<br />
os processos deverão<br />
ser remetidos para a primeira<br />
instância da Justiça.<br />
O placar a favor de<br />
qualquer restrição foi<br />
unânime, com 11 votos.<br />
Os ministros Marco<br />
Aurélio, Gilmar Mendes e<br />
a presidente do Supremo<br />
Tribunal Federal, Cármen<br />
Lúcia, durante sessão para<br />
julgamento sobre a restrição<br />
ao foro privilegiado<br />
No julgamento, prevaleceu<br />
o voto do relator,<br />
Luís Roberto Barroso,<br />
que votou a favor da restrição<br />
ao foro e foi acompanhado<br />
pelos ministros<br />
Marco Aurélio, Rosa Weber,<br />
Cármen Lúcia, Edson<br />
Fachin, Luiz Fux e Celso<br />
de Mello.<br />
Alexandre de Moraes,<br />
Dias Toffoli, Ricardo<br />
Lewandowski e Gilmar<br />
Mendes também foram<br />
favoráveis à restrição,<br />
mas com um marco temporal<br />
diferente. Para os<br />
ministros, a partir da diplomação,<br />
deputados e<br />
senadores devem responder<br />
ao processo criminal<br />
no STF mesmo se a conduta<br />
não estiver relacionada<br />
com o mandato.<br />
Durante o julgamento,<br />
os ministros chegaram a<br />
discutir se a decisão poderia<br />
ser estendida para<br />
demais cargos com foro<br />
privilegiado, como ministros<br />
do governo federal,<br />
ministros de tribunais<br />
superiores e deputados<br />
estaduais. A questão foi<br />
proposta pelo ministro<br />
Dias Toffoli, mas não<br />
teve adesão da maioria.<br />
COMO FICA<br />
Mesmo com a finalização<br />
do julgamento, a<br />
situação processual dos<br />
deputados e senadores<br />
investigados na Operação<br />
Lava Jato pelo STF<br />
e de todos os demais<br />
parlamentares que são<br />
processados na Corte<br />
deve ficar indefinida e<br />
as dúvidas serão solucionadas<br />
somente com<br />
a análise de cada caso.<br />
Os ministros terão que<br />
decidir individualmente<br />
se parlamentares vão<br />
responder, na própria<br />
Corte ou na primeira<br />
instância, às acusações<br />
por terem recebido recursos<br />
ilegais de empreiteiras<br />
para financiar<br />
suas campanhas. Ainda<br />
não é possível saber<br />
quantas processos serão<br />
afetados.<br />
Segundo especialistas<br />
ouvidos pela Agência<br />
Brasil, a saída das<br />
ações da Corte para outras<br />
instâncias poderá<br />
acelerar o trabalho das<br />
duas turmas do STF, responsáveis<br />
pelo julgamento<br />
das ações. Além disso,<br />
o atraso que poderá<br />
ocorrer no envio das<br />
ações à primeira instância<br />
será bem menor que<br />
a demora do Supremo<br />
para julgar os casos.<br />
Segundo o projeto Supremo<br />
em Números, da<br />
FGV Direito Rio, o tempo<br />
de tramitação de uma<br />
ação penal em 2016 foi de<br />
1.377 dias, tempo maior<br />
que o registrado em 2002,<br />
quando o processo era<br />
julgado em aproximadamente<br />
em 65 dias.<br />
Entre 2012 e 2016, das<br />
384 decisões tomadas em<br />
ações penais, a declinação<br />
de competência, quando o<br />
parlamentar deixa o cargo<br />
e perde o foro no STF, representou<br />
60% dos despachos,<br />
enquanto as absolvições<br />
chegaram a<br />
20%. Condenações ficam<br />
em apenas 1%.