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ALTERNATIVA ED. 186

Edição especial Nova Friburgo 200 Anos

Edição especial
Nova Friburgo 200 Anos

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Jornal de Opinião<br />

ANO 13 | <strong>186</strong> | Maio | 2018 | Nova Friburgo | Periódico Mensal | Distribuição Gratuita<br />

Foto do acervo da artista Regina Lo Bianco cedida para esta edição.<br />

Nova Friburgo<br />

200 anos<br />

Esta edição especial,<br />

além dos colaboradores habituais,<br />

é abrilhantada por convidados<br />

que expressam suas visões sobre<br />

este significativo marco histórico.<br />

TODO APOIO À GREVE DOS PROFESSORES<br />

NESTA <strong>ED</strong>IÇÃO<br />

- PARTICIPAÇÃO ESPECIAL -<br />

Pedro Pinho<br />

Nova Friburgo e<br />

um império em crise<br />

- página 5 -<br />

Ney<br />

Fabiano<br />

Os 200 anos de<br />

Nova Friburgo<br />

PÁGINA 3<br />

- CONVIDADOS -<br />

Ricardo Costa | Rodrigo Marreto<br />

Elizabeth Vieiralves de Castro<br />

Manoel Espedito Silva | Paulo Gadelha<br />

- páginas 2 e 3 -<br />

Alda de<br />

Oliveira<br />

A história e<br />

as estórias<br />

Célia<br />

Campos<br />

#LULA LIVRE<br />

PÁGINA 6<br />

PÁGINA 4<br />

Luis Filipe<br />

Saturnino<br />

Rafael<br />

Borges<br />

200 anos para<br />

comemorar<br />

e reagir<br />

Nossa<br />

Friburgo<br />

PÁGINA 6<br />

PÁGINA 4


2 Maio | 2018 | Ed. <strong>186</strong><br />

200 anos pra quem?<br />

por Elizabeth Vieiralves de Castro<br />

200 anos pra quem?<br />

por professor Manoel Espedito<br />

Nova Friburgo na minha juventude, era a cidade dos meus sonhos. Férias: ocasiões<br />

especiais para folguedos e encontro de amigos. O ponto favorito era mesmo a praça<br />

Getúlio Vargas, “A CAT<strong>ED</strong>RAL DOS EUCALIPTOS” no dizer de muitos, onde pelas alamedas<br />

floridas, desfrutei momentos inesquecíveis.<br />

Além disso, interessava-me, profundamente, a própria história da cidade, da sua formação,<br />

quando vários povos migraram de longe, buscando reconstruir suas vidas:<br />

Portugueses, Suíços, Alemãs, Japoneses, Libaneses e outros. Vale lembrar, que muitos<br />

negros, oriundos da escravidão, também se estabeleceram em Nova Friburgo.<br />

Mais tarde, mudei-me do Rio de Janeiro para a região serrana e, casada com um médico<br />

Friburguense, envolvi-me em alguns setores, basicamente, com a educação, na qual<br />

trabalhei muitos anos, tanto na rede estadual como na Faculdade de Filosofia Santa<br />

Dorotéia, angariando grandes alegrias e inúmeros amigos.<br />

E hoje? Os sonhos se desvaneceram. A cidade já não é a mesma, nem no seu aspecto,<br />

nem na qualidade de vida da população. Infelizmente, as políticas públicas não cuidaram<br />

da “JOIA RARA” que lhes foi confiada. A praça, atualmente, decadente sofre ameaça constante<br />

dos imponentes eucaliptos serem extirpados, descaracterizando-a totalmente.<br />

E os serviços? Na educação, professores descontentes com seus salários, trabalham<br />

em escolas sem mínima infraestrutura, prejudicando o seu desempenho profissional.<br />

Nos hospitais e postos de saúde, apesar dos esforços de médicos e enfermeiros, não funcionam:<br />

as filas são intermináveis, muitas vezes, sem atendimento no final. Na realidade,<br />

muitos são os setores precários, como transporte, calçamento de ruas e outros mais.<br />

Então pergunto: 200 ANOS. PRA QUEM. Para mostrar, nas festas, uma situação fictícia,<br />

dirigida a pessoas ilustres? Não tem sentido!!!!! É preciso arrumar a casa, primeiro,<br />

com o objetivo claro de proporcionar bem-estar aos moradores, principalmente, aos<br />

mais desassistidos. Por isso, continuo questionando, insistentemente, 200 ANOS. PRA<br />

QUEM?<br />

Duzentos anos: Frankenstein<br />

e a cidade de Nova Friburgo<br />

por Paulo Gadelha, economista, advogado e professor<br />

Enfim maio, mês do bicentenário de Nova Friburgo. O dia 16 se aproxima<br />

rapidamente e uma população perplexa acompanha o descalabro que envolve o<br />

governo municipal. Todas as áreas essenciais estão abandonadas. Os relatos que<br />

ouvimos são estarrecedores: hospital sem insumos mínimos para funcionar e atender a<br />

população; escolas sucateadas, com profissionais abandonados à própria sorte<br />

convivendo com a falta de tudo e ridículos salários. Sou compelido a pensar que o<br />

sucateamento é uma estratégia visando terceirizações que nada resolvem e<br />

aprofundam a espoliação dos já minguados e maus geridos recursos públicos; o<br />

transporte deixou de ser um transtorno e se transformou num pesadelo. A Integração<br />

não integra e a população desassistida perde tempo e alegria de viver em coletivos<br />

lotados, ineficientes, atrasados, impontuais e caros. A FAOL (empresa que detém a<br />

concessão) manda e desmanda sob silêncio ensurdecedor do alcaide de plantão. A<br />

cidade é uma balbúrdia com as ruas esburacadas, parecendo um queijo suíço, ausência<br />

de sinalização mínima para pedestres e motoristas, bairros, distritos e praças<br />

abandonados e o desrespeito ao cidadão virou a conduta dominante.<br />

Esse panorama inevitavelmente nos leva a seguinte reflexão: Nova Friburgo 200<br />

anos. 200 anos pra quem? O prefeito promete uma festa com a presença de delegações<br />

estrangeiras, desfiles temáticos e shows de artistas populares e até um coquetel para o<br />

desfrute da elite local e seus convidados. Milhões serão gastos pela prefeitura sem<br />

nenhuma consulta previa a população e aos setores organizados da sociedade. Tudo<br />

decidido dentro dos gabinetes e atendendo interesses inconfessáveis. É a lógica de que<br />

não importa o que pensam as pessoas e as favas com os interesses da sofrida<br />

população. O certo é, continuamos sem soluções para as básicas reivindicações dos<br />

habitantes. Governar senhor prefeito é estabelecer diálogo, fazer escolhas e promover<br />

o bem comum. A sua gestão está apartada do povo e representa a opção por “negócios”<br />

que enriquecem poucos à custa do sofrimento de milhares e a destruição da cidade.<br />

Um alcaide ausente que liquida uma cidade. Não estamos tristes, estamos indignados e<br />

a resposta está sendo construída em cada mente e coração dessa cidade que não<br />

desistiu. Nova Friburgo precisa e vai reagir. Afinal, 200 anos pra quem?<br />

No ano de 1818, Mary Shelley lançou o livro Frankenstein (o Homem de Pedra) no<br />

qual relata a luta do criador com a sua criatura. Um médico, um ser humano, cria um<br />

monstro que um dia se volta contra a Humanidade.<br />

Em tempos da Revolução Industrial, esse monstro representa o capitalismo selvagem,<br />

as Máquinas tomando o lugar do Homem, reduzindo-o à fome e à miséria, tornando<br />

as guerras mais mortíferas.<br />

Neste mesmo ano, Dom João VI dá início ao processo de colonização estrangeira,<br />

recebendo os suíços em maio de 1818 e anos depois os alemães em 1824.<br />

Em vez de negros presos submetidos à escravidão, eram colonos livres que na<br />

Europa perderam o seu espaço e que resolveram fugir da miséria e da fome para constituírem<br />

no Brasil uma Cidade Livre. O nome de Friburgo (fri + burgo) significa cidade livre.<br />

Hoje, no Brasil, vivemos momentos difíceis em que ressurge esse monstro do capitalismo<br />

selvagem, sob a forma do Livre Mercado. Privilegiam as empresas, isentando-as<br />

dos impostos mas arrocham os gastos sociais.<br />

Falam hoje do Livre Mercado como um local sem corrupção, criado pelo homem,<br />

onde as mazelas sociais por um milagre desapareceriam. A criatura seria melhor que o<br />

seu criador.<br />

A história da cidade de Nova Friburgo mostra a ilusão de esperar do capitalismo selvagem,<br />

dos homens de pedra, sem sensibilidade social, a esperança de dias melhores.


Maio | 2018 | Ed. <strong>186</strong><br />

3<br />

Quase 200 anos<br />

de lutas e resistências<br />

por Prof. Ricardo da Gama Rosa Costa (Rico)<br />

Os 200 anos<br />

de Nova Friburgo<br />

por Ney Fabiano<br />

O que se comemora de fato na data que foi transformada no feriado municipal,<br />

somente oficializado em 1948 para ser o aniversário de Nova Friburgo? O 16 de maio (de<br />

1818) refere-se ao dia em que D. João VI assinou o decreto estabelecendo as bases para<br />

a criação da colônia suíça a que daria o nome de Nova Friburgo. Ou seja, até hoje<br />

continuamos a comemorar a assinatura de um documento e não a chegada efetiva dos<br />

suíços nestas terras ou a criação da Vila de São João Batista de Nova Friburgo, em janeiro<br />

de 1820, o que denuncia uma visão de história atrelada aos atos praticados pelas<br />

autoridades constituídas, pelos grupos dominantes e não aos movimentos sociais e à<br />

ação do povo.<br />

Faz parte das “tradições inventadas” sobre a nossa cidade a ideia segundo a qual a<br />

vinda dos suíços teria feito parte de um “plano inteligente” de Dom João VI, que<br />

pretendia substituir a mão de obra escrava no Brasil pelo trabalho livre de colonos<br />

imigrantes trazidos da Europa. Se este era mesmo o objetivo do Imperador do Brasil,<br />

Portugal e Algarves, o projeto acabou redundando em retumbante fracasso. O trabalho<br />

escravo foi uma realidade na nossa região (assim como no restante do Brasil) até a<br />

abolição, concretizada em 1888, após intensas lutas promovidas pelos escravos e pelo<br />

movimento abolicionista. Os barões que possuíam imóveis em Friburgo e propriedades<br />

dedicadas à produção do café em Cantagalo e em outras cidades da região, além de<br />

grandes traficantes de escravos, dependiam totalmente da mão de obra cativa para<br />

obterem seus lucros. Escravos de ganho eram obrigados a vender produtos para seus<br />

senhores nas ruas de Friburgo. O Código de Posturas do município no século XIX proibia<br />

a reunião de escravos, por medo de revoltas. Mas elas aconteceram assim mesmo, como<br />

foi o caso da rebelião na Fazenda Ponte de Tábuas, entre o Prado e Conselheiro Paulino<br />

(hoje), liderada por Antônio Pernambuco. Por sinal, o nome dado ao sexto distrito de<br />

Friburgo (Paulino José Soares de Souza) é de um grande proprietário de terras que, na<br />

condição de Senador do Império, foi um dos poucos a votar contra a Lei Áurea.<br />

A construção idealizada do passado de Friburgo integrou-se ao projeto hegemônico<br />

liberal e capitalista do início do século XX e foi cuidadosamente elaborada por ocasião<br />

das comemorações em torno do centenário de Nova Friburgo, em 1918. O médico<br />

Galdino do Valle Filho foi o político liberal que abraçou firmemente a ideia do<br />

Centenário, buscando ligar o passado idealizado da colônia europeia aos interesses de<br />

renovação política e de modernização da cidade com a industrialização iniciada com a<br />

instalação das fábricas têxteis de capital alemão, a partir de 1911, após o movimento<br />

que resultou na “Noite do Quebra Lampiões”.<br />

A identificação de Nova Friburgo com a Suíça Brasileira acabou esbarrando na forte<br />

presença dos alemães no município (sem falar nos luso-brasileiros, africanos, italianos,<br />

espanhóis, etc.). A influência da Sociedade Alemã de Escola e Culto sobre os destinos<br />

políticos da cidade constituiu-se muito mais evidente que o de qualquer outro grupo, ao<br />

menos até o fim da Segunda Guerra Mundial. Não foi à toa que os discursos associando<br />

Friburgo aos pioneiros suíços tornaram-se mais intensos nas conjunturas<br />

imediatamente posteriores às duas Grandes Guerras, quando a imagem dos alemães<br />

esteve profundamente abalada.<br />

Na verdade, Nova Friburgo cresceu, ao longo do século XX, como uma cidade<br />

industrial e operária e, a partir dos anos 1990, passou a viver a grande crise deste<br />

modelo. Se é para comemorar esses quase duzentos anos de efetiva construção do<br />

nosso município, é preciso acima de tudo lembrar a contribuição, com seu trabalho e sua<br />

cultura, dos homens e mulheres que desbravaram essas terras: desde seus primeiros<br />

habitantes, membros das comunidades indígenas, passando por imigrantes pobres,<br />

africanos escravizados, operários das fábricas, até aos trabalhadores e trabalhadoras<br />

que, nos dias de hoje, com seu suor, continuam produzindo a riqueza da nossa cidade e<br />

de toda a região e que nunca deixaram de lutar por uma Nova Friburgo digna para se<br />

viver.<br />

O bicentenário do município proporcionou visões distintas, em especial do seu dia<br />

principal, celebrado no dia 16 de maio. Há uma justa crítica aos gastos dos festejos em<br />

face da precariedade por que passam setores essenciais à população.<br />

Os efeitos danosos de maus administradores são sentidos em todas as instâncias de<br />

governo, exemplos marcantes temos com Temer e Pezão, para não crucificar exclusivamente<br />

o prefeito. Nova Friburgo, infelizmente, não é diferente. Nos governos municipais<br />

anteriores já se apontavam demandas e propostas que poderiam ser iniciadas para<br />

que o bicentenário não se restringisse a um evento festivo. Havia tempo suficiente para<br />

que se criassem as condições que permitiriam avanços significativos em vários setores.<br />

Lembro de ter feito, desde o início de algumas reuniões sobre o bicentenário,<br />

algumas propostas que penso qualificariam e diferenciariam nosso município ao se<br />

apresentar ao Brasil no dia 16 de maio. Entre as quais:<br />

§ o analfabetismo seria totalmente erradicado;<br />

§ nenhuma criança estaria fora da escola;<br />

§ todos alunos da rede pública de ensino fundamental estudariam em tempo<br />

integral;<br />

§ nenhum friburguense sem moradia estaria sem abrigo;<br />

§ o principal meio de mobilidade seria o transporte público de qualidade que<br />

trafegaria com prioridade em faixas seletivas nas principais artérias da cidade;<br />

§ os serviços públicos, mesmo os concedidos a iniciativa privada, seriam de<br />

qualidade e acessíveis a todos, em especial os de saúde<br />

Propunha ainda, explorar a excepcional oportunidade do bicentenário para<br />

apresentar aos visitantes e, mesmo aos friburguenses, as vocações e potencialidades<br />

da economia local na montagem de ampla exposição com participação da indústria, da<br />

agricultura do comércio e do setor de serviços. Esta proposta certamente custaria<br />

menos que alguns shows programados.<br />

Mas, o passado não pode ser modificado. Vamos com o quer temos.<br />

O registro histórico deste marco não permitirá que ninguém queira se apropriar<br />

deste evento. Será reconhecido o protagonismo do povo friburguense que, com seu<br />

trabalho, construiu esta bela cidade ao longo desses 200 anos.<br />

Esta edição contará com a participação e a visão de historiadores e pessoas que<br />

sempre pensaram Nova Friburgo. A todos, nosso agradecimento.<br />

https://sofatos.com.br/nova-friburgo-a-historia-por-tras-das-duas-principais-pracas-da-cidade/


4<br />

Maio | 2018 | Ed. <strong>186</strong><br />

200 anos para<br />

comemorar e reagir<br />

Por Rafael Borges<br />

A c o m e m o r a ç ã o d o<br />

bicentenário de nossa cidade<br />

devia ser tão festiva quanto<br />

crítica. É claro que tem que ter<br />

show de artista (refiro-me,<br />

n a t u r a l m e n t e , a A l c e u<br />

Valença), megadesfile, horas<br />

de solenidade, coquetéis para<br />

autoridades e convite para o<br />

p r e s i d e n t e g o l p i s t a d a<br />

República. Somos mais velhos<br />

do que o Brasil independente e não é<br />

todo dia que se chega aos 200 anos.<br />

Celebrar é um ato essencial da sociabilidade<br />

humana. Tem a ver com reconhecimento,<br />

identidade e projetos em<br />

comum. Ridículo é reduzir essa jornada,<br />

repleta de lutas, resistência, conflitos e<br />

superação, a um bolo de aniversário.<br />

Afinal, são os 200 anos de uma<br />

cidade que ainda não resolveu o<br />

problema do seu déficit habitacional;<br />

que constrói estacionamentos em<br />

espaços seguros, onde deveriam ter<br />

casas populares; que não entendeu<br />

suas condições naturais mais elementares;<br />

que não protege suas matas<br />

ciliares, suas nascentes e suas encostas,<br />

torcendo, sem nada – ou pouco – fazer<br />

para que outra tragédia não venha nos<br />

visitar em breve. Sãos os 200 anos de<br />

uma cidade que ainda não executou o<br />

seu próprio Plano Diretor, premiadíssimo,<br />

como se o “legal” fosse promover a<br />

especulação imobiliária e o crescimento<br />

desordenado; que não compreendeu<br />

a importância dos espaços públicos e os<br />

valores afetivos, históricos e paisagísticos<br />

de sua Praça mais central e importante.<br />

São os 200 anos de uma cidade<br />

com professores insatisfeitos, que<br />

exercem o seu direito sagrado e<br />

constitucional à greve porque deixaram<br />

de tolerar as condições (indignas) do<br />

seu trabalho e os baixos níveis remuneratórios.<br />

São os 200 anos de uma cidade<br />

que não cuida bem dos seus doentes;<br />

que não valoriza os servidores públicos<br />

da área da saúde; que paga médicos<br />

como se fossem prestadores de<br />

serviços eventuais e esporádicos e<br />

que desdenha de um Hospital<br />

Regional do Câncer. São os 200 anos<br />

de uma cidade que não qualificou a<br />

própria democracia, onde não há<br />

Orçamento Participativo; onde a<br />

Câmara Municipal continua funcionando<br />

como chancelaria dos atos do<br />

Prefeito; onde Vereadores são, salvo<br />

as exceções de sempre, referência da<br />

prestação de serviços assistenciais e<br />

não agentes de transformação.<br />

É tempo de comemorar, mas<br />

também de nos preparar para que os<br />

próximos 200 anos sejam (bem)<br />

melhores. Regozijar-nos de sermos a<br />

Suíça Brasileira não serviu para nada,<br />

nem para nos transformar em polo de<br />

turismo. Não haverá futuro promissor<br />

sem radicalizar o processo democrático<br />

e inverter as prioridades; sem o<br />

controle público do orçamento e<br />

ampliação da legitimidade política<br />

dos nossos representantes. É tempo<br />

de comemorar, mas também de<br />

reagir: que nossos espaços públicos<br />

sejam nossos; que a cidade seja<br />

nossa; que a narrativa histórica seja<br />

nossa. O protagonismo políticoinstitucional<br />

quase absoluto das<br />

elites econômicas relegou o povo.<br />

Que os próximos 200 anos sejam de<br />

protagonismo do poder popular.<br />

RAFAEL BORGES é advogado<br />

E-mail: rafaelborges@nb-advs.com.br<br />

CELIA CAMPOS<br />

é advogada


Maio | 2018 | Ed. <strong>186</strong><br />

5<br />

Nova Friburgo e um império em crise<br />

Por Pedro Pinho<br />

O esfacelamento do Império Colonial<br />

português é nítido até para os que não se<br />

dedicam ao estudo da História; mas que,<br />

nem por isso, deixam de observar o que<br />

ocorreu com um país que teve metade do<br />

globo terrestre – as “terras novas”, que<br />

não pertenciam a europeus – para seu<br />

domínio, por Bula Papal.<br />

Alguns episódios chegam ao ridículo e<br />

se transformam em verdadeiras peças de<br />

humor. Fico em um único, descrito pelo<br />

historiador, especialista na História de<br />

Portugal, Charles R. Boxer (O Império<br />

Marítimo Português 1415-1825, Edições<br />

70, Lisboa, reimpressão de janeiro de<br />

2017). Lembro que, no século XVII, os<br />

holandeses lutavam por sua independência<br />

da Espanha. Aquela que dividia o<br />

mundo com Portugal.<br />

Escreve Boxer: “Willem Bosman,<br />

autor de uma descrição clássica da Guiné<br />

no fim do século XVII, observou que o<br />

papel dos descobridores e conquistadores<br />

portugueses no mundo colonial foi o<br />

de “lançarem cães para espantarem a<br />

caça” que foi depois apanhada por<br />

outros”.<br />

Como Espanha e Portugal tinham<br />

possessões espalhadas por todo o mundo,<br />

Boxer ironiza: “a I Guerra Mundial<br />

ocorreu no século XVII” e não no século<br />

XX. E os holandeses, na busca pela independência<br />

da Espanha, atacavam ora<br />

colônias espanholas ora portuguesas,<br />

principalmente a partir de 1580, quando<br />

todas estiveram, até 1640, sob o domínio<br />

espanhol.<br />

E o que ocorria 200 anos após, quando<br />

Nova Friburgo foi constituída na região<br />

serrana do Rio de Janeiro?<br />

O humor de Willem Bosman perdurava<br />

numa sociedade, já enfraquecida pelos<br />

ingleses, holandeses e tantos outros, que<br />

se não lhe tomavam o espaço colonial,<br />

dele usufruíam, mais do que os lusitanos,<br />

com o comércio e com os constantes<br />

contrabandos.<br />

Veja, por exemplo, a falta de sintonia<br />

da elite colonial com a realidade da vida<br />

cotidiana. Aqui cabe observar que esta<br />

irrealidade do pensamento burguês, da<br />

atual classe média brasileira, é a permanência<br />

das raízes portuguesas até este<br />

século XXI.<br />

Para evitar os arroubos deste escriba,<br />

transcrevo Boxer na referida obra:<br />

“Característico, ainda que paradoxal,<br />

foi o fato de uma sociedade que dava<br />

importância à classe senhorial, eclesiástica<br />

e militar depender tanto para sua<br />

sobrevivência do negócio e do comércio”.<br />

E adiante: “O desprezo pelo comerciante<br />

e pela sua profissão, profundamente<br />

enraizado na sociedade, tinha as suas<br />

raízes na hierarquia medieval cristã, que<br />

colocava o mercador mais abaixo na<br />

escala social do que os praticantes das<br />

sete “artes mecânicas”: camponeses,<br />

caçadores, soldados, marinheiros, cirurgiões,<br />

tecelões, ferreiros. Com o decorrer<br />

do tempo estabeleceram-se distinções<br />

entre as várias artes mecânicas. Um<br />

candidato a advogado, no século XVIII,<br />

podia afirmar que, se bem que o avô fosse<br />

um fundidor de canhões, não era tão vil<br />

como um sapateiro, um carpinteiro e<br />

outras artes mecânicas como essas”.<br />

Quanto à moral, também estávamos<br />

muito mal. D. João IV perguntou ao padre<br />

Antonio Vieira se a difícil colônia do<br />

Maranhão-Pará deveria ser dividida em<br />

dois governos. Responde o escravista<br />

prelado que não, “porque um ladrão num<br />

cargo público é um mal menor do que<br />

dois”, não deixando, a respeito dos critérios<br />

de nomeação, qualquer margem a<br />

dúvida.<br />

Aproximemo-nos das primeiras décadas<br />

do século XIX. A corte de D. João VI<br />

estava no Rio de Janeiro.<br />

Portugal renascentista, das conquistas<br />

marítimas, dono da metade do mundo, se<br />

Retrato de Dom João VI, de Albert Gregorius<br />

perdera com o domínio espanhol e com a<br />

pedagogia jesuítica. Ficara o país da<br />

inquisição, do distanciamento crescente<br />

do progresso econômico e das mudanças<br />

tecnológicas, e com a cultura do exibicionismo<br />

literário, do rebuscamento retórico,<br />

no estrito limite da ortodoxia católica<br />

apostólica romana. Qualquer tentativa de<br />

um juízo crítico, independente, era<br />

desencorajada quando não punida.<br />

O ideal de nação, consequentemente,<br />

se perdera. Tratava tão somente de fazer<br />

perdurar uma corte, cada vez mais cara e<br />

ociosa. A importação de estrangeiros, ou<br />

seja, não portugueses, não tinha o caráter<br />

construtivo para formação de um país<br />

plural. Limitava-se às aparências, como a<br />

que levou D. João III a enviar estudantes<br />

para França, Bélgica, Itália, Espanha sem<br />

qualquer estrutura de aproveitamento<br />

dos conhecimentos por eles recebidos.<br />

Faltou, como hoje nos falta com o<br />

governo dos golpistas de 2016, um projeto<br />

de Nação. Não foi a corrupção, evidente<br />

num país onde o fausto era status, mas<br />

a distância da realidade, do objetivo de<br />

transformá-la para a vida melhor de<br />

todos, que destruiu Portugal. E este<br />

Portugal estilhaçado que aportou no<br />

Brasil, em 1808.<br />

A última tentativa de reerguer a<br />

Nação, com Sebastião José de Carvalho e<br />

Melo, o marquês de Pombal (1750-1777),<br />

modificando as bases do poder nas colônias,<br />

produzindo as transformações que o<br />

crescimento econômico ensejavam, criou<br />

desequilíbrios entre a inerte corte e o<br />

Chegada de D. João à Bahia, de Cândido Portinari<br />

Retrato do Marquês de Pombal (1766),<br />

por Louis-Michel van Loo e Claude Joseph Vernet<br />

dinamismo do progresso. E este projeto<br />

foi desfeito, eliminado, como Pombal, ao<br />

ascender ao trono Dona Maria I.<br />

Porém alguns ideais pombalinos<br />

também vieram com a corte para o Brasil.<br />

Não conheço a história de Nova Friburgo<br />

para saber como e se influíram nos primórdios<br />

da cidade. Mas ressalto a reforma<br />

administrativa e judiciária, as conhecidas<br />

criações da Imprensa Régia, da Real<br />

Fábrica de Pólvora, da Academia Militar e<br />

das escolas de medicina, ciências, artes e<br />

ofícios. E, das mais importantes, em 12<br />

de outubro de 1808, a criação do banco<br />

emissor, para “animar o comércio e<br />

promover os interesses reais e públicos”,<br />

o Banco do Brasil.<br />

Sem um projeto de nação, de estado,<br />

de país, nenhuma instituição sobrevive.<br />

Será, como este Brasil dos golpistas, todo<br />

e tudo vendido a R$1,99.<br />

P<strong>ED</strong>RO AUGUSTO PINHO,<br />

é avô e administrador aposentado


6 Maio | 2018 | Ed. <strong>186</strong><br />

A história e as estórias<br />

Por Alda Maria de Oliveira<br />

Nossa Friburgo<br />

Por Luís Filipe Saturnino<br />

A história é sempre contada pelos<br />

vencedores. Aos vencidos resta as estórias e<br />

a herança das perdas. Em exatos 30 anos<br />

estudando e conhecendo um local, um<br />

território, pequenino nesse Brasil continental,<br />

me pergunto, sempre, se em algum<br />

momento, algum período, a transformação<br />

que tanto precisamos venha a ocorrer. É<br />

uma construção. Por alguns. Faço parte<br />

desse coletivo sem nome que nunca desiste.<br />

Nestes dois séculos, agravamos um<br />

déficit de moradia e de qualidade de<br />

moradia extremamente pernicioso. Cem<br />

casas, de quatro cômodos – sem banheiro –<br />

aguardavam o povo chegante. O negócio e a<br />

ambição de um colocou, em oito navios, ao<br />

invés de 100 famílias, 261 famílias de outros.<br />

Estes foram distribuídos nas casas de 69 m²,<br />

de quatro cômodos, sem banheiro, até o<br />

limite de 17 pessoas. Não moravam.<br />

Amontoavam-se.<br />

Destratamos os povos indígenas para<br />

não incomodar os colonos, levamos para o<br />

pelourinho o povo negro escravizado e os<br />

abandonamos nas ruas e na cadeia e<br />

instalamos um baronato medieval que<br />

garantiu o atraso.<br />

Nossas estradas e ruas se esburacam a<br />

cada verão e não se consegue melhorá-las<br />

no necessário ritmo.<br />

E a desigualdade continua crescendo.<br />

As centenas de casas entregues à<br />

população nos últimos anos o foram para<br />

quem perdeu sua casa no grande aguaceiro<br />

de 2011. Quem nunca teve casa continua<br />

não tendo casa.<br />

Sou filha adotiva deste lugar, de papel<br />

passado e tudo o mais, mas não estou feliz.<br />

As nossas contradições não me deixam<br />

dormir o merecido sono porque nos meus<br />

pesadelos 4.000 famílias estão abaixo da<br />

linha de pobreza. E no país da injustiça vão<br />

aumentar.<br />

Precisamos firmar uma rede pró-ativa<br />

juntando os coletivos reconhecidos ou ainda<br />

não para, por um lado, aprofundar o<br />

conhecimento das contribuições reais e<br />

efetivas dos povos formadores e, por outro<br />

lado, traçar estratégias de enfrentamento<br />

das desigualdades porque a convivência<br />

com elas está se tornando insuportável. As<br />

pessoas distribuídas nas esquinas, nos<br />

pontos de ônibus e na entrada de prédios<br />

centrais pedindo ajuda aumenta a cada dia.<br />

Até quando?<br />

Somos uma diminuta nesga de terra<br />

deste país e se não conseguimos<br />

melhorar mais aceleradamente aqui vai<br />

ser difícil melhorar o todo.<br />

Claro que avançamos: de simples<br />

território da então poderosa Cantagalo<br />

fomos aprimorando um comércio, depois<br />

uma indústria e uma agricultura que nos<br />

fez polo, hoje também de saúde e ensino.<br />

Precisamos urgente sermos um real polo<br />

de turismo. Turismo de todos os matizes.<br />

Precisamos urgente sentar com os<br />

visitantes e lhes contar nossas estórias.<br />

Conquistamos o reconhecimento<br />

oficial, cameral, de que tivemos povos<br />

indígenas neste território. E as teses<br />

sobre a contribuição do povo negro<br />

africano estão crescendo. O coletivonegro.org<br />

se esforça para preparar os<br />

afrodescendentes para a entrada na<br />

universidade.<br />

É inegável que a cidade está se<br />

reconstruindo e que os desastres<br />

humanos e ambientais de 1996, 2007 e<br />

2011 vão se colocando na névoa do<br />

tempo e as cicatrizes físicas e emocionais<br />

vão diminuindo.<br />

O Comitê 200 anos – do qual faço<br />

parte – vem fazendo um esforço hercúleo<br />

para que a celebração do bicentenário<br />

deixe um legado.<br />

O livro que a Fundação D. João VI<br />

preparou é um primor de rigor histórico,<br />

beleza gráfica e cuidadoso texto. Livro<br />

com a história de Nova Friburgo, desde os<br />

indígenas, para estudantes do fundamental<br />

foi elaborado por professoras da rede<br />

municipal e uma historiadora.<br />

O Programa Meu Bairro + 200 vai se<br />

fazendo com o envolvimento dos bairros<br />

e distritos para ouvir a população e<br />

propor ações conjuntas. Parte sempre<br />

das demandas registradas pela população<br />

de 18 comunidades, contemplados<br />

todos os distritos, da revisão do Plano<br />

Diretor. É uma longa e desafiante jornada.<br />

Há que percorrê-la no passo possível.<br />

ALDA MARIA DE OLIVEIRA é avó, Engª Agrª pela<br />

Universidade Federal de Pelotas, RS; M. Sc. pela<br />

Universidade de Londres, com especialização em<br />

Engenharia Ambiental, pela UCAM; membro fundador<br />

da Agenda 21 de NF; Mérito Ambiental, do COMMAM;<br />

Mérito Profissional do CREA-RJ;<br />

Prêmio Johanna Döbereiner, 2017, pelo CREA-RJ.<br />

E-mail: aldah.olive@bol.com.br<br />

Minha mãe dizia no alto da Serra:<br />

“Meu filho, chegamos à sua terra.”<br />

Sentido de pertencimento<br />

Nova Friburgo é nossa.<br />

Acolhe a todos os povos.<br />

Saga de emigrantes desvalidos.<br />

Embrenharam mata atlântica adentro.<br />

Valentes, desbravaram o desconhecido<br />

Até a gleba do Morro Queimado.<br />

Pertence a gente.<br />

Nesta paragem havia índios.<br />

Cidade Real criada por Decreto<br />

Para a vinda dos suíços.<br />

Vale do encontro das colônias.<br />

Avista-se do pico do Caledônia<br />

Os negros de origem pan-africana.<br />

Resistiram como escravos e trabalhadores.<br />

A pioneira experiência alemã<br />

Trouxe para o Brasil a religião luterana,<br />

Além do desenvolvimento industrial com os austríacos.<br />

Os italianos destacaram-se no comércio<br />

Juntamente com os mascates libaneses.<br />

Pujança econômica com a modernização agrícola nipônica.<br />

Os espanhóis ajudaram a construir este burgo.<br />

Livre e forte com a fidalguia portuguesa com certeza<br />

A fé católica sempre presente.<br />

A gastronomia húngara e a sua hospitalidade.<br />

Neste cantão serrano impera a receptividade.<br />

O cão sentado representa a cordialidade.<br />

Tanta gente labuta.<br />

Operários e agricultores na luta.<br />

Colonos fizeram desta cidade um mosaico do mundo.<br />

Eu, como único friburguense da minha família tão bem acolhida,<br />

Encontrei o meu lugar.<br />

Estabeleci vínculos.<br />

Criei laços afetivos.<br />

Fui embora estudar e trabalhar.<br />

Voltei para ficar e voar.<br />

Principalmente pensar a urbe para as pessoas.<br />

Humildemente deixar um legado.<br />

No passado, o trem contornava as montanhas da serra.<br />

No futuro, tudo pode ser planejado.<br />

Há muita história neste querido pedaço de terra.<br />

Pequeno paraíso entre o céu e o mar.<br />

Em Friburgo está enterrado meu umbigo.<br />

Por isso sigo, insisto e persisto.<br />

A perseverança contém a esperança.<br />

Deixar a sensação de dever cumprido.<br />

Plantar a semente a ser cultivada pelo povo sofrido<br />

Para Friburgo ser realmente nova com raízes fortes.<br />

Tem o meu apego e o meu apreço.<br />

Benquerença pela minha cidade natal me faz ter tanta crença.<br />

Desde a infância, todo dia peço a sua benção.<br />

LUIS FILIPE SATURNINO<br />

é advogado e cientista social.<br />

filsaturnino@gmail.com


Maio | 2018 | Ed. <strong>186</strong><br />

7<br />

UMAS&<br />

OUTRAS<br />

(Da redação com a participação<br />

de Luís Filipe Saturnino)<br />

CARTAS<br />

LEITORES<br />

dos<br />

dos<br />

Notícia bomba (1)<br />

Teve grande repercussão na imprensa<br />

a notícia do acesso de pesquisador de<br />

relações internacionais da Fundação<br />

Getúlio Vargas a um memorando do ex-<br />

Diretor da CIA, William Colby, ao<br />

Secretário de Estado americano Henry<br />

Kissinger. O documento, em que algumas<br />

partes permaneceram secretas, relata<br />

que presidentes militares haviam autorizado<br />

a execução de opositores à ditadura,<br />

qualificando esta ação como “política de<br />

estado”.<br />

Notícia Bomba (2)<br />

A notícia, na realidade, nada traz de<br />

novo, apenas a confirmação da prática<br />

adotada naquele regime, há muito<br />

denunciada, onde a citação de 104 mortos<br />

minimiza o número dos que foram<br />

atingidos pela repressão. Segundo a<br />

Comissão da Verdade, nos 21 anos da<br />

ditadura, foram 434vítimas, das quais 208<br />

desaparecidos e centenas de submetidos<br />

a torturas medievais que sobreviveram,<br />

onde o mais notório exemplo foi a expresidente<br />

Dilma Rousseff.<br />

Notícia Bomba (3)<br />

A mídia conservadora, alinhada a<br />

interesses externos, focou seus noticiários<br />

principalmente no presidente Geisel,<br />

que como se sabe, fez um governo nacionalista,<br />

contrariando principalmente,<br />

pretensões dos Estados Unidos em setores<br />

estratégicos brasileiros. Reconhecer<br />

este lado do governo Geisel não o redime<br />

de ter dado continuidade àquela matança.<br />

Notícia Bomba (4)<br />

É inquestionável que as partes do<br />

documento mantidas em sigilo, dizem,<br />

respeito às ações da CIA em apoio a todas<br />

essas atrocidades.<br />

Não houve a chamada<br />

DITABRANDA<br />

Blindagem do “Santo” da Odebrecht<br />

A primeira blindagem de Alckmin<br />

coube ao STF, que transferiu para a justiça<br />

eleitoral o inquérito na área penal que<br />

investigava crime de recebimento de<br />

“vantagem indevida” (propina) ocorreu<br />

nova jogada para protegê-lo. A pedido do<br />

tucano o Procurador Geral do Estado de<br />

São Paulo determinou a transferência<br />

imediata do inquérito das mãos do promotor<br />

que investigava suspeita de improbidade.<br />

Em nota o Ministério Público<br />

paulista tornou público a interferência<br />

indevida de Alkmin.<br />

Outra do Gilmar<br />

O ministro do STF Gilmar Mendes<br />

mandou soltar Paulo Vieira de Souza,<br />

conhecido como Paulo Preto, operador de<br />

propinas do PSDB que mantinha conta de<br />

R$ 113 milhões na Suíça. Estranho sorteio<br />

este do STF que põe sempre nas mãos de<br />

Gilmar pedidos de habeas corpus de<br />

tucanos.<br />

Enquanto isso Lula, condenado sem<br />

provas, continua preso.<br />

Petrobras aumenta<br />

de novo gasolina e diesel (1)<br />

A Petrobras aumentou mais uma vez o<br />

preço dos derivados para as distribuidoras.<br />

Alega que o preço do petróleo<br />

aumentou no mercado internacional. A<br />

visão curta da direção daquela estatal<br />

esquece que o preço internacional do<br />

petróleo nada tem a ver com os seus<br />

custos para produzir petróleo e refiná-lo.<br />

Esquece-se também do ambiente recessivo,<br />

com o desemprego em alta e reduzida<br />

atividade econômica. Preços maiores<br />

para o consumidor brasileiro significam<br />

menos vendas.<br />

Petrobras aumenta<br />

de novo gasolina e diesel (2)<br />

Esse comportamento destrutivo decorre<br />

da “política de preços adotada no ano<br />

passado pela Petrobras para a gasolina e o<br />

diesel vendidos às distribuidoras baseada<br />

no preço de paridade de importação,<br />

formado pelas cotações internacionais<br />

desses produtos, mais os custos que os<br />

importadores teriam, como transporte e<br />

taxas portuárias." Também, o mercado<br />

brasileiro foi aberto à livre concorrência<br />

permitindo que as distribuidoras importem<br />

os produtos. Assim, a política de<br />

preços da Petrobras fica atrelada aos<br />

interesses de suas concorrentes que têm<br />

custos mais elevados e não poderiam<br />

competir com a Petrobras.<br />

Petrobras aumenta<br />

de novo gasolina e diesel (3)<br />

Os impatrióticos liberais da direção da<br />

Petrobras não levam em conta que a lei<br />

concorrencial brasileira e internacional<br />

não proíbe que se utilizem vantagens de<br />

custos de produção mais baixos, para<br />

vender mais barato que os concorrentes.<br />

Desta forma vêm entregando fatias de<br />

mercado às concorrentes e aumentando a<br />

ociosidade das suas próprias refinarias.<br />

Depois, vêm mentir ao público e aos<br />

acionistas que a companhia está mal, que<br />

precisa vender fatias expressivas de seus<br />

ativos. São entreguistas, negocistas de<br />

nariz empinado. Atuam para destruir a<br />

Petrobras.<br />

200 anos pra quem?<br />

Está bombando na internet vídeo<br />

que indaga:'”Você convidaria esta<br />

turma para a festa de seu<br />

aniversário,?”. Compondo a<br />

turma estão: Temer, Pezão,<br />

Dorneles, Rodrigo Maia, Sóstenes<br />

Cavalcante e Malafaia. Pois bem,<br />

esta tropa de investigados por<br />

corrupção, são alguns dos<br />

convidados do Prefeito Renato<br />

Bravo para a festa dos 200 anos de<br />

Nova Friburgo.<br />

Moacir Filho, por e-mail<br />

Caos Urbano<br />

A mobilidade no vale central de<br />

Nova Friburgo está caótica com<br />

congestionamentos agora em<br />

todos horários. Dados do DETRAN<br />

de abril deste ano registra uma<br />

frota de 123846 veículos, incluído<br />

de 385 tracionados por animais.<br />

Mas o número de veículos de<br />

passageiros 104.818 somados a<br />

12.391 de carga somam 117.209,<br />

o que corresponde a 94,6% do<br />

total. Estes números decretam a<br />

falência do sistema viário do<br />

município. A soluções para que a<br />

mobilidade não se torne um<br />

entrave para a economia e a<br />

q u a l i d a d e d e v i d a d o s<br />

f r i b u r g u e n s e s d e m a n d a m<br />

estudos sérios.<br />

A mais evidente é a priorização do<br />

transporte público de ônibus de<br />

qualidade com faixas seletivas,<br />

uma vez que outras soluções de<br />

transporte de massa (VLT, trem<br />

e tc . ) d e m a n d a m e l e va d o s<br />

recursos para sua implantação e<br />

s e u s c u s t o s o p e r a c i o n a i s<br />

acrescido exigiriam tarifas<br />

gravosas. Enquanto isso, o<br />

r e m é d i o a m a r g o s e r i a a<br />

circulação alternada de veículos<br />

com placas pares e ímpares. Até<br />

que o friburguense se habitue a<br />

exigi e usar um transporte público<br />

de qualidade e deixe o carro na<br />

garagem.<br />

Juvenal Martins, por e-mail


8<br />

UMAS&<br />

OUTRAS<br />

Locais<br />

Maio | 2018 | Ed. <strong>186</strong><br />

Origem friburguense<br />

Até 1755, a região da atual Nova<br />

Friburgo era habitada por índios goitacases<br />

e puris e portugueses. Em 16 de maio<br />

de 1818, o Rei Dom João VI, sentindo a<br />

necessidade de estreitar os laços de amizades<br />

com os povos germânicos a fim de<br />

obter apoio contra o Império Francês,<br />

propôs uma colonização planejada, a fim<br />

de promover e dilatar a civilização do<br />

Reino do Brasil. Baixou, então, um decreto<br />

que autorizou o agente do Cantão de<br />

Fribourg, na Suíça, Sebastien Nicolas<br />

Gachet, a estabelecer uma colônia de cem<br />

famílias suíças na Fazenda do Morro<br />

Queimado, no Distrito de Cantagalo,<br />

localidade de clima e características naturais<br />

semelhantes às de seu país de origem.<br />

Ata de Nascimento<br />

Em 1817, o diplomata do cantão de<br />

Fribourg Sebastien-Nicolas Gachet viajou<br />

para o Brasil encarregado de propor à<br />

corte de Dom João VI uma leva de emigrantes<br />

suíços. Nova Friburgo é fruto de<br />

uma negociação política e comercial. A<br />

decisão principal dessa negociação produziu<br />

em 11 de maio de 1818 a ata de<br />

nascimento de uma cidade, o que foi<br />

chamado de tratado de colonização.<br />

Tratado e Decreto<br />

Esse tratado prevê sua fundação no<br />

distrito de Cantagalo. “Sua Majestade,<br />

por um efeito de sua bondade, dá-lhe o<br />

nome de Nova Friburgo.” Começou com<br />

cem famílias. Estipulou que os futuros<br />

habitantes sejam católicos. Assim que<br />

chegasse ao Brasil, o cidadão suíço deveria<br />

abdicar de sua nacionalidade e naturalizar-se<br />

português. O Decreto de Dom<br />

João VI, de 16 de maio de 1818, ratifica o<br />

tratado de colonização assinado por S.-N.<br />

Gachet.<br />

Morro Queimado<br />

Foi nomeado inspetor da projetada<br />

colônia o monsenhor Pedro Machado de<br />

Miranda Malheiros, que, de imediato,<br />

tratou da aquisição dos terrenos necessários<br />

à dita empresa; adquiriu duas datas<br />

de terra com meia légua de testada cada<br />

uma, pertencentes a Manuel de Sousa<br />

Barros e a José Antônio Ferreira<br />

Guimarães, e também a sesmaria chamada<br />

Morro Queimado, que pertencera a<br />

Lourenço Correia Dias, na qual, mercê de<br />

seu clima ameno e da sua situação topográfica,<br />

foi instalada a sede da colônia que<br />

tomou o nome de Nova Friburgo.<br />

Os emigrantes<br />

A emigração suíça para Nova Friburgo<br />

foi composta por 2.006 pessoas. Dos<br />

imigrantes, dois terços são habitantes de<br />

Fribourg e do Jura. Levando-se em consideração<br />

os representantes da Suíça alemã<br />

e os das diversas regiões de cantões bilíngües,<br />

nota-se que 72% dos primeiros<br />

habitantes de Nova Friburgo falavam<br />

francês. A emigração suíça em Nova<br />

Friburgo foi composta de 361 agricultores<br />

e artesãos contra apenas 18 profissionais<br />

do setor terciário.<br />

Os colonos suíços<br />

Entre 1819 e 1820, chegavam a Nova<br />

Friburgo 261 famílias de colonos suíços,<br />

161 a mais do que havia sido combinado<br />

nos contratos, formando-se assim o<br />

núcleo inicial da povoação. Sabendo o<br />

quão promissora era a cooperação desses<br />

estrangeiros para com a nova pátria, o<br />

Governo Real subscreveu, a 3 de janeiro<br />

de 1820, um alvará elevando Nova<br />

Friburgo à categoria de vila, desmembrando,<br />

para isso, suas terras das de<br />

Cantagalo. A instalação da vila deu-se a 17<br />

de abril desse mesmo ano. Finalmente, a<br />

8 de janeiro de 1890, Nova Friburgo foi<br />

elevada à categoria de cidade.<br />

Trem<br />

E m 1 8 7 2 , o B a r ã o d e N o v a<br />

Friburgo trouxe, até a região, os trilhos<br />

da Estrada de Ferro Leopoldina, a fim de<br />

escoar a produção de café proveniente de<br />

Cantagalo, que durante um longo período<br />

era a maior do gênero no mundo, levando<br />

em consideração a proporção por município,<br />

correspondendo a média de 70% do<br />

território.<br />

Palácio do Catete<br />

O Palácio de Nova Friburgo foi erguido<br />

como residência da família do cafeicultor<br />

luso-brasileiro António Clemente Pinto,<br />

Barão de Nova Friburgo, na então capital<br />

do país, Rio de Janeiro. Após se tornou o<br />

Palácio do Catete, oficialmente sede do<br />

Governo Federal de 24 de fevereiro de<br />

1897 até 1960 quando a capital e o Distrito<br />

Federal foram transferidos para Brasília.<br />

Atualmente é o Museu da República.<br />

Onde encontrar o<br />

Banca Raul Sertã<br />

Banca do Chiquinho<br />

Banca da Galeria São José<br />

Banca ABC/Extra<br />

Banca do Marinho<br />

Padaria Pão de Itália<br />

Banca do Cônego<br />

Banca do Wagner<br />

Banca Vila Amélia<br />

Casa Riachuelo<br />

Banca do Marcello<br />

Banca de Conselheiro<br />

Loja Clink<br />

Padaria do Leandro<br />

Nossos parceiros<br />

Gilberto<br />

Chiquinho<br />

Geraldo<br />

Maycon Rosa<br />

Mário Amêndola<br />

João<br />

Genival<br />

Wagner<br />

Mary Luci<br />

Narciso|Portela<br />

Marcello<br />

Luiz Lontra<br />

Roberto Monnerat<br />

Leandro<br />

General Osório<br />

Alberto Braune<br />

Alberto Braune<br />

Alberto Braune<br />

Paissandu<br />

Cascatinha<br />

Praça Sant’Ana<br />

Roseiral (Olaria)<br />

Vila Amélia<br />

Francisco Mieli<br />

Suspiro<br />

Praça Lafayete Bravo<br />

Dante Laginestra<br />

Perissê<br />

EXP<strong>ED</strong>IENTE<br />

Diretor Responsável:<br />

Ney Fabiano de Castro<br />

Projeto Gráfico:<br />

Lógica Informática<br />

Revisão Gráfica e Diagramação:<br />

Natasha Angelo<br />

natashaartes@gmail.com<br />

Impressão: Tribuna de Petrópolis<br />

Tiragem: 1.000 exemplares<br />

Distribuição Gratuita<br />

Colaboradores:<br />

Alda Maria de Oliveira, Celia Campos, Cláudio Damião,<br />

Gabriel Mafort, Luiz Carlos Quintieri, Luiz Filipe Saturnino,<br />

Regina Lobianco, Robério José Canto, Manoel Espedito,<br />

Marcos Raposo, Pedro Morett, Pedro Pinho,<br />

Rafael Borges e Sylvio Montenegro.<br />

Os textos são de responsabilidade de seus autores;<br />

não expressando, necessariamente, a opinião do jornal.

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