seguradoras com uso do blockchain, como integridade de um documento”, explica Steler, reiterando que seguradoras, startups de seguros e corretores se complementam. “As insurtechs vêm com a inovação. As seguradoras possuem base e capital. Os corretores distribuem para a grande massa. Claro que os menos preparados devem perder posição, mas no final, o mercado se ajeita. Vem sendo assim desde a revolução industrial”. Regulação de sinistros A General Claims identificou a necessidade das reguladoras de ter um sistema que automatizasse suas tarefas e lançou a GCLaims, plataforma web SAS (software as a service) criada com o objetivo atender às empresas de pequeno, médio e grande porte. Basicamente, é vendida uma licença de utilização ao cliente, que passa a ter acesso à configuração da operação, à automatização de processos e ao gerenciamento da operação. Eles utilizam a plataforma web ou no celular, e dentro do sistema conseguem desenhar todo o fluxo operacional com que hoje já contam manualmente. “As seguradoras oferecem o seguro. O segurado aciona o seguro e surge um sinistro. A seguradora terceiriza o processo de regulação do sinistro e nós fornecemos um sistema especificamente para as reguladoras, que o utilizam para fazer a regulação de todo o processo de sinistro e informar a seguradora se a indenização deve ou não ser paga ao segurado”, explica o CEO, Kelvin Cleto. A insurtech se encarrega de implantar a plataforma e de ❙❙Kelvin Cleto, da General Claims 28 auxiliar os clientes a remodelar o fluxo operacional. “Trouxemos essa automatização para as pessoas que levavam muito tempo enviando um e-mail, cadastrando um sinistro, realizando uma cobrança de documento ou fazendo a gestão da cobrança para o segurado. No tempo operacional, conseguimos alcançar uma redução de 40%”, esclarece. A plataforma conta com 60 mil sinistros cadastrados, mais de 500 mil arquivos de processos vinculados ao sistema e é utilizada por 15 reguladoras que operam no mercado brasileiro. Agora, a startup de seguros se prepara para desenvolver duas novas tecnologias: uma de análise de fraudes em seguros e outra de vistoria remota. “Estamos expandindo o mercado para outras áreas”, diz ele, que enxerga uma postura aberta das seguradoras à parceria digital, mas receio por parte de alguns prestadores de serviços. “Eles não vêem o mesmo que uma empresa grande vê. Não enxergam o uso da tecnologia como um ganho. Acham que a tecnologia é um custo e não um benefício, e isso é um grande problema. Nossa maior barreira é mostrar aos clientes e futuros clientes o ganho que a plataforma vai trazer para eles”, afirma. Outro entrave, segundo ele, é a segurança da informação. “Temos profissionais específicos para cuidar da nossa segurança e do desenvolvimento da plataforma, coisas que uma empresa na área de seguros não tem”. Automóvel A Car10 tem uma plataforma digital com diversas funcionalidades. Uma delas é a de Assistência a Pequenos Reparos, em que, com base em fotos, a empresa devolve o orçamento para reparos com valores abaixo da franquia do seguro de automóvel (reparação e pintura, martelinho de ouro e pintura automotiva). Além disso, aposta em outros projetos com seguradoras com o intuito de ajudá-las com novos processos. O de maior destaque é o uso da inteligência artificial para determinação de danos do veículo através de foto. “Conseguimos saber qual o veículo afetado, a área afetada, o tamanho e o valor aproximado dos veículos que estão na foto. Ou seja, o usuário coloca duas ou três fotos na interface e automaticamente, em ❙❙ Fabio Gimenez, da Car10 10 ou 20 segundos, a inteligência artificial responde qual o tipo de dano, a extensão e o valor aproximado para reparo”, explica o diretor Comercial, Fabio Gimenez. Atualmente, o uso desta inteligência artificial está em fase de teste nos processos internos da empresa. Mas, duas seguradoras já estudam aplicá-lo no processo de abertura de sinistro. “A princípio, a ferramenta gera uma economia de processos para a seguradora, tanto nos sinistros quanto na admissão, o que pode levar a baratear o custo do seguro para o cliente final”, afirma. Outras aplicações também ajudam as seguradoras em seus processos. Além da inteligência artificial para abrir um sinistro, a Car10 oferece o parcelamento da franquia em até 10 vezes sem juros na rede credenciada. “A rede de oficinas é basicamente a mesma em algumas seguradoras, e a facilidade de pagamento pode ser ofertada ao segurado. Temos isso hoje sendo testado em algumas companhias e temos outras já estruturando o teste”, informa Gimenez. A chegada das insurtechs traz possibilidades até então nunca vistas no mercado brasileiro, como redução de custo, conexão de toda a cadeia e processo do setor, e a criação de produtos acessíveis para um maior número de pessoas. Ainda que as insurtechs que estão surgindo foquem nos “peixes grandes”, é importante lembrar que o mercado segurador é grande e engloba a regulação, o gerenciamento de risco, a vistoria e tantos outros processos. O recado foi dado: a saída é aderir à tecnologia digital.
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