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2018 - Revista PME

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ENTREVISTA Ricardo Oliveira, Fundador do World Shopper<br />

tica, este exemplo que dei, relativamente à<br />

compra da pizza, é algo comparável com<br />

um concessionário. Não é mais tecnológico<br />

por ser um concessionário. E esta questão<br />

de os independentes terem mais dificuldade<br />

de acesso aos dados dos veículos... No ano<br />

passado, estive numa convenção fabulosa de<br />

uma rede de oficinas independentes espanhola,<br />

Euro Taller (Top Car), no Altice Arena.<br />

Fantástico. Habitualmente, sigo eventos<br />

de marcas, vou a muitas coisas em vários<br />

países e aquilo, para mim, foi referencial.<br />

Uma rede de oficinas independentes juntar<br />

aquela quantidade toda de franchisados<br />

e fazer um evento com aquela qualidade...<br />

Eles próprios já resolveram o problema dos<br />

dados. Não vale a pena os construtores tentarem<br />

limitar o acesso porque a tecnologia,<br />

hoje, acaba por dar-lhes esse acesso. E, depois,<br />

estas redes que têm maior capacidade<br />

tecnológica e de investimento, mais tarde<br />

ou mais cedo, chegam lá. Não vejo, necessariamente,<br />

os independentes prejudicados.<br />

Agora, têm de se alinhar. Aliás, como qualquer<br />

empresa do setor automóvel, em rela-<br />

“O CAMINHO MAIS<br />

FÁCIL E EXEQUÍVEL<br />

PARA CUMPRIR AS<br />

METAS DE EMISSÕES<br />

É ATRAVÉS DA<br />

ELETRIFICAÇÃO DOS<br />

AUTOMÓVEIS. EXISTEM<br />

MUITO MAIS TOMADAS<br />

DO QUE POSTOS DE<br />

COMBUSTÍVEL”<br />

ção a este futuro. Têm de adotar determinadas<br />

atitudes base, reconhecidas em todo<br />

este setor, de forma a ficar do lado positivo<br />

desta transformação.<br />

As mudanças também trazem oportunidades<br />

de negócio. Mas há que ter uma certa<br />

flexibilidade. Pedro Barros, da TIPS4Y, dizia,<br />

em entrevista ao Jornal das Oficinas, que<br />

ao fazerem o plano para os próximos cinco<br />

anos, um dos grandes projetos a adotar<br />

pela empresa, ainda não sabem qual será...<br />

As pessoas criticam-me por falar sempre<br />

em disrupção, mas, realmente, é isso que<br />

estamos a viver. Se as pessoas não encararem<br />

o que está a acontecer como uma<br />

verdadeira transformação, não poderão<br />

ter a atitude que está subjacente a esse conceito.<br />

De facto, vão surgir muitos negócios<br />

que ainda não sabemos quais são. O estudo<br />

que sustenta toda a nossa atividade, todos<br />

os serviços de fazemos, está na base deste<br />

2025 Automotive 360° Vision. E o conceito<br />

é aberto, não é fechado. É a prova de que<br />

não conseguimos lidar com este processo<br />

se o não mantivermos aberto. Amanhã há<br />

uma inovação tecnológica, uma fusão de<br />

empresas. Tudo isto altera o cenário.<br />

O que o estudo prova ainda é que a eletrificação<br />

do automóvel já é um dado adquirido.<br />

É, sim. Este estudo aparece com esta marca<br />

em 2016, mas, na realidade, está associado<br />

ao início do World Shopper. De facto, nós,<br />

no princípio, quando falámos de eletrificação<br />

– e já falamos há vários anos – as pessoas<br />

ainda não acreditavam muito. Mas,<br />

hoje, o caminho está claro. O caminho mais<br />

fácil e exequível para cumprir as metas de<br />

emissões é através da eletrificação dos automóveis.<br />

Existem muito mais tomadas do<br />

que postos de combustível. O hidrogénio é<br />

uma via. É um formato muito limpo, mas o<br />

problema é a construção da infraestrutura.<br />

Acreditamos que o hidrogénio vai ser uma<br />

via aproveitada. Mas as previsões apontam<br />

para que a eletrificação venha a ser mais<br />

usada, sobretudo no mercado dos veículos<br />

ligeiros de passageiros.<br />

As marcas e o pós-venda sempre viveram<br />

de “costas voltadas”. Diria que o pós-venda<br />

está a transformar-se no pré-venda?<br />

As estruturas continuam, nos construto-<br />

res, a ter uma diferença significativa entre<br />

vendas e pós-venda. Mas o que acho mais<br />

ameaçador ou arriscado, neste momento,<br />

tem a ver com as estruturas separadas<br />

que existem dentro dos construtores. Tem<br />

a ver, por exemplo, com o facto de haver<br />

áreas de eletrificação e áreas de combustão<br />

interna. E o pós-venda ainda está muito<br />

ligado às áreas de combustão interna. O<br />

que está a acontecer? Há muita gente nas<br />

marcas – não é uma questão de gostar mais<br />

ou menos – cujos resultados não são medidos<br />

em função do sucesso das vendas de<br />

veículos elétricos. Portanto, não o podem<br />

fomentar. Essas separações existiam historicamente.<br />

Hoje, todos percebem que o<br />

pós-venda é absolutamente crítico para os<br />

negócios. É onde se desenvolve uma ligação<br />

de continuidade com os clientes. É a possibilidade<br />

de contactar com aqueles clientes<br />

que já fugiram da rede oficial – depois das<br />

garantias. E que eles querem recuperar.<br />

Uma atividade absolutamente crítica para<br />

a sustentabilidade de qualquer indústria.<br />

Sobretudo, para uma indústria que está a<br />

modificar a sua relação com o cliente em<br />

termos das vendas. Vamos deixar de vender<br />

automóveis para vender mobilidade, minutos.<br />

Temos de ter o pós-venda implicado<br />

nisto. Os carros têm de andar, pois serão<br />

utilizados com muito maior intensidade,<br />

graças aos novos conceitos da mobilidade<br />

que apareceram. Veja-se, por exemplo, o<br />

caso da Uber. As viaturas têm uma utilização<br />

intensiva. Percorrem 100 mil quilómetros<br />

em dois anos. E são veículos que têm<br />

de ser seguidos. n<br />

22 <strong>PME</strong> Líder & Excelência Aftermarket Junho <strong>2018</strong>

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