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Revista Junho de 2018

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<strong>Junho</strong> <strong>2018</strong><br />

Mariana<br />

<strong>Revista</strong> Histórica e Cultural


A Mariana - <strong>Revista</strong> Histórica e Cultural é<br />

uma publicação eletrônica<br />

O periódico tem o objetivo divulgar<br />

artigos, entrevistas sobre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mariana.<br />

A revista é uma vitrine para publicação <strong>de</strong> trabalhos<br />

<strong>de</strong> pesquisadores. Mostrar a cultura <strong>de</strong> uma<br />

forma leve, histórias e curiosida<strong>de</strong>s que marcaram<br />

estes 321 anos da primeira cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Minas.<br />

Mariana - <strong>Revista</strong> Histórica e Cultural <strong>Revista</strong><br />

Belas Artes é um passo importante para a<br />

divulgação e pesquisa <strong>de</strong> conteúdos sobre a<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mariana. Esperamos que os textos<br />

publicados contribuam para a formação <strong>de</strong> uma<br />

consciência <strong>de</strong> preservação e incentivem a<br />

pesquisa.<br />

Os conceitos e afirmações contidos nos artigos<br />

são <strong>de</strong> inteira responsabilida<strong>de</strong> dos autores.<br />

Colaboradores:<br />

Prof. Cristiano Casimiro<br />

Vitor Gomes<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos:<br />

Arquivo Histórico da Municipal Câmara <strong>de</strong> Mariana<br />

Arquivo Iphan - Mariana<br />

Arquivo Fotográfico Marezza<br />

Arquidiocese <strong>de</strong> Mariana<br />

Elias Layon<br />

Fotografias:<br />

Cristiano Casimiro<br />

Arquivo Marrrezza - Marcio Lima<br />

Elias Layon<br />

Diagramação e Artes: Cristiano Casimiro<br />

Capa: Fotografia do retábulo <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

da Conceição - Foto Caetano Estrusco.


Indice<br />

Nossa Senhora da Conceição<br />

O Pelourinho da Praça Minas Gerais<br />

Irmã Conceição.<br />

Dom Geraldo Lyrio e Dom Aírton José<br />

04<br />

22<br />

24<br />

26<br />

Acervo Elias Layon<br />

Imagem : Alenice Baeta


COLEÇÃO LAYON


COLEÇÃO LAYON


Acervo Elias Layon<br />

Nossa Senhora da Conceição<br />

A coleção <strong>de</strong> Elias Layon<br />

06


A Imaculada Conceição<br />

Origem do culto a Virgem da Conceição<br />

O dogma que <strong>de</strong>clara a Imaculada<br />

C o n c e i ç ã o d a V i r g e m M a r i a é<br />

fundamentado na Bíblia: Maria recebeu<br />

uma saudação celestial do Anjo Gabriel<br />

quando este veio anunciar que ela seria a<br />

Mãe do Salvador. Nessa ocasião, o Anjo<br />

Gabriel saudou como cheia <strong>de</strong> graça.<br />

Foi o papa Pio IX, o papa que proclamou o<br />

dogma da Imaculada Conceição, recorreu<br />

principalmente à afirmação <strong>de</strong> Gênesis (3,<br />

15), on<strong>de</strong> Deus diz: Eu Porei inimiza<strong>de</strong><br />

entre ti e a mulher, entre sua <strong>de</strong>scendência<br />

e a <strong>de</strong>la, assim, segundo esta profecia,<br />

seria necessário uma mulher sem pecado,<br />

para dar à luz o Cristo, que reconciliaria o<br />

homem com Deus.<br />

O verso Tu és toda formosa, meu amor, não<br />

há mancha em ti, no Cântico dos Cânticos<br />

(4,7) também é uma referência para<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a Imaculada Conceição. Outras<br />

passagens bíblicas referentes são:<br />

Também farão uma arca <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

incorruptível (Êxodo 25, 10-11). Po<strong>de</strong> o puro<br />

(Jesus) vir <strong>de</strong> um ser impuro? Jamais! (Jó<br />

14, 4). Assim, fiz uma arca <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

incorruptível... (Deuteronômio 10, 3). Maria<br />

é consi<strong>de</strong>rada a Arca da Nova Aliança<br />

(Apocalipse 11, 19) e, portanto, a Nova Arca<br />

s e r i a i g u a l m e n t e i n c o r r u p t í v e l o u<br />

imaculada.<br />

Também existem os escritos dos Padres da<br />

Igreja, como Irineu <strong>de</strong> Lyon e Ambrósio <strong>de</strong><br />

Milão. São Tomás <strong>de</strong> Aquino, por volta <strong>de</strong><br />

1252, <strong>de</strong>clarou abertamente que a Virgem<br />

foi, pela graça, imunizada contra o pecado<br />

original, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo claramente o dogma<br />

do privilégio mariano, que seria <strong>de</strong>clarado e<br />

<strong>de</strong>finido séculos mais tar<strong>de</strong>.<br />

DEFINIÇÃO DO DOGMA DE IMACULADA<br />

CONCEIÇÃO:<br />

O dia da festa da Imaculada Conceição foi<br />

<strong>de</strong>finido em 1476 pelo Papa Sisto IV. A<br />

existência da festa era um forte indício da<br />

crença da Igreja na Imaculada Conceição,<br />

mesmo antes da <strong>de</strong>finição do dogma no<br />

século XIX.<br />

No dia 8 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1854, dia da festa,<br />

o Papa Pio IX, com a Bula intitulada Deus<br />

Inefável (Ineffabilis Deus), <strong>de</strong>finiu<br />

oficialmente o dogma da Santa e Imaculada<br />

Concepção <strong>de</strong> Maria.<br />

Assim está escrito na bula (documento<br />

papal) intitulada Ineffabilis Deus que o Papa<br />

Pio X proclamou: Em honra da Trinda<strong>de</strong> (...)<br />

<strong>de</strong>claramos a doutrina que afirma que a<br />

Virgem Maria, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua concepção, pela<br />

graça <strong>de</strong> Deus todo po<strong>de</strong>roso, pelos<br />

merecimentos <strong>de</strong> Jesus Cristo, Salvador do<br />

homem, foi preservada imune da mancha<br />

do pecado original. Essa verda<strong>de</strong> foi-nos<br />

revelada por Deus e, portanto, <strong>de</strong>ve ser<br />

solidamente crida pelos fiéis.<br />

Santa Berna<strong>de</strong>te Soubirous (1844-1879), a<br />

jovem que viu Nossa Senhora em Lour<strong>de</strong>s,<br />

disse que Nossa Senhora se auto <strong>de</strong>finiu<br />

dizendo assim: Eu sou a Imaculada<br />

Conceição. Isso aconteceu em 1858,<br />

apenas quatro anos após a <strong>de</strong>finição do<br />

dogma.<br />

Todos os estudiosos consi<strong>de</strong>ram quase<br />

impossível que uma adolescente como era<br />

B e r n a d e t e , v i v e n d o n u m l u g a r e j o<br />

insignificante como era Lour<strong>de</strong>s, soubesse<br />

da proclamação do dogma e muito menos o<br />

seu significado. Por isso, as aparições <strong>de</strong><br />

N o s s a S e n h o r a e m L o u r d e s s ã o<br />

consi<strong>de</strong>radas como uma confirmação<br />

celestial do dogma da Imaculada<br />

conceição. Esta é uma das três aparições<br />

d e N o s s a S e n h o r a c o n s i d e r a d a s<br />

verda<strong>de</strong>iras pela Igreja Católica.<br />

07


Caetano Etrusco<br />

O retábulo lateral da Sé <strong>de</strong> Mariana <strong>de</strong>dicado a Nossa Senhora da Conceição - José Coelho <strong>de</strong> Noronha 1744.


Representações em Portugal e no Brasil<br />

Em Portugal, o culto foi oficializado por<br />

Dom João IV, primeiro rei da dinastia <strong>de</strong><br />

Bragança, que fora aclamado a 1º <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1640, quando se iniciava a<br />

oitava da festa da Imaculada Conceição.<br />

Seis anos <strong>de</strong>pois, com a aprovação das<br />

Cortes <strong>de</strong> Lisboa, o rei <strong>de</strong>dicou à Virgem<br />

Imaculada o reino português. O solar da<br />

padroeira é Vila Viçosa, que <strong>de</strong>u seu nome<br />

a uma or<strong>de</strong>m honorífica instituída por Dom<br />

João VI em 1818, com a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong><br />

Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Nossa Senhora da Conceição<br />

<strong>de</strong> Vila Viçosa.<br />

No Brasil existem cerca <strong>de</strong> 533 paróquias<br />

<strong>de</strong>dicadas à Virgem Imaculada. A primeira<br />

imagem chegou em uma das naus <strong>de</strong><br />

Pedro Álvares Cabral. Os Fra<strong>de</strong>s Menores<br />

Franciscanos foram os propagadores<br />

<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>voção.<br />

Nossa Senhora da Conceição O culto teve<br />

início na Bahia em 1549, quando Tomé <strong>de</strong><br />

Souza chegou a Salvador trazendo uma<br />

escultura da santa. Ela foi a protetora <strong>de</strong><br />

nosso país no período colonial e foi<br />

proclamada Padroeira do Império<br />

Brasileiro por Dom Pedro I. Já no<br />

<strong>de</strong>spontar do século XX, com o advento da<br />

República, o título ce<strong>de</strong>u lugar a Nossa<br />

Senhora Aparecida, que é uma antiga<br />

imagem da Imaculada Conceição<br />

encontrada nas águas do rio Paraíba do<br />

Sul.<br />

DEVOÇÃO MARIANA EM MINAS<br />

GERAIS<br />

A <strong>de</strong>voção a Nossa Senhora foi <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância para o culto católico na<br />

colônia portuguesa (Brasil). Na região das<br />

minas as <strong>de</strong>voções marianas tiveram seu<br />

lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, na maioria, ligadas ao<br />

sofrimento e geralmente associadas às<br />

i r m a n d a d e s q u e n a r e g i ã o s e<br />

estabeleceram, <strong>de</strong>ntre estas <strong>de</strong>voções<br />

po<strong>de</strong>mos citar: Senhora das Dores;<br />

Pieda<strong>de</strong>; Soleda<strong>de</strong>; da Conceição e<br />

também <strong>de</strong> sua Mãe Santana. Muitas<br />

<strong>de</strong>stas imagens tiveram lugares em<br />

altares laterais nas principais igrejas.<br />

Neste trabalho, trato em especial da<br />

<strong>de</strong>voção a Nossa senhora da Conceição<br />

que, em Minas Gerais, teve seu culto muito<br />

difundido, e apesar do gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

imagens encontradas na região, não<br />

foram muitas as igrejas consagradas à sua<br />

invocação. Delas, a mais importante, sem<br />

dúvidas é a catedral da Sé em Mariana, a<br />

primitiva Matriz <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Conceição, que trocou <strong>de</strong> padroeira por ter<br />

sido a Vila escolhida para se<strong>de</strong> do primeiro<br />

bispado mineiro, ali instalado em 1748.<br />

Nos primeiros tempos da colonização na<br />

região das minas entre os anos <strong>de</strong> 1695 e<br />

1710, surgiram as capelas primitivas feitas<br />

precariamente em barro e ma<strong>de</strong>ira e<br />

coberta <strong>de</strong> capim, somente <strong>de</strong>pois, vai se<br />

dar início as construções das igrejas <strong>de</strong><br />

maior porte, muitas vezes no mesmo local<br />

das capelas primitivas.<br />

No início, a maioria das imagens <strong>de</strong>sta<br />

região vinha <strong>de</strong> Portugal. È no final do<br />

século XVIII que avançam o surgimento <strong>de</strong><br />

novas irmanda<strong>de</strong>s e, no seio <strong>de</strong>stas, que<br />

aparecem novos escultores, quando vai<br />

surgir a imaginária reconhecida como<br />

mineira com características próprias, mas<br />

m u i t o p r ó x i m a s d a i m a g i n á r i a<br />

metropolitana. Esse grupo, além dos filhos<br />

da terra, inclui artistas portugueses já<br />

fixados aqui.<br />

Na segunda meta<strong>de</strong> do século XIX e<br />

primeira do XX, muitas matrizes e igrejas<br />

mais ricas substituíram as imagens do<br />

século XVIII por imagens <strong>de</strong> dimensões<br />

maiores, influenciadas pelo gosto<br />

neoclássico.<br />

Especialmente na primeira meta<strong>de</strong> do<br />

século XVIII, as imagens eram feitas em<br />

um só bloco <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, em geral com<br />

uma das mãos ou ambas, e os atributos<br />

executados separadamente. Em meados<br />

do século, entretanto, começam a ser<br />

executadas esculturas compostas por<br />

vários blocos formando braço, pernas e<br />

partes dos mantos e outras figuras<br />

complementares como querubins.<br />

Em Minas Gerais, nove cida<strong>de</strong>s e 25<br />

outras localida<strong>de</strong>s têm Conceição nome.<br />

09


A Igreja Matriz da Conceição se transforma em<br />

Catedral <strong>de</strong> Nossa Senhora da Assunção<br />

Dom frei Manoel da Cruz trouxe da<br />

Diocese do Maranhão um precioso<br />

m a n u s c r i t o , v e r d a d e i r o d i á r i o ,<br />

<strong>de</strong>nominado o Copiador <strong>de</strong> Cartas <strong>de</strong> Dom<br />

Frei Manoel da Cruz (1739 e 1762) que<br />

possibilita a partir <strong>de</strong> então elucidar as<br />

intervenções passadas pelo monumento,<br />

as aquisições e as doações régias feitas à<br />

nova catedral e, sobretudo, as <strong>de</strong>cisões<br />

tomadas pelo sábio bispo em face da<br />

precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos locais e dos<br />

altos preços vigentes. Chegando a<br />

Mariana em outubro <strong>de</strong> 1748 teve diante<br />

<strong>de</strong> si o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> transformar o<br />

mo<strong>de</strong>sto edifício da paróquia em catedral,<br />

com as <strong>de</strong>pendências (cabido contiguo),<br />

alfaias e paramentos a<strong>de</strong>quados à<br />

celebração das solenida<strong>de</strong>s litúrgicas.<br />

Construída em ma<strong>de</strong>ira e pau-a-pique -<br />

como as matrizes coevas- já em 1734<br />

passava por reedificação, conforme<br />

arrematação feita pelo mestre pedreiro<br />

Antônio Coelho da Fonseca. Possuía<br />

então a nave com o pseudo transepto<br />

inserido em um gran<strong>de</strong> retângulo -<br />

formado com o alargamento e duplicação<br />

em altura das primeiras arcadas que<br />

acolhem os altares <strong>de</strong> Nossa Senhora do<br />

Rosário <strong>de</strong> um lado, e <strong>de</strong> São Miguel e<br />

Almas, <strong>de</strong> outro; o acabamento em<br />

arcarias que dão acesso às verda<strong>de</strong>iras<br />

capelas laterais comunicantes. Tais<br />

capelas (e não altares como é comumente<br />

dito) possuíam balaústres que foram<br />

retirados no século XX. Dom frei Manoel<br />

da Cruz consi<strong>de</strong>rou o templo capaz <strong>de</strong><br />

aten<strong>de</strong>r às funções <strong>de</strong> catedral. Faltava,<br />

no entanto, aprofundar a capela-mor para<br />

nela se instalar a cátedra do bispo e o<br />

ca<strong>de</strong>iral com vinte assentos para os<br />

cônegos, concluir a ornamentação interna<br />

– talha e pintura - e acréscimos, bem como<br />

a varanda para a instalação do órgão<br />

doado por D. Joao V, a construção da<br />

capela do Santíssimo, bem como obras<br />

nas torres para a inserção <strong>de</strong> novos sinos.<br />

É interessante observar que o<br />

bispo, no ímpeto <strong>de</strong> conter as <strong>de</strong>spesas,<br />

<strong>de</strong>cidiu conservar o retábulo-mor (com sua<br />

respectiva pintura) por consi<strong>de</strong>rá-lo bom e<br />

porque também já estava dourado. Com a<br />

ampliação e elevação da capela-mor por<br />

meio <strong>de</strong> duas cúpulas sucessivas, esse<br />

retábulo recebeu acréscimos nas laterais,<br />

com a inserção <strong>de</strong> nichos com tampos <strong>de</strong><br />

vidro, e no coroamento que recebeu uma<br />

policromia mais clara. A pintura <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora da Conceição havia sido<br />

comprada no Rio <strong>de</strong> Janeiro pelo primeiro<br />

vigário da Matriz e segundo a especialista<br />

Myriam Ribeiro funcionava como uma<br />

espécie <strong>de</strong> pano <strong>de</strong> boca, abrindo e<br />

fechando, conforme o calendário litúrgico;<br />

os cortes nas laterais da composição<br />

indicam que a tela teve outra <strong>de</strong>stinação<br />

o r i g i n a l , e m r e t á b u l o d e<br />

maiores dimensões em alguma igreja<br />

carioca. Nossa Senhora da Assunção,<br />

introduzida com a criação do bispado em<br />

1745, encontra-se representada em<br />

composição <strong>de</strong> um rococó tardio no forro<br />

da nave, com as armas do Brasil Imperial.


Nossa Senhora da Conceição <strong>de</strong> Camargos<br />

Consi<strong>de</strong>rada uma das mais antigas <strong>de</strong> Minas,<br />

a Matriz <strong>de</strong> Nossa Senhora da Conceição <strong>de</strong><br />

Carmargos foi construída por volta <strong>de</strong> 1707.<br />

Pertence ao grupo típico <strong>de</strong> antigas matrizes<br />

mineiras <strong>de</strong> princípios do século XVIII, tendo o<br />

término <strong>de</strong> sua construção ocorrido,<br />

provavelmente, próximo <strong>de</strong> meados daquele<br />

século. Erguida no alto <strong>de</strong> uma colina,<br />

apresenta adro cercado por murada <strong>de</strong> pedra<br />

e escadaria à frente que leva a um belo<br />

cruzeiro também <strong>de</strong> pedra, colocado em um<br />

ponto mais baixo, constituindo um conjunto<br />

original <strong>de</strong>ntro da implantação urbana <strong>de</strong><br />

Minas Gerais do século XVIII. De partido<br />

r e t a n g u l a r, d e s e n v o l v e - s e e m d o i s<br />

p a v i m e n t o s . O p r i m e i r o p a v i m e n t o<br />

correspon<strong>de</strong> à nave, capela-mor, átrio,<br />

corredores laterais e sacristia. O segundo<br />

pavimento é formado pelas tribunas e coro. O<br />

frontispício é pesado, com torres baixas e<br />

frontão triangular simples, arrematado por<br />

telhas. La<strong>de</strong>ando a portada, mais acima,<br />

existem duas sacadas. A portada é larga,<br />

encimada por pequena cimalha e ornatos<br />

complexos. A capela-mor, em adobe, po<strong>de</strong> ser<br />

12<br />

ainda vestígio da primitiva capela existente no<br />

local. A parte da nave parece ter sido<br />

construída em pedra, com nichos para capelas<br />

laterais profundas. Há indicações que também<br />

foi usado o adobe nas partes superiores<br />

<strong>de</strong>ssas pare<strong>de</strong>s. Internamente apresenta<br />

aspecto característico das igrejas das<br />

proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Mariana. O retábulo do altarmor,<br />

ocupando todo o fundo do presbitério,<br />

apresenta <strong>de</strong>coração profusa em talha, com<br />

muitas esculturas, elementos zoomorfos e<br />

fitomorfos e dossel estilizado, da primeira fase<br />

do barroco. Inferiormente, possui duas<br />

colunas que parecem <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m compósita,<br />

em frente às portas <strong>de</strong>baixo do retábulo. Os<br />

altares colaterais são também profusamente<br />

trabalhados em talha e esculturas. O arcocruzeiro<br />

é bem simples. Existem nítidas<br />

marcas (no arco-cruzeiro e coro) <strong>de</strong><br />

alteamento e troca do antigo forro existente na<br />

nave, que <strong>de</strong>veria ser apainelado em gamela<br />

corrida e que atualmente é arqueado. O antigo<br />

forro <strong>de</strong>veria conter boas pinturas artísticas,<br />

como as que ainda se encontram logo acima<br />

do arco-cruzeiro, na face voltada para a nave.


Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora da Conceição<br />

<strong>de</strong> Cachoeira do Brumado<br />

O Arraial <strong>de</strong> Cachoeira do Brumado foi<br />

fundado em 1703 pelo explorador João<br />

Pedroso, que também viera para o Ribeirão<br />

do Carmo em busca <strong>de</strong> ouro. Logo chegou<br />

por lá João Lopes Pereira, que começou a<br />

construção <strong>de</strong> uma capela no local, que até<br />

então era filiado à <strong>de</strong> Sumidouro, e lhe<br />

constituiu patrimônio por escritura em 11 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 1726, secundado pelo Coronel<br />

Matias Barbosa da Silva, por doação a 31 <strong>de</strong><br />

agosto do mesmo ano, por D. Anna Maria<br />

Gonçalves <strong>de</strong> Carvalho, legado feito a 12 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 1748 (Livro 63, a fls. 56, Cartório<br />

do 1o. Ofício da Comarca <strong>de</strong> Mariana). Em<br />

1769 a doação <strong>de</strong> terras por testamento feita<br />

pelo Padre José Coelho Duarte para<br />

"reedificação da Capela <strong>de</strong> Nossa Senhora<br />

da Conceição" estabelece o ano provável da<br />

construção da Igreja Matriz.<br />

Recentemente, o interior da Matriz <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora da Conceição <strong>de</strong> Cachoeira do<br />

Brumado teve o restauro <strong>de</strong> seus elementos<br />

artístico-arquitetônicos aprovados e<br />

custeados pelo Conselho Municipal do<br />

Patrimônio - COMPAT a 06/08/2016. a partir<br />

<strong>de</strong> dotação do Fundo Municipal <strong>de</strong><br />

Preservação do Patrimônio Cultural<br />

(FUMPAC).<br />

Referências:<br />

Ÿ Estudo sobre a iconografia <strong>de</strong> Nossa Senhora da Conceição e<br />

Inventário das Invocações <strong>de</strong> Nossa Senhora - A Importância<br />

da Virgem Maria no culto católico. Rogério Vicente da Costa<br />

Ÿ HPIP – Patrimônio <strong>de</strong> Influência Portuguesa.<br />

Ÿ Arquidiocese <strong>de</strong> Mariana<br />

Ÿ Conselho Municipal do Patrimônio - COMPAT<br />

13


Proposta do escultor Elias layon para criação <strong>de</strong> um<br />

museu sobre Nossa Senhora da Conceição<br />

O artista plástico Elias Layon, que dispensa<br />

a p r e s e n t a ç õ e s , v e m d e s d e 1 9 8 8<br />

comprando imagens <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Conceição. Em suas andança pelo Brasil e<br />

outros países já adquiriu mais 450<br />

( quatrocentas e cinqüenta) imagens .<br />

Estas imagens foram elaboradas com várias<br />

técnicas e diversos materiais como: ma<strong>de</strong>ira,<br />

argila, pedra, gesso, ossos entre outros. As<br />

imagens são <strong>de</strong> procedência domiciliar,<br />

feitas pelo povo e para <strong>de</strong>voção do povo.<br />

A proposta <strong>de</strong> criar em Mariana um museu<br />

para abrigar todo este acervo, é similar ao<br />

Museu do Oratório que existe na cida<strong>de</strong><br />

vizinha Ouro Preto e com o Museu <strong>de</strong><br />

Santana na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tira<strong>de</strong>ntes.<br />

Mariana possui uma forte vocação para o<br />

turismo religioso, pois além <strong>de</strong> seu valioso<br />

acervo cultural e religioso, é se<strong>de</strong> da primeira<br />

diocese das Minas Gerais e centro <strong>de</strong><br />

formação para muitos religiosos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1750<br />

com a criação do Seminário Nossa senhora<br />

da Boa Morte.<br />

Para o Marianense, professor Dr Jar<strong>de</strong>l<br />

Cavalcante, Professor <strong>de</strong> História da Arte e<br />

Crítica <strong>de</strong> arte da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />

Londrina: "A Coleção conta a história da<br />

sensibilida<strong>de</strong> do uso das mãos a serviço da<br />

criativida<strong>de</strong>, seja no precioso entalhe, na<br />

criação da mo<strong>de</strong>lagem, seja na sapiência da<br />

policromia que dá vida às esculturas, seja na<br />

criação da expressão mística <strong>de</strong> nossa<br />

senhora da conceição. Dos traços mais<br />

dramáticos das figuras ao mais singelo<br />

entregar-se ao sagrado, a representação<br />

varia segundo as condições <strong>de</strong> época, as<br />

condições geográfico-regionais , aos<br />

aspectos artísticos e aos aspectos sócioreligioso<br />

específicos aos interesses <strong>de</strong> cada<br />

criador.»<br />

Assim esperamos que este Museu possa<br />

trazer para Mariana mais um atrativo<br />

religioso -Cultural.<br />

.<br />

Acervo Elias Layon


O<strong>de</strong> ao escultor Elias Layon<br />

Jar<strong>de</strong>l Dias Cavalcanti<br />

A mão do escultor Elias Layon está a<br />

serviço da sensibilida<strong>de</strong>. O bloco <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira, antes tosco, como num milagre,<br />

se <strong>de</strong>ixa possuir por formas criadas pelo<br />

seu <strong>de</strong>senho imaginativo.<br />

A ma<strong>de</strong>ira ganhou vida. As imagens vão<br />

surgindo e gerando uma narrativa aos<br />

olhos do espectador. Aparecem ora<br />

sozinhas, ora em grupo. E em cada<br />

personagem encarna-se um drama<br />

pessoal. Gestos, expressões faciais,<br />

movimentos das vestes e torções<br />

corporais acentuam a presença <strong>de</strong> uma<br />

história singular. O artista cria a<br />

anatomia, fazendo dos corpos o lugar<br />

on<strong>de</strong> a história sagrada se instala. Como<br />

cria a inserção dos personagens nos<br />

cenários <strong>de</strong> sua ascensão à realida<strong>de</strong><br />

sagrada.<br />

A policromia acentua a beleza das<br />

esculturas, ampliando a intensa<br />

interação entre cor e gesto, levando os<br />

espectadores a uma apreciação ainda<br />

mais fascinante das obras. Os cenários<br />

policromados e a interação entre as<br />

figuras ressaltam os mágicos efeitos <strong>de</strong><br />

luz e <strong>de</strong> cor das esculturas, criando uma<br />

textura atraente e sensual. Isso porque a<br />

policromia serve para dar ênfase aos<br />

s e n t i m e n t o s i n c o r p o r a d o s a o s<br />

personagens. A cor revela seu sentido<br />

espiritual, enquanto o movimento e a<br />

expressão revelam a dramaticida<strong>de</strong><br />

expressa nas esculturas.<br />

As forças gestuais das mãos, dos pés,<br />

dos olhos, em torções ora <strong>de</strong>licadas, ora<br />

intensas, são a consequência da arte <strong>de</strong><br />

dobrar a ma<strong>de</strong>ira à invenção do escultor.<br />

Nos faz pensar na gran<strong>de</strong> movimentação<br />

presente na tradição da arte barroca.<br />

Layon resgata uma tradição singular, que<br />

soube unir a beleza da matéria ao sentido<br />

espiritual que se traduz na forma. O<br />

artista sabe que <strong>de</strong>ve levar o espectador<br />

a experimentar através da forma o drama<br />

<strong>de</strong> seus personagens. Sabe também que<br />

a vida espiritual guardada <strong>de</strong>ntro da<br />

ma<strong>de</strong>ira só as mãos do artista po<strong>de</strong><br />

revelar.<br />

Acervo Elias Layon<br />

15


COLEÇÃO LAYON


COLEÇÃO LAYON


Acervo Márcio Eustáquio - Marezza


O PELOURINHO DE MARIANA<br />

Em 1711 o Arraial do Carmo já contava com<br />

uma população numerosa, que justificava a<br />

ascensão da paróquia a outro patamar. Em<br />

08 abril daquele ano o povoado foi elevado à<br />

categoria <strong>de</strong> Vila e, em seguida, o mesmo<br />

ocorreu com Vila Rica e Barra do Sabará. No<br />

Carmo, a primeira câmara eleita pelos<br />

“homens bons” do povoado, funcionou,<br />

provisoriamente, na casa <strong>de</strong> um dos mais<br />

antigos moradores, Pedro Frasão, na<br />

primitiva rua direita, atual Rosário Velho.<br />

Nos documentos <strong>de</strong> criação das vilas<br />

coloniais, <strong>de</strong>terminava-se que fosse<br />

estipulado um local a<strong>de</strong>quado para a<br />

construção da casa <strong>de</strong> câmara e ca<strong>de</strong>ia e do<br />

pelourinho, este último constituindo o<br />

símbolo da justiça e da autonomia da vila. Da<br />

mesma forma, eram feitas exigências e<br />

recomendações em relação à igreja Matriz,<br />

se ela ainda não existisse ou se não<br />

estivesse construída <strong>de</strong> maneira satisfatória.<br />

A repressão aos <strong>de</strong>litos civis e políticos foi<br />

motivo <strong>de</strong> teatralização cuja finalida<strong>de</strong> não<br />

era senão a reiteração da or<strong>de</strong>m e, em última<br />

instância, do po<strong>de</strong>r monárquico: a<br />

manutenção do sossego público requeria<br />

castigos exemplares. Escravos eram<br />

supliciados no Pelourinho, recebendo,<br />

a l g u m a s v e z e s , s e n t e n ç a c a p i t a l ,<br />

marcadamente os negros quilombolas. Os<br />

ouvidores <strong>de</strong> comarca recebiam do<br />

governador, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a segunda década dos<br />

Setecentos, autorida<strong>de</strong> para punir e<br />

sentenciar até a morte, sem apelação nem<br />

agravo, a negros, mulatos e carijós. A<br />

execução <strong>de</strong> brancos, no entanto, só podia<br />

ser pronunciada por uma junta formada por<br />

ouvidores e pelo governador. Na prática,<br />

porém, só negros, mulatos e carijós foram<br />

e x e c u t a d o s , s e n d o o s b r a n c o s<br />

encaminhados ao tribunal da Relação da<br />

Bahia (a execução <strong>de</strong> Felipe dos Santos foi<br />

uma exceção).<br />

Os cadáveres <strong>de</strong>stes indivíduos <strong>de</strong> condição<br />

social inferior, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> esquartejados,<br />

eram expostos nos lugares por on<strong>de</strong><br />

passaram quebrando a tranquilida<strong>de</strong><br />

pública. Os negros quilombolas mortos em<br />

confrontos ou em emboscadas, não po<strong>de</strong>ndo<br />

ser punidos em público, tinham sua cabeça<br />

salgada e transportada até o Senado da<br />

Câmara.<br />

Nas vilas menores, era comum a localização,<br />

na mesma praça, dos principais edifícios<br />

civis e<br />

religiosos, assim como do pelourinho. Como<br />

vimos, este foi o caso <strong>de</strong> Mariana, até que se<br />

<strong>de</strong>cidiu construir a nova Casa <strong>de</strong> Câmara e<br />

Ca<strong>de</strong>ia na Rua Nova. A praça que se abriu<br />

para este edifício, para on<strong>de</strong> se transferiu o<br />

símbolo da autonomia municipal, <strong>de</strong>veria<br />

assumir, <strong>de</strong>sta forma, uma função <strong>de</strong> caráter<br />

principalmente civil.<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do plano encomendado<br />

pelo rei, o espaço <strong>de</strong> Mariana ficava,<br />

portanto, já marcado por uma rica sequência<br />

espacial <strong>de</strong> largos diferentes, que ganharam<br />

em especialização <strong>de</strong> usos: o gran<strong>de</strong> adro<br />

da Sé, em seguida a praça D. João V, ou do<br />

Chafariz, local on<strong>de</strong> se realizavam festas<br />

públicas, e por fim a Praça do Pelourinho.<br />

A construção do imponente edifício da Casa<br />

<strong>de</strong> Câmara e Ca<strong>de</strong>ia, no terreno já<br />

assinalado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1747, como foi visto,<br />

iniciou-se em 1768 e foi concluída em 1798,<br />

sob a responsabilida<strong>de</strong> do mesmo Mestre<br />

Arouca. Nos fundos <strong>de</strong>sse prédio, o<br />

construtor reedificou, em 1793, a capelinha<br />

da irmanda<strong>de</strong> do Senhor dos Passos, que<br />

existira <strong>de</strong>fronte à ca<strong>de</strong>ia velha, próximo ao<br />

largo da Sé, e que fora <strong>de</strong>molida juntamente<br />

com a mesma entre 1782 e 1792.<br />

Foi também erguido um pelourinho ao lado<br />

da nova casa <strong>de</strong> Câmara e Ca<strong>de</strong>ia, este foi<br />

<strong>de</strong>molido com abolição da escravatura ( Lei<br />

Áurea) 1888.<br />

19


Acervo Márcio Eustáquio - Marezza


Acervo Márcio Eustáquio - Marezza<br />

No final do século XIX, foi construído na da Sé <strong>de</strong><br />

M a r i a n a u m m a r c o , e m p e d r a s a b ã o ,<br />

comemorativo dos 200 anos do arraial <strong>de</strong> Nossa<br />

Senhora do Ribeirão do Carmo do Carmo, primeiro<br />

núcleo urbano das Minas<br />

Devido a vária mudança no espaço físico da praça,<br />

o marco foi retirado , provavelmente entre 1930 e<br />

1940, quando também houve a <strong>de</strong>molição do<br />

chafariz da praça.<br />

Os dois monumentos, o marco e o chafariz, foram<br />

<strong>de</strong>molido e levados para o almoxarifado da Casa<br />

<strong>de</strong> Câmara <strong>de</strong> Mariana, on<strong>de</strong> os pedaços <strong>de</strong><br />

pedras sabão foram guardados. Durante os anos<br />

a praça passou por várias modificações, teve<br />

luminárias e chão <strong>de</strong> terra batida, foram colocados<br />

paralelepípedo e uma luminária foi colocada ao<br />

c e n t r o , n e s t e p e r í o d o f o i u m g r a n d e<br />

estacionamento.<br />

21


Praça da Sé entre 1940 e 1960<br />

Acervo Márcio Eustáquio - Marezza<br />

Praça da Sé entre 1960 e 2000<br />

22


Caminhões no centro histórico em 1979,<br />

transportando peças para a Mineração<br />

Acervo Márcio Eustáquio - Marezza<br />

Em 1980,o Prefeito Municipal Jadir<br />

Macedo e um grupo <strong>de</strong> Marianenses,<br />

entre eles Prof. Roque Camelo, Wan<strong>de</strong>lei<br />

Machado , Ozanan Santos, Maraly Moises<br />

entre outros, promoveram um encontro<br />

p a r a d i s c u t i r o s c a m i n h o s d o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Mariana. O evento foi<br />

chamado <strong>de</strong> EDEM I (Encontro <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento <strong>de</strong> Mariana), neste<br />

encontro um grupo <strong>de</strong> estudiosos vendo<br />

os vestígios do monumento no terreno da<br />

Câmara ( que também, na época e a se<strong>de</strong><br />

da da Prefeitura Municipal (os dois<br />

po<strong>de</strong>res funcionavam no mesmo prédio),<br />

c o n f u n d e m o m o n u m e n t o c o m o<br />

pelourinho e orientam o então prefeito<br />

Municipal Jadir Macedo a erguer<br />

novamente o pelourinho com símbolo do<br />

encontro e da preservação do patrimônio<br />

histórico. Moldam braços, colocaram uma<br />

balança e uma espada e colocam um<br />

globo metálico e coroa portuguesa no<br />

monumento.<br />

Assim, foi criado, o falso histórico, o<br />

pelourinho da Praça Minas Gerais. Houve<br />

sim um pelourinho na Câmara <strong>de</strong> Mariana<br />

que foi <strong>de</strong>molido no ano da abolição da<br />

escravidão em 1888, mas não era tão<br />

adornado e com tanta simbologia.<br />

Referências:<br />

Temo <strong>de</strong> Mariana I<br />

Imprensa da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro<br />

Preto. Novembro <strong>de</strong> 1998<br />

ICHS UFOP<br />

Mapeamento do Acervo Arquitetônico e<br />

Histórico da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mariana<br />

Prof. Doutor Altino Barbosa Cal<strong>de</strong>ira<br />

Puc / Mg 2003


Acervo Márcio Eustáquio - Marezza


Irmã Conceição<br />

Quem passar pela Rua Dom Silvério<br />

não escutará os acor<strong>de</strong>s do piano da<br />

Irmã Conceição, talvez sinta falta <strong>de</strong><br />

ouvir uma boa musica como: Jesus<br />

alegria dos homens <strong>de</strong> Sebastian Bach,<br />

O Bife "The Celebrated Chop Waltz” <strong>de</strong><br />

Arthur <strong>de</strong> Lulli ou a Ave Maria <strong>de</strong><br />

Gounod vinda das aulas <strong>de</strong> piano no<br />

salão do Colégio Providência. Sua<br />

música será ouvida, agora, no coração<br />

<strong>de</strong> Minas, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curvelo. A Irmã<br />

Conceição foi transferida para a casa<br />

das Irmãs no Hospital Imaculada<br />

Conceição para continuar uma nova<br />

etapa na sua vida.<br />

Vai <strong>de</strong>ixar sauda<strong>de</strong>s!<br />

Natural da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arcos resi<strong>de</strong> em<br />

Mariana, chegou a Mariana em 1981.<br />

Formada no curso normal para<br />

magistério, graduação em história e<br />

iniciação musical pelo Conservatório<br />

Lobo <strong>de</strong> Mesquita <strong>de</strong> Diamantina. Foi<br />

professora <strong>de</strong> história no Colégio<br />

Providência, on<strong>de</strong>, também, lecionava<br />

iniciação musical e <strong>de</strong> piano. Criou o<br />

coral do Colégio Providência na década<br />

<strong>de</strong> 80, participou do vários anos do<br />

Coral Madrigal <strong>de</strong> Mariana, Orquestra e<br />

Coro Mestre Vicente, lecionava<br />

iniciação musical para os alunos da<br />

A PA E M a r i a n a , e n t r e o u t r a s<br />

participações na vida musical <strong>de</strong><br />

Mariana.<br />

A irmã Conceição marcou a vida musica<br />

<strong>de</strong> varias gerações <strong>de</strong> jovens e adultos<br />

em Mariana. Pelas suas aulas <strong>de</strong><br />

iniciação musical e piano passaram<br />

mais 400 alunos que, talvez, não<br />

continuassem na carreira musical, mas<br />

certamente, nunca esquecerão a forma<br />

carinhosa e divertida <strong>de</strong> como a musica<br />

clássica foi lhes apresentada.<br />

Espero que nesta nova missão a<br />

música esteja sempre a dando o ritmo<br />

do trabalho da Irmã Conceição.<br />

E se algum dia, estiver em Curvelo e<br />

passar pela Av. dos Timbiras, 590,<br />

certamente ouvirá os acor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma<br />

boa música. Certamente, será Irmã<br />

Conceição e seu inseparável piano fritz<br />

dobbert alegrando o dia com música<br />

para o coração e a alma.


Dom Geraldo Lyrio e Dom Aírton José<br />

No ano que a Arquidiocese <strong>de</strong> Mariana<br />

completa 270 anos da Chegada do primeiro<br />

bispo das Minas Gerais, Dom frei Manoel da<br />

Cruz em outubro <strong>de</strong> 1748<br />

“15 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1748, dia <strong>de</strong> Santa Tereza<br />

d'Ávila, Dom Frei Manuel, montado em um<br />

cavalo branco coberto com um precioso<br />

tecido adamascado, entrou com todas as<br />

pompas em Mariana. Iniciava-se uma das<br />

maiores festas realizadas na Capitania das<br />

Minas, o Áureo Trono Episcopal, reunindo<br />

pessoas <strong>de</strong> todas as classes, entre<br />

cônegos, religiosos do Rio <strong>de</strong> Janeiro, todo<br />

o clero e nobreza <strong>de</strong> Minas, homens <strong>de</strong><br />

letras, escravos e forros. Gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

pajens encenaram o Áureo Trono<br />

Episcopal à frente da catedral <strong>de</strong> Nossa<br />

S e n h o r a d a A s s u n ç ã o , e m u m a<br />

representação litúrgica e teatral mais<br />

grandiosa, bem ao gosto barroco e à altura<br />

da riqueza das Minas., para comemorar a<br />

cheda do primeiro bispo das minas Gerais”<br />

No ano que a Arquidiocese <strong>de</strong> Mariana<br />

completa 270 anos da Chegada do primeiro<br />

bispo das Minas Gerais, Dom frei Manoel da<br />

Cruz, haverá uma mudança no comando, da<br />

agora, arquidiocese <strong>de</strong> Mariana. Dom<br />

Geraldo Lyrio, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 11 anos a frente do<br />

Arcebispado, solicitou a o Papa Francisco<br />

sua renuncia ao governo pastoral da<br />

Arquidiocese <strong>de</strong> Mariana <strong>de</strong> acordo o<br />

Código <strong>de</strong> Direito Canônico, que <strong>de</strong>termina<br />

o pedido após o prelado completar 75 anos.<br />

Nunciatura Apostólica no Brasil comunica<br />

que o Papa Francisco aceitou a renúncia e<br />

nomeou um novo Arcebispo <strong>de</strong> Mariana,<br />

Dom Airton José dos santosOS SANTOS,<br />

até agora Arcebispo Metropolitano <strong>de</strong><br />

Campinas – SP.<br />

Em Carta enviada a Dom Geraldo o papa<br />

Francisco agra<strong>de</strong>ce o trabalho <strong>de</strong> fé e<br />

humanida<strong>de</strong><br />

“Pela solicitu<strong>de</strong> no pastoreio da Igreja <strong>de</strong><br />

Deus que constantemente impulsiona<br />

N o s s o c o r a ç ã o , p r o c u r a m o s ,<br />

especialmente e <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong>, neste<br />

cuidado, esten<strong>de</strong>r Nosso olhar a todo o<br />

rebanho do Senhor e, com Nossas orações,<br />

participar dos cuidados dos pastores, cuja<br />

obra Nos é dado usufruir proveitosamente.<br />

Por isso, Venerável Irmão, cientes <strong>de</strong> teu<br />

d i l i g e n t e m i n i s t é r i o , a g o r a , c o m<br />

pensamento particular para ti que celebras o<br />

jubileu áureo da or<strong>de</strong>nação presbiteral,<br />

através <strong>de</strong>sta Carta, queremos expressar,<br />

com gran<strong>de</strong> estima, Nossas congratulações<br />

por tua competência, doutrina e ação que<br />

envolvem este teu serviço.” Papa Francisco.<br />

26


A CNBB – Conferência Nacional dos Bispo do<br />

Brasil , também, agra<strong>de</strong>ceu o trabalho <strong>de</strong><br />

Dom Geraldo Lyrio<br />

“Agra<strong>de</strong>cemos por tudo o que o senhor nos<br />

tem oferecido e permanecemos necessitados<br />

da sua colaboração em vários campos <strong>de</strong><br />

atuação da Conferência”, escreveu o bispo<br />

auxiliar <strong>de</strong> Brasília (DF) e secretário-geral da<br />

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil<br />

(CNBB), dom Leonardo Steiner, em<br />

mensagem <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento ao agora<br />

arcebispo emérito <strong>de</strong> Mariana (MG), dom<br />

Geraldo Lyrio Rocha.”<br />

A trajetória episcopal <strong>de</strong> Dom Geraldo –<br />

nascido em 14 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1942, em Fundão<br />

(ES) – começou na arquidiocese <strong>de</strong> Vitória<br />

(ES), on<strong>de</strong> foi bispo auxiliar (1984-1990).<br />

Também foi bispo <strong>de</strong> Colatina (ES), <strong>de</strong> 1990 a<br />

2002, e arcebispo <strong>de</strong> Vitória da Conquista<br />

(BA), entre 2002 e 2007. Atuava em Mariana<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2007.<br />

Além da Presidência da CNBB (2007 a 2011),<br />

dom Geraldo foi responsável pela Liturgia,<br />

membro do Conselho Econômico e do<br />

Conselho Permanente. Atualmente, faz parte<br />

da Comissão Episcopal para a Tradução dos<br />

Textos Litúrgicos (Cetel) e da Comissão<br />

Especial para a Causa dos Santos. No<br />

Conselho Episcopal Latino Americano<br />

(Celam), foi membro do Departamento <strong>de</strong><br />

Liturgia em duas ocasiões (1987-1991 e 1995-<br />

1999) e presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste mesmo organismo,<br />

entre 1999 e 2003. Foi segundo vicepresi<strong>de</strong>nte<br />

do conselho e <strong>de</strong>legado da CNBB<br />

junto ao colegiado latino-americano (2011-<br />

2015).<br />

Também foi <strong>de</strong>legado da CNBB à Conferência<br />

<strong>de</strong> Santo Domingo (1992); membro ex officio<br />

da Conferência <strong>de</strong> Aparecida (2007). Dom<br />

Geraldo ainda foi eleito pela CNBB para os<br />

Sínodos: para a América (1997), sobre a<br />

Eucaristia (2005), sobre a Palavra <strong>de</strong> Deus<br />

(2008) e sobre a Nova Evangelização (2012).<br />

É membro da Pontifícia Comissão para a<br />

América Latina (2009-2014).<br />

A Arquidiocese <strong>de</strong> Mariana celebrou no dia 4<br />

<strong>de</strong> junho, uma missa em ação <strong>de</strong> graças pelos<br />

11 anos <strong>de</strong> pastoreio do Arcebispo Emérito<br />

Dom Geraldo Lyrio Rocha. A cerimônia teve<br />

lugar na Igreja São Pedro dos Clérigos e<br />

contou com a presença <strong>de</strong> sacerdotes,<br />

diáconos, religiosos e leigos.<br />

Após reconhecer a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser<br />

Arcebispo <strong>de</strong> Mariana como um presente <strong>de</strong><br />

Deus, Dom Geraldo agra<strong>de</strong>ceu a <strong>de</strong>dicação<br />

do clero e dos <strong>de</strong>mais religiosos.<br />

"Tudo o que houve <strong>de</strong> bom, <strong>de</strong> belo e <strong>de</strong><br />

positivo é partilhado por todos nós. Sozinho o<br />

bispo não faz nada. Ele é incapaz, impotente.<br />

Só com a contribuição generosa, a amiza<strong>de</strong>, o<br />

senso <strong>de</strong> comunhão dos presbíteros e a<br />

colaboração <strong>de</strong> todos os membros do povo <strong>de</strong><br />

Deus é que o ministério episcopal po<strong>de</strong> ter<br />

realmente sua expressão", afirmou.<br />

"Eu só tenho que agra<strong>de</strong>cer, e muito, a Deus<br />

por toda a minha vida. Tudo graça. Mas a<br />

graça é dada não para a enfeitar a pessoa,<br />

não como con<strong>de</strong>coração, é dada em vista dos<br />

outros. Carisma só é autêntico se estiver a<br />

serviço do povo <strong>de</strong> Cristo. Eu louvo, bendigo e<br />

agra<strong>de</strong>ço a Deus que me usou como<br />

instrumento seu para realizar a obra que é<br />

sua", agra<strong>de</strong>ceu.<br />

Ao reforçar seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> não tornar a<br />

celebração uma <strong>de</strong>spedida, Dom Geraldo<br />

<strong>de</strong>ixou uma mensagem conclusiva do seu<br />

ministério episcopal na Arquidiocese <strong>de</strong><br />

Mariana, inspirada na primeira leitura do dia<br />

(2Pd 1,2-7):<br />

"Vou repetir o que há pouco ouvimos: <strong>de</strong>dicai<br />

todo o esforço em juntar à vossa fé a virtu<strong>de</strong>, à<br />

virtu<strong>de</strong> o conhecimento, ao conhecimento o<br />

autodomínio, ao autodomínio a perseverança,<br />

à perseverança a pieda<strong>de</strong>, à pieda<strong>de</strong> o amor<br />

fraterno e ao amor fraterno, a carida<strong>de</strong>".<br />

Próximo <strong>de</strong> encerrar a cerimônia, o prelado<br />

ressaltou: "a função se encerra, mas a missão<br />

continua". Em seguida, ofereceu suas<br />

orações à população católica da Arquidiocese<br />

<strong>de</strong> Mariana.<br />

O Novo Arcebispo <strong>de</strong> Mariana, Dom Airton<br />

José Dom , é mineiro, nascido em Bom<br />

Repouso, na Arquidiocese <strong>de</strong> Pouso Alegre,<br />

aos 25 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1956. Cursou Filosofia na<br />

Faculda<strong>de</strong> do Ipiranga e Teologia na<br />

Faculda<strong>de</strong> Nossa Senhora da Assunção, em<br />

São Paulo. Tem mestrado em Direito<br />

Canônico obtido na Pontifícia Universida<strong>de</strong><br />

Gregoriana, em Roma. Dom Airton José será<br />

6º Arcebispo <strong>de</strong> Mariana.<br />

Pertencente ao Clero <strong>de</strong> Santo André – SP,<br />

Dom Airton foi or<strong>de</strong>nado Bispo Auxiliar <strong>de</strong>ssa<br />

diocese, aos 02 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2002. Em 2004,<br />

foi nomeado Bispo <strong>de</strong> Mogi das Cruzes – SP.<br />

Tomou posse como Arcebispo <strong>de</strong> Campinas –<br />

SP, aos 15 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2012. Exerce as<br />

funções <strong>de</strong> Grão-Chanceler da PUC-<br />

Campinas. Entre outras atribuições, foi<br />

Secretário do Regional Sul 1 da CNBB (São<br />

Paulo) e atualmente é Presi<strong>de</strong>nte do mesmo<br />

Regional. Foi também membro da Comissão<br />

Episcopal para os Tribunais Eclesiásticos <strong>de</strong><br />

Segunda Instância.<br />

27


Cronograma da Posse<br />

A Cida<strong>de</strong> Mariana recebe com alegria, nesta<br />

quinta-feira (21), seu sexto arcebispo, Dom<br />

Airton José dos Santos. Dom Airton será<br />

acolhido pela população <strong>de</strong> Mariana na<br />

Praça Gomes Freire, às 19h, após passar<br />

pelas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Itabirito (MG) e Ouro Preto<br />

(MG). Dentro da programação <strong>de</strong> acolhida e<br />

posse, uma sessão <strong>de</strong> acolhida será<br />

realizada na sexta-feira (22), às 19h30, no<br />

Santuário Nossa Senhora do Carmo.<br />

A posse <strong>de</strong> Dom Airton será no sábado (23),<br />

às 16h. Os concelebrantes sairão em<br />

procissão do Santuário Nossa Senhora do<br />

Carmo para a Catedral, em cujo interior se<br />

dará o ato <strong>de</strong> posse canônica. A cerimônia<br />

interna na Catedral, por questão <strong>de</strong> espaço,<br />

s e r á l i m i t a d a a o s b i s p o s , p a d r e s ,<br />

seminaristas e familiares <strong>de</strong> Dom Airton. Um<br />

telão transmitirá simultaneamente para o<br />

público os atos do interior da igreja. Logo<br />

após, missa na Praça da Sé.<br />

No domingo, 24 <strong>de</strong> junho, haverá uma missa<br />

na Catedral presidida por Dom Airton, às 10h,<br />

e na segunda-feira (25), às 19h, será<br />

realizada uma missa <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> graças pelo<br />

aniversário natalício <strong>de</strong> Dom Airton, no<br />

Santuário Nossa Senhora do Carmo.<br />

Fontes:<br />

Arquidiocese <strong>de</strong> Mariana<br />

Arquidiocese <strong>de</strong> Campinas<br />

Gaudium Press<br />

Livro Arquidiocese <strong>de</strong> Mariana -<br />

Conêgo Raimundo da Trinda<strong>de</strong><br />

28


Posse Canônica do VI Arcebispo <strong>de</strong> Mariana<br />

Dom Aírton José dos Santos<br />

Dia 23/06/<strong>2018</strong><br />

Sábado - 16h


Esboço do Pelourinho construído em Mariana em 1981

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