Livro de poesias escrito em 2006 na cidade mineira de Lavras, retratando as dificuldades intrínsecas a uma nova realidade do serviço público na polícia. A solidão espiritual e a certeza de que muitas vezes na vida o ouro que se procura vem manchado de sangue e sofrimento. Às vezes uma oportunidade não é mais que uma desilusão.
O prisioneiro
Aconteceu ontem quando eu escrevia
Fiquei preso em meu próprio texto
Não sei como sair desse lugar desconhecido
Está frio aqui e tudo é tão diferente
Aqui embaixo não existe sol
Lavras sem pedras preciosas
Preciso encontrar um jeito de sair daqui
Essas palavras não são o meu mundo
Essa prisão me toca, rasgando pedaços da minha pele
Sou a liberdade que faz com que o rio corra
E a tarde morra dócil
Para nascer a noite sob brilho de lua
E depois o dia nascer e se repetir tudo de novo
No esporte da existência
Preciso sair daqui
Esse texto regrado com sabor de fome
E frio em um cobertor cheio de furos
As minhas mãos estão levantadas ao ar esperando
Não há chaves nessa prisão e não há portas
Perecer
Sonhar
Chorar
Preciso sair daqui, mas há furiosos vulcões...
Rachando o sol e levando as pedras das Lavras
As que esperava encontrar
Preciosas, que nesse instante
São o que menos procuro
Só quero sair da prisão e voltar a ser eu
30/01/2006
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