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A INTERPRETAÇÃO PESSOAL 9<br />
Neemias 8.8; 2 Timóteo 2.15; 2 Timóteo 3.14-17; Hebreus 1.1-4; 2 Pedro 1.20,21<br />
Dois dos grandes legados que recebemos da Reforma foram o princípio da interpretação<br />
pessoal da Bíblia e a sua tradução para a língua do povo. O próprio Lutero colocou em foco<br />
essas questões. Quando se apresentou diante da Dieta de Worms (um concilio no qual foi<br />
acusado de heresia por causa de seus ensinamentos), ele declarou:<br />
"A menos que eu seja convencido pela Escritura, minha consciência continuará cativa da<br />
Palavra de Deus — não aceito a autoridade de papas e concílios, porque se têm contraditado.<br />
Não posso nem quero retratar-me, porque ir contra a consciência não é certo nem seguro. Que<br />
Deus me ajude. Amém."<br />
A declaração de Lutero, e sua subseqüente tradução da Bíblia para sua língua vernácula,<br />
tiveram dois efeitos. Primeiro, tirou da Igreja Católica Romana o direito exclusivo de<br />
interpretação. O povo não mais ficaria à mercê das doutrinas da igreja, tendo de aceitar as<br />
tradições ou ensino eclesiástico como tendo autoridade igual à da Palavra de Deus. Segundo,<br />
colocou a interpretação nas mãos do povo. Essa mudança foi mais problemática. Levou aos<br />
mesmos excessos sobre os quais a Igreja Romana estava envolvida — interpretações subjetivas<br />
do texto que levam ao afastamento da fé cristã histórica.<br />
O subjetivismo tem sido o grande perigo da interpretação pessoal. O princípio da<br />
interpretação pessoal não significa que o povo de Deus tenha o direito de interpretar a Bíblia<br />
da maneira que bem entende. Juntamente com o "direito" de interpretar as Escrituras vem<br />
também a responsabilidade de interpretá-las corretamente. Os crentes têm liberdade de<br />
descobrir as verdades das Escrituras, mas não são livres para fabricar suas próprias<br />
verdades. São chamados para entender os sólidos princípios de interpretação e evitar os<br />
perigos do subjetivismo.<br />
Portanto, buscar um entendimento objetivo das Escrituras de maneira nenhuma reduz a<br />
Bíblia a algo frio, abstrato e sem vida. O que estamos fazendo é buscar entender o que a<br />
Palavra diz em seu contexto antes de prosseguirmos para a tarefa igualmente necessária de<br />
aplicá-la à nossa vida. Uma declaração em particular pode ter numerosas aplicações pessoais<br />
possíveis, mas só pode ter um único significado correto. O direito de interpretar a Bíblia leva<br />
junto consigo a obrigação de interpretá-la com exatidão. A Bíblia não é um "nariz de cera" que<br />
pode ser moldado e assumir a forma desejada pelo intérprete.<br />
Sumário<br />
1. A Reforma deu à Igreja uma tradução da Bíblia na língua comum e a cada crente o<br />
direito e a responsabilidade de interpretar a Bíblia pessoalmente.<br />
2. A tradição da igreja, embora seja instrutiva como um guia, não tem autoridade igual à<br />
da Bíblia.<br />
3. A interpretação pessoal não equivale a uma licença para o subjetivismo.<br />
4. O princípio da interpretação pessoal leva consigo a obrigação de buscar a<br />
interpretação correta da Bíblia.<br />
5. Embora cada texto bíblico tenha múltiplas aplicações, ele tem um único significado<br />
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