29.08.2018 Views

Boletim do Clube dos Velhos Amigos, N.º 5

No Clube dos Velhos Amigos dedicamos muito do nosso tempo a imaginar alternativas às atividades já existentes, pois estamos na comunidade para inovar e promover uma nova forma de estar na velhice.

No Clube dos Velhos Amigos dedicamos muito do nosso tempo a imaginar alternativas às atividades já existentes, pois estamos na comunidade para inovar e promover uma nova forma de estar na velhice.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

6 | Junho de 2018 | <strong>Boletim</strong> <strong>Clube</strong> <strong>do</strong>s <strong>Velhos</strong> <strong>Amigos</strong><br />

CLUBE DOS VELHOS AMIGOS<br />

A ÁGUA<br />

Sou pobrezinha que importa<br />

Um pobre também consola<br />

Ninguém bate à minha porta<br />

Que não receba uma esmola<br />

A minha humildade é calma<br />

Um bem infinito encerra<br />

Tenho voz e tenho alma<br />

E sou o sangue da terra<br />

Rasteirinha e diligente<br />

A fonte de água a correr<br />

Diz baixinho a toda a gente<br />

Se tens sede vem beber<br />

Nem sempre é crime matar<br />

Até às vezes tem graça<br />

Eu por exemplo a cantar<br />

Mato a sede a quem passa<br />

Abílio Antunes<br />

SANTO ANTÓNIO O<br />

PADROEIRO<br />

Santo António para ver as<br />

moças saltava trinta quintais,<br />

agora para as não ver saltava<br />

trinta ou mais.<br />

Santo António com as moças<br />

andava sempre a brincar, partialhes<br />

as bilhas todas depois voltava<br />

a pegá-las.<br />

No meu tempo de rapariga,<br />

na noite de Santo António,<br />

deitávamos as alcachofras ao<br />

relento. Durante a noite e debaixo<br />

<strong>do</strong> travesseiro, colocávamos<br />

<strong>do</strong>is bilhetes com o nome <strong>do</strong><br />

rapaz de quem gostávamos e<br />

que queríamos namorar. Ao<br />

amanhecer íamos ver se as<br />

alcachofras estavam arrebitadas,<br />

se estivessem era sinal de sucesso.<br />

Se estivessem murchas, adeus<br />

namoro, e então dizia-se: Vai-te<br />

embora Santo António, eu cá te<br />

espero pró ano, se eu não casar<br />

com este, digo a to<strong>do</strong>s que foi<br />

engano.<br />

Isaura Maia<br />

O “MORTO VIVO”<br />

Hoje partilho uma história <strong>do</strong><br />

meu mari<strong>do</strong>.<br />

Ele é natural de Coruche, onde<br />

é conheci<strong>do</strong> pelo morto vivo.<br />

Quan<strong>do</strong> ele era pequeno, teve<br />

uma <strong>do</strong>ença que foi provocada<br />

pela fome, pois os irmãos bebiam<br />

o leite dele mas a minha sogra<br />

não dava por nada. Assim, o<br />

meu mari<strong>do</strong> ficou muito <strong>do</strong>ente<br />

e o médico deu-o como morto,<br />

mandan<strong>do</strong> a minha sogra fazer<br />

o funeral. A pobre mulher veio<br />

para casa, chorava, chorava e<br />

pôs o filho junto ao lume da<br />

lareira, deixan<strong>do</strong> o filho mais<br />

velho a tomar conta <strong>do</strong> irmão.<br />

Este olhan<strong>do</strong> para o meu mari<strong>do</strong>,<br />

talvez com remorsos, deu-lhe a<br />

impressão de que o irmão tinha<br />

mexi<strong>do</strong> os lábios e gritou pela<br />

mãe: O meu irmão está vivo!<br />

A minha sogra agarrou no filho<br />

e com um pano molha<strong>do</strong> em água<br />

morna chegou-lhe aos lábios e<br />

ele começou a chupar, safan<strong>do</strong>se<br />

assim de ser enterra<strong>do</strong> vivo.<br />

Contu<strong>do</strong>, não foi só desta vez que<br />

ele foi o “morto vivo”, houve mais<br />

duas histórias mas ficam para a<br />

próxima…<br />

Teresa Coimbra

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!