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Orquídeas_Da_Natureza_Nº_16

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<strong>Orquídeas</strong><br />

REVISTA<br />

REVISTA<br />

da<br />

Faça a sua<br />

própria<br />

treliça<br />

Conheça a<br />

florada do<br />

Pleione<br />

7 orquídeas<br />

terrestres<br />

A brasileira<br />

Miltonia x<br />

leucoglossa<br />

10 variedades<br />

da Cattleya<br />

intermedia<br />

Saiba como<br />

combater<br />

cochonilhas<br />

As multicoloridas<br />

Miltoniopsis<br />

Elas têm flores grandes que duram<br />

dois meses. Aprenda a cultivar essas<br />

orquídeas desenvolvidas no Brasil<br />

Edição <strong>16</strong><br />

Ano 2<br />

ENTENDA O QUE DETERMINA O PREÇO DE UMA ORQUÍDEA


<strong>Orquídeas</strong><br />

REVISTA<br />

da<br />

AO LEITOR<br />

Aydano Roriz<br />

Luiz Siqueira<br />

Tânia Roriz<br />

Edição – novembro de 2015 - N o <strong>16</strong> - Ano 2<br />

Editor e Diretor Responsável: Aydano Roriz<br />

Diretor Executivo: Luiz Siqueira<br />

Diretor Editorial e Jornalista Responsável:<br />

Roberto Araújo – MTb.10.766<br />

araujo@europanet.com.br<br />

Editora: Gabi Bastos<br />

Editora de Arte: Ludmila Viani Taranenko<br />

Consultoria Botânica: Erwin Bohnke e Valerio Romahn<br />

Revisão de Texto: Eliane Domaneschi<br />

Colaboraram nesta edição: André Fortes (fotos) Paula<br />

Fratin (fotos), Carol Costa (texto e fotos), Luiz Filipe<br />

Varella (texto e fotos)<br />

Publicidade (publicidade@europanet.com.br)<br />

Diretor: Mauricio Dias (11) 3038-5093<br />

Publicidade - São Paulo:<br />

Coordenadora: Ângela Taddeo<br />

Executivo de negócios: Alessandro Donadio,<br />

Elisangela Xavier, Ligia Caetano, Renato Peron e<br />

Roberta Barricelli<br />

Criação Publicitária: <strong>Da</strong>niel Bordini<br />

Tráfego: Thiago Tane<br />

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Brasília: New Business – (61) 3323-0205<br />

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Santa Catarina: MC Representações – (48) 3223-3968<br />

Bahiaa e Sergipe: Aura Bahia – (71) 3345-5600/9965-8133<br />

Outros estados: Maurício Dias – (11) 3038-5093<br />

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+1 (650) 306-0880<br />

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Administração<br />

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(11) 3038-5050 (São Paulo)<br />

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A revista <strong>Orquídeas</strong> da <strong>Natureza</strong> é uma publicação<br />

da Editora Europa Ltda. A Editora Europa não se<br />

responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios de terceiros<br />

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de Publicações, Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, nº <strong>16</strong>78,<br />

CEP 06045-390 – Osasco – SP<br />

Impressão: Prol Gráfica<br />

Pétalas da<br />

imaginação<br />

Às vezes, nem é só pela<br />

beleza das orquídeas,<br />

embora todas sejam<br />

incríveis. É pelas histórias que elas<br />

inspiram, pelas amizades que<br />

proporcionam, pelas vidas que<br />

modificam e até pelos negócios que<br />

geram. O fato é que ao começar a cultivar<br />

orquídeas, é difícil a pessoa não ficar tremendamente envolvida.<br />

Um dos fatores mais fascinantes que elas proporcionam é o estímulo<br />

à imaginação. Só de olhar a flor de uma Miltoniopsis, imediatamente dá<br />

para ver um rosto, um homem de bigode, pombos voando, bailarinas...<br />

o que cada um quiser. O nome disso é “pareidolia”, um fenômeno<br />

psicológico que atribui significados a uma forma aleatória. Não dá para<br />

passar despercebido, e essa característica adicional torna a relação com<br />

a planta ainda mais interessante.<br />

<strong>Da</strong> mesmo forma, é muito difícil encontrar uma orquídea e não ir<br />

buscar sua história. Ainda no caso das Miltoniopsis, elas gostavam de frio<br />

e se davam mal aqui. Mas, determinado a cultivá-las, Sebastião Nagase<br />

não sossegou e cruzou espécies do gênero até conseguir exemplares que<br />

florescessem saudáveis no Brasil, apesar do calor. Não só alcançou seu<br />

objetivo como fez disso um negócio rentável.<br />

Esse certamente é o sonho de muitos orquidófilos, unir o prazer que<br />

tem com as orquídeas com a possibilidade de trabalhar e ganhar algum<br />

dinheiro com isso. São várias as pessoas que conseguem com plantas<br />

de coleção, independentemente da milionária máquina de produção de<br />

orquídeas em escala industrial.<br />

As orquídeas são generosas. Como pertencem a um dos<br />

maiores grupos de plantas de todo o planeta, contemplam a<br />

todos os desejos. Até os daqueles que querem deixar a<br />

imaginação voar nos coloridos desenhos de pétalas e sépalas.<br />

REDAÇÃO<br />

Fone: (11) 3038-51<strong>16</strong> Fax: (11) 3819-0538<br />

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Roberto Araújo<br />

araujo@europanet.com.br<br />

Miltoniopsis Red<br />

Woodhan x<br />

Saint Helier<br />

Se for o caso reclame. Nosso objetivo é a excelência!<br />

Juan Esteves<br />

ATENDIMENTO (de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h)<br />

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4<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

SUMÁRIO<br />

10<br />

10 MULTICOLORIDAS<br />

As Miltoniopsis híbridas têm flores<br />

grandes, com desenhos que despertam a<br />

imaginação. Muitas delas são perfumadas<br />

34<br />

06 Miltonia ×<br />

leucoglossa<br />

Híbrida natural de espécies<br />

brasileiras, ela é uma<br />

orquídea fácil de cultivar<br />

22 Orquidário<br />

Feito com restos de madeira<br />

de construção, o espaço<br />

abriga as orquídeas da família<br />

28 Galeria de Cattleya<br />

intermedia da exposição<br />

do Círculo Gaúcho<br />

34 Faça você mesmo<br />

Passo a passo de uma treliça<br />

feita com cabo de vassoura<br />

52 Curiosidades<br />

Saiba por que o preço das<br />

orquídeas varia tanto<br />

54 Aula do especialista<br />

Erwin Bohnke ensina<br />

como identificar e<br />

combater as cochonilhas<br />

58 Almanaque<br />

Exposição de primavera da<br />

AOSP e outros assuntos<br />

do interesse de orquidófilos<br />

66 Ilustração<br />

Um Cypripedium parviflorum<br />

var. pubescens pintado<br />

em 1786<br />

6<br />

38 Produtos<br />

Uma seleção de graciosas<br />

treliças para pendurar vasos<br />

40 Atualidade<br />

A produção de orquídeas<br />

terrestres aumentou.<br />

E tem novidades<br />

46 Pleione Tongariro<br />

Sucesso na Europa,<br />

a orquídea híbrida<br />

ainda é rara no Brasil<br />

Nossos consultores<br />

ERWIN BOHNKE<br />

Orquidófilo há mais<br />

de 25 anos, dá<br />

palestras e cursos<br />

no Brasil e no<br />

exterior. Algumas<br />

espécies levam<br />

seu nome<br />

VALERIO ROMAHN<br />

Fotógrafo e botânico<br />

autodidata, trabalha<br />

na Revista <strong>Natureza</strong><br />

e é autor de<br />

A Grande Enciclopédia<br />

Ilustrada de<br />

Plantas & Flores<br />

CAPA Valerio Romahn (foto); Aida Lima<br />

(produção); Sebastião Nagase (orquídea)


6<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

CONHEÇA MELHOR<br />

Filha<br />

Híbrida natural, a<br />

Miltonia × leucoglossa<br />

herdou as características as<br />

mais bonitas dos pais<br />

Por Gabi Bastos | Fotos Valerio Romahn<br />

prodígio<br />

Ela não se multiplica rapidamente como a<br />

mãe, a Miltonia spectabilis (1) que enche o<br />

ambiente de cor. Cresce mais tímida como o pai,<br />

a Miltonia candida (2), que está praticamente extinto<br />

no seu hábitat. Quanto às flores, a Miltonia × leucoglossa<br />

herdou o que de mais bonito seus parentes apresentam:<br />

o labelo grande é visualmente da mãe e o colorido<br />

tigrado e o perfume adocicado do pai.<br />

Descrita em 1898, a Miltonia × leucoglossa<br />

é um híbrido natural encontrado na Mata<br />

Atlântica do Sudeste brasileiro, muito<br />

2<br />

1<br />

Os pais da Miltonia<br />

× leucoglossa<br />

são: a Miltonia<br />

spectabilis (1) e a<br />

Miltonia candida<br />

(2), espécies<br />

encontradas no<br />

Sudeste brasileiro


7


8<br />

Cada pseudobulbo<br />

gera dois ou três novos ao<br />

ano. Por isso, a planta se<br />

multiplica rapidamente<br />

Em regiões<br />

subtropicais a planta<br />

deve receber mais<br />

luz no inverno<br />

As flores brotam na primavera ou no verão, são perfumadas e permanecem bonitas<br />

por até um mês. O nome da espécie, leucoglossa, significa “labelo branco”<br />

apreciada pela sua beleza. Tanto que ela<br />

é utilizada em muitas hibridações artificiais<br />

– inclusive com espécies de outros gêneros,<br />

como Oncidium – e item obrigatório de<br />

colecionadores de espécies brasileiras.<br />

É uma orquídea de pequeno porte,<br />

ideal para enfeitar beirais de janela e mesas<br />

de centro na primavera e verão, quando<br />

floresce. As flores medem cerca de 10 cm<br />

de diâmetro e nascem em hastes curtas da<br />

base dos pseudobulbos, que são longos,<br />

achatados e ficam quase encobertos pelas<br />

bainhas foliares.<br />

COMO CULTIVAR<br />

A Miltonia × leucoglossa é típica de<br />

regiões de clima tropical úmido. Mas, como<br />

seus pais, desenvolve-se bem em regiões<br />

subtropicais, desde que receba um pouco<br />

mais de luminosidade no inverno para<br />

compensar as temperaturas mais baixas.<br />

Por ser epífita, a orquídea pode ser<br />

mantida em um vaso com substrato<br />

preparado com casca de pínus, pedra<br />

brita e um pouco de carvão. Esse material<br />

ajuda a evitar o aparecimento de fungos,<br />

um aspecto importante pois a orquídea<br />

gosta de ter as raízes constantemente<br />

úmidas, mas nunca encharcadas. Por<br />

isso, regue a planta diariamente ou a<br />

cada dois dias com pouca água. Se tiver<br />

oportunidade, também borrife água nas<br />

folhas todos os dias de manhã, bem cedo.<br />

No hábitat da orquídea é comum haver<br />

orvalho nesse período do dia.<br />

As adubações podem ser semanais<br />

com NPK 20-20-20 até os pseudobulbos se<br />

formarem. Quando isso acontecer, passe<br />

a adubar com fertilizantes que estimulam<br />

a floração, como o NPK 4-14-8, para ter<br />

muitas flores por um longo tempo.


9<br />

A Pleione Tongariro<br />

entra em dormência<br />

no inverno. Depois,<br />

acorda com força total,<br />

produzindo novas<br />

folhas e as belas flores<br />

A Miltonia × leucoglossa<br />

mede cerca de 30 cm.<br />

Seus pseudobulbos são<br />

achatados e escondidos<br />

pelas bainhas foliares


10<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

CAPA<br />

Colorido<br />

brasileiro<br />

As Miltoniopsis híbridas são amadas no mundo todo pelas<br />

suas flores grandes e desenhadas. Mas as desenvolvidas<br />

no Brasil são diferenciadas Por Gabi Bastos | Fotos Valerio Romahn<br />

Pomba, homem com as mãos para cima, mulher de saia...<br />

cada um enxerga o que quer no colorido do miolo das flores<br />

O<br />

labelo das flores das Miltoniopsis híbridas tem<br />

o formato de um coração invertido. Já o colorido<br />

central, compõe desenhos que despertam a<br />

imaginação. Há quem jure que o miolo parece uma<br />

pomba. Outros enxergam uma mulher de saia. Para<br />

melhorar, as flores chegam a medir 13 cm de diâmetro,<br />

são muitas vezes perfumadas e se dispõem ao longo de<br />

hastes que podem ser pendentes ou não.<br />

Enumerar as qualidades da orquídea conhecida como<br />

amor-perfeito é fácil. Elas tornaram a planta muito popular<br />

na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, as Miltoniopsis<br />

também são famosas, mas um pouco incompreendidas.<br />

Um dos motivos é que ainda há quem as chame de<br />

Miltonia, o antigo nome científico do gênero, o que provoca<br />

um pouco de confusão no cultivo, já que as Miltonia são<br />

brasileirinhas natas e muitas Miltoniopsis, nativas de regiões<br />

andinas. Outra razão é que a maior parte das informações<br />

sobre a maneira correta de cuidar das plantas é retirada de<br />

textos europeus ou americanos e, acredite, as Miltoniopsis<br />

híbridas desenvolvidas no Brasil têm exigências de cultivo<br />

diferentes das criadas em outros países.


Com cerca de 13 cm de<br />

diâmetro, as flores têm<br />

labelo com formato de<br />

um coração invertido<br />

11


12<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

MILTONIOPSIS<br />

A Miltoniopsis Luna Bianca<br />

é um híbrido brasileiro e<br />

recebeu esse nome por ter<br />

flores bem redondas<br />

1<br />

Os primeiros<br />

híbridos brasileiros<br />

Atualmente as Miltoniopsis são uma<br />

das orquídeas mais queridas no Brasil.<br />

Mas não foi fácil para elas alcançarem<br />

esse patamar. Até a década de 1970,<br />

apenas poucos colecionadores de<br />

orquídeas as tinham no país devido<br />

a dificuldade de mantê-las em clima<br />

geralmente quente. Isso porque a maioria<br />

das espécies do gênero é nativa de<br />

regiões de altas altitudes, principalmente<br />

da Colômbia, e exige temperaturas<br />

amenas para florescer.<br />

Um dos responsáveis por tornar o<br />

cultivo de Miltoniopsis mais fácil no<br />

Brasil foi o orquidófilo Sebastião Nagase.<br />

Após se encantar por híbridos do gênero<br />

desenvolvidos na França, ele pesquisou<br />

as espécies e descobriu uma exceção à<br />

regra: a Miltoniopsis santanaei. A maioria<br />

delas se desenvolve em regiões de<br />

altitudes entre 100 m e 400 m, embora<br />

seja possível encontrar exempares em<br />

locais de até 1.200 m. mais baixas e, por<br />

isso, suporta um pouco mais de calor.<br />

Especialista em hibridações, Nagase, viu<br />

ai a oportunidade de utilizar essa espécie<br />

em cruzamentos para criar híbridos de<br />

Miltoniopsis ideais para o cultivo no<br />

Brasil como a M. Second Love<br />

1<br />

Os primeiros<br />

híbridos brasileiros<br />

Até a década de 1970, apenas poucos colecionadores de<br />

orquídeas tinham Miltoniopsis no Brasil devido à dificuldade de<br />

mantê-las em clima relativamente quente. As espécies do gênero<br />

são nativas de regiões de altitudes elevadas, principalmente da<br />

Colômbia, e exigem temperaturas baixas para florescer.<br />

Um dos responsáveis por tornar o cultivo dessas orquídeas<br />

mais fácil no Brasil foi o orquidólogo Sebastião Nagase.<br />

Especialista em hibridações, ele pesquisou as Miltoniopsis e<br />

descobriu uma espécie que suporta mais calor porque, em<br />

geral, cresce em regiões de altitudes mais baixas: a Miltoniopsis<br />

santanaei (1). Sem perder tempo, Nagase começou a utilizar<br />

essa planta em cruzamentos para criar Miltoniopsis ideais para o<br />

cultivo no clima brasileiro, como a M. Luna Bianca (2).<br />

2<br />

1<br />

A Miltoniopsis santanaei é a única<br />

espécie do gênero que cresce em<br />

regiões de baixa altitudes<br />

Carlos Lage


13<br />

O colorido do miolo<br />

das flores varia de um<br />

híbrido para outro<br />

Orquídea: Wenzel Orchids


14<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

MILTONIOPSIS<br />

Muito mais<br />

que resistência<br />

Os híbridos de Miltoniopsis<br />

criados no Brasil se desenvolvem<br />

bem em regiões com temperatura<br />

anual entre 15 o C e 35 o C. Mas além<br />

de ficarem menos exigentes em<br />

um clima específico, as orquídeas<br />

também ganharam flores maiores, em<br />

cores que não são vistas na <strong>Natureza</strong><br />

– como a bordô-avermelhada da<br />

orquídea desta página –, perfume<br />

intenso e folhagem mais atrativa.<br />

Resultado de um trabalho minucioso,<br />

desenvolvido ao longo de décadas, já<br />

que é necessário esperar anos para um


15<br />

A Miltoniopsis White<br />

Summer é um híbrido<br />

brasileiro que já foi<br />

premiado na Holanda.<br />

Suas flores chegam a<br />

medir 13 cm de diâmetro<br />

1<br />

híbrido crescer, florescer e ser cruzado seguidamente até<br />

seus filhos adquirirem genética diferenciada.<br />

Tanta dedicação de Nagase foi reconhecida em uma<br />

exposição na Holanda, em 1997, quando o orquidólogo<br />

recebeu 85,5 pontos, de 100 possíveis, ao apresentar um<br />

exemplar da Miltoniopsis White Summer (1) que ele<br />

desenvolveu. A planta em questão tinha mais de dez<br />

hastes com seis a oito flores, de cerca de 13 cm de<br />

diâmetro, cada. Até hoje, essa foi a maior pontuação<br />

alcançada por uma Miltoniopsis na Holanda.<br />

1<br />

As Miltoniopsis híbridas<br />

brasileiras crescem em<br />

locais com temperaturas<br />

entre 15 o C e 35 o C<br />

Fotolia<br />

Com as hibridações constantes, as flores das Miltoniopsis ganharam desenhos novos e 3 cm a mais do que as encontradas na <strong>Natureza</strong>


<strong>16</strong><br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

MILTONIOPSIS<br />

1<br />

As flores da<br />

orquídea duram<br />

até dois meses<br />

Homenagens e florada extra<br />

A florada das Miltoniopsis dura de um a dois<br />

meses, dependendo da condição em que a orquídea<br />

é mantida. Em geral, a floração ocorre na primavera,<br />

mas, como muitas delas trazem genes de espécies que<br />

florescem no outono, não é raro apresentarem uma<br />

segunda florada nessa época.<br />

No comércio, as orquídeas-amor-perfeito não<br />

costumam vir identificadas com o nome científico por dois<br />

motivos. O primeiro é que muitas dessas plantas não foram<br />

registradas, o que torna seu nome comprido, como o da<br />

(Miltoniopsis Zorro × Miltoniopisis Saffron) × Miltoniopsis<br />

Jersey (1). O segundo é que as Miltoniopsis se tornaram<br />

muito populares e, geralmente, quem se interessa pelos<br />

nomes completos das plantas são os colecionadores, e esses<br />

têm preferência por espécies e híbridos famosos.<br />

Entre as Miltoniopsis mais conhecidas, algumas<br />

homenageiam personalidades como a jornalista<br />

Ananda Apple (2), que promove a jardinagem e a<br />

orquidofilia em várias de suas reportagens e uma vez<br />

declarou que a Miltoniopsis era uma de suas orquídeas<br />

preferidas. Outra celebridade que “virou” flor foi a<br />

apresentadora Ana Hickmann (3).


17<br />

Ambientação: Vico <strong>Orquídeas</strong>, tel.: (11) 4582-6347<br />

2 2<br />

Algumas Miltoniopsis<br />

ficaram famosas por<br />

ganharem nomes de<br />

personalidades, como a<br />

M. Ananda Apple (acima)<br />

e a M. Ana Hickmann<br />

(à esquerda)<br />

3


18<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

MILTONIOPSIS<br />

1<br />

Três fases da planta: muda,<br />

já florescendo aos dois<br />

anos de idade e adulta, com<br />

muitas hastes florais


19<br />

Fotolia<br />

Ambientação: Vico <strong>Orquídeas</strong>, tel.: (11) 4582-6347<br />

Os pseudobulbos são ovais e achatados. As folhas surgem em forma de leque<br />

Folhas saudáveis, florada intensa<br />

As Miltoniopsis híbridas florescem ainda pequenas, com<br />

dois anos de idade, e chegam a medir até 35 cm de altura.<br />

Elas têm pseudobulbos ovais e achatados que crescem bem<br />

próximos uns dos outros. As folhas nascem em forma de<br />

leque, escondendo parte dos pseudobulbos.<br />

O aspecto das folhas oferece várias dicas sobre a saúde da planta.<br />

Vale a pena observá-las. Com as hibridações constantes, a folhagem<br />

ficou mais rígida. Por isso, se ela pender é sinal de que a orquídea<br />

não está recebendo adubação suficiente ou que a luminosidade está<br />

muito lateral. “Isso é comum em orquidários cobertos por sombrite<br />

e aberto dos lados”, conta o orquidólogo Erwin Bohnke.<br />

Pontas das folhas muito amareladas indicam que a planta<br />

está carente de magnésio e cálcio. Mas o especialista lembra:<br />

“A folhagem é verde-clara e naturalmente amarelada.<br />

Não confunda essa característica inata da espécie, que já foi<br />

atenuada pela melhoria genética, com o sintoma foliar”.


20<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

MILTONIOPSIS<br />

As raízes<br />

são delicadas.<br />

Por isso, o<br />

substrato em<br />

que a orquídea<br />

é cultivada<br />

deve ser trocado<br />

uma ou duas<br />

vezes por ano<br />

Cultive em vaso de<br />

plástico e ambiente<br />

bastante úmido<br />

Os segredos do cultivo<br />

Uma das maiores exigências no cultivo das<br />

Miltoniopsis híbridas é a umidade: ela precisa<br />

ser superior a 50% – o ideal é 70% – o ano<br />

inteiro. Caso contrário, a planta não armazenará<br />

energia suficiente para florescer e seu sistema<br />

radicular ficará prejudicado. Manter a planta em<br />

local com boa luminosidade – cerca de 60% –<br />

também é essencial para a floração.<br />

O ideal é cultivar a orquídea em vasos<br />

de plástico por eles ajudarem a manter as raízes<br />

um pouco mais úmidas. O substrato deve ser<br />

bem drenado e as regas, diárias ou a cada<br />

dois dias, com pouca água porque as<br />

Miltoniopsis têm raízes delicadas que não<br />

suportam ficar encharcadas.<br />

As adubações precisam ser semanais com<br />

NPK 20-20-20 e mensais, com fertilizantes<br />

ricos em cálcio e magnésio (Calmag) para o<br />

bom desenvolvimento dos pseudobulbos e das


21<br />

A<br />

É imprescindível adubar a planta semanalmente com NPK 20-20-20 e mensalmente com fertilizante rico em cálcio e magnésio<br />

folhas, que brotam o ano inteiro. Como as raízes<br />

da orquídea-amor-perfeito são muito finas, é<br />

imprescindível trocar o substrato ao menos uma<br />

vez por ano, caso contrário elas sofrem com a<br />

salinização provocada pelas adubações frequentes.<br />

Umidade, adubação constante e replantio<br />

anual: esses são os segredos de cultivo das<br />

brasileiríssimas orquídeas-amor-perfeito.<br />

Em breve serão lançadas<br />

Miltoniopsis com flores<br />

menores para enfeitar<br />

centros de mesa<br />

Novas experiências<br />

As experiências com hibridações de Miltoniopsis no Brasil não<br />

param. Recentemente, Nagase conseguiu criar um efeito que<br />

ele chama de “chuva” no miolo da flor (A). O próximo passo é<br />

lançar Miltoniopsis com porte menor e flores de cerca<br />

de 5 cm de diâmetro (B) para a planta enfeitar centros de<br />

mesas de jantar sem tampar a visão de quem está na frente<br />

B<br />

CONSULTORIA E ORQUÍDEAS<br />

Sebastião Nagase (orquidólogo), CEAGESP (SP), Box 351, col. 37


22<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

ORQUIDÁRIO<br />

Coleção<br />

familiar


23<br />

Feito com sobras<br />

de construção da casa,<br />

o espaço rústico abriga<br />

as coleções de orquídeas<br />

da mãe e da filha<br />

Por Gabi Bastos | Fotos Paula Fratin<br />

Produção Beth Macedo<br />

C<br />

om placa de identificação e muitas plantas<br />

decorando a entrada, o orquidário é um<br />

espaço convidativo do jardim. Ele mede<br />

4 m x 7 m e foi feito há cerca de cinco anos com<br />

restos de madeira da construção das casas do<br />

Sítio Cheiro de Mato, em Monte Alegre do Sul, no<br />

interior de São Paulo.<br />

No início, a proprietária Meire Bahia Felizatte<br />

mantinha as plantas apenas em bancadas feitas<br />

em forma de arquibancada. Mas, com o sucesso<br />

do ambiente comprovado por belas floradas, sua<br />

mãe, Dona Mercedes, também resolveu levar sua<br />

coleção de orquídeas para lá. Como a quantidade<br />

de vasos dobrou, foi preciso improvisar para<br />

receber as plantas. O resultado deixou o<br />

orquidário ainda mais rústico.<br />

Meire Felizatte e Dona Mercedes se divertem ao contar a história<br />

do orquidário e de como ele se tornou patrimônio familiar


24<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

ORQUIDÁRIO<br />

Espaço planejado<br />

Antes de resolver o estilo e a localização do orquidário,<br />

a artesã Meire Felizatte decidiu fazer um curso sobre o<br />

cultivo de orquídeas. Coincidentemente, quem ministrou<br />

as aulas foi o orquidólogo e consultor botânico da Revista<br />

<strong>Orquídeas</strong> da <strong>Natureza</strong>, Erwin Bohnke. “Construí o<br />

orquidário próximo da mata, em uma área de talude a<br />

conselho dele. Assim, as plantas recebem boa ventilação<br />

e umidade naturalmente”, conta a proprietária. Além<br />

disso, as laterais do espaço foram fechadas por sombrite<br />

e o teto recebeu telhas transparentes para proporcionar a<br />

luminosidade ideal às plantas.<br />

Como a quantidade de orquídeas aumentou com a<br />

chegada da coleção de sua mãe e com a aquisição de novas<br />

espécies, Meire improvisou bancadas usando blocos de<br />

cerâmica como base e tábuas de madeira como prateleira.<br />

Já a coleção de Vanda foi pendurada em um pedaço de<br />

bambu fixado no teto, na horizontal.<br />

Para proporcionar luminosidade adequada às plantas, as<br />

laterais do orquidário foram fechadas por sombrites e<br />

parte das telhas do teto são transparentes


A coleção de Vanda foi pendurada em um pedaço<br />

de bambu fixado no teto, na horizontal. As outras<br />

orquídeas ficam em bancadas feitas em forma de<br />

arquibancada ou improvisadas com tijolos e tábuas


26<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

ORQUIDÁRIO<br />

Espécies e cuidados<br />

Como o ambiente é bastante úmido, as orquídeas são regadas apenas<br />

uma ou duas vezes por semana. Já as adubações são quinzenais com<br />

fertilizantes variados – atualmente, elas estão recebendo e gostando de<br />

um produto à base de pescado (OrganikFish). Inseticidas e fungicidas<br />

só são utilizados quando Meire percebe a presença de seres<br />

indesejáveis. “Vez ou outra aparecem ácaros. Quando isso<br />

acontece, aplico inseticida para jardim. Eles dão supercerto<br />

quando a infestação é descoberta no início”, conta a orquidófila. Para<br />

cuidar das plantas, existe uma bancada com pia no fundo do orquidário.<br />

As ferramentas ficam penduradas nos ganchos de um quadrinho de<br />

madeira confeccionado pela proprietária.<br />

Meire é apaixonada por Vanda, mas tem um carinho especial pela sua<br />

Brassia verrucosa (1) com pétalas e sépalas superlongas. Já Dona Mercedes<br />

não cansa de admirar o labelo do Dendrobium fimbriatum var. oculatum (2)<br />

que tem há anos e anda florescendo mais desde que ele mudou de “casa”.<br />

AMBIENTAÇÃO<br />

Pousada Sítio Cheiro de Mato, tel.: (11) 99621-5881,<br />

site: www.pousadacheirodemato.com.br<br />

Cattleya intermedia ×<br />

Cattelya lodigesii


27<br />

O orquidário rio é<br />

repleto eto de detalhes<br />

decorativos. Alguns,<br />

como o quadrinho para<br />

pendurar ferramentas,<br />

ramentas<br />

foram feitos pela<br />

proprietária<br />

ia<br />

A Brassia verrucosa<br />

de Meire tem sépalas<br />

e pétalas mais longas<br />

que outros exemplares<br />

da espécie. Uma<br />

mutação natural<br />

A atração do<br />

Dendrobium<br />

fimbriatum m<br />

var.<br />

oculatum um é o<br />

labelo lo<br />

franjado<br />

ado<br />

com interior<br />

quase negro<br />

Como o ambiente<br />

é naturalmente<br />

úmido, as plantas<br />

só são regadas<br />

uma ou duas<br />

vezes por semana


28<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

GALERIA<br />

Cattleya<br />

intermedia<br />

Especialista conta a<br />

história da espécie e<br />

apresenta algumas<br />

variedades que<br />

fizeram sucesso<br />

na exposição do<br />

Círculo Gaúcho<br />

de Orquidófilos<br />

Fotos e texto Luiz Filipe Varella<br />

Desde que ingressei no Círculo Gaúcho de<br />

Orquidófilos, em 2006, notei que a mais<br />

concorrida e exuberante das exposições anuais<br />

do Rio Grande do Sul é a de Cattleya intermedia.<br />

O evento acontece em setembro e conta com mais<br />

orquídeas e participantes do que as exposições<br />

de Cattleya labiata (abril) e de Laelia purpurata<br />

(novembro). Isso acontece porque existem mais<br />

de três dezenas de variedades de C. intermedia e,<br />

consequentemente, muitos colecionadores.<br />

A espécie-tipo tem flores rosa-claras, com labelo<br />

rosa-arroxeado na ponta, mas há plantas<br />

alba, albescens, concolor, coerulea, ametista, lilasina,<br />

roxo-bispo, rubra, sanguinea, fresina, semialba... Além<br />

disso, as flores da C. intermedia podem variar na forma e<br />

no colorido do labelo (aquinoide, flamea, oculata, venosa,<br />

orlata, etc). Por isso, visitar a exposição anual promovida pelo<br />

Círculo Gaúcho de Orquidófilos é uma grande oportunidade<br />

de conhecer essa diversidade da planta.<br />

Pela forma e colorido<br />

perfeitos, esta<br />

Cattleya intermedia<br />

var. flamea foi a<br />

grande vencedora da<br />

exposição de 2015


29<br />

Planta da coleção de Paulo Roberto Theisen<br />

C.attleya intermedia<br />

var. vinho<br />

Planta da coleção de Paulo Roberto Theisen<br />

Cattleya intermedia<br />

var. venosa<br />

Planta da coleção de<br />

Eduardo Masiero<br />

Cattleya intermedia-tipo<br />

A Cattleya intermedia tipo tem flores de<br />

cerca de 10 cm de diâmetro, rosa-claras<br />

com a ponta do labelo rosa-arxeado.<br />

Felizmente, ainda é possível encontrar<br />

muitos exemplares dela no hábitat


30<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

GALERIA<br />

Uma variedade famosa<br />

Descrita em 1828 pelo botânico escocês<br />

Robert Graham, a Cattleya intermedia é<br />

encontrada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil<br />

e ficou famosa quando a variedade aquinii da<br />

espécie foi descoberta em 1870. A planta que<br />

parece ter três labelos foi consagrada no mundo<br />

inteiro e até hoje é utilizada em hibridações com<br />

a própria C. intermedia e com muitas outras<br />

espécies de Cattleya e Laelia.<br />

O nome “aquinii” da variedade é uma<br />

homenagem ao orquidófilo Francisco Aquino,<br />

que enviou uma muda da planta para ser<br />

identificada ao amigo e taxonomista Barbosa<br />

Rodrigues. Na ocasião, Barbosa era diretor do<br />

Jardim Botânico do Rio de Janeiro e achou a<br />

planta tão diferente que chegou a descrevê-la<br />

como uma espécie nova, a Cattleya aquinii.<br />

Atualmente, a variedade aquinii não é aceita<br />

nos julgamentos das exposições porque muitas<br />

C. intermedia têm essa característica.<br />

Cattleya intermedia com pétalas parecidas com o labelo foram<br />

amplamente utilizadas em hibridações. Por isso, grande parte das<br />

variedades da espécie tem essa característica<br />

Planta da coleção de<br />

Orquidário Olímpia<br />

Planta da coleção de Orquidário Olímpia


31<br />

Cattleya intermedia<br />

var. flamea<br />

Cattleya intermedia var. concolor<br />

Plantas da coleção de Hélio Marodin<br />

Planta da coleção de Leandro Wendler<br />

Cattleya intermedia<br />

var. alba<br />

Existem<br />

dezenas de<br />

variedades<br />

da Cattleya<br />

intermedia.<br />

Elas variam na<br />

cor e na forma<br />

das flores


32<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

GALERIA<br />

Cattleya intermedia<br />

var. flamea vinho<br />

Melhoramento genético e cultivo<br />

Na segunda metade do século 20 começou a<br />

fase de ouro do melhoramento genético da Cattleya<br />

intermedia. Grandes nomes da orquidologia, como<br />

Otto Georg, Aldomar Sander, Walter Haetinger e<br />

Alceu Berger, participaram desse processo e são<br />

responsáveis diretos pela qualidade das plantas<br />

da exposição do Círculo Gaúcho de Orquidófilos.<br />

Variedades como a flamea, por exemplo, ganharam<br />

diferentes tonalidades de rosa. O formato das flores<br />

também ficou mais arredondado e o cultivo da<br />

espécie, mais fácil.<br />

As Catleya intermedia gostam de clima úmido,<br />

sol da manhã e boa ventilação. Para florescerem<br />

plenamente, precisam passar por uma época fria<br />

no inverno – por isso a espécie é tão comum no Sul<br />

do Brasil. O cultivo pode ocorrer em substrato bem<br />

drenado, mas as plantas gostam mesmo de viver fixadas<br />

em árvores nativas como o ipê e a corticeira.<br />

Cattleya<br />

intermedia var.<br />

concolor<br />

Cattleya<br />

intermedia var.<br />

concolor<br />

Planta da coleção de Paulo Roberto Theisen<br />

Na classificação oficial, exemplares da mesma variedade de Cattleya intermedia podem apresentar flores de forma e cor um pouco diferentes<br />

Planta da coleção de Hélio Marodin


33<br />

Plantas da coleção de Taimiro Santos Silva<br />

Cattleya intermedia<br />

var. flamea com<br />

nuances diferentes da<br />

mostrada na pág. 31<br />

Luiz Filipe Varella é advogado, orquidólogo e estudioso de taxonomia. Nas horas<br />

vagas, fotografa orquídeas em exposições, orquidários e no hábitat da planta


34<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

PASSO A PASSO<br />

Treliça de madeira<br />

Aprenda a fazer uma treliça<br />

com cabos de vassoura para<br />

pendurar seus vasos<br />

Texto e produção Beth Macedo<br />

Fotos André Fortes<br />

Consultoria Soraia Vitiello (Gaia Projetos Sustentáveis)<br />

Nem parece, mas esta graciosa treliça é feita<br />

com cabos de vassoura. Novas ou usadas,<br />

essas madeiras roliças são resistentes e nem<br />

precisam ser impermeabilizadas para durarem anos ao<br />

ar livre. Quem ensina o passo a passo de como fazê-la é<br />

a arquiteta Soraia Vitiello, da Gaia Projetos Sustentáveis,<br />

que gosta da cor neutra da madeira. Mas quem quiser<br />

pode pintar os cabos de vassoura da cor que preferir<br />

antes de começar a montar a treliça.<br />

MATERIAIS NECESSÁRIOS<br />

6 cabos de vassoura de 1,14 m 3 vasos com furo atrás<br />

parafusos em forma de “L” e buchas pregos de 4 cm <br />

arame de 10 mm serrote trena ou fita métrica<br />

martelo alicate furadeira<br />

APRENDA A FAZER:<br />

Meça o cabo de vassoura, marque-o na<br />

1<br />

metade com um lápis e use o serrote<br />

para dividir a peça em duas partes.<br />

Repita o procedimento nos outros cabos e você<br />

terá doze pedaços de madeira de 57 cm.


35<br />

A cor neutra da madeira<br />

proporciona uma<br />

aparência rústica à peça


36<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

PASSO A PASSO<br />

Distribua seis<br />

2<br />

dos doze<br />

pedaços de<br />

madeira paralelamente.<br />

Acomode sobre eles<br />

os outros seis, na<br />

transversal, conforme<br />

fotos à esquerda.<br />

Para a treliça ficar firme, é necessário pregar<br />

3<br />

todos os 36 locais em que os cabos se encontram.<br />

A dica para facilitar o trabalho é começar pelas<br />

4 extremidades, criando uma espécie de moldura.<br />

Com a treliça<br />

4<br />

pronta, corte<br />

com o alicate<br />

pedaços de arame de<br />

25 cm para prender<br />

os vasos à peça.<br />

Quem preferir pode<br />

utilizar ganchos<br />

encontrados prontos<br />

no mercado para<br />

pendurá-los.<br />

Pendure os vasos<br />

5<br />

nas partes da treliça<br />

em que as madeiras<br />

se cruzam. Para tanto, passe<br />

o arame pelo furo do vaso,<br />

depois em volta de um dos<br />

cabos e dê um nó nas<br />

pontas, conforme foto abaixo.<br />

Repita o procedimento nos<br />

outros vasos.<br />

Para pendurar a treliça, use os<br />

6<br />

parafusos em forma de “L” . Feito isso,<br />

é só plantar as orquídeas e mantê-las<br />

como de costume. Outra opção é usar os vasos<br />

como cachepôs para expor as espécies floridas.<br />

CRÉDITOS<br />

Soraia Vitiello (Gaia Projetos Sustentáveis): tel.: (11) 4965-4022, site: www.gaiaprojetossustentaveis.com.br;<br />

Vasos e orquídeas: Garden Center Morumbi, tel.: (11) 3772-3001, site: www.gardencentermorumbi.com.br


História do Brasil, Portugal e Espanha em<br />

<br />

ROMANCES<br />

O Desbravador<br />

UMA AVENTURA EXTRAORDINÁRIA<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

O Fundador<br />

Autor: Aydano Roriz<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

O Desejado<br />

A FASCINANTE HISTÓRIA DE<br />

DOM SEBASTIÃO<br />

Autor: Aydano Roriz<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Carlos Quinto<br />

Autora: Linda Carlino<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Joana, a Louca<br />

Autora: Linda Carlino<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Invasão à Bahia, Jornada dos Vassalos<br />

e Invasão a Pernambuco<br />

Autor: Aydano Roriz<br />

<br />

<br />

<br />

R$ 39, 90 cada ou<br />

R$ 89, 90 trilogia<br />

Compre nas livrarias, pelos telefones 0800 8888 508 ou<br />

(11) 3038-5050 (SP), e pelo site www.europanet.com.br/livraria


38<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

PRODUTOS<br />

Treliças graciosas<br />

Texto e pesquisa Beth Macedo<br />

Fotos André Fortes<br />

Uma seleção de suportes para vaso, das mais variadas formas e<br />

materiais, para exibir suas orquídeas com sofisticação<br />

Vasos e orquídeas: Garden Center Morumbi, tel.: (11) 3772-3001<br />

MADEIRA E ADORNOS DE FERRO<br />

Confeccionada com sarrafos de pínus na cor imbuia, a treliça<br />

tem aspecto envelhecido e acabamento em ferro rebuscado.<br />

Ela mede 1 m de largura x 0,50 m de altura.<br />

Preço: R$ 120<br />

Onde encontrar: Garden Center Morumbi, tel.: (11) 3772-3001,<br />

site: www.gardencentermorumbi.com.br<br />

ESTILOSA E COM FLOREIRA<br />

Feita de ferro, a treliça tem estilo<br />

provençal. Ela mede 56 cm de<br />

largura x 77 cm de altura e tem<br />

floreira para três vasos.<br />

Preço: R$ 350<br />

Onde encontrar: Dom Mascate,<br />

tel.: (11) 2768-0076,<br />

site: www.dommascate.com.br<br />

COM FORMAS<br />

GEOMÉTRICAS<br />

As treliças de ferro têm formato<br />

geométrico que permite compor<br />

diferentes desenhos na parede.<br />

Preço: R$ 90, cada<br />

Onde encontrar: Dom Mascate,<br />

tel.: (11) 2768-0076,<br />

site: www.dommascate.com.br


Divulgação<br />

39<br />

SANFONA PLÁSTICA<br />

O produto de PVC branco é leve e flexível. Ele funciona<br />

como uma sanfona para se adaptar a paredes de diferentes<br />

tamanhos. Bem esticada, a treliça mede 1,20 m de<br />

comprimento x 0,50 m de altura.<br />

Preço: R$ 13,49<br />

Onde encontrar: Leroy Merlin de São Paulo,<br />

tel.: (11) 4007-1380, site: www.leroymerlin.com.br<br />

MADEIRA BÁSICA<br />

É o tipo de treliça que combina<br />

e se adapta a qualquer tipo de<br />

parede. Ela é feita de sarrafos de<br />

madeira entrelaçados, mede<br />

0,90 m x 1,80 m e pode ser<br />

usada na horizontal e na vertical.<br />

Preço: R$ 190,90<br />

Onde encontrar: Leroy Merlin<br />

do Rio de Janeiro,<br />

tel.: (21) 4020-5376,<br />

site: www.leroymerlin.com.br<br />

GRADE DE JANELA<br />

Inspirada nas antigas grades de janela, a<br />

treliça rústica é feita de ferro. Ela mede<br />

1,20 m de altura x 1 m de largura. É possível<br />

encomendar a peça em outras medidas.<br />

Preço: R$ 770<br />

Onde encontrar: Anni Verdi,<br />

tel.: (11) 3062-2220<br />

Produtos pesquisados em outubro/2015, sujeitos à disponibilidade de estoque.<br />

COMO UM QUADRO<br />

Para destacar a beleza da orquídea,<br />

a treliça de madeira têm o formato<br />

de quadro. Ela mede 50 cm de<br />

altura x 40 cm de largura.<br />

Preço: R$ 60<br />

Onde encontrar: Garden Center<br />

Morumbi, tel.: (11) 3772-3001, site:<br />

www.gardencentermorumbi.com.br<br />

TRELIÇA VERTICAL<br />

Leve e versátil, a treliça de bambu é vertical<br />

e ideal para pequenos espaços, como<br />

varandas de apartamento. Ela mede 1,20 m<br />

de altura x 0,40 m de largura.<br />

Preço: R$ 55<br />

Onde encontrar: Garden Center Alphaville,<br />

tel.: (11) 4195-5238


40<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

ATUALIDADE<br />

Fotolia<br />

É a vez das<br />

orquídeas terrestres<br />

Espécies de cultivo mais fácil do que muitas epífitas, orquídeas<br />

como Spathoglottis e Ludisia começam a ser produzidas em<br />

larga escala para atender a paisagistas e colecionadores<br />

Por Carol Costa<br />

O<br />

rquídeas terrestres passaram anos como<br />

cidadãs de segunda classe, longe dos mimos<br />

destinados às Cattleya, Laelia e tantas outras<br />

epífitas “nobres”. Mas essa situação está mudando.<br />

A busca por jardins sofisticados e com floradas mais<br />

duradouras tornou as orquídeas terrestres queridinhas<br />

dos paisagistas. Alguns desses profissionais destacaram<br />

as plantas em projetos badalados, como os da Casa Cor<br />

de São Paulo. Nas três últimas edições do evento, as<br />

Spathoglottis marcaram presença.<br />

A tendência de usar orquídeas terrestres vai muito<br />

além da famosa Arundina graminifolia, representante<br />

máxima da categoria nos últimos quinze anos, e do<br />

Spathoglottis<br />

No Brasil, é mais comum encontrar a Spathoglottis<br />

plicata (à direita) no mercado. Mas é a Spathoglottis<br />

unguiculata que tem encantado os paisagistas. As<br />

duas espécies são bem parecidas e chamadas de<br />

orquídea-grapete pelo perfume de uva e pela cor<br />

das flores – um pouco mais escuras na Spathoglottis<br />

unguiculata. Recentemente foi lançada uma variedade<br />

de Spathoglottis de flores amarelas (acima). Nativas do<br />

Sudeste Asiático, essas orquídeas têm folhas plissadas<br />

e muita energia, produzindo várias brotações quando<br />

encontram espaço no canteiro. O cultivo deve ocorrer<br />

em solo leve, preparado com terra vegetal e areia, sob<br />

o sol da manhã ou do fim da tarde.


41<br />

Geralmente ente<br />

as Spathoglottis<br />

ot tis<br />

têm flores cor de uva, mas<br />

recentemente ente<br />

foi lançada uma<br />

variedade de florada amarela<br />

(página à esquerda)<br />

Valerio Romahn


42<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

ATUALIDADE<br />

Foto: Valerio Romahn; Projeto: Marcelo Novaes (arquiteto paisagista), tel.: (19) 3296.4455<br />

Cymbidium<br />

O gênero tem muitas espécies e híbridos.<br />

Muitos deles crescem tanto em substrato para<br />

epífitas quanto numa mistura de terra vegetal,<br />

areia e composto orgânico – resultado de anos de<br />

hibridação. Para que cresçam e apresentem seus<br />

belos cachos de flores, os Cymbidium precisam de<br />

sol pleno e de temperaturas baixas no inverno.<br />

Vale até regar a planta com gelo durante essa<br />

estação para estimular a floração.<br />

A orquídea-bambu é<br />

utilizada no paisagismo<br />

há quinze anos. Um dos<br />

motivos é que ela floresce<br />

quase o ano todo<br />

Carol Costa<br />

Arundina graminifolia<br />

Originária do sudeste da Ásia, a orquídea<br />

passa de 2 m de altura e ficou conhecida<br />

como orquídea-bambu pela aparência de<br />

seus pseudobulbos. Ela floresce quase o<br />

ano todo e deve ser cultivada sob sol pleno,<br />

em cama preparada com uma camada de<br />

pedra no fundo e substrato composto por<br />

50% de areia e 50% de uma mistura de<br />

terra vegetal, pedra e casca de pínus.<br />

queridinho Cymbidium, com grandes cachos de flores.<br />

Viveiros conceituados têm investido em espécies e variedades<br />

terrestres que, antes, ficavam restritas a meia dúzia de vasos<br />

num cantinho da estufa. É o caso, por exemplo, de Van Noije<br />

e R. Acosta, dois grandes produtores de plantas ornamentais<br />

de Holambra – a cidade das flores, no interior de São Paulo.<br />

A R. Acosta já trabalha há 15 anos com a Ludisia discolor,<br />

conhecida com o gracioso nome de orquídea-pipoca pelo<br />

aspecto da florada. Mas, no ano passado, o viveiro fez ajustes<br />

técnicos para aumentar a produção da planta esperando um


43<br />

Os Cymbidium se<br />

desenvolvem em<br />

diferentes tipos de<br />

substrato, mas precisam<br />

de frio para florescer<br />

Maytheforcebewithyou /Flickr - Creative Common


44<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

ATUALIDADE<br />

Chipmunk / Flickr - Creative Common<br />

Carol Costa<br />

Ficou mais fácil encontrar a Ludisia discolor com folhas verdes<br />

e listras vermelhas, mas a variedade da espécie com folhagem<br />

desenhada em amarelo ainda é planta de colecionador<br />

acréscimo de 50% nas vendas em 2015.<br />

Ver vasos da espécie-tipo, de folhagem<br />

verde-escura com linhas vermelhas,<br />

enfileirados na estufa é um espetáculo.<br />

Mas a coleção de Ludisia dos proprietários<br />

do viveiro, que conta com uma<br />

L. ‘Lightning’, com lindas folhas desenhadas<br />

em amarelo, impressiona ainda mais.<br />

Especializado em cróton, uma espécie<br />

de arbusto, o viveiro Van Noije também<br />

aumentou a quantidade de canteiros de<br />

orquídeas da sua produção. Algumas<br />

são novidades, como o Epidendrum<br />

‘Peach’, de folhas muito mais compactas<br />

que os cultivares já conhecidos, e uma<br />

Spathoglottis de flores amarelas –<br />

apresentada na abertura desta reportagem.<br />

Fotolia<br />

Ludisia discolor<br />

A folhagem da planta é uma das mais<br />

bonitas da família das orquidáceas. Na<br />

espécie-tipo, ela é aveludada, verde-arroxeada,<br />

com listras vermelhas. Mas há variedades<br />

da espécie, como a de folhas verde-claras,<br />

desenhadas em amarelo. As flores são<br />

pequenas, brancas, delicadas e surgem no<br />

final do inverno e começo da primavera. O<br />

cultivo deve ocorrer em terra adubada, longe<br />

do sol forte, em local bem ventilado.


45<br />

As flores do Epidendrum<br />

surgem praticamente o ano<br />

inteiro, o que torna a espécie<br />

ideal para o paisagismo<br />

Fotos: Carol Costa<br />

RUSTIFICAÇÃO<br />

O aumento da oferta de<br />

orquídeas terrestres vem<br />

acompanhado de um desafio ao<br />

colecionador iniciante. É que a<br />

maioria das espécies aqui citadas<br />

é de sol pleno e cultivo bastante<br />

rústico, exatamente o oposto<br />

do modo como as plantas são<br />

tratadas pelo produtor até serem<br />

colocadas no mercado. Para<br />

padronizar a produção e acelerar<br />

o desenvolvimento da folhagem,<br />

espécies como os Epidendrum, por<br />

exemplo, são mantidas sob telado,<br />

num ambiente de luz difusa, com<br />

rega e adubação diárias. Por isso,<br />

quando as plantas chegam em<br />

casa, sofrem ao serem postas<br />

sob sol pleno.<br />

Para evitar queimaduras e até a<br />

morte dessas orquídeas, é preciso<br />

submeter as plantas a um processo<br />

chamado rustificação. O método<br />

consiste em aumentar a insolação<br />

que incide sobre a orquídea aos<br />

poucos, mudando o vaso de lugar<br />

até a planta esquecer os paparicos<br />

da estufa e se adaptar novamente à<br />

vida “dura” sob sol pleno.<br />

Epidendrum<br />

O Epidendrum ‘Peach’, com<br />

folhagem mais compacta<br />

e flores amarelas, é uma<br />

das novidades da espécie<br />

Como muitos Epidendrum são nativos do Brasil, da Colômbia e da Costa<br />

Rica, é fácil mantê-los em região de clima tropical úmido. Em clima subtropical,<br />

a temperatura não deve ser inferior a 10 o C e é preciso oferecer mais<br />

luminosidade à planta. O cultivo deve ocorrer em uma mistura preparada com<br />

40% de areia, 30% de pedra brita e 30% de matéria orgânica. Resistentes, os<br />

Epidendrum são utilizados até em telhados verdes e florescem quase o ano todo.


46<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

CONHEÇA MELHOR<br />

Cor de<br />

rosa<br />

Por Gabi Bastos<br />

Fotos Valerio Romahn<br />

O tom das flores e o crescimento<br />

rápido do Pleione Tongariro são muito<br />

apreciados na Europa. Mas no Brasil<br />

ele ainda é raro. Saiba por quê<br />

O<br />

Pleione Tongariro é uma das orquídeas preferidas da britânica<br />

Maren Talbot, que mora e produz espécies do gênero no Reino<br />

Unido. A velocidade com que a planta se multiplica aumenta<br />

rapidamente o colorido rosa da florada e é o que mais agrada a especialista.<br />

“Quatro anos atrás, meu Pleione Tongariro tinha cinco pseudobulbos. Hoje<br />

tem setenta”, conta. Nada a estranhar, já que cada pseudobulbo da planta<br />

produz dois ou três novos por ano.<br />

No entanto, é difícil cultivar – e consequentemente encontrar – o Pleione<br />

Tongariro no Brasil. Desenvolvido pelo cruzamento de plantas nativas<br />

de regiões de altitudes elevadas da China e de outros países asiáticos, o<br />

híbrido gosta de estações do ano bem definidas e precisa passar por inverno<br />

rigoroso para florescer. Mas Maren, que já veio ao Brasil para encontrar e<br />

conhecer orquídeas nativas da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, acredita<br />

que nessa e em outras regiões serranas – com temperaturas que não caiam<br />

Em quatro anos, o Pleione<br />

Tongariro de Maren Talbot<br />

ficou com 70 pseudobulbos<br />

Foto e planta: Maren Talbot


47<br />

As flores de labelo<br />

intensamente<br />

franjado surgem<br />

na primavera


48<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

CONHEÇA MELHOR<br />

O Pleione<br />

Tongariro perde<br />

a folha no<br />

inverno, quando<br />

entra em estado<br />

de dormência<br />

Fotolia<br />

abaixo de zero e não excedam<br />

28 o C –, os Pleione podem crescer.<br />

Além disso, a orquidófila tem<br />

uma dica para quem deseja manter<br />

os Pleione em regiões com invernos<br />

brandos: colocá-los na geladeira nessa<br />

época para estimular a floração. A<br />

temperatura da geladeira não pode<br />

ser inferior a zero e é preciso limpar<br />

a terra dos pseudobulbos, aplicar um<br />

fungicida e colocá-los dentro de um<br />

saco de papel antes de guardá-los.<br />

“O saco nunca deve ser de plástico<br />

porque o material abafa, o que<br />

incentiva a podridão e a proliferação<br />

de fungos”, ressalta a especialista.<br />

PARTICULARIDADES<br />

Desenvolvido em 1981, na<br />

Inglaterra, por Ian Butterfield,<br />

o Pleione Tongariro resulta do<br />

cruzamento entre o Pleione<br />

pleionoides, espécie encontrada em<br />

florestas de altitude entre 1.750 m<br />

e 2.250 m da China, e o primeiro<br />

híbrido artificial do gênero, o Pleione<br />

Versailles, criado em 1966.<br />

Ele é uma orquídea terrestre e<br />

floresce na primavera, após passar<br />

por um período de dormência e<br />

perder as folhas. Com cerca de<br />

5 cm de diâmetro, as flores têm<br />

pétalas e sépalas finas que destacam<br />

Existem variedades<br />

da espécie com<br />

flores de colorido<br />

um pouco diferente<br />

ainda mais a beleza do labelo tubular,<br />

intensamente franjado e decorado por<br />

manchas alaranjadas. Mas existem<br />

variedades da espécie com cores um<br />

pouco diferentes.<br />

COMO CULTIVAR<br />

O vaso para o cultivo do Pleione<br />

Tongariro deve ter cerca de 11 cm de<br />

profundidade. O substrato pode ser<br />

composto por partes iguais de terra,<br />

areia e pedra brita para ficar mais solto.<br />

Acrescentar um pouco de esfagno<br />

também é interessante para ajudar a<br />

manter a umidade adequada.<br />

A planta deve ser colocada<br />

sob meia-sombra e regada apenas<br />

quando os novos pseudobulbos<br />

brotarem. “Comece oferecendo<br />

pouca água a cada um ou dois dias<br />

e aumente a quantidade à medida<br />

que a planta cresce. Após as folhas se<br />

desenvolverem, regue apenas quando<br />

o substrato secar, o que demora<br />

cerca de uma semana. No fim do<br />

outono, suspenda as regas”, explica<br />

Maren Talbot. Quanto às adubações,<br />

elas devem ser quinzenais, com<br />

fertilizante equilibrado (NPK 20-20-<br />

20) durante o desenvolvimento dos<br />

pseudobulbos e, para estimular a<br />

florada, rica em fósforo (NPK 4-14-8)<br />

após eles se desenvolverem.<br />

Segundo Maren, não é raro o<br />

aparecimento de pragas na planta.<br />

Por isso, também é recomendado<br />

aplicar uma solução fraca de água e<br />

sabão de tempos em tempos.<br />

Após a florada, as folhas vão<br />

murchar. Retire-as para evitar<br />

que a planta gaste mais energia<br />

do que o necessário, desenterre<br />

os pseudobulbos, limpe-os e<br />

coloque o Pleione para “dormir”<br />

no vaso – dentro de um novo<br />

substrato – ou na geladeira.


49<br />

As flores medem<br />

cerca de 5 cm, têm<br />

pétalas e sépalas<br />

finas e labelo tubular,<br />

franjado na ponta


50<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

CURIOSIDADES<br />

O preço de<br />

uma orquídea<br />

Entenda por que<br />

algumas orquídeas<br />

valem dez reais e outras<br />

mais de vinte mil<br />

Por Gabi Bastos<br />

Todas as orquídeas são nobres. Mas basta<br />

ir a gardens, orquidários, exposições e<br />

até supermercados para perceber que<br />

umas parecem mais nobres do que outras – ou<br />

pelo menos custam mais. Quem está começando<br />

na orquidofilia pode até ficar confuso com as<br />

diferenças de preços. Há plantas de dez reais e<br />

outras que chegam a custar mais de vinte mil. E o<br />

espanto pode ficar ainda maior quando a pessoa<br />

percebe que uma micro-orquídea, com flores<br />

bem pequenininhas, chega a valer bem mais que<br />

o dobro do que aquela outra espécie de flores<br />

enormes e vistosas. Mas a diferença de valor entre<br />

as espécies tem uma explicação histórica e outra<br />

bem conhecida: a lei da oferta e da procura.<br />

É a lei da oferta<br />

e da procura:<br />

orquídeas<br />

produzidas em<br />

grande quantidade<br />

custam mais<br />

barato do que<br />

plantas difíceis<br />

de multiplicar<br />

História de prestígio<br />

Quando as orquídeas começaram a ser<br />

comercializadas na Europa, no século 19, ninguém<br />

sabia como semeá-las. Por isso, elas eram raras e<br />

valiam verdadeiras fortunas. Tanto que ter uma<br />

orquídea era sinal de prestígio.<br />

Vendidas em catálogos nobres – como o de<br />

William Thompson, criado em 1898 (A) – ou<br />

colocadas em leilões, as orquídeas comercializadas<br />

eram, na maioria, “roubadas” da <strong>Natureza</strong> em países


51<br />

Shutterstock<br />

Panfleto de divulgação: Reprodução<br />

<strong>Orquídeas</strong>, de Peter Mckenzie Black,<br />

AO Livro Técnico S/A<br />

A<br />

tropicais por verdadeiros caçadores de plantas, figuras comuns<br />

naquela época. As poucas espécies que não se encaixavam nessa<br />

situação eram fruto de divisão da touceira desses exemplares.<br />

A história começou a mudar, e o preço das orquídeas a cair,<br />

no século 20, quando os botânicos, enfim, descobriram que as<br />

sementes das orquídeas não têm reserva de nutrientes e precisam<br />

entrar em simbiose com um fungo para germinarem. Com<br />

base nesse conhecimento, os especialistas desenvolveram uma<br />

técnica para reproduzir essa condição artificialmente e passaram<br />

a multiplicar as orquídeas em grande quantidade. Grande<br />

mesmo, já que cada cápsula – fruto – de uma orquídea tem<br />

centenas, às vezes milhares, de sementes, o que tornou as<br />

plantas mais acessíveis.<br />

A descoberta também possibilitou o desenvolvimento<br />

de híbridos e, consequentemente, de plantas melhoradas<br />

geneticamente para ficarem mais resistentes e bonitas.<br />

Antigamente, as orquídeas eram raras e vendidas<br />

a preços absurdos em catálogos como o de William<br />

Thompson, criado em 1898. Hoje, há espécies populares<br />

vendidas em supermercados a preços bem razoáveis<br />

Fotos: Fotolia


52<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

CURIOSIDADES<br />

1<br />

Fotos: Shutterstock<br />

Uma cápsula de orquídea pode ter milhares de sementes.<br />

Por isso, plantas semeadas, como algumas Cattleya (à esquerda)<br />

e Dendrobium (à direita), começaram a custar menos<br />

Fotos: Fotolia<br />

Para as sementes das orquídeas<br />

germinarem é necessário utilizar uma<br />

técnica assimbiótica in vitro, com uma base<br />

nutritiva de minerais essenciais e açúcares<br />

Melhoramento genético e baixo custo<br />

No Brasil, as orquídeas começaram a ficar mais populares<br />

no final do século 20. A bióloga Sandra Altenburg – neta de Rolf<br />

Altenburg (1909-2009), um dos pioneiros em hibridação de orquídeas<br />

no país – acompanhou a evolução do mercado de perto e conta<br />

que é normal o valor de uma espécie diminuir ao longo do tempo:<br />

“A seleção constante das plantas utilizadas em cruzamentos antecipa<br />

o tempo da primeira florada, o que diminui bastante o custo de<br />

produção. Além disso, a concorrência aumenta quando a planta fica<br />

conhecida”, conta.<br />

Entre as orquídeas que passaram por esse processo e hoje em dia podem<br />

ser encontradas a preços bem acessíveis estão muitos Dendroboium (1)<br />

e Cattleya (2) híbridos. Sem intermediários, é possível adquirir algumas<br />

dessas plantas por R$ 10 a R$ 35. Exemplares entouceirados naturalmente<br />

são mais caros porque levam anos para ganhar corpo. E tempo é dinheiro.


53<br />

Técnica in vitro e meristemagem<br />

permitem produzir as plantas em<br />

quantidade, o que diminui seu valor<br />

Fama e plantas iguais<br />

Outra técnica desenvolvida para<br />

multiplicar as orquídeas que mudou o<br />

rumo do mercado é a multiplicação por<br />

meristema, um tipo de clonagem que produz<br />

plantas idênticas à “mãe”. Afinal, saber o<br />

colorido, o tamanho e o formato das flores<br />

antecipadamente facilita o investimento e a<br />

comercialização, possibilitando até estimar<br />

quanto se vai lucrar com as vendas.<br />

O maior exemplo de sucesso de<br />

plantas produzidas por meristema é a<br />

Phalaenopsis (3). Com flores em forma<br />

de borboleta encontradas literalmente em<br />

todas as cores – até tingidas elas são –,<br />

essa orquídea é comercializada nos mais<br />

variados tamanhos: pequeno, médio, grande,<br />

enorme. No Veiling de Holambra – um dos<br />

maiores centros de comercialização de flores<br />

ornamentais do Brasil –, as Phalaenopsis<br />

estão entre as campeãs de venda.<br />

O preço dessas Phalaenopsis híbridas<br />

multiplicadas por meristema costuma<br />

ser razoável, entre R$ 50 e pouco mais<br />

de R$ 100. O valor aumenta em relação<br />

às espécies populares produzidas por<br />

sementeira, nem tanto pelo custo de<br />

produção, mas pelo investimento em<br />

tecnologia e exposição do produto.<br />

Pequenas Phalaenopsis são vendidas até<br />

em elaboradas caixas de presente.<br />

2<br />

Valerio Romahn<br />

A meristemagem é<br />

uma espécie<br />

de clonagem: o<br />

tecido da orquídeamãe<br />

é coletado<br />

e multiplicado<br />

em laboratório<br />

para criar plantas<br />

exatamente<br />

iguais à matriz<br />

A produção por meristema garante<br />

a qualidade de plantas como as<br />

Phalaenopsis que invadiram o mercado<br />

3


54<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

CURIOSIDADES<br />

Importação e a busca por novidade<br />

O clima e os royalties – espécie de direitos autorais –<br />

não permitem que todas as orquídeas sejam produzidas<br />

no Brasil. Além disso, a expertise na produção e o<br />

custo da mão de obra tornam mais barato importar<br />

algumas espécies do que produzi-las no país. Plantas<br />

famosas, como a Vanda (1), por exemplo, atualmente<br />

chegam aos milhares do Sudeste Asiático, por isso o<br />

preço delas diminuiu nos últimos anos. Se há uma<br />

década uma muda valia mais que R$ 300, hoje é<br />

possível adquiri-la por cerca de R$ 60.<br />

Em contrapartida, há plantas importadas, como<br />

o Dendrobium chrysopterum (2), que valem bem<br />

mais do que as Vanda porque são novidades no Brasil.<br />

Essas chegam em quantidades bem menores e custam<br />

um pouco mais caro por serem raras no país e pelo<br />

custo desse tipo de importação. Há muita burocracia<br />

e impostos envolvidos, ainda mais quando as plantas<br />

estão entrando no Brasil pela primeira vez.<br />

1 2<br />

Uma grande quantidade de Vanda chega ao Brasil<br />

anualmente. Isso diminuiu muito o seu valor<br />

quando comparado ao de tempos atrás<br />

Fotolia<br />

Plantas pouco conhecidas no<br />

Brasil, como o Dendrobium<br />

chrysopterum, são importadas em<br />

pequena quantidade e por isso<br />

custam mais caro que as Vanda<br />

Valerio Romahn


55<br />

4 3<br />

Gabi Bastos<br />

Touceiras que levaram anos para se desenvolver, como a do Dendrobium lindleyi<br />

(acima), e plantas premiadas com flores consideradas perfeitas,<br />

como as de muitas Cattleya walkeriana, são comercializadas como obras de arte<br />

Valerio Romahn<br />

Plantas entouceiradas e com história<br />

<strong>Orquídeas</strong> com histórias, premiadas ou com touceiras que levaram<br />

décadas para se desenvolver são como obras de arte, valem quanto o<br />

cultivador quiser cobrar. Entre as espécies premiadas que mais caras<br />

estão a Cattleya walkeriana (3) e a Cattleya nobilior por dois motivos: suas<br />

flores podem ter formas perfeitas e elas não aceitam muito bem a multiplicação<br />

por meristema, o que impossibilita a produção de plantas com flores idênticas às de<br />

outra. Por isso, alguns exemplares dessas orquídeas valem mais do que R$ 20 mil.<br />

Quanto às grandes touceiras de orquídeas – como a do Dendrobium<br />

lindleyi (4) – , o valor depende de vários aspectos: beleza da flores, velocidade<br />

com que a planta se multiplica, dificuldade de cultivo e disposição do dono<br />

em vender. Em geral essas orquídeas são de colecionadores e não estão à venda.<br />

“Quando alguém faz uma proposta, ou a pessoa rejeita de cara ou pede um preço<br />

absurdo esperando que o interessado não aceite e que o papo termine ali.<br />

Se o plano não der certo e o outro aceitar o valor, pelo menos fica a sensação<br />

de que valeu a pena”, explica o orquidólogo Cezar Wenzel .


56 Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

Especialista<br />

AULA DO<br />

As dicas de Erwin Bohnke para você entender<br />

como funciona o mundo das orquídeas<br />

Cochonilhas<br />

Saiba como elas agem, quando atacam e, principalmente, como<br />

eliminar essa praga muito comum em orquidários<br />

Inseto arredondado, com não mais de 3 mm cada,<br />

a cochonilha é uma das pragas mais comuns em<br />

orquidários. O pior é que ela se mostra de várias<br />

maneiras, o que torna sua identificação mais difícil.<br />

Existem dezenas de espécies diferentes do inseto.<br />

A cochonilha pode parecer um pequeno pedaço de<br />

algodão ou uma carapaça preta. Ela ainda pode ser<br />

encontrada com nuances marrons e amareladas.<br />

QUANDO ELAS ATACAM<br />

Como outras tantas pragas e doenças, as<br />

cochonilhas atacam plantas que não estão muito<br />

As cochonilhas podem<br />

ser bem diferentes<br />

umas das outras porque<br />

existem dezenas de<br />

espécies do inseto<br />

Fotos: Valerio Romahn<br />

Nonon onon ono nono nono nono<br />

onon ono nono nono nono onon<br />

ono nono nono nono ono nono<br />

nono noo nono nono non onon<br />

ono nono nono nononon<br />

Luísa Alvim Alvarenga / Flickr - Creative Commons


57<br />

saudáveis. Pode ser porque<br />

as orquídeas apresentam um<br />

desequilíbrio nutricional (falta ou<br />

excesso de adubo), porque não<br />

recebem água suficiente ou não<br />

estão em local bem ventilado.<br />

Também é comum a praga<br />

aparecer em plantas mantidas em<br />

ambientes muito diferentes do seu<br />

hábitat. Por exemplo: as Cattleya<br />

rupículas (1) (também conhecidas<br />

como Hoffmannseggella e Laelia<br />

rupículas) vivem fixadas em rochas<br />

de regiões de altitude de Minas<br />

Gerais, do Rio de Janeiro, do<br />

Espírito Santo e da Bahia,<br />

onde o clima é quente, seco e<br />

muito ventilado durante o dia e<br />

úmido e mais frio durante a noite.<br />

São situações extremas, difíceis de<br />

reproduzir em casa e que tornam<br />

essas plantas – e outras parecidas –<br />

muito suscetíveis ao ataque<br />

de cochonilhas.<br />

1<br />

Plantas mantidas<br />

em locais muito<br />

diferentes do seu<br />

hábitat são mais<br />

suscetíveis ao<br />

ataque da praga<br />

Na fase inicial, as cochonilhas<br />

parecem manchas, depois algumas<br />

adquirem o aspecto de algodão


58<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

AULA DO ESPECIALISTA<br />

Fotos: Erwin Bohnke<br />

As cochonilhas atacam, principalmente, as folhas mais novas<br />

das orquídeas e a base dos pseudobulbos<br />

Valerio Romahn<br />

As cochonilhas<br />

produzem uma<br />

carapaça para<br />

se protegerem<br />

de predadores e<br />

inseticidas<br />

COMO AGEM<br />

As cochonilhas atacam as folhas mais novas<br />

das orquídeas, a gema do pseudobulbos,<br />

localizada na base deles, e as raízes. Elas também<br />

costumam se esconder nas bainhas foliares secas.<br />

Para se alimentarem, esses insetos sugam a<br />

seiva da planta ao mesmo tempo em que<br />

eliminam um líquido tóxico que provoca a<br />

necrose das células, matando tecidos importantes<br />

para a realização da fotossíntese. Esse líquido<br />

tóxico também é adocicado e atrai formigas<br />

açucareiras, que servem de cavalo, transportando<br />

as cochonilhas de uma planta para outra.<br />

Atraídas pela substância<br />

adocicada que as<br />

cochonilhas liberam,<br />

formigas ajudam<br />

a transportar a praga<br />

de um vaso para o outro<br />

COMO IDENTIFICAR A PRAGA<br />

É mais fácil identificar as cochonilhas<br />

quando elas aparecem nas folhas mais novas. Mas, nessa fase, elas<br />

já costumam estar instaladas na base dos pseudobulbos, a gema. Na<br />

fase inicial, a praga se apresenta como pequenas manchas redondas,<br />

verde-claras com um pontinho branco, marrom ou preto no centro.<br />

Depois, os insetos se aglomeram – adquirindo muitas vezes o<br />

aspecto de algodão – e a planta começa a ficar com manchas e<br />

murchar até perder o vigor e, em caso extremo, morrer.<br />

Penarc / Wikmedia Commons


59<br />

Rega, ventilação e<br />

adubação frequentes<br />

ajudam a manter as<br />

cochonilhas longe<br />

COMO COMBATER<br />

Matar as cochonilhas não é tão fácil porque elas têm<br />

um eficiente sistema de defesa. Para se protegerem de<br />

ataques de predadores, e principalmente de venenos,<br />

elas produzem uma pequena carapaça cerosa. Dentro<br />

dessa carapaça existe reserva de ar que faz com que a<br />

praga sobreviva por um longo tempo.<br />

Para combater a cochonilha é recomendado<br />

retirar a planta do vaso e lavar com água e detergente<br />

– ou sabão – a orquídea inteira. Vale até utilizar uma<br />

escova de dentes de cerdas macias para retirar bem os<br />

insetos. Em casos extremos, é recomendado mergulhar<br />

a planta atacada num balde com água e um pouco de<br />

detergente e deixá-la assim por uma noite – use um<br />

peso para manter a planta dentro do balde. O detergente<br />

amolece e penetra na carapaça das cochonilhas,<br />

que morrem afogadas.<br />

Uma outra solução é pulverizar a planta inteira com<br />

uma mistura de 5 ml de Pinho Sol – esse desinfetante<br />

por algum motivo é mais eficiente – por litro d’água.<br />

A operação deve ser repetida após quinze dias para<br />

garantir que nenhum ovo vingue. Quem deve curtir<br />

orquídeas são os orquidófilos e não as cochonilhas.<br />

As cochonilhas sugam a seiva da planta e matam os<br />

tecidos causando manchas foliares como as da foto<br />

Medidas complementares e<br />

preventivas para combater as cochonilhas<br />

1. Eliminar as formigas<br />

2. Manter o ambiente de trabalho limpo, sem nenhuma<br />

planta morta ou partes atacadas<br />

3. Tratar as plantas infestadas assim que o problema for detectado<br />

4. Regar as orquídeas diariamente ou a cada dois dias<br />

5. Adubar com regularidade e sem excessos<br />

6. Manter as plantas em ambiente com boa<br />

luminosidade e ventilação<br />

7. Replantar as orquídeas com frequência<br />

Valerio Romahn<br />

Camarazevedo / Wikmedia Commons


60 Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

ALMANAQUE<br />

Curiosidades, dicas, novidades e outros assuntos do interesse de orquidófilos<br />

Evento<br />

Exposição tradicional em novo espaço<br />

A famosa exposição de primavera da Associação<br />

Orquidófila de São Paulo aconteceu entre os dias 25 e<br />

27 de setembro e foi uma festa. Com espaço gourmet,<br />

palco com shows diários e vinte e dois orquidários<br />

comercializando plantas a preços bem acessíveis, o<br />

evento tomou conta da área próxima ao lago do Parque<br />

Francisco Rizzo, em Embu das Artes – cidade localizada<br />

a 30 minutos da capital paulista. Na sua 93 a edição, a<br />

exposição da AOSP raramente aconteceu fora da sede da<br />

Associação, no bairro da Liberdade, em São Paulo.<br />

A exposição propriamente dita foi a principal<br />

atração. Localizada logo na entrada, ela contou com a<br />

participação de 32 associações orquidófilas brasileiras e<br />

mais de duas mil plantas no auge da florada. No palco<br />

dedicado às vencedoras, a grande premiada foi a Cattleya<br />

schilleriana (1), de Valmir Achiles Oliveira, do Círculo<br />

1<br />

1<br />

Fotos: Valerio Romahn<br />

Plantas de floradas espetaculares ganharam o pódio.<br />

Mas a grande vencedora da exposição foi a Cattleya<br />

schilleriana, de flores e folhagem perfeitas (à direita)<br />

Planta da coleção de Valmir Achiles Oliveira


Planta da coleção de Valmir Achiles Oliveira<br />

Americanense de Orquidófilos. “Além de apresentar<br />

flores de forma e colorido perfeitos, a folhagem da<br />

planta é um espetáculo. Não tem nenhuma pequena<br />

marca”, comentou Carmen Herrera, sócia da AOSP<br />

e responsável pela decoração do evento. Outras<br />

orquídeas que impressionaram os jurados foram<br />

a Cattleya aclandiae (2), pelo colorido das flores, e a<br />

Gastrorchis humblotii var. schlechteri (3) e o Dendrobium<br />

densiflorum pela magnitude da florada (4).<br />

4<br />

A a Cattleya aclandiae (acima) e a Gastrorchis humblotii<br />

var. schlechteri (abaixo) impressionaram os jurados<br />

2<br />

3<br />

A florada do Dendrobium densiflorum dava volta no vaso<br />

Plantas da coleção de Márcia Morimoto


62<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

ALMANAQUE<br />

História do leitor<br />

Cuidados no<br />

sítio e em casa<br />

Por: Diana Ravagnolli,<br />

32 anos, geóloga<br />

Meus pais, Luiz Carlos e Ilda, são apaixonados<br />

por orquídeas desde que eles eram adolescentes<br />

e há dez anos mantêm uma coleção de espécies<br />

sob uma parreira, em um sítio em Boicana,<br />

interior de São Paulo. Os dois viajam para<br />

lá todas as semanas para ver se as plantas<br />

precisam de mais adubo e água. Também, para<br />

conferir se alguma orquídea floresceu.<br />

Para curtir a beleza das plantas, eles levam<br />

as que estão floridas para nosso apartamento<br />

em São Paulo. Há sempre orquídeas enfeitando<br />

um canto próximo à janela para que recebam<br />

luminosidade. No local, também foi instalada<br />

uma fonte de água para não faltar umidade.<br />

Sempre em busca de informação para<br />

conseguirem floradas ainda mais incríveis,<br />

eles têm todas as edições da Revista<br />

<strong>Orquídeas</strong> da <strong>Natureza</strong>.<br />

As orquídeas mais bonitas, como a Cattleya híbrida, decoram a sala,<br />

em um cantinho com fonte de água para que não sintam falta de umidade<br />

O Casal Ilda e Luiz Carlos Ravagnolli no orquidário que mantêm sob uma parreira<br />

Homenagem<br />

Por: Luiz Filipe Varella, advogado e orquidólogo<br />

O Círculo Gaúcho de Orquidófilos perdeu no dia 30 de setembro,<br />

um de seus mais ativos sócios, Taimiro Santos Silva, oficial<br />

aposentado da Brigada Militar do RS, ex-árbitro de futebol e,<br />

sobretudo, figura marcante e de muitos amigos. Colecionador de<br />

espécies brasileiras, Taimiro era presença constante em exposições,<br />

onde suas orquídeas sempre se destacavam pela beleza e qualidade<br />

do cultivo, a exemplo da Christensonella<br />

neowiedii (à esquerda), da Laelia<br />

purpurata var. sanguinea a (abaixo) –<br />

vencedoras de exposições –<br />

e de muitas outras.<br />

Fotos: Luiz Filipe Varella<br />

Christensonella neowiedii<br />

(à esquerda) e Laelia<br />

purpurata var. sanguinea<br />

(à direita), cultivadas pelo<br />

orquidófilo Taimiro Santos<br />

Silva, de Viamão – RS


63<br />

Blocos<br />

ilustrados com<br />

Bulbophyllum,<br />

mini-phalaenopsis<br />

e Cattleya<br />

Produtos<br />

Para anotações<br />

A ilustradora botânica Liris Fujimori lançou uma<br />

coleção de caderninhos e bloquinhos de anotações.<br />

Eles medem entre 9 cm e 17 cm de altura e vêm<br />

estapados com mini-phalaenopsis, Bulbophyllum<br />

smitinandii ou Cattleya intermedia. O preço da unidade<br />

varia de R$ 12 a R$ 18, dependendo do modelo.<br />

Encomendas podem ser feitas pelo telefone<br />

(11) 99206-3802 ou por e-mail: lfujimori@gmail.com.<br />

Divulgação<br />

Para não errar na medida<br />

Com sensor de medida de peso de alta precisão, a<br />

colher funciona como uma balança e é ideal para não<br />

errar na medida da adubação. Tanto a falta quanto<br />

o excesso de produto prejudica o desenvolvimento<br />

da orquídea. A colher pesa até 500 gr, é feita de<br />

material que não descaca, tem uma pequena tela<br />

de led e funciona à bateria. Custa R$ 50, na Casa do<br />

Orquidophilo, site: www.casadoorquidofilo.com.br


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66<br />

Revista <strong>Orquídeas</strong><br />

Ilustração Botânica<br />

Um antigo Cypripedium parviflorum var. pubescens<br />

A ilustração da orquídea-sapatinho foi feita em<br />

1786 pelo alemão Georg Dionysius Ehret, a partir de<br />

uma planta coletada nos Estados Unidos. O famoso<br />

ilustrador botânico elevou esse tipo de pintura a um<br />

novo patamar, tanto como forma de ciência quanto<br />

como ramo da arte. Por isso, frequentemente as<br />

plantas que ele pintava era acompanhada de uma<br />

linda borboleta ou uma mariposa exótica.<br />

Apesar de Ehret nunca ter visitado a América,<br />

trabalhou em famosos Jardins Botânicos, como o<br />

de Chelsea Physic Garden, na Inglaterra, durante a<br />

época em que plantas de diversos países inundavam<br />

a Europa. Quando ele ilustrou o Cypripedium<br />

parviflorum var. pubescens, a orquídea ainda era<br />

chamada de Cypripedium pubescens e tinha florescido<br />

pela primeira vez fora do seu hábitat.<br />

Essa e outras histórias de<br />

ilustrações clássicas podem ser<br />

conferidas no livro “A Era de Ouro<br />

da Arte Botânica”, de Martyn Rix,<br />

botânico e editor da revista Curti’s<br />

Botanical, da Inglaterra. (Editora<br />

Europa, 256 págs., R$ 119,90)


<strong>Orquídeas</strong><br />

REVISTA<br />

da<br />

Pleione Tongariro<br />

Uma planta rara no Brasil<br />

que pode ser cultivada<br />

em regiões serranas<br />

Cattleya intermedia<br />

A orquídea tem dezenas<br />

de variedades. Algumas<br />

parecem ter três labelos<br />

Miltonia x leucoglossa<br />

Um híbrido natural de<br />

flores tigradas, perfumadas<br />

e fácil de cuidar<br />

Edição <strong>16</strong><br />

Ano 2<br />

www.europanet.com.brww.europanet.com.

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