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edição de 17 de setembro de 2018

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Fotos: Divulgação<br />

Ao fundo e sorrindo, Vitor Abud, educador e coor<strong>de</strong>nador do programa Kennedys, junto com alguns participantes<br />

André Lima, da NBS: “É preciso botar o pé na rua”<br />

morando o trabalho <strong>de</strong> comunicação a partir<br />

<strong>de</strong>ste diálogo. Segundo o criativo, a NBS olha<br />

para a periferia com um profundo respeito, e<br />

a consciência <strong>de</strong> que ela é a expressão mais<br />

realista do que é o Brasil. “E uma das coisas<br />

mais incríveis do mundo ultraconectado em<br />

que vivemos é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar voz a este<br />

enorme contingente <strong>de</strong> pessoas. Estamos<br />

vendo, e vamos ver cada vez mais, a periferia<br />

influenciando cultura e comportamento,<br />

estética e linguagem”, acredita.<br />

Uma das realizações mais emblemáticas<br />

da Rio+Rio é o projeto Favelagrafia, que<br />

por meio <strong>de</strong> fotos apresenta as comunida<strong>de</strong>s<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro sob a perspectiva dos<br />

próprios moradores. “É a materialização<br />

<strong>de</strong> algo que vemos diariamente no nosso<br />

cotidiano da NBS Rio+Rio: a periferia está<br />

repleta <strong>de</strong> talentos. Com um projeto muito<br />

bem estruturado e executado, permitimos<br />

que o mundo tivesse o privilégio <strong>de</strong> conhecer<br />

os incríveis trabalhos fotográficos<br />

<strong>de</strong> nove jovens ultratalentosos que moram<br />

na periferia”, diz. Com o apoio <strong>de</strong> algumas<br />

marcas, o projeto culminou com uma exposição<br />

no Museu <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna do Rio e<br />

continua vivo, com intensa produção dos<br />

artistas.<br />

PeriferiA in house<br />

Quem também olha com um cuidado<br />

muito especial para a periferia é a Wie<strong>de</strong>n<br />

+ Kennedy São Paulo. É <strong>de</strong>la o programa<br />

Os Kennedys, que oferece a jovens <strong>de</strong> diversas<br />

realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Paulo oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> formação e inclusão no mercado<br />

<strong>de</strong> comunicação, principalmente. São pessoas<br />

oriundas dos quatro cantos da cida<strong>de</strong><br />

e indicados por ONGs e universida<strong>de</strong>s que<br />

normalmente não estão no radar <strong>de</strong> contratação<br />

<strong>de</strong> agências. O projeto está em sua 3ª<br />

edição em <strong>2018</strong> e já “formou” 25 jovens entre<br />

18 e 27 anos.<br />

“não adianta discursar<br />

sobre as periferias e<br />

permanecer sentado<br />

em salas bonitas e<br />

refrigeradas”<br />

Segundo a agência, <strong>17</strong> <strong>de</strong>sses participantes<br />

do programa ainda estão no mercado,<br />

oito na Wie<strong>de</strong>n + Kennedy, outros na Africa,<br />

VML, F/Nazca Saatchi & Saatchi, Meza,<br />

Box1824, DPZ&T e O Boticário. Tão interessante<br />

quanto esses números é o nível<br />

<strong>de</strong> engajamento. Dos 165 funcionários da<br />

agência, cerca <strong>de</strong> 80 se envolvem todos os<br />

anos na iniciativa, atuando como professores,<br />

mentores ou gestores diretos <strong>de</strong>sses<br />

jovens. “Nós buscamos incentivar esses<br />

jovens a se conhecer e reconhecer neste<br />

um ano. E po<strong>de</strong> ser que, ao final, percebam<br />

que a publicida<strong>de</strong> não é a área que <strong>de</strong>sejam<br />

seguir, mas que durante a sua jornada por<br />

aqui <strong>de</strong>ixem, <strong>de</strong> alguma maneira, sua marca<br />

e levem um pouco da cultura da agência<br />

on<strong>de</strong> quer que forem”, explica Luciano Oliveira,<br />

finance and talent director.<br />

Cada Kennedy tem dois mentores, que<br />

os acompanham <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo. Junto<br />

com essa dupla, existe uma pessoa responsável<br />

exclusivamente pelo programa,<br />

que atua como facilitador <strong>de</strong> processos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento pessoal e tem um olhar<br />

individualizado para cada jovem. Somado<br />

a esse “trio”, ainda existe um processo <strong>de</strong><br />

sensibilização e formação dos gestores <strong>de</strong>sses<br />

jovens <strong>de</strong>pois que ele chega na área que<br />

quer atuar. “Todos têm e precisam oferecer<br />

algo nessa história: se por um lado a agência<br />

está alocando recursos humanos e financeiros<br />

para essa formação, os jovens precisam<br />

se entregar a essa experiência e buscar qual<br />

sentido <strong>de</strong>ssa oportunida<strong>de</strong> e o que eles<br />

têm para oferecer em contrapartida. E essa<br />

relação precisa ser colocada na mesa <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o primeiro dia”, pon<strong>de</strong>ra Oliveira.<br />

esPAço PArA o tAlento<br />

Quem também compreen<strong>de</strong> a relevância<br />

<strong>de</strong> contemplar pessoas com diferentes<br />

histórias <strong>de</strong> vida, incluindo profissionais<br />

sem o carimbo das tradicionais universida<strong>de</strong>s<br />

que há décadas abastecem o mercado<br />

mainstream <strong>de</strong> agências, é a Mutato. “Uma<br />

das premissas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nosso surgimento,<br />

é reunir colaboradores com pontos <strong>de</strong> vista<br />

diversos em times que conseguem entregar<br />

comunicação <strong>de</strong> marca que dialogue da<br />

melhor forma possível com as pessoas. É da<br />

multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experiências que saem as<br />

melhores i<strong>de</strong>ias, e o olhar periférico é parte<br />

integrante <strong>de</strong>la”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Eduardo Zanelato,<br />

diretor <strong>de</strong> cultura & relações com o mercado<br />

da Mutato.<br />

Para ele, muito do trabalho da agência<br />

passa por questionar verda<strong>de</strong>s absolutas e<br />

combater práticas recorrentes. Nesta linha<br />

<strong>de</strong> raciocínio, formação acadêmica não<br />

é um <strong>de</strong>terminante para alguém ser contratado<br />

pela Mutato. O exemplo vem <strong>de</strong><br />

casa: um dos dois sócios-fundadores não<br />

estudou em São Paulo e, outro, dos cinco<br />

integrantes do board, não tem diploma <strong>de</strong><br />

curso superior. A empresa afirma preferir a<br />

atitu<strong>de</strong>, experiência pregressa (em projetos<br />

profissionais ou não), a história pessoal e<br />

alguns traços comportamentais que consegue<br />

mapear nos processos seletivos.<br />

Segundo Zanelato, o mercado ainda continua<br />

muito homogêneo e avesso ao diferente.<br />

O resultado? A criação <strong>de</strong> ambientes<br />

que rapidamente expelem quem não aten-<br />

jornal propmark - <strong>17</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 37

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