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Fotos: Divulgação<br />
Ao fundo e sorrindo, Vitor Abud, educador e coor<strong>de</strong>nador do programa Kennedys, junto com alguns participantes<br />
André Lima, da NBS: “É preciso botar o pé na rua”<br />
morando o trabalho <strong>de</strong> comunicação a partir<br />
<strong>de</strong>ste diálogo. Segundo o criativo, a NBS olha<br />
para a periferia com um profundo respeito, e<br />
a consciência <strong>de</strong> que ela é a expressão mais<br />
realista do que é o Brasil. “E uma das coisas<br />
mais incríveis do mundo ultraconectado em<br />
que vivemos é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar voz a este<br />
enorme contingente <strong>de</strong> pessoas. Estamos<br />
vendo, e vamos ver cada vez mais, a periferia<br />
influenciando cultura e comportamento,<br />
estética e linguagem”, acredita.<br />
Uma das realizações mais emblemáticas<br />
da Rio+Rio é o projeto Favelagrafia, que<br />
por meio <strong>de</strong> fotos apresenta as comunida<strong>de</strong>s<br />
do Rio <strong>de</strong> Janeiro sob a perspectiva dos<br />
próprios moradores. “É a materialização<br />
<strong>de</strong> algo que vemos diariamente no nosso<br />
cotidiano da NBS Rio+Rio: a periferia está<br />
repleta <strong>de</strong> talentos. Com um projeto muito<br />
bem estruturado e executado, permitimos<br />
que o mundo tivesse o privilégio <strong>de</strong> conhecer<br />
os incríveis trabalhos fotográficos<br />
<strong>de</strong> nove jovens ultratalentosos que moram<br />
na periferia”, diz. Com o apoio <strong>de</strong> algumas<br />
marcas, o projeto culminou com uma exposição<br />
no Museu <strong>de</strong> Arte Mo<strong>de</strong>rna do Rio e<br />
continua vivo, com intensa produção dos<br />
artistas.<br />
PeriferiA in house<br />
Quem também olha com um cuidado<br />
muito especial para a periferia é a Wie<strong>de</strong>n<br />
+ Kennedy São Paulo. É <strong>de</strong>la o programa<br />
Os Kennedys, que oferece a jovens <strong>de</strong> diversas<br />
realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Paulo oportunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> formação e inclusão no mercado<br />
<strong>de</strong> comunicação, principalmente. São pessoas<br />
oriundas dos quatro cantos da cida<strong>de</strong><br />
e indicados por ONGs e universida<strong>de</strong>s que<br />
normalmente não estão no radar <strong>de</strong> contratação<br />
<strong>de</strong> agências. O projeto está em sua 3ª<br />
edição em <strong>2018</strong> e já “formou” 25 jovens entre<br />
18 e 27 anos.<br />
“não adianta discursar<br />
sobre as periferias e<br />
permanecer sentado<br />
em salas bonitas e<br />
refrigeradas”<br />
Segundo a agência, <strong>17</strong> <strong>de</strong>sses participantes<br />
do programa ainda estão no mercado,<br />
oito na Wie<strong>de</strong>n + Kennedy, outros na Africa,<br />
VML, F/Nazca Saatchi & Saatchi, Meza,<br />
Box1824, DPZ&T e O Boticário. Tão interessante<br />
quanto esses números é o nível<br />
<strong>de</strong> engajamento. Dos 165 funcionários da<br />
agência, cerca <strong>de</strong> 80 se envolvem todos os<br />
anos na iniciativa, atuando como professores,<br />
mentores ou gestores diretos <strong>de</strong>sses<br />
jovens. “Nós buscamos incentivar esses<br />
jovens a se conhecer e reconhecer neste<br />
um ano. E po<strong>de</strong> ser que, ao final, percebam<br />
que a publicida<strong>de</strong> não é a área que <strong>de</strong>sejam<br />
seguir, mas que durante a sua jornada por<br />
aqui <strong>de</strong>ixem, <strong>de</strong> alguma maneira, sua marca<br />
e levem um pouco da cultura da agência<br />
on<strong>de</strong> quer que forem”, explica Luciano Oliveira,<br />
finance and talent director.<br />
Cada Kennedy tem dois mentores, que<br />
os acompanham <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo. Junto<br />
com essa dupla, existe uma pessoa responsável<br />
exclusivamente pelo programa,<br />
que atua como facilitador <strong>de</strong> processos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento pessoal e tem um olhar<br />
individualizado para cada jovem. Somado<br />
a esse “trio”, ainda existe um processo <strong>de</strong><br />
sensibilização e formação dos gestores <strong>de</strong>sses<br />
jovens <strong>de</strong>pois que ele chega na área que<br />
quer atuar. “Todos têm e precisam oferecer<br />
algo nessa história: se por um lado a agência<br />
está alocando recursos humanos e financeiros<br />
para essa formação, os jovens precisam<br />
se entregar a essa experiência e buscar qual<br />
sentido <strong>de</strong>ssa oportunida<strong>de</strong> e o que eles<br />
têm para oferecer em contrapartida. E essa<br />
relação precisa ser colocada na mesa <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
o primeiro dia”, pon<strong>de</strong>ra Oliveira.<br />
esPAço PArA o tAlento<br />
Quem também compreen<strong>de</strong> a relevância<br />
<strong>de</strong> contemplar pessoas com diferentes<br />
histórias <strong>de</strong> vida, incluindo profissionais<br />
sem o carimbo das tradicionais universida<strong>de</strong>s<br />
que há décadas abastecem o mercado<br />
mainstream <strong>de</strong> agências, é a Mutato. “Uma<br />
das premissas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nosso surgimento,<br />
é reunir colaboradores com pontos <strong>de</strong> vista<br />
diversos em times que conseguem entregar<br />
comunicação <strong>de</strong> marca que dialogue da<br />
melhor forma possível com as pessoas. É da<br />
multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experiências que saem as<br />
melhores i<strong>de</strong>ias, e o olhar periférico é parte<br />
integrante <strong>de</strong>la”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Eduardo Zanelato,<br />
diretor <strong>de</strong> cultura & relações com o mercado<br />
da Mutato.<br />
Para ele, muito do trabalho da agência<br />
passa por questionar verda<strong>de</strong>s absolutas e<br />
combater práticas recorrentes. Nesta linha<br />
<strong>de</strong> raciocínio, formação acadêmica não<br />
é um <strong>de</strong>terminante para alguém ser contratado<br />
pela Mutato. O exemplo vem <strong>de</strong><br />
casa: um dos dois sócios-fundadores não<br />
estudou em São Paulo e, outro, dos cinco<br />
integrantes do board, não tem diploma <strong>de</strong><br />
curso superior. A empresa afirma preferir a<br />
atitu<strong>de</strong>, experiência pregressa (em projetos<br />
profissionais ou não), a história pessoal e<br />
alguns traços comportamentais que consegue<br />
mapear nos processos seletivos.<br />
Segundo Zanelato, o mercado ainda continua<br />
muito homogêneo e avesso ao diferente.<br />
O resultado? A criação <strong>de</strong> ambientes<br />
que rapidamente expelem quem não aten-<br />
jornal propmark - <strong>17</strong> <strong>de</strong> <strong>setembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 37