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Revista Apólice #236

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Ano 23 - nº 236<br />

Setembro 2018<br />

Emir Zanatto, COO;<br />

Omar Ajame. CEO e<br />

Bruno Zangari, CFO


2


editorial<br />

Ano 23 - nº 236<br />

Setembro 2018<br />

Esta revista é uma<br />

publicação independente<br />

da Correcta Editora Ltda<br />

e de público dirigido<br />

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Tiragem:<br />

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Nacional<br />

Periodicidade:<br />

Mensal<br />

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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />

Que a intolerância<br />

não triunfe<br />

As eleições majoritárias estão chegando e, como nunca,<br />

vemos o discurso do ódio proliferando-se de lado a lado. Independente<br />

de ser esquerda ou direita, as pessoas deixaram<br />

os argumentos para trás e deram voz ao seu “fígado”, à raiva<br />

de vários anos que passou a ser canalizada para o discurso<br />

político.<br />

O princípio da democracia é justamente a institucionalização<br />

da liberdade humana, o que significa que as pessoas<br />

devem falar e ser ouvidas. A sociedade vive um momento<br />

em que não quer ouvir o outro, não respeita as regras mínimas<br />

de convivência. Aprender a ouvir quem pensa diferente<br />

de nós é uma experiência enriquecedora, porque ratifica nosso<br />

pensamento ou nos faz ver um outro lado. O contraditório<br />

faz parte da vida.<br />

Independentemente de quem serão os eleitos, em qualquer<br />

esfera governamental, as outras partes devem aceitar,<br />

ou partiremos para a barbárie. A única arma que podemos, e<br />

devemos, usar é o voto. Este é o momento.<br />

Momento muito especial vive também o mercado de<br />

seguros. Nosso delicado estágio econômico nos mostra que<br />

as empresas definitivamente precisam descobrir novos meios<br />

de conseguir manter os padrões de faturamento aos quais<br />

estavam acostumadas. Por isso, neste mês fizemos um especial<br />

de seguros pelo mundo, para mostrar as experiências internacionais<br />

em termos de produtos e serviços. Os mercados<br />

tradicionais e saturados procuram identificar as tendências<br />

do mundo digital para criar novos produtos. Os mercados<br />

emergentes tentam pulverizar a distribuição dos produtos já<br />

existentes, além de identificar novas formas de distribuição.<br />

Boa leitura!<br />

Diretora de Redação<br />

Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />

3


sumário<br />

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painel<br />

gente<br />

capa<br />

TEx continua firme em seu propósito de prestar serviços para corretores de<br />

seguros de diversos portes, aumentando a capacidade de tomada de decisão<br />

dos players do setor<br />

seguros pelo mundo<br />

características<br />

Especialistas mostram como funcionam a regulamentação do segmento e a<br />

distribuição de seguros no Japão e nos Estados Unidos, além das tendências<br />

de mercado nos dois países<br />

produtos<br />

Carteiras de Vida e Saúde despontam na contratação, enquanto RC e cyber<br />

risks são grandes oportunidades a serem exploradas pela indústria<br />

microsseguro<br />

Seguradoras globais miram as necessidades da população de baixa renda<br />

para que as famílias desenvolvam resiliência contra os riscos cotidianos e<br />

sigam em frente<br />

brics<br />

Os emergentes Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul seguem com capacidade<br />

de crescimento elevada para o setor e como imã de players mundiais<br />

de seguros<br />

seguradora<br />

Com mais de 140 opções de produtos para pessoas físicas e jurídicas, Zurich<br />

aposta no segmento de massificados, como auto, residencial e empresariais<br />

operação<br />

Saúde Concierge desenvolveu método de gestão de saúde através de tecnologia<br />

que utiliza Inteligência Artificial e Big Data para diminuir o índice de<br />

sinistralidade das carteiras<br />

economia<br />

Seguradoras cortam projeção de desempenho para 2018 pela metade em um<br />

movimento que visa inserir a realidade da previdência privada nos números<br />

serviço<br />

Classic Seguros aposta em plataforma digital de vendas através de parceria<br />

com empresa de tecnologia, para ter a robustez necessária ao comércio online<br />

bike<br />

Bicicletas e ciclistas também necessitam de proteção. Argo Seguros aposta<br />

neste mercado e apresenta novo produto para bikes elétricas, com contratação<br />

ágil e 100% digital<br />

regulação<br />

McLarens expande negócios na América Latina e vê no Brasil uma oportunidade<br />

para colocar sua expertise em prática: regular sinistros com qualidade<br />

legislação<br />

Haüptli Advogados & Associados reúne especialistas para debater assuntos<br />

relevantes ao mercado de seguros<br />

comunicação


5


painel<br />

• ndecisão<br />

Companhia suspende RC<br />

Profissional para área da saúde<br />

A operação internacional da AIG decidiu descontinuar sua<br />

linha de seguros de Responsabilidade Civil Profissional para a<br />

área da Saúde e deixará de oferecer esta modalidade de seguro<br />

em todos os países onde a opera, fora dos Estados Unidos.<br />

Trata-se de uma decisão estratégica que faz parte do processo<br />

de realinhamento dos negócios da companhia. A suspensão é<br />

válida também para o Brasil, país em que a AIG segue atuando<br />

com mais de 40 categorias de apólices de responsabilidade civil<br />

profissional, como para advogados, contadores, corretores de<br />

seguros, cartórios, entre outros.<br />

“O Brasil é um país estratégico para a expansão de parcerias<br />

estratégicas com parceiros de negócios para o fortalecimento<br />

da marca no mercado de grandes riscos, pequenas e médias<br />

empresas e viagem”, afirmou a seguradora, em nota.<br />

• ntecnologia 2<br />

Startups apresentam propostas ao<br />

setor<br />

O SindSeg Insurtech Connection encerrou suas atividades<br />

com a realização do demoday, na capital mineira. Representantes<br />

de 12 startups apresentaram as propostas desenvolvidas durante o<br />

processo de aceleração, ocorrido entre 2 de julho e 7 de agosto. Os<br />

trabalhos foram intermediados pela aceleradora Tropos Lab, que<br />

em parceria com o SindSeg MG/GO/MT/DF promoveu as conexões<br />

entre as seguradoras e as startups. Ao final da apresentação, foram<br />

entregues certificados de participação às 12 startups. Os representantes<br />

das seguradoras também elegeram a ideia vencedora. Cada<br />

um deles recebeu 10 fichas, onde cada uma representava o montante<br />

fictício de R$ 1 milhão. A startup que mais recebeu investimentos<br />

foi a O2OBots, de Florianópolis (SC). A proposta apresentada pela<br />

empresa, que também foi premiada com R$ 5 mil, consiste na utilização<br />

de um robô com inteligência artificial para vender seguros.<br />

Paulo Renato Cabral, Angelo Vargas, Abel Dias, Leonardo<br />

Rochadel, Leandro Godinho e Augusto Matos<br />

• ntecnologia<br />

Ferramenta permite auto<br />

inspeção pelo celular<br />

Os clientes da Mitsui Sumitomo agora podem fazer<br />

a auto inspeção pelo celular para seguros residencial e<br />

empresarial, comércio e serviços.<br />

A ferramenta online permite<br />

que o próprio segurado realize<br />

a inspeção de sua casa e de seu<br />

negócio, sem visitas de terceiros<br />

e sem necessidade de downloads<br />

de aplicativos. Através de um link<br />

via SMS, ele é direcionado para<br />

a ferramenta, que realiza todo<br />

o processo em menos de cinco<br />

minutos e trabalha em tempo real, com envio de fotos e<br />

geolocalização. “Investimos em novas tecnologias com<br />

o objetivo de facilitar o processo de contratações para o<br />

corretor e melhorias de produtos e serviços para os segurados.<br />

A auto inspeção é um exemplo simples e inovador,<br />

que garante agilidade, segurança e comodidade aos nossos<br />

clientes”, ressalta Eliane Caetano, diretora de Produtos.<br />

• nrisco<br />

Empresas estão despreparadas<br />

para enfrentar ciberataques<br />

As restrições no orçamento para prevenção de ataques<br />

cibernéticos é um dos principais problemas nas empresas<br />

e muitas delas atuam sem um programa estruturado de<br />

combate a ameaças digitais. Isso faz com que apenas 4%<br />

das empresas se sintam preparadas para enfrentar ataques<br />

cibernéticos, segundo resultados do estudo anual realizado<br />

pela Ernst & Young com 1200 executivos da área de segurança<br />

da informação e TI em todo o mundo.<br />

A pesquisa aponta que aumentar os investimentos nesta<br />

área é um pedido de 70% dos executivos entrevistados,<br />

que dizem requerer 25% ou mais financiamento para o<br />

trabalho. De 2016 para 2017, houve uma alta orçamentária<br />

para 59% das companhias, mas apenas 12% acreditam que<br />

terão valores pelo menos 25% maiores. No Brasil, o número<br />

de empresas que registraram aumento no orçamento para<br />

cibersegurança é menor: 52% ante os 59% globais.<br />

6


• nproduto 2<br />

Seguro Carta Verde adicionado ao<br />

portfólio<br />

A Zurich passou a oferecer o Seguro Carta Verde. O produto<br />

garante o reembolso de danos materiais e corporais causados por<br />

terceiros em acidentes com veículos nos países do Mercosul (Argentina,<br />

Paraguai e Uruguai). A cobertura é obrigatória nesses países<br />

e deve ser adquirida antes do início da viagem. O veículo segurado<br />

deve necessariamente ser de passeio particular ou de aluguel, não<br />

licenciado no país de ingresso.<br />

A cobertura está disponível através do CotaZ para veículos<br />

da categoria passeio, pick-up e utilitário, e também pode ser adicionada<br />

a apólice vigente<br />

através de endosso, até o<br />

fim da vigência e mediante<br />

a cobrança do prêmio<br />

devido; ou no momento de<br />

renovação 1Click, quando<br />

o cliente deverá utilizar a<br />

opção “modificar a cotação”<br />

para realizar a alteração<br />

desejada.<br />

• ninternacional<br />

Mercado cresce na América<br />

Latina<br />

Um levantamento da área de Serviço de Estudos<br />

da Mapfre sobre o mercado de seguros na América<br />

Latina revelou que, em 2017, o setor cresceu 9,3%<br />

nessa região – ou seja, os 25 maiores grupos seguradores<br />

incluídos no ranking de 2017 registraram US$<br />

8,9 milhões a mais em prêmios que no ano anterior.<br />

Segundo o documento, o incremento no faturamento<br />

das seguradoras deu-se por meio da valorização de<br />

algumas moedas em relação ao dólar. No total, o setor<br />

atingiu US$ 158,5 milhões em prêmios no período.<br />

Entre os produtos de maior abrangência na região,<br />

o segmento Não Vida obteve aproximadamente<br />

US$ 86,2 bilhões em prêmios, aproximadamente 9,6%<br />

mais que em 2016. Com isso, o Brasil é considerado<br />

o principal mercado da América Latina ao alcançar<br />

receitas que apresentaram bom desempenho graças<br />

à valorização da moeda local.<br />

7


painel<br />

• nmudança<br />

Agência revisa perspectiva do<br />

setor no Brasil<br />

A agência americana de classificação de risco de crédito<br />

Moody’s mudou a perspectiva para a indústria de seguros<br />

brasileira para os próximos 12 a 18 meses de negativa para<br />

estável, uma vez que espera um aumento no volume de prêmios<br />

e rentabilidade estável na esteira de um melhor ritmo de<br />

contratações apesar do crescimento econômico lento.<br />

O setor também pode se beneficiar do debate vigente sobre<br />

a reforma da previdência, que custa mais de 10% do PIB ao<br />

Brasil. A implementação de uma reforma criaria novas oportunidades<br />

de crescimento para a indústria de seguros, já que os<br />

pensionistas teriam de buscar produtos de vida e previdência<br />

para complementar ou substituir benefícios futuros menores.<br />

A recente criação do seguro vida universal é outra fonte de<br />

potenciais oportunidades de crescimento para o segmento,<br />

avaliou a Moody’s.<br />

• nprocesso<br />

Fonte: Investing.com<br />

Multinacionais querem<br />

centralizar seguros na matriz<br />

Uma pesquisa feita pela Fundação Dom Cabral revelou<br />

que o índice médio de internacionalização das multinacionais<br />

brasileiras saltou de 23,2% para 27,7% entre 2014 e 2016,<br />

e que Estados Unidos e Argentina constituem o principal<br />

destino da internacionalização das empresas brasileiras.<br />

“Essa solução, que concede mais agilidade às operações,<br />

já é adotada por grande parte das corporações globais<br />

de origem norte-americana e europeia”, diz Flávio Bauer,<br />

vice-presidente para divisão de Global Account da Chubb<br />

América Latina.<br />

Conforme o executivo, a adoção de um só programa<br />

de seguros centralizado na matriz permite melhor<br />

controle, custos geralmente mais adequados e evita a<br />

ocorrência de “surpresas”<br />

decorrentes de leis locais,<br />

temas regulatórios, assuntos<br />

fiscais, estabilidade política,<br />

riscos de responsabilização,<br />

costumes e exposição a<br />

catástrofes. “A administração<br />

dos riscos cobertos pelos<br />

seguros se torna cada vez<br />

mais complexa, na medida<br />

em que a organização se<br />

internacionaliza”, ressalta.<br />

• nprograma<br />

Certificação em planejamento<br />

financeiro<br />

A Porto Seguro Vida<br />

e Previdência e o Ibmec<br />

lançaram o Programa Especialistas<br />

em Planejamento<br />

Financeiro, desenvolvido<br />

exclusivamente para corretores.<br />

A iniciativa prepara os<br />

profissionais para oferecer<br />

a solução financeira e de<br />

proteção de renda mais adequada<br />

à necessidade de cada<br />

cliente. Através de processo<br />

seletivo, foram selecionados 80 corretores, que serão divididos<br />

em duas turmas. Fernanda Pasquarelli, diretora de Vida,<br />

Previdência e Investimentos da Porto Seguro, enfatizou a<br />

importância do programa para o mercado que se apresenta.<br />

“É fundamental entender que estamos passando por mudanças<br />

demográficas. As pessoas vivem mais. O corretor precisa<br />

entender esse novo cenário e ter autoridade para argumentar<br />

sobre as oportunidades que surgem no ramo”.<br />

• ninternacional 2<br />

Seguro e gerenciamento<br />

de risco para cannabis<br />

A corretora norte-americana<br />

Hub International lançou<br />

um serviço de seguro e<br />

gerenciamento de risco para<br />

cannabis, dentro de sua prática<br />

de agroindústria e especialidades<br />

agrícolas. Os produtores,<br />

distribuidores e varejistas<br />

de maconha para uso médico e<br />

recreativo poderão comprar coberturas,<br />

incluindo seguro de responsabilidade geral e de produtos,<br />

responsabilidade de práticas de funcionários e diretores e<br />

executivos, seguro de safras e seguro de transporte e gerenciamento<br />

de segurança de frota, bem como gerenciamento<br />

de risco e conformidade regulatória. Os serviços serão<br />

administrados pela TJ Frost e pela Phaedra Andrusiak,<br />

líderes do segmento de cannabis nos EUA e no Canadá,<br />

respectivamente. Embora a maconha ainda seja ilegal sob<br />

a lei federal dos EUA, 29 estados e o Distrito de Colúmbia,<br />

Guam e Porto Rico legalizaram-na para fins medicinais,<br />

e oito estados a permitem para uso recreativo. O Canadá<br />

legalizou a maconha recreativa e a maconha medicinal e<br />

tem quase 100 produtores de cannabis.<br />

8


• ninternacional 3<br />

Equador passa a exigir<br />

seguro saúde dos<br />

turistas<br />

A partir deste mês, o seguro saúde se<br />

torna obrigatório para os turistas que quiserem<br />

visitar o Equador. A obrigatoriedade<br />

foi estabelecida em fevereiro deste ano, de<br />

acordo com a Lei Orgânica da Mobilidade<br />

Humana. Agora, qualquer pessoa que entre no<br />

país precisa ter um seguro saúde público ou<br />

privado durante a estadia. Com a nova norma,<br />

o Equador não estabelece um valor mínimo<br />

para a apólice, mas exige que o viajante tenha<br />

um seguro saúde que cubra acidentes ou<br />

doenças e que valha para todos os dias da viagem.<br />

A decisão do governo equatoriano não<br />

é inédita e está se tornando uma tendência<br />

no mundo. A medida havia sido adotada em<br />

1985 pela Europa com o Tratado de Schengen.<br />

Na América Latina, Venezuela e Cuba também<br />

exigem o seguro saúde para entrar no país.<br />

• neleição<br />

Nova diretoria do CCS-SP<br />

Liderada pelo atual secretário Evaldir Barboza de Paula, a chapa única<br />

foi eleita por aclamação para comandar o CCS-SP na gestão 2018/2020.<br />

Compõem a diretoria o ex-mentor Nilson Arello Barbosa (secretário), Jorge<br />

Teixeira Barbosa (tesoureiro) e na Junta Fiscalizadora Ivone Elise Gonoretske,<br />

Nilson Moraes e Raquel A. Mangue Gomes. Entre as propostas da<br />

nova gestão estão a modernização e a adequação da atuação da entidade<br />

às novas demandas da categoria, a valorização da marca do CCS-SP (que<br />

completou 45 anos de atuação) e a reformulação do estatuto, que passou por<br />

apenas duas alterações nesse período. Também está nos planos da diretoria<br />

eleita criar novos<br />

canais para<br />

manifestações,<br />

opiniões e sugestões<br />

dos associados<br />

e estimular<br />

a produção<br />

intelectual<br />

dos associados,<br />

abrindo espaço<br />

para a publicação<br />

de artigos e<br />

trabalhos.<br />

Nilson Moraes, Ivone Gonoretske, Evaldir Barboza de<br />

Paula, Raquel Gomes, Jorge Teixeira e Nilson Arello<br />

9


painel<br />

• ¢ joint venture<br />

Proteção para clientes<br />

empresariais<br />

• ndestaque<br />

Homenagem na Câmara<br />

Municipal do Rio<br />

O presidente do CVG-RJ, Carlos Ivo Gonçalves, recebeu<br />

uma Moção de Reconhecimento e Aplausos na Câmara<br />

Municipal do Rio de Janeiro. A iniciativa foi do vereador<br />

Marcelino D’Almeida. “Fico lisonjeado em receber esta<br />

honrosa moção. Como atual líder do CVG-RJ, é um reconhecimento<br />

também da importância do trabalho que realizamos<br />

na instituição”, agradeceu o homenageado. A cerimônia foi<br />

realizada no Plenário Teotônio Villela, no Palácio Pedro<br />

Ernesto, no centro da cidade.<br />

Luciano Calabró Calheiros e Marco Antonio Gonçalves<br />

A Swiss Re Corporate Solutions Brazil, que nasceu da<br />

joint venture entre a empresa suíça e a Bradesco Seguros,<br />

enfatiza os negócios com os corretores para que estes<br />

ofereçam proteção completa aos clientes corporativos. “A<br />

razão desta união foi ter acesso ao canal corretor, pois nosso<br />

foco era nos grandes contratos”, destacou Luciano Calabró<br />

Calheiros, CEO da Swiss Re Corporate Solutions. “Queremos<br />

acesso regional para distribuir produtos de nossa carteira,<br />

que está mais completa”, disse.<br />

Antes da joint venture, a empresa dispunha de seguros<br />

agrícola e garantia. O leque foi ampliado para outros produtos<br />

de property, transportes e demais ramos. Agora, a companhia<br />

tem o desafio de acelerar as práticas, os processos<br />

e o conhecimento dos corretores sobre as coberturas e os<br />

produtos desenvolvidos. “Esta aceleração da capacitação<br />

dos corretores é para aproveitar oportunidades da demanda<br />

já existente entre o público atendido pela Bradesco Seguros”,<br />

pontuou Marco Antonio Gonçalves, diretor geral de<br />

Organização de Vendas da seguradora.<br />

• nbolsa<br />

Marcelino D’Almeida e Carlos Ivo Gonçalves<br />

Boas práticas de sustentabilidade<br />

A SulAmérica foi confirmada novamente no índice internacional<br />

de sustentabilidade FTSE4Good. Composto por<br />

empresas com práticas dos fatores ASG (ambiental, social e<br />

de governança), mais conhecida pela sigla em inglês ESG, a<br />

listagem se vale de<br />

dados de domínio<br />

público como relatórios<br />

financeiros e<br />

de sustentabilidade,<br />

atendendo aos<br />

critérios de seleção<br />

que analisam 300<br />

indicadores diversos.<br />

Com base nessa pontuação<br />

a companhia<br />

elevou o score de 3,7 para 3,9 (sendo 5 o máximo), com destaque<br />

para dimensão da governança e melhora na dimensão<br />

social. O FTSE4Good é aferido pela Financial Times Stock<br />

Exchange Rusell, uma divisão da bolsa de valores de Londres,<br />

que norteia investidores na identificação de empresas que<br />

zelam pelas boas práticas de mercado.<br />

10


• naniversário<br />

50 anos de atuação do Sincor MG<br />

Durante a confraternização, realizada em Belo Horizonte,<br />

a presidente da entidade, Maria Filomena Branquinho,<br />

lembrou de quem ajudou a fundar e a construir a história do<br />

Sindicato, além de ressaltar a inclusão da categoria no Simples<br />

como a maior conquista da instituição até o momento. “Essa<br />

conquista comprovadamente teve impacto positivo na saúde<br />

financeira de muitas corretoras de seguros”, comemorou.<br />

Maria Filomena também destacou a luta da entidade contra o<br />

seguro pirata e expôs sua opinião acerca da reforma trabalhista,<br />

que “embora necessária,<br />

deixou comprometida<br />

a subsistência das entidades<br />

sindicais”. “Peço<br />

para a classe que, junto<br />

a todo este orgulho de<br />

completar meio século de<br />

existência, tenha também<br />

a consciência e a responsabilidade<br />

com a continuidade<br />

do Sindicato”.<br />

• ncomemoração<br />

Entidade celebra 94 anos<br />

Um almoço realizado<br />

em Curitiba (PR) marcou<br />

a comemoração dos 94<br />

anos do Sindseg – PR/MS.<br />

O evento contou com a<br />

diretoria, Conselho Fiscal,<br />

Comissão Interna de Seguros<br />

Gerais e funcionários<br />

da entidade, além do<br />

presidente João Gilberto<br />

Possiede. A entidade, que<br />

iniciou as atividades como<br />

Comitê Local Paranaense<br />

de Seguros, recebeu a Carta Sindical em 1952. Chegou a<br />

funcionar como um comitê misto abrangendo os estados do<br />

Paraná e de Santa Catarina, mas foi desmembrada e permaneceu<br />

a maior parte de sua história como representante da<br />

atividade seguradora paranaense. Em 2006, passou a representar<br />

também o Mato Grosso do Sul, tendo inclusive uma<br />

sede em cada estado.<br />

11


GENTE<br />

Líderes para a Ásia<br />

Diretora de Recursos Humanos<br />

Patrícia da Silva Granizo<br />

Rodrigues é a nova diretora de<br />

Recursos Humanos da HDI Seguros.<br />

Ela tem como missão contribuir<br />

com o momento de transformação<br />

e inovação da companhia.<br />

A executiva acumula passagens<br />

por empresas como Johnson &<br />

Johnson, Natura, Arcor e L’Oréal.<br />

Superintendente de<br />

Agronegócio<br />

Executivo de<br />

Vendas para a<br />

Bahia<br />

A MetLife nomeou Kishore<br />

Ponnavolu como presidente da<br />

empresa na região da Ásia. Baseado<br />

em Hong Kong, ele passa para<br />

membro do Grupo Executivo da<br />

companhia. Já Rebecca Tadikonda<br />

ocupa a diretoria de Mercados<br />

de Crescimento Estratégico e trabalha<br />

no escritório de Singapura.<br />

A Sompo Seguros nomeou<br />

Marcio Martinati como superintendente<br />

de Agronegócio. O executivo<br />

deve estruturar uma área<br />

para atendimento dos produtores<br />

rurais brasileiros e desenvolver<br />

produtos de fácil compreensão<br />

para quem não tem conhecimento<br />

ou afinidade com essa categoria de<br />

serviços financeiros.<br />

Pedro Gonçalves é o novo<br />

executivo de vendas para a Bahia<br />

da April Brasil. Com 13 anos de<br />

experiência no setor de turismo,<br />

ele aceitou o desafio de se dedicar ao mercado baiano, onde<br />

a companhia cresceu 10%, no Estado, no primeiro semestre<br />

deste ano.<br />

Diretoria de RH e Operações<br />

A MDS Brasil contratou Marcelo<br />

Lopes para a diretoria de<br />

Recursos Humanos e Operações,<br />

que engloba as áreas de TI, Administrativo,<br />

Compras, Jurídico<br />

e Auditoria. Com a chegada do<br />

executivo ao quadro diretivo,<br />

Beatriz Cabral passa a diretora de<br />

Marketing e Inovação.<br />

Equipe sênior de advogados<br />

Diretor comercial de<br />

Massificados<br />

A Seguros Sura anunciou<br />

Pedro Gutemberg como diretor<br />

Comercial de Massificados, que<br />

responde pelas frentes de Afinidades<br />

(com foco em Varejo, Utilities e<br />

Cartões), Licitações e Novos Canais.<br />

Ele tem 13 anos de experiência no<br />

setor de seguros e já passou pela<br />

QBE Brasil, comprada pela Zurich.<br />

Dois advogados seniores especializados<br />

em seguros, resseguros<br />

e previdência privada<br />

foram contratados pelo escritório<br />

Mattos Filho. Úrsula Santos de<br />

Ávila Goulart e Fabio Jun Gobara<br />

atuarão na assessoria para sinistros<br />

de grandes riscos e consultoria<br />

regulatória.<br />

Reestruturação de Comitê<br />

Executivo<br />

A Axa finalizou a nova<br />

composição de seu Comitê<br />

Executivo, liderado pela<br />

CEO da companhia, Delphine<br />

Maisonneuve. Entre as<br />

promoções está a de Erika<br />

Medici, que assumiu a vice-<br />

-presidência Comercial e Marketing com o desafio de aproximar<br />

a companhia de corretores de médio e pequeno portes.<br />

12


Novo integrante<br />

em Comitê<br />

Executivo<br />

Diretor de<br />

Produtos<br />

Fomento à área de<br />

Seguros Rurais<br />

Leonardo Dale passou a integrar<br />

o Comitê Executivo Brasileiro<br />

da JLT, que visa traçar e definir toda<br />

a estratégia da empresa. Dale é líder<br />

do time Internacional da JLT Specialty<br />

Brasil e, neste ano, assumiu também<br />

a vice-presidência internacional da<br />

JLT Benefícios.<br />

Edson Souza foi nomeado diretor<br />

de Produtos da AIG. Na nova<br />

posição, será responsável por integrar<br />

as estratégias de produtos, promover<br />

a capacidade e experiência da companhia<br />

em subscrição e liderar iniciativas<br />

chave para o crescimento e fortalecimento<br />

da seguradora no Brasil.<br />

Joaquim Neto, VP da Comissão<br />

Técnica de Seguros Rurais da FenSeg,<br />

assumiu a gerência de Produto Safras<br />

da Tokio Marine. A empresa opera<br />

com seguros para safras de soja, milho,<br />

milho safrinha e trigo. A ideia é ampliar<br />

as coberturas para outras culturas<br />

e expandir a atuação para frutas e<br />

hortaliças.<br />

13


capa | tex tecnologia<br />

Inovação e tecnologia<br />

ao alcance de todos<br />

TEx se concentra<br />

agora em levar<br />

o Teleport para<br />

todos os corretores<br />

do mercado e a<br />

apoiar Seguradoras<br />

e corretoras na<br />

tomada de decisão<br />

14<br />

Em 2008, há exatos 10 anos, a<br />

TEx lançou o Teleport no Conec.<br />

Naquela edição, a empresa participou<br />

com um pequeno estande<br />

na área de tecnologia. De lá para cá, a<br />

empresa aumentou significativamente a<br />

sua participação de mercado. Neste ano, a<br />

empresa mostra um retrato da sua expansão<br />

ao longo da última década ocupando<br />

no evento um estande de 140 metros<br />

quadrados, junto às grandes seguradoras.<br />

Quem também evoluiu na mesma<br />

proporção nesse período foi o Teleport.<br />

Além do multicálculo, integra toda a gestão<br />

de clientes e apólices, sistema financeiro,<br />

CRM e gerenciamento eletrônico<br />

de documentos. Uma grande novidade<br />

é que, a partir de outubro deste ano, a<br />

quantidade mínima de usuários deixará<br />

de existir. Inicialmente, o Teleport era<br />

comercializado para corretoras com mais<br />

de 30 usuários, mas este patamar foi<br />

sendo gradualmente reduzido ao longo<br />

dos últimos anos, estando atualmente<br />

em 10 usuários. Omar Ajame, CEO da<br />

TEx, diz que o foco da empresa é democratizar<br />

o acesso ao Teleport. “Com a<br />

evolução natural do mercado e também


a da própria TEx, conseguimos agora<br />

eliminar o número mínimo de usuários,<br />

tornando o produto acessível para 100%<br />

dos corretores. Estamos lançando no<br />

Conec uma nova versão completa, que<br />

inclui as principais funcionalidades do<br />

Teleport, inclusive multicálculo, a partir<br />

de apenas 1 usuário”.<br />

Isso está sendo possível graças a uma<br />

transformação na mentalidade do mercado.<br />

“Mais corretores estão utilizando sistemas<br />

de multicálculo, inclusive aqueles<br />

do tipo ‘robô’, que não são autorizados pelas<br />

seguradoras e não garantem precisão<br />

ou confiabilidade. O Teleport oferece ao<br />

corretor uma alternativa segura, precisa,<br />

homologada pelas seguradoras e mantida<br />

sempre atualizada. E também as seguradoras<br />

hoje entendem a importância da<br />

ferramenta para os corretores e também<br />

para si”, avalia.<br />

O CFO da TEx, Bruno Zangari, explica<br />

que a evolução da plataforma e do<br />

ecossistema permite ganhos de escala e<br />

custos menores. “A evolução natural do<br />

mercado de tecnologia é que os produtos<br />

se tornem cada vez mais completos, rápidos<br />

e também mais acessíveis. No nosso<br />

caso isso significa que cada vez mais<br />

corretores poderão utilizar o Teleport,<br />

inclusive os menores, que ainda hoje<br />

ainda têm processos muito dependentes<br />

de trabalho manual”.<br />

Um dos principais objetivos<br />

da TEx é acelerar<br />

o processo de transformação<br />

digital dos corretores,<br />

permitindo que atendam<br />

seus clientes de forma<br />

mais ágil e, ao mesmo<br />

tempo, proporcionar custos<br />

operacionais menores.<br />

Um dos grandes inconvenientes<br />

em multicálculos<br />

que não são autorizados<br />

pelas seguradoras é a frequente<br />

interrupção do<br />

funcionamento de algumas<br />

seguradoras, quando<br />

ocorrem atualizações.<br />

Por trabalhar sempre em<br />

colaboração com as seguradoras,<br />

a TEx é informada<br />

de antemão sobre as<br />

alterações nos produtos e<br />

sistemas de cálculo das companhias. “Assim,<br />

conseguimos sempre estar preparados<br />

e nunca deixar o Teleport desatualizado<br />

em relação aos sistemas das próprias seguradoras.<br />

Quando se utiliza um serviço<br />

do tipo robô, pelo menos uma vez por mês<br />

para cada seguradora, o cálculo deixa de<br />

funcionar. Além de perda de tempo, isso<br />

também significa perdas de negócios para<br />

as corretoras”, aponta Ajame.<br />

O Teleport foi construído com visão<br />

de “missão crítica”, o que significa que<br />

uma operação não pode parar nunca.<br />

A empresa entende que isso se aplica a<br />

corretores de todos os portes e não apenas<br />

aos maiores. “Todo corretor é missão<br />

crítica, pois ele cuida dos bens de seus<br />

segurados. Nada é mais crítico do que a<br />

proteção do patrimônio de seus clientes”,<br />

pontua Emir Zanatto, COO da TEx.<br />

Hoje, o Teleport é utilizado por mais<br />

de 600 corretoras de seguros, principalmente<br />

de médio e grande portes, que<br />

transmitem mais de R$ 3 bilhões em<br />

prêmios de seguro por ano. Entretanto, a<br />

empresa tem feito grandes investimentos<br />

para ampliar essa base e democratizar o<br />

acesso às suas soluções. Assim, com uma<br />

amostra ainda mais considerável do mercado<br />

de seguros sendo transmitida por<br />

meio dos softwares da TEx, a empresa<br />

iniciou o trabalho em novas e inovadoras<br />

frentes, como a inteligência de mercado.<br />

Inteligência de mercado<br />

Desde que a transformação digital<br />

virou tema obrigatório em todas as rodas<br />

de conversa no mercado de seguros,<br />

alguns entraves para tornar isso realidade<br />

vieram à tona. Com um enorme<br />

fluxo de informações correndo por seus<br />

sistemas, a maioria das empresas ainda<br />

encontra dificuldades para analisar e dar<br />

significado a estes dados. No mercado de<br />

seguros isso não é diferente. Por isso, a<br />

TEx desenvolveu o TEx Analytics, um<br />

produto que nasceu a partir da demanda<br />

de seguradoras, corretoras de seguros e<br />

montadoras, que necessitam entender o<br />

perfil de seus clientes e a sua competitividade<br />

no mercado nas diversas regiões<br />

do país.<br />

O TEx Analytics é um produto de<br />

inteligência de mercado destinado para<br />

estas empresas, ajudando-as a entender<br />

o cenário atual de forma detalhada e a<br />

criar condições para aumento de produção<br />

e melhoria de resultados. “É um<br />

produto voltado para a tomada de decisão<br />

e aumento da assertividade, com papel<br />

decisivo para o aumento das vendas e rentabilidade”,<br />

explica o CEO, Omar Ajame.<br />

Cerca de 20% das seguradoras<br />

habilitadas a comercializar o seguro de<br />

automóvel no país já utilizam a ferramenta.<br />

“Havia algumas perguntas a serem<br />

respondidas: a minha corretora ou segu-<br />

15


tex tecnologia<br />

radora é competitiva em<br />

determinada cidade ou<br />

região? A sinistralidade<br />

nesta região está de<br />

acordo com o mercado?<br />

Qual o meu perfil de<br />

clientes? Onde tenho<br />

melhores resultados?”<br />

explica Bruno Zangari,<br />

CFO da TEx.<br />

Os dados do TEx<br />

Analytics são conjuntos,<br />

anônimos e indistintos.<br />

“Isso significa que não<br />

há nenhum dado pessoal<br />

(como nome, CPF,<br />

RG) de clientes, assim<br />

como nenhum dado confidencial<br />

ou estratégico<br />

das corretoras ou das<br />

seguradoras. O produto<br />

trabalha e exibe apenas<br />

informações agregadas. Por exemplo, o<br />

produto mostra qual é o preço médio de<br />

determinados perfis e veículos em cada<br />

região, sem entretanto exibir prêmios por<br />

seguradora”, explica Ajame.<br />

O TEx Analytics é comercializado<br />

há apenas seis meses e seu sucesso é comemorado<br />

pelos executivos da insurtech.<br />

Apesar de ser essencialmente uma única<br />

ferramenta, ele possui versões especiais<br />

para seguradoras, corretoras de seguros<br />

16<br />

e montadoras de veículos, dando foco às<br />

informações relevantes para cada tipo<br />

de empresa.<br />

Nos últimos dois anos o setor de seguros<br />

também foi pressionado por diversos<br />

fatores econômicos e sociais, que fizeram<br />

com que as companhias buscassem alternativas<br />

para manter a competitivade e<br />

lucratividade de suas carteiras. “O produto<br />

final é fruto de um grande investimento,<br />

da montagem de uma equipe especializada<br />

Bruno Zangari, CFO da TEx<br />

de altíssimo nível e da filosofia da TEx de<br />

sempre criar valor para todos os players<br />

do mercado, respeitando sempre o caráter<br />

confidencial de informações estratégicas”,<br />

avalia Zangari.<br />

O futuro da insurtech<br />

Antes mesmo deste termo estar em<br />

voga no mundo dos seguros, a TEx já<br />

se enquadrava neste perfil. O objetivo<br />

das insurtechs é usar a tecnologia para<br />

modernizar e dinamizar as relações entre<br />

todos os players do mercado, sobretudo<br />

seguradoras, corretores e segurados, atendendo<br />

aos anseios dos consumidores modernos<br />

que são cada vez mais exigentes.<br />

O foco é tornar os produtos de seguros<br />

cada vez mais simples de serem entendidos<br />

e contratados, gerando crescimento<br />

para todo o mercado segurador.<br />

Desde o seu início, a empresa não<br />

recebeu nenhum investimento externo.<br />

Zangari conta que o termo startup sequer<br />

era utilizado no Brasil em 2008 e que<br />

não havia a cultura de venture capital ou<br />

de investimentos em pequenas empresas.<br />

“Começamos com investimentos dos<br />

próprios sócios. Desde então, administramos<br />

estes recursos e reinvestimos<br />

grande parte dos nossos resultados, pois<br />

uma empresa de tecnologia, para ser bem<br />

sucedida, deve inovar constantemente”,<br />

conta o executivo, que complementa:


“sempre estivemos preparados para um<br />

cenário econômico mais difícil, dada<br />

a imprevisibilidade do País. Quando<br />

a crise no Brasil se iniciou, não foi<br />

necessário cortarmos projetos ou investimentos,<br />

pelo contrário, fizemos<br />

um movimento anticíclico. Investimos<br />

consideravelmente em pessoas, aumentando<br />

a equipe em mais de 60% desde<br />

o início da crise, ultrapassando mais de<br />

100 colaboradores. Criamos diversos novos<br />

produtos e agora vamos dar o nosso<br />

passo mais importante levando nosso<br />

principal produto, o Teleport, a todas as<br />

corretoras do país”, comemora Zangari.<br />

“Estamos à frente das nossas metas e<br />

em um momento bastante positivo, de<br />

grande maturidade da empresa, das<br />

nossas plataformas e de nossa equipe.<br />

Acreditamos que 2019 será o melhor ano<br />

pós-crise para corretoras e seguradoras<br />

e, consequentemente, também para a<br />

TEx”, complementa.<br />

Esta confiança vem da constatação<br />

de que os clientes de médio e grande porte<br />

já voltaram a realizar investimentos.<br />

Ajame conta que a TEx atende diversos<br />

bancos, montadoras de veículos, grupos<br />

de concessionárias, corretoras multinacionais<br />

e seguradoras e afirma que todos<br />

estão voltando a pisar no acelerador.<br />

Como as pequenas empresas têm um<br />

fôlego financeiro menor, esta retomada<br />

demora um pouco mais. “Queremos ajudar<br />

os corretores menores a retomarem<br />

seu crescimento e a se tornarem mais<br />

competitivos”, anuncia o executivo.<br />

Nimble<br />

O Nimble é um produto que nasceu<br />

pensando no cliente final, o segurado.<br />

Ele foi concebido para realizar vendas de<br />

seguros diretamente pela internet e esta<br />

continua sendo sua principal capacidade.<br />

“Porém, nossos clientes passaram a<br />

utilizar o produto de formas que sequer<br />

havíamos imaginado, com vendas em<br />

worksites, operações de afinidades,<br />

sistemas de financiamento de veículos e<br />

em diversos outros canais onde o cliente<br />

final pode iniciar sua cotação e, até mesmo,<br />

finalizar a contratação diretamente<br />

na plataforma. Todos conseguem usar a<br />

ferramenta com facilidade”, argumenta o<br />

COO da TEx, Emir Zanatto. O Nimble<br />

é integrado ao Teleport, o que permite<br />

não apenas um processo de vendas mais<br />

moderno, mas também toda a gestão em<br />

tempo real sobre os canais digitais.<br />

Os executivos acreditam que chegou<br />

o momento de todas as empresas do mercado<br />

de seguros concentrarem esforços<br />

para ampliar a cultura do seguro junto<br />

aos consumidores finais, sobretudo pois<br />

o mercado de seguros no Brasil ainda<br />

tem muito espaço para crescer. Por aqui,<br />

o mercado representa cerca de 3,5% do<br />

PIB, enquanto nos Estados Unidos este<br />

patamar é superior a 7%, por exemplo.<br />

Emir Zanatto, COO da TEx<br />

Além disso, a penetração do seguro de<br />

automóvel ainda é bastante baixa, com<br />

menos de 30% dos veículos fabricados<br />

nos últimos 10 anos segurados.<br />

“Os produtos devem ser mais simples<br />

de entender, utilizar linguagem e comunicação<br />

mais claras e serem mais fáceis<br />

de contratar. O mercado de tecnologia<br />

ensina que, tornando o entendimento e<br />

a contratação mais simples, milhões de<br />

novos consumidores serão atendidos e<br />

com custos operacionais menores. Criar<br />

este futuro é nossa principal missão”,<br />

finaliza Omar.<br />

17


seguros pelo mundo | características<br />

As peculiaridades do setor<br />

Especialistas mostram como funcionam a<br />

regulamentação do segmento e a distribuição de<br />

seguros no Japão e nos Estados Unidos, além das<br />

tendências de mercado nos dois países<br />

Lívia Sousa<br />

O<br />

mercado global de seguros<br />

assiste a constantes evoluções<br />

e transformações, tanto<br />

na sociedade quanto nas<br />

empresas, que impactam o modelo de<br />

negócio e, consequentemente, os riscos<br />

das companhias. Alguns riscos, inclusive,<br />

eram inexistentes até bem pouco tempo.<br />

Neste cenário, um dos desafios do setor é<br />

acompanhar e adequar seus clausulados,<br />

precificações e até criar novos produtos,<br />

na velocidade em que estes riscos se<br />

transformam.<br />

A <strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong> conversou com<br />

especialistas do setor para saber como<br />

18<br />

o mercado segurador opera nos Estados<br />

Unidos e também no Japão.<br />

EUA: desenvolvimento e<br />

consolidação da cultura do<br />

seguro<br />

Diferentemente do Brasil, o mercado<br />

norte-americano é regulado na esfera<br />

estadual. Há uma integração entre os<br />

entes da federação, mas é necessário que<br />

a seguradora esteja registrada estado a<br />

estado, caso queira operar naquela localidade.<br />

“Os Estados Unidos são um país<br />

formado por 50 estados e cada um possui<br />

uma legislação específica. O mesmo se<br />

❙❙<br />

Javier Duran, da Marsh Brasil<br />

aplica ao mercado de seguros, no qual a<br />

localização do cliente pode implicar em<br />

uma particularidade específica que deve<br />

ser tratada nas apólices para atender uma<br />

questão regulatória do estado em que esti-


ver atuante”, explica Javier Duran, diretor<br />

de Risk Management da Marsh Brasil.<br />

Outra particularidade é que o risco<br />

de acidentes do trabalho é transferido ao<br />

mercado segurador. Este seguro se chama<br />

Worker’s Compensation (WC) e representa<br />

uma fatia importante do budget de<br />

seguros das empresas. De acordo com o<br />

executivo, as mudanças que estão sendo<br />

promovidas no ambiente de trabalho,<br />

como robótica, impactam diretamente<br />

nas análises de clientes e mercado segurador<br />

sobre potenciais agravos na exposição<br />

de risco a seus funcionários e medidas<br />

de prevenção que devem ser adotadas de<br />

maneira proativa.<br />

Já a distribuição é multicanal, sendo<br />

possível a venda por meio de profissionais<br />

consultores especializados e diretamente,<br />

por telefone ou online. Além da figura do<br />

corretor e das plataformas digitais (websites,<br />

aplicativos), o consultor financeiro de<br />

investimentos também é um profissional<br />

preparado para auxiliar as pessoas na<br />

contratação de seguros, o que reforça a visão<br />

de que o seguro é um complemento no<br />

planejamento financeiro, como proteção<br />

do patrimônio adquirido e preservando<br />

as pessoas frente à responsabilidade por<br />

eventuais danos causados a terceiros.<br />

A principal característica do setor é o<br />

amplo desenvolvimento e consolidação da<br />

cultura do seguro, sendo considerado uma<br />

ferramenta de gestão e transferência de<br />

risco entre as empresas e parte integrante<br />

do planejamento financeiro das pessoas.<br />

Para se ter ideia da difusão do seguro, pelo<br />

menos 85% dos domicílios afirmam ter o<br />

seguro residencial, por exemplo, enquanto<br />

no Brasil o índice é abaixo dos 15%.<br />

Entre os principais avanços no<br />

mercado americano estão a inovação em<br />

produtos diferenciados para acompanhar<br />

os novos riscos que surgem, a exemplo<br />

dos crescentes ataques cibernéticos, e o<br />

uso da tecnologia a favor da agilidade nos<br />

processos de contratação, acompanhamento<br />

da apólice, contato entre os públicos<br />

(clientes, corretores e seguradoras) e<br />

na gestão e solução dos sinistros.<br />

“O surgimento de novos riscos e a<br />

tecnologia como motor de propulsão da<br />

indústria são tendências importantes. No<br />

caso do primeiro, vemos que empresas,<br />

independente de seu tamanho e ramo<br />

de atuação, assim como pessoas e seus<br />

lares, estão mais suscetíveis a ataques<br />

cibernéticos. Como consequência, vemos<br />

um aumento da legislação visando à<br />

proteção de dados, a exemplo da GDPR,<br />

na União Europeia, e da recente sanção<br />

da Lei de Proteção de Dados Pessoais,<br />

neste mês no Brasil”, diz Paride Della<br />

Rosa, CEO Regional América Latina e<br />

Caribe da AIG.<br />

Outra tendência, de acordo com<br />

o executivo, indica um aumento da<br />

frequência e intensidade dos desastres<br />

naturais ao redor do mundo. Isso tem<br />

um impacto direto na relação de oferta e<br />

demanda, principalmente nas áreas mais<br />

expostas a catástrofes naturais.<br />

19


características<br />

Para Della Rosa, a forma de fazer<br />

negócio dentro do mercado segurador<br />

pode se valer muito da tecnologia. Não<br />

somente com aplicativos e portais web<br />

para facilitar a comunicação entre as<br />

partes no momento da contratação e<br />

gestão do sinistro, mas para transformar<br />

seus processos. “Já vemos a aplicação<br />

de blockchain, inteligência artificial e<br />

automação para reduzir ineficiências e<br />

tornar os processos mais ágeis e eficazes”,<br />

afirma.<br />

Por ser um mercado desenvolvido,<br />

o setor de seguros nos Estados Unidos é<br />

altamente competitivo. As baixas taxas<br />

de juros dos últimos anos atraíram capital<br />

alternativo para a indústria de seguros em<br />

busca de maior retorno. Consequentemente,<br />

a capacidade do mercado – entendida<br />

pelo capital disponível para assumir<br />

riscos – é muito superior à demanda. Com<br />

isso, as taxas cobradas por esses riscos<br />

vêm reduzindo ano após ano.<br />

Japão: mercado doméstico de<br />

seguros deve encolher<br />

20<br />

❙❙<br />

Paride Della Rosa, da AIG<br />

mação empresarial, considerando esta<br />

tendência inevitável. E para fortalecer os<br />

links com seguros, visamos o mercado<br />

sênior como um setor chave”, declara Kenichi<br />

Umeki, diretor executivo da Sompo<br />

Seguros e representante-chefe da Sompo<br />

Japan Nipponkoa Insurance Inc.<br />

A presença do corretor em grandes<br />

contratos corporativos e o número de<br />

contratos online estão aumentando gradualmente,<br />

o que, no entanto, não afeta<br />

muito o mecanismo de mercado como<br />

um todo. Os agentes são responsáveis<br />

por 93,1% da distribuição do mercado<br />

japonês. Já a distribuição online responde<br />

por 6,7% e os corretores ficam com 0,3%<br />

do mercado.<br />

Por fim, uma característica do mercado<br />

de seguros japonês é a existência<br />

❙❙Kenichi Umeki, da Sompo<br />

Com a concorrência após a desregulamentação<br />

iniciada na década de 1990,<br />

o mercado de seguros não-vida sofreu<br />

um aumento contínuo de sinistralidade,<br />

o qual era mais comum ao seguro de<br />

automóveis, devido principalmente ao<br />

aumento da frequência de acidentes de<br />

trânsito. No entanto, em 2010, cada seguradora<br />

japonesa trabalhou duro para<br />

superar a situação, como o esforço contínuo<br />

para reduzir os custos e, juntamente<br />

com as revisões das tarifas e do sistema<br />

Bonus-Malus (que considera valores de<br />

prêmios maiores para quem tem alta<br />

taxa de sinistralidade), a sinistralidade<br />

no Japão foi mantida estável.<br />

Enquanto a economia japonesa vai<br />

bem, o Japão como um todo está vivenciando<br />

um período de rápido declínio da<br />

taxa de natalidade. Há uma projeção de<br />

que a população será reduzida em cerca<br />

de 30% e deve passar de 125,2 milhões,<br />

em 2015, para 86,7 milhões em 2060.<br />

Como resultado, o mercado doméstico<br />

de seguros deve inevitavelmente encolher<br />

a médio e longo prazo.<br />

“Embora tenhamos confiado muito<br />

no mercado doméstico de seguros não-<br />

-vida, a Sompo está agora sob transforde<br />

um mecanismo de forte proteção dos<br />

consumidores. Umeki apresenta dois<br />

exemplos: Corporação de Proteção aos<br />

Acionistas do Japão (PPC - Policyholders’<br />

Protection Corporation of Japan) e<br />

ADR (Alternative Dispute Resolution).<br />

No PPC, os detentores de apólices<br />

de seguradoras insolventes são indenizados<br />

pela Corporação, estabelecida em<br />

1º de dezembro de 1998, nos termos da<br />

Lei de Reforma do Sistema Financeiro.<br />

No caso de falha de uma seguradora, a<br />

Corporação desempenha suas funções<br />

para proteger os segurados, assegurando<br />

assim a confiabilidade do mercado de<br />

seguros. A função da Corporação é dar<br />

ajuda financeira a qualquer companhia de<br />

seguros que assuma uma seguradora falida.<br />

A companhia de seguros que assumir<br />

a sua congênere falida, assume também<br />

os contratos de seguro e paga os sinistros.<br />

“Este esquema é raramente usado<br />

na indústria de seguros em geral, mas<br />

quando acontece, geralmente aparece<br />

uma companhia de seguros disposta a<br />

assumir a situação”, diz Umeki.<br />

Após os ataques terroristas de 11 de<br />

setembro de 2001, uma seguradora japonesa<br />

faliu. Como seguradora, a Sompo<br />

Japan interveio e tudo terminou bem.<br />

Já os Centros ADR (Alternative Dispute<br />

Resolution) da Sompo servem como<br />

janelas de atendimento ao cliente e operam<br />

em 11 locais em todo o país. Neles,<br />

são respondidas consultas sobre seguros<br />

gerais e realizados procedimentos para<br />

reclamações e resolução de disputas relativas<br />

a problemas entre clientes e companhias<br />

de seguros de um ponto de vista<br />

neutro e justo como uma organização de<br />

resolução de disputas designada sob a Lei<br />

de Negócios de Seguros.<br />

“Quando os consumidores e as<br />

seguradoras disputam no tribunal, é preciso<br />

muito dinheiro e tempo. Por meio<br />

deste esquema, os consumidores recebem<br />

aconselhamento e têm à disposição<br />

uma maneira alternativa de resolver os<br />

problemas, em vez de entrar numa disputa<br />

no tribunal para resolver os pedidos de<br />

seguro”, explica o executivo.<br />

Este sistema foi estabelecido com<br />

base na “Lei relativa à Revisão Parcial<br />

dos Instrumentos Financeiros e Lei<br />

Cambial”, anunciada em 2009.


21


seguros pelo mundo | produtos<br />

O seguro sempre<br />

presente<br />

A população mundial começa<br />

a entender a importância de<br />

estar protegida. Carteiras de<br />

Vida e Saúde despontam na<br />

contratação; RC e cyber risks<br />

são grandes oportunidades<br />

a serem exploradas pela<br />

indústria<br />

Lívia Sousa<br />

Cada país tem as suas peculiaridades,<br />

principalmente quando<br />

se trata de um segmento com<br />

regulação diferente em cada<br />

parte do mundo, como o de seguros. Existem<br />

diversos fatores que podem definir<br />

comportamentos sociais, como cultura,<br />

acesso à informação e, até certo ponto,<br />

poder aquisitivo. No caso da relação da<br />

população com seguros, existe um outro<br />

ponto que também deve ser levado em<br />

conta: a questão histórica. Em países cuja<br />

trajetória recente inclui catástrofes naturais<br />

(furacões, terremotos, tsunamis) e sociais<br />

(guerras e colapsos econômicos), há<br />

uma tendência maior de contratação deste<br />

tipo de produto, que se torna essencial<br />

para a retomada da vida em sociedade e<br />

22<br />

atividades econômicas.<br />

Mesmo com todas as diferenças, a<br />

população, aos poucos, começa a entender<br />

a importância de estar protegida,<br />

ainda que em alguns locais a presença do<br />

seguro ainda seja menor do que a esperada.<br />

O fato é que o seguro se faz presente<br />

em cada canto do planeta.<br />

Catástrofes naturais alertam<br />

os japoneses<br />

Localizado entre três placas tectônicas,<br />

o Japão é um dos países mais<br />

sujeitos a grandes catástrofes naturais,<br />

como os terremotos de 1995, em Kobe, e<br />

o de 2011, seguido de tsunami, na zona<br />

leste. A história de desastres faz com que<br />

as pessoas fiquem mais atentas a estes<br />

riscos e procurem medidas efetivas para<br />

mitigá-los. Na outra ponta, estimulam<br />

as seguradoras locais a promover uma<br />

série de campanhas de conscientização<br />

a respeito da importância de se contratar<br />

uma proteção apropriada.<br />

Além da característica cultural de<br />

mitigação de riscos, há uma consciência<br />

coletiva sobre como o contrato de seguro<br />

faz a diferença na hora de reconstruir a<br />

vida.<br />

“Os japoneses evitam se expor ao<br />

risco e por isso contratam seguro, isso<br />

faz parte da natureza deste povo”, afirma<br />

Kunihiko Higashi, diretor executivo de<br />

Controladoria da Tokio Marine no Brasil,<br />

acrescentando que há uma valorização<br />

do papel da corretora como consultora


❙❙Kunihiko Higashi, da Tokio Marine<br />

do cliente quanto às necessidades de<br />

aquisição de seguros de forma adequada.<br />

Embora Automóvel e Vida despontem<br />

como os produtos pessoa física<br />

mais comercializados no país, existe<br />

uma grande preocupação sobre riscos<br />

cibernéticos, especialmente em relação<br />

às pessoas jurídicas. Com o desenvolvimento<br />

tecnológico do Japão, os riscos<br />

emergentes despertam bastante interesse.<br />

Segundo Higashi, também estão sendo<br />

analisadas questões sobre os seguros de<br />

veículos autônomos, especialmente quanto<br />

à responsabilidade das montadoras<br />

e motoristas em caso de sinistros – até<br />

2030, a previsão dos japoneses é que os<br />

veículos autônomos representem mais de<br />

30% das vendas de veículos novos.<br />

Americanos contratam mais<br />

seguros de Vida<br />

Os Estados Unidos somam uma<br />

quantidade enorme de ações judiciais, o<br />

que praticamente obriga as empresas a<br />

terem uma proteção. Em nenhum outro<br />

país, a proporção de seguros como Responsabilidade<br />

Civil, D&O e E&O é tão<br />

alta como no mercado norte-americano.<br />

No entanto, assim como no Japão, a carteira<br />

de Vida se destaca. Nos últimos 50<br />

anos, o número de americanos com este<br />

tipo de cobertura cresceu de maneira<br />

significativa. O cenário foi impulsionado<br />

pelo crescimento populacional, pelo aumento<br />

de trabalhadores e pelas melhores<br />

condições de trabalho, de acordo com o<br />

levantamento Employment-Based Life<br />

Insurance Ownership Trends, publicado<br />

em 2017 pela organização mundial de<br />

pesquisa LIMRA. O percentual de pessoas<br />

cobertas com o seguro de vida por<br />

meio dos seus empregadores aumentou<br />

68%, chegando a 57 milhões, ao passo<br />

que o número de pessoas com cobertura<br />

de vida (tanto adultos como crianças)<br />

quase dobrou, saltando de 55 milhões<br />

para 108 milhões. Pela primeira vez na<br />

história, mais americanos estão cobertos<br />

pelo seguro de vida baseado em emprego<br />

do que pelo seguro de vida individual.<br />

Muitas vezes esses seguros são<br />

oferecidos como benefício para reter os<br />

melhores talentos do mercado de trabalho.<br />

Segundo o Estudo de Tendências de<br />

Benefícios para Funcionários, realizado<br />

pela operação americana da MetLife em<br />

2018, 70% dos funcionários afirmam que<br />

a capacidade de customizar benefícios<br />

para atender as suas necessidades é um<br />

fator que concede alta fidelidade aos seus<br />

empregadores. O documento revela ainda<br />

que 60% dos colaboradores (frente 52%<br />

em 2017) estão dispostos a contribuírem<br />

financeiramente para ter mais opções de<br />

benefícios, adaptando seus seguros às<br />

suas necessidades. A afirmação cresce<br />

para 69% entre os funcionários millennials.<br />

Produtos como o seguro de Vida e<br />

Dental, assim como as coberturas para<br />

invalidez permanente, são os mais comuns<br />

na MetLife dos Estados Unidos,<br />

por exemplo. No entanto, a companhia<br />

vê um maior crescimento nas carteiras<br />

de seguros voluntários como acidentes<br />

pessoais, saúde e doenças críticas.<br />

Auto, Vida e Previdência se<br />

destacam na França<br />

Alguns países europeus tratam os<br />

seguros como obrigatórios e estes são<br />

direcionados pelo governo. As seguradoras<br />

foram aos poucos incluindo<br />

serviços, o que aumentou o interesse e o<br />

conhecimento dos clientes, criando uma<br />

cultura mais aberta para a aquisição de<br />

seguros. França, seguida da Alemanha, é<br />

o segundo país mais relevante em termos<br />

de contribuições, ficando atrás apenas<br />

do Reino Unido. Em 2017, o mercado<br />

segurador francês teve um crescimento<br />

moderado de 1,4%. As linhas que mais<br />

cresceram foram as de seguros de bens<br />

e responsabilidade (+2,3%) e seguros de<br />

pessoas (+1,1%).<br />

As carteiras mais significativas são<br />

as de Automóvel, seguro mandatório e<br />

que já está na cultura dos franceses; e<br />

seguros de Vida e Previdência, para preparar<br />

o futuro e a aposentadoria – frentes<br />

que podem ser ainda mais exploradas,<br />

considerando que os franceses acreditam<br />

na proteção do estado e ainda não<br />

enxergam que precisam complementar<br />

com uma iniciativa individual. Proteção<br />

das empresas integra a lista. “A maioria<br />

das empresas, pequenas ou grandes,<br />

estão asseguradas. Não necessariamente<br />

com a melhor proteção, mas estão. Elas<br />

entendem a necessidade do seguro para<br />

23


produtos<br />

❙❙Delphine Maisonneuve, da Axa<br />

preservação e continuidade de seus negócios”,<br />

destaca Delphine Maisonneuve,<br />

CEO da Axa no Brasil.<br />

Na visão da executiva, as oportunidades<br />

estão nas mudanças de estilo de<br />

vida das pessoas. “Estamos fomentando<br />

essas transformações por meio do seguro”,<br />

pontua. Na França, por exemplo,<br />

observa-se o aumento de profissionais<br />

liberais e empreendedores. Em parceria<br />

com a Malt, plataforma que conecta empresas<br />

e freelancers, a Axa oferece uma<br />

solução de seguro de responsabilidade<br />

civil para profissionais liberais. Seguindo<br />

uma tendência do mercado de trabalho<br />

francês, a iniciativa agregou valor para a<br />

plataforma, para os profissionais e para<br />

os clientes que os contrataram. “Conseguimos<br />

levar a cultura de seguro para<br />

três públicos diferentes”, avalia Delphine.<br />

Latino-americanos miram em<br />

Vida, Saúde e P&C<br />

Os segmentos Life & Health (Vida<br />

e Saúde) e Property & Casualty (Bens e<br />

Acidentes) responderam, respectivamente,<br />

por 53% e 47% do total de prêmios<br />

de seguro comercializados na América<br />

Latina no ano passado. No Chile e no<br />

Brasil, especificamente, os prêmios de<br />

vida são a maioria considerável devido ao<br />

sistema de previdência privada e à compra<br />

obrigatória de seguro de vida pelos<br />

administradores de fundos de pensão. Na<br />

Argentina, a parcela de prêmios de acidentes<br />

é substancialmente mais alta que<br />

as outras linhas em razão do programa<br />

obrigatório de seguro de compensação<br />

24<br />

dos trabalhadores.<br />

Estimativas baseadas na relação<br />

entre o PIB per capita e a penetração de<br />

seguros sugerem que América Latina e<br />

Brasil podem se beneficiar fortemente<br />

do desenvolvimento econômico, fazendo<br />

com que a demanda – principalmente<br />

por seguros de vida – cresça mais rápido<br />

do que a atividade econômica geral nos<br />

próximos anos. As linhas empresariais,<br />

que têm níveis de penetração mais baixos<br />

em comparação aos países com o mesmo<br />

PIB per capita ou lacuna de proteção, oferecem<br />

potencial significativo e grandes<br />

oportunidades para desenvolvimento e<br />

comercialização de novos produtos.<br />

“Existe uma oportunidade para as<br />

seguradoras entenderem melhor o comportamento<br />

dos consumidores e usar esse<br />

conhecimento para ajudar a adequar os<br />

produtos de seguro à vida e ao orçamento<br />

das pessoas”, diz a economista do Swiss<br />

Re Institute, Caroline de Souza Rodrigues<br />

Cabral. Melhorar a comunicação<br />

para esclarecer os diferentes papéis dos<br />

produtos de seguro e como eles diferem<br />

da assistência patrocinada pelo governo<br />

também pode ajudar a transmitir sua<br />

proposta de valor de forma eficaz.<br />

Ainda nos países latino-americanos,<br />

a distribuição digital e móvel é uma<br />

alternativa para promover a inclusão<br />

financeira e de seguros em áreas onde<br />

não existem sistemas tradicionais de<br />

distribuição. Canais alternativos, como<br />

empresas de serviços públicos, redes de<br />

telefonia celular e cooperativas e instituições<br />

financeiras, podem contribuir para<br />

o acesso a mercados mal servidos. Para<br />

Caroline, o microsseguro (saiba mais na<br />

página 30) é uma maneira de tornar os<br />

produtos de seguro mais acessíveis.<br />

Suíça: Vida, Saúde, Incêndio<br />

e P&C<br />

Em termos de volume de prêmios no<br />

negócio de seguro direto, os produtos de<br />

Vida, Saúde, Incêndio e P&C aparecem<br />

como as carteiras mais comercializadas<br />

na Suíça, país que conta com uma ampla<br />

gama de produtos. Por lá, a indústria de<br />

seguros também assume uma posição<br />

pública sobre tópicos específicos. Existem<br />

três pilares que compõe o sistema<br />

previdenciário suíço e formam a base da<br />

❙❙<br />

Caroline Cabral, do Swiss Re Institute<br />

previdência social: planos de previdência<br />

oferecidos pelo estado, planos de pensão<br />

ocupacionais e poupança. Em saúde, o<br />

seguro é dividido em básico e suplementar,<br />

sendo que o primeiro, obrigatório,<br />

também é coberto por seguradoras privadas.<br />

As mudanças legislativas podem<br />

impactar neste mercado, já que uma reforma<br />

previdenciária e a revisão da Lei de<br />

Seguro de Acidentes levariam um longo<br />

período no processo legislativo.<br />

Na Suíça, quatro pontos são considerados<br />

grandes desafios pelas seguradoras.<br />

Primeiro, a questão do financiamento<br />

a longo prazo do sistema de pensões,<br />

devido à mudança demográfica. “Por<br />

conta disso, as reformas são necessárias<br />

neste país, especialmente nos planos de<br />

pensões estatais financiados pelo sistema<br />

pay-as-you-go”, explica Claudia Dill,<br />

CEO Latin America da Zurich. Segundo<br />

ela, é importante considerar também as<br />

mudanças climáticas, que aumentam os<br />

riscos ambientais e afetam diretamente o<br />

setor de seguros de propriedade. “É preciso<br />

estar comprometido em proteger o<br />

meio ambiente a longo prazo e manter os<br />

riscos ambientais no mínimo”, sentencia.<br />

Outras barreiras são a digitalização,<br />

que mudará os negócios de seguros criando<br />

oportunidades, mas também fará com<br />

que alguns aspectos dos seguros sejam,<br />

significativamente, menos importantes; e<br />

os grandes requisitos de capital no Swiss<br />

Solvency Test (usado para avaliar a força<br />

do capital de uma companhia de seguros),<br />

que leva a distorções da concorrência e<br />

gera consequências econômicas, espe-


❙❙<br />

Claudia Dill, da Zurich<br />

cialmente no setor de seguro de vida.<br />

Em contrapartida, o desenvolvimento<br />

e as mudanças da sociedade e do<br />

mercado de trabalho aparecem como<br />

grandes combustíveis para novas oportunidades.<br />

“O universo digital permite<br />

criar produtos em termos de canais de<br />

distribuição e processamento, além de<br />

abrir um novo mercado (valores digitas<br />

ou riscos cibernéticos)”, diz Claudia.<br />

As mudanças sociais também oferecem<br />

novas oportunidades, como as novas maneiras<br />

de convivência e os novos formatos<br />

de trabalho (startups). Outro influenciador<br />

são as mudanças demográficas e a<br />

individualização da poupança previdenciária,<br />

que ajuda a criar necessidades e<br />

demandas.<br />

Brasil: sem complexo de viralata<br />

A consciência sobre a importância da<br />

contratação de um seguro está atrelada<br />

a dois fatores: maturidade da economia<br />

e educação financeira da população.<br />

Em países com ciclos financeiros mais<br />

estáveis, o nível de consciência sobre os<br />

benefícios do seguro, incluindo sua função<br />

social, é naturalmente maior.<br />

O Brasil é tipicamente um país de<br />

renda per capita média e tem uma das<br />

maiores taxas de desigualdade entre<br />

aqueles em desenvolvimento. Estruturas<br />

de distribuição de riqueza e renda impactam<br />

a demanda de seguro e, por isso, a<br />

procura pelo produto também é mediana.<br />

Outro fator se deve à razão cultural relacionada<br />

com as raízes latinas do país<br />

(e da América Latina em geral) e com o<br />

nível médio de escolaridade.<br />

“Nesses países, a família tem papel<br />

muito mais forte como provedora de um<br />

colchão de proteção em eventos de risco<br />

em comparação, por exemplo, com os países<br />

de tradição anglo-saxônica e nórdica,<br />

onde o individualismo é também maior.<br />

Há ainda nos países latinos, em geral,<br />

menor ênfase em educação que, como<br />

já foi aferido em diversos estudos, tem<br />

papel relevante no incentivo ao seguro”,<br />

explica o diretor geral da Escola Nacional<br />

de Seguros, Renato Campos.<br />

Com relação às origens, enquanto as<br />

primeiras regulamentações sobre seguros<br />

deram-se lá fora, por volta de 1.500, por<br />

25


produtos<br />

❙❙<br />

Renato Campos, da ENS<br />

aqui a atividade chegou há “apenas” 210<br />

anos. Mas isso não significa que o seguro<br />

seja um completo desconhecido entre nós.<br />

Prova disso é o aumento da participação<br />

do mercado segurador no PIB, que saltou<br />

de cerca de 1% no início dos anos 1990<br />

para os atuais 6,5%. “O crescimento<br />

está ligado à maior compreensão da população<br />

quanto à sua relevância social,<br />

em diversos aspectos. O aumento da<br />

expectativa de vida, a precariedade da<br />

previdência social e a insuficiência do<br />

sistema público de saúde abrem espaço<br />

para os seguros de vida, de previdência<br />

complementar e de saúde”, avalia Luis<br />

Gutiérrez, presidente do Grupo BB e<br />

Mapfre nas áreas de Auto, Seguros Gerais<br />

e Affinities.<br />

Com a expansão contínua da frota<br />

de veículos e urbanização, é previsível<br />

uma maior ocorrência de acidentes,<br />

alavancando os seguros automotivo e<br />

residencial. Igualmente, existem diversos<br />

seguros que preveem indenização para<br />

infortúnios do dia a dia, patrimoniais<br />

ou pessoais, como rupturas contratuais,<br />

desastres naturais, mortes, perdas patrimoniais,<br />

doenças e acidentes pessoais.<br />

“Portanto, é correto dizer que o crescimento<br />

do setor de seguros está ligado a<br />

uma maior preocupação da sociedade<br />

com seu planejamento financeiro, de<br />

vida e proteção para o futuro, o que já<br />

está ocorrendo aqui”, afirma o executivo.<br />

A mesma opinião é compartilhada<br />

por Delphine Maisonneuve, da Axa,<br />

que em pouco tempo de convivência no<br />

Brasil já percebeu que a população está<br />

26<br />

buscando conhecimento para organizar<br />

suas finanças da melhor forma. “Isso<br />

inclui atitudes como a contratação de<br />

seguros para proteger o patrimônio, a<br />

família ou a empresa”, declara ela, que<br />

assumiu a operação brasileira da empresa<br />

recentemente.<br />

Se as nações mais pobres concentram<br />

seus recursos no atendimento às necessidades<br />

básicas, e em grande parte, não têm<br />

bens para proteger; e as mais ricas tendem<br />

a repor o bem com recursos próprios, o<br />

Brasil se localiza entre esses dois extremos<br />

e apresenta uma grande oportunidade para<br />

expansão do mercado segurador. A instabilidade<br />

econômica fomenta a comercialização<br />

de outras modalidades de apólices<br />

com a finalidade de proteção financeira,<br />

a exemplo dos seguros educacional (para<br />

pagamento de mensalidade escolar), prestamista<br />

(para a cobertura de dívidas, em<br />

caso de inadimplência), funeral e viagem.<br />

O desafio, no entanto, será inovar com<br />

serviços e produtos diferentes dos tradicionalmente<br />

conhecidos, de maneira a<br />

atender as exigências do novo consumidor,<br />

que muda o tempo todo.<br />

D&O, cyber risk e seguro garantia<br />

são os riscos cujo mercado deve crescer<br />

nos próximos anos, aponta Gutiérrez,<br />

assim como as inovações em seguro de<br />

automóveis e em produtos customizados.<br />

O uso de tecnologia embarcada, que já<br />

tem grande força na Europa, aparece<br />

como tendência e vai permitir que as<br />

seguradoras que aqui operam monitorem<br />

o perfil de condução do motorista e<br />

ajustem o preço do seguro de acordo com<br />

as informações capturadas. “Além disso,<br />

o Brasil conta com diversos projetos de<br />

infraestrutura em andamento, os quais<br />

necessitarão de seguros patrimoniais e<br />

de engenharia”, complementa.<br />

Renato Campos, da Escola Nacional<br />

de Seguros, lembra que houve também<br />

uma notável diversificação de produtos<br />

e melhora da comercialização, de modo<br />

que o mercado atual é muito mais sofisticado<br />

do que aquele de 30 anos atrás.<br />

Várias outras carteiras devem crescer nos<br />

próximos anos: em ramos elementares,<br />

os seguros empresariais, hoje ainda mais<br />

restritos às grandes empresas e, portanto,<br />

com ampla margem de crescimento nas<br />

PMEs; os seguros de responsabilidade<br />

❙❙<br />

Luis Gutiérrez, da Mapfre<br />

civil, que aumentam com a judicialização<br />

evidente dos conflitos na sociedade;<br />

e os seguros rurais e habitacionais, com<br />

grande potencial de desenvolvimento<br />

em função da expansão do agronegócio<br />

e da necessidade de redução do déficit<br />

habitacional. “No segmento de seguros de<br />

pessoas, há espaço para mais seguros que<br />

cubram riscos de sobrevivência, como<br />

seguros dotais, anuidades e seguros de<br />

cuidados de longo prazo, na medida em<br />

que aumenta a percentagem de pessoas<br />

idosas no total da população”, aposta.<br />

E aos que sofrem do “complexo de<br />

vira-lata”, um aviso: os entraves enfrentados<br />

pelas companhias de seguros brasileiras<br />

não são particulares do nosso país.<br />

“Alguns desafios das seguradoras francesas<br />

são similares aos que são encontrados<br />

no mercado brasileiro: transformação<br />

digital, riscos cibernéticos e mudanças<br />

climáticas. A tecnologia permeia esses<br />

três fatores, uma vez que transformou<br />

nossas vidas e o mundo dos negócios<br />

em muitos aspectos”, afirma Delphine<br />

Maisonneuve.<br />

No mercado de seguros, a tecnologia<br />

é cada vez mais usada para mitigar riscos,<br />

monitorando veículos, residências, ou<br />

ainda fazendo a previsão de mudanças<br />

drásticas de clima, que podem afetar tanto<br />

uma grande plantação segurada ou uma<br />

área com grande concentração de civis.<br />

“Assim como acontece no Brasil, há o desafio<br />

de tornar o nosso negócio mais simples<br />

aos olhos do cliente, fazendo com que ele<br />

perceba mais facilmente o valor agregado<br />

que o seguro oferece”, conclui.


27


28


29


seguros pelo mundo | microsseguro<br />

Cumprindo o papel<br />

da inclusão social<br />

30


Seguradoras globais<br />

miram as necessidades<br />

da população de baixa<br />

renda para que as<br />

famílias desenvolvam<br />

resiliência contra os<br />

riscos cotidianos e sigam<br />

em frente<br />

Lívia Sousa<br />

A<br />

desigualdade social e a instabilidade<br />

política sempre<br />

foram companheiros e o seguro,<br />

baseado no princípio da<br />

solidariedade, é projetado para superar<br />

essa ameaça. Estruturados para servir<br />

as pessoas de baixa renda, os microsseguros<br />

alavancaram nos últimos anos e<br />

foram fundamentais para que famílias de<br />

menor poder aquisitivo desenvolvessem<br />

resiliência contra os riscos cotidianos e<br />

seguissem em frente.<br />

Ao lado dos produtos de Crédito, os<br />

produtos de Vida aparecem como os mais<br />

comuns nessa modalidade e se mostram<br />

um bom negócio para as companhias que<br />

operam no setor. “Eles são ‘mais antigos’,<br />

permitem uma carga administrativa limitada<br />

e tendem a ser significativamente<br />

lucrativos para as microsseguradoras de<br />

Vida”, pontua Michael J. McCord, diretor<br />

geral da MicroInsurance Centre at Milliman,<br />

empresa de consultoria dedicada a<br />

gerar acesso a produtos de microsseguro<br />

❙ ❙<br />

Michael J. McCord, da MicroInsurance<br />

Centre at Milliman<br />

para três bilhões de pessoas de baixa<br />

renda em todo o mundo.<br />

Hoje, as seguradoras oferecem proteções<br />

de Vida e Saúde integradas ou<br />

cobertura de vida, acidente pessoal e propriedade,<br />

por exemplo, e devem expandir<br />

essa gama para outros riscos, como tufão<br />

e incêndio e dinheiro em trânsito pessoal.<br />

Soluções para agricultura e pecuária e<br />

coberturas voltadas à propriedade já são<br />

projetadas especificamente para esse<br />

mercado.<br />

Para uma operação adequada, entretanto,<br />

os reguladores devem adotar<br />

uma abordagem proporcional às regras<br />

e regulamentos das seguradoras que<br />

trabalham com o microsseguro. A ampliação<br />

de distribuidores – como bancos<br />

e Fundos Monetários Internacionais, lojas<br />

de varejo, operadoras de telefonia móvel<br />

e fornecedores de insumos agrícolas – é<br />

necessária para levar as soluções a esses<br />

mercados. “Os microsseguros não são<br />

simplesmente produtos tradicionais com<br />

prêmios mais baixos e menores quantias<br />

asseguradas, e oferecê-los exige uma<br />

mudança de paradigma das seguradoras,<br />

embora eles possam alavancar e beneficiar<br />

os negócios das companhias”, diz o executivo,<br />

destacando que as organizações de<br />

apoio, como associações de seguros e atuários,<br />

precisam entender o microsseguro<br />

e fornecer assistência específica para que<br />

as seguradoras realizem essa mudança.<br />

Em meio a tudo isso, o mais importante<br />

é que os clientes enxerguem valor<br />

no que é ofertado pelas seguradoras.<br />

“Ninguém entende o valor de um produto<br />

melhor do que as pessoas pobres,<br />

que tem de observar cada centavo”,<br />

afirma Katharine Pulvermacher, diretora<br />

executiva da Microinsurance Network,<br />

plataforma global voltada para profissionais<br />

da indústria de microsseguro e<br />

organizações comprometidas em tornar<br />

o seguro inclusivo.<br />

China, Índia e África detêm o<br />

maior número de segurados<br />

Uma gama mais ampla de riscos e<br />

segurados já é coberta com sucesso em<br />

muitos países. Os reguladores liberaram<br />

a distribuição para que praticamente<br />

qualquer agregador de clientes de baixa<br />

renda possa vender microsseguro. Muitas<br />

❙ ❙<br />

Katharine Pulvermacher,<br />

da Microinsurance Network<br />

associações, incluindo a Confederação<br />

Nacional das Seguradoras (CNSeg) no<br />

Brasil, têm subgrupos sobre este assunto<br />

e, com cada vez mais expertise, os atuários<br />

melhoram a capacidade de precificação<br />

do produto.<br />

Os potenciais clientes também experimentaram<br />

melhores produtos e serviços.<br />

A segmentação de mercado surgiu<br />

com soluções projetadas especificamente<br />

para mulheres e para pescadores (a exemplo<br />

da Green Delta Insurance, em Bangladesh;<br />

e da Star Insurance, em Gana).<br />

Estima-se que hoje até 400 milhões<br />

de pessoas em todo o mundo recebam o<br />

amparo dessa modalidade de proteção.<br />

Destaque para a Índia, país com o maior<br />

número de segurados – mais de 125<br />

milhões. “A Índia foi o primeiro país do<br />

mundo a produzir regulamentações de<br />

microsseguro e a introduzir um sistema<br />

de cotas, em 2002, que obrigava muitas<br />

seguradoras a fornecer essencialmente o<br />

microsseguro”, explica Katharine.<br />

O sistema de cotas foi implementado<br />

pela Agência de Desenvolvimento Regulatório<br />

de Seguros do país logo após<br />

a abertura do mercado a seguradoras<br />

privadas. Esta cota exige que até 15% dos<br />

Estima-se que até 400<br />

milhões de pessoas<br />

em todo o mundo<br />

recebam o amparo<br />

dessa modalidade de<br />

proteção<br />

31


microsseguro<br />

segurados e 15% dos prêmios não vida sejam<br />

provenientes do setor social (pobres)<br />

ou rurais (definidos geograficamente).<br />

Isso força cada seguradora a desenvolver<br />

produtos e mercados para esses setores. O<br />

não cumprimento das cotas pode resultar<br />

na perda de licença para operação como<br />

empresa de seguros na Índia.<br />

O Governo local também fornece<br />

subsídios em produtos de microsseguro,<br />

permitindo que as seguradoras vendam<br />

o produto a um preço substancialmente<br />

menor do que um prêmio derivado atuarialmente.<br />

Semelhante à Índia em termos de<br />

volume populacional e subsídios está<br />

a China. Já a África, como continente,<br />

tem um índice de cobertura entre 3%<br />

e 4%. Alguns países, como Filipinas e<br />

Gana, relatam que mais de 30% de suas<br />

populações estão cobertas pelo microsseguro,<br />

resultado de uma combinação<br />

de fatores que incluem regulamentações<br />

facilitadoras e proporcionais, e um modelo<br />

de distribuição desenvolvido através<br />

de telefones celulares, alcançando quase<br />

todos os usuários de smartphones. A<br />

África do Sul, por sua vez, tem uma das<br />

maiores taxas de penetração de seguros,<br />

principalmente devido à sua cultura de<br />

funerais. “Um funeral é importante mesmo<br />

para os sul-africanos de baixa renda,<br />

o que impulsiona a venda de seguros<br />

funerários”, declara McCord.<br />

Aprendendo com os outros<br />

Alguns fatores impulsionaram o<br />

desenvolvimento do setor, entre eles a<br />

crescente percepção, particularmente<br />

entre as seguradoras globais, de que a<br />

base de clientes emergentes é enorme<br />

para ser ignorada em um contexto em<br />

que os mercados de seguros nos países<br />

da Organização para a Cooperação e<br />

Desenvolvimento Econômico (OCDE)<br />

podem estar saturados. Contudo, o progresso<br />

não é uniforme em todo o mundo<br />

e, mesmo em locais onde o crescimento<br />

é mais rápido, ainda há um amplo espaço<br />

a ser desbravado.<br />

No Brasil, especificamente, os microsseguros<br />

geraram R$ 311,17 milhões<br />

em prêmios entre janeiro e novembro de<br />

2017. Divulgados pela Superintendência<br />

de Seguros Privados (Susep), os dados<br />

32<br />

No Brasil, o mercado<br />

potencial do<br />

microsseguro é de 40<br />

milhões a 50 milhões<br />

de pessoas cobertas<br />

e até US$ 2 bilhões<br />

em prêmios<br />

indicam um salto de 57,7% em relação<br />

aos números obtidos um ano antes. Apesar<br />

disso, seu mercado potencial é de 40<br />

milhões a 50 milhões de pessoas cobertas<br />

e até US$ 2 bilhões em prêmios, garante<br />

Michael J. McCord. Então, por que até<br />

agora não “pegou” por aqui?<br />

“O Brasil, como grande parte da<br />

América Latina, é muito diferente da<br />

África e da Ásia em termos de microsseguro.<br />

O microsseguro africano foi<br />

substancialmente iniciado com fundos<br />

de doadores, e o crescimento da Ásia<br />

foi impulsionado significativamente<br />

por regulamentações (tanto coercitivas<br />

quanto na Índia, e facilitadoras como<br />

nas Filipinas). Na América Latina, o<br />

microsseguro era uma característica do<br />

setor comercial”, explica ele.<br />

Enquanto as seguradoras realizavam<br />

grandes esforços no microsseguro, as lojas<br />

de varejo, com grandes volumes de clientela<br />

de baixa renda, promoviam garantias<br />

consideradas pela Susep como conflitante<br />

com as proteções aceitas pelo consumidor.<br />

Como resposta, a autarquia reforçou os<br />

requisitos às companhias que oferecessem<br />

produtos para esse mercado, criando uma<br />

pesada carga regulatória e aumentando os<br />

custos administrativos dessas seguradoras.<br />

Regulamentações foram promulgadas<br />

para esclarecer as regras do microsseguro<br />

e do seguro “em massa”.<br />

“Por volta de 2015, quando visitei<br />

várias seguradoras no Brasil, perguntei<br />

a cada uma sobre seus produtos de<br />

microsseguro. Nenhuma delas oferecia<br />

microsseguro, e sim seguro em massa”,<br />

diz o diretor geral da MicroInsurance<br />

Centre at Milliman.<br />

Vendido com baixo prêmio e baixa<br />

cobertura, mas agnóstico em relação a<br />

qualquer nível econômico dos segurados,<br />

os executivos fazem um alerta: os seguros<br />

de massa podem não atender às necessi-<br />

❙❙<br />

Robert Bittar, da Fenacor<br />

dades reais das pessoas da mesma forma<br />

que o microsseguro.<br />

Presidente em exercício da Federação<br />

Nacional dos Corretores de Seguros<br />

(Fenacor), Robert Bittar confirma que os<br />

produtos comercializados no País são, na<br />

prática, seguros populares, e defende a<br />

necessidade de ajustes. “O microsseguro<br />

ainda não decolou porque há sérios gargalos,<br />

principalmente na questão tributária.<br />

É um produto muito específico e deve<br />

ser visto dessa forma pelas autoridades.<br />

Não adianta pensar em ganhos na arrecadação<br />

de tributos, quando o foco deve<br />

ser essencialmente na extrema relevância<br />

social desse produto”, sentencia.<br />

Bittar lembra que muitos modelos<br />

internacionais podem ser adaptados<br />

à realidade brasileira e espera que o<br />

microsseguro cumpra, no Brasil, a sua<br />

missão social de inserção das classes<br />

menos favorecidas em uma ampla rede<br />

de proteção e amparo social.<br />

A boa notícia é que a Susep é uma<br />

das poucas reguladoras que estão trabalhando<br />

em uma sandbox regulatória,<br />

permitindo que as seguradoras testem<br />

componentes de produtos e procedimentos<br />

de microsseguro que possam ampliar<br />

os requisitos atuais, o que poderia ajudar<br />

a promover um ambiente facilitador para<br />

o microsseguro.<br />

Os benefícios do seguro para a população<br />

estão mais do que provados. Sem<br />

bons produtos de seguro que forneçam<br />

valor apropriado às populações de baixa<br />

renda não há desenvolvimento sustentado<br />

em qualquer país.


33


seguradora | zurich<br />

Seguradora avança com estratégia<br />

multicanal e multiproduto<br />

Com mais de 140 opções<br />

de produtos para pessoas<br />

físicas e jurídicas, Zurich<br />

aposta no segmento de<br />

massificados, como auto,<br />

residencial e empresariais<br />

A<br />

Zurich está desenvolvendo<br />

uma nova estratégia para<br />

balizar os produtos que disponibiliza<br />

ao mercado. A<br />

estratégia tem como base um crescimento<br />

sustentável focado nas necessidades do<br />

cliente e do parceiro de negócios, oferecendo<br />

coberturas mais completas e maior<br />

flexibilidade nas opções de contratação,<br />

que garantem uma avaliação mais precisa<br />

do risco e um atendimento cada vez mais<br />

personalizado. Uma das apostas da Zurich<br />

é reforçar sua presença no segmento<br />

de linhas pessoais, com destaque para<br />

os seguros Automóvel, Residencial e<br />

Empresarial (PMEs).<br />

A companhia acredita que o parceiro<br />

de negócios de seguros, estratégico e principal<br />

interface com os segurados, é peça<br />

fundamental para desenvolver este modelo<br />

de negócio. O parceiro pode encontrar<br />

muitas oportunidades para explorar neste<br />

segmento, pois os benefícios são bem mais<br />

amplos do que aparentam. São poucos os<br />

clientes que conhecem a grande variedade<br />

de coberturas e limites, adaptáveis de acordo<br />

com o perfil de cada segurado.<br />

“A estratégia da companhia é seguir<br />

ampliando, revisando e melhorando<br />

nosso portfólio de produtos, adaptando<br />

nossas ofertas às necessidades dos nossos<br />

clientes, promovendo a cultura do seguro<br />

para que o mercado possa conhecer<br />

os riscos e se proteger deles. A oferta<br />

competitiva e a ampla diversidade de<br />

produtos são os pontos fortes da Zurich.<br />

Programa Experiência Zurich fortalece<br />

relação com parceiros de negócios<br />

Adotado como um modelo de negócio pela área comercial da Zurich, o<br />

Programa de Relacionamento Experiência Zurich vem atingindo resultados muito<br />

positivos com o objetivo de fortalecer a relação com os parceiros de negócios.<br />

O modelo utilizado no programa é inovador por reunir todos os benefícios de<br />

forma simplificada, oferecendo vantagens e incentivos aos parceiros de negócios.<br />

A iniciativa revela as vantagens em ser um parceiro Zurich, oferece a possibilidade<br />

de upgrade de categoria mensalmente e aumenta a competitividade em relação<br />

aos concorrentes.<br />

Dentre os benefícios oferecidos estão os programas de treinamentos, contratos<br />

de comissão adicional, campanhas de incentivo, chat de sinistros VIP para Infinite<br />

Blue e Premium, acesso ao TeZoura (desconto na cotação dos seguros de automóvel),<br />

o Ganha Mais (campanha para funcionários de corretoras) e a participação<br />

na campanha Vou com a Zurich, que premia parceiros com viagens.<br />

E seguiremos neste sentido, sempre com<br />

foco no longo prazo”, comenta Edson<br />

Franco, CEO da Zurich no Brasil.<br />

Em linha com o processo global de<br />

expansão de seus negócios, a seguradora<br />

fortalece sua atuação no mercado brasileiro<br />

com uma estratégia multicanal de<br />

distribuição e multilinha de produtos,<br />

com mais de 140 opções para clientes<br />

individuais e empresariais.<br />

A companhia opera desde varejo até<br />

grandes riscos, com uma estrutura robusta<br />

para atender de indivíduos a grandes<br />

corporações, passando pelas pequenas e<br />

médias empresas. Tem como destaques a<br />

área de Afinidades, com Garantia Estendida<br />

e Roubo e Furto, em que é líder de<br />

mercado; Linhas Financeiras, com D&O,<br />

E&O, Riscos de Engenharia (Construção)<br />

e Riscos Cibernéticos; e Linhas Pessoais,<br />

com Automóvel, Residência e Vida, entre<br />

outros.<br />

“O papel do parceiro de negócios é<br />

primordial para que nossas ofertas cheguem<br />

na ponta, ou seja, no consumidor<br />

final. Oferecemos todo apoio necessário,<br />

como canal direto de atendimento, treinamento<br />

para a equipe da corretora, apoio de<br />

marketing, expertise global no segmento,<br />

além de amplo portfólio de produtos”,<br />

afirma Marcio Benevides, vice-presidente<br />

Comercial da Zurich.<br />

34


35


Virtudes e riscos<br />

Há uma concorrência em nível<br />

internacional entre os países do Brics<br />

e cada um deles apresenta vantagens e<br />

riscos para as seguradoras que ali investem.<br />

Atualmente, o mercado chinês é o<br />

mais atrativo, com um forte crescimento<br />

neste segmento – só em 2017, o seguro<br />

de vida alavancou por volta de 20%. Em<br />

contrapartida, a China se mostra fechada<br />

às empresas estrangeiras. “Lá, é preciso<br />

fazer uma joint venture com um parceiro<br />

local”, explica o sócio de consultoria em<br />

serviços financeiros da EY, Nuno Vieira.<br />

Em comparação com a Rússia e a<br />

África do Sul, os ambientes econômico<br />

e político são percebidos como mais<br />

benéficos no Brasil, visto que sanções<br />

ocidentais existentes e a ameaça de novas<br />

imposições e restrições regulatórias podem<br />

continuar a influenciar a economia<br />

russa negativamente; e as incertezas políticas<br />

que antecedem as eleições de 2019,<br />

investimento fixo estagnado, exportações<br />

de produtos manufaturados fracas e a fraseguros<br />

pelo mundo | brics<br />

O destino dos grandes<br />

Os emergentes Brasil,<br />

China, Rússia, Índia e<br />

África do Sul seguem<br />

com capacidade de<br />

crescimento elevada<br />

para o setor e como imã<br />

de players mundiais de<br />

seguros<br />

Os mercados de seguros do<br />

Brasil, China, Rússia, Índia<br />

e África do Sul mostram-se<br />

atraentes pelo seu pouco<br />

grau de desenvolvimento e baixo grau<br />

de penetração do setor em relação<br />

ao potencial econômico, financeiro e<br />

populacional. São países que, teoricamente,<br />

ainda possuem capacidade de<br />

crescimento bastante elevada para essa<br />

indústria quando comparados a países<br />

desenvolvidos. É o cenário ideal para<br />

que seguradoras estrangeiras atuantes em<br />

mercados já maduros e consolidados, que<br />

não apresentam grandes possibilidades<br />

de crescimento, invistam nesses locais.<br />

Não é de hoje que se comenta sobre<br />

as boas perspectivas. Em 2013, um estudo<br />

publicado pela Munich Re apontava que o<br />

Brics, sob a liderança da China, seguida<br />

do Brasil, apareceriam mais vistosos no<br />

ranking do mercado segurador mundial<br />

36<br />

Lívia Sousa<br />

❙❙Simon Sachs, da Munich Re<br />

em 2020. Chegamos a 2018 e, de acordo<br />

com Simon Sachs, chefe de Soluções Estruturadas<br />

da Munich Re, os prognósticos<br />

feitos naquela época ainda seguem.<br />

“Os países do Brics continuam entre<br />

os mercados seguradores com o maior<br />

potencial de crescimento do mundo”,<br />

declara o executivo. Dentre os cinco, ele<br />

aponta China e Índia como mercados<br />

com dinâmica de crescimento mais forte,<br />

enquanto Brasil, Rússia e África do Sul,<br />

embora em crescimento, apresentem isso<br />

de maneira menos expressiva. “Temos<br />

convicção de que o setor continuará a<br />

crescer, pois a penetração dos seguros<br />

continua sendo inferior à dos países desenvolvidos”,<br />

afirma ele, que vê potencial<br />

para novos produtos (seguro cibernético),<br />

novos canais de distribuição (plataformas<br />

digitais e distribuição baseadas em<br />

telefones celulares) e novas coberturas<br />

(paramétricos).<br />

Até 2030, as expectativas da companhia<br />

com relação às taxas médias anuais<br />

de crescimento e prêmios subscritos são<br />

de 7,4% para o Brasil, 10% para a China,<br />

7,8% para a Índia, 6% para a Rússia e 4%<br />

para a África do Sul.


gilidade da situação dos cofres públicos<br />

são fatores de risco para as perspectivas<br />

econômicas sul-africanas. No quesito<br />

economia, porém, o Brasil aparece em<br />

desvantagem pelo seu rigor. “Nesse momento,<br />

não somos tão apetecíveis como<br />

os outros países do Brics. A nossa vantagem<br />

é que, institucionalmente, temos um<br />

ambiente mais favorável ao investimento<br />

que muitos deles, onde existe um controle<br />

de fundo estatal mais forte”, avalia Vieira.<br />

Além disso, as incertezas políticas ainda<br />

continuarão, pelo menos, até outubro de<br />

2018, quando serão realizadas as eleições.<br />

Ao lado da China, a Índia é vista<br />

como mais atrativa por investidores estrangeiros,<br />

dado seu tamanho e relativa<br />

estabilidade política e flexibilização<br />

das regras regulatórias. As dificuldades<br />

estruturais restringirão ainda mais o crescimento<br />

no médio prazo. Ainda assim, o<br />

país continua sendo uma das economias<br />

com maior potencial de crescimento para<br />

os próximos cinco anos.<br />

❙❙<br />

Nuno Vieira, da EY<br />

O que nos diferencia<br />

Há quatro anos, um estudo feito pela<br />

EY (antiga Ernst & Young) apontou o<br />

Brasil como o país mais acessível para<br />

companhias estrangeiras de seguros,<br />

apesar de seu crescimento em ritmo mais<br />

lento. No levantamento, figurávamos na<br />

terceira posição com maior previsão<br />

de crescimento em prêmios de seguros<br />

dentre 21 países emergentes. A tendência<br />

continua, embora este ano o Brasil não<br />

tenha tido um crescimento tão forte como<br />

em 2017, quando o mercado segurador<br />

avançou uma média de 7% – considerando<br />

também o ramo Saúde.<br />

“Observamos crescimentos negativos<br />

em algumas zonas da Europa e nos<br />

Estados Unidos. Então, basicamente, continuamos<br />

em uma agenda de crescimento<br />

bastante interessante”, diz o executivo da<br />

EY. “Perante as condicionantes econômicas,<br />

o Brasil continua crescendo mais do<br />

que a maioria das regiões do mundo, mas<br />

isso não significa que não temos coisas<br />

para fazer”, ressalta.<br />

O Brasil também se destaca na distribuição<br />

dos produtos, com os corretores<br />

respondendo por mais de 85% da produção<br />

do setor. Esses profissionais são a forma<br />

mais utilizada em diversos países por<br />

seguradoras que desejam ampliar sua co-<br />

37


ics<br />

bertura geográfica, introduzir novos produtos<br />

e serviços, melhorar sua eficiência<br />

operacional, reduzir custos, aumentar sua<br />

margem de contribuição ou mesmo ganhar<br />

espaço frente aos concorrentes, chegando<br />

melhor e mais rapidamente a seus clientes.<br />

Enquanto a Índia ainda apresenta problemas<br />

relativos aos seus canais de distribuição,<br />

com uma quantidade muito reduzida<br />

de corretores de seguros, no Brasil esse<br />

canal já bastante consolidado.<br />

“Caso a Índia não investa no canal<br />

corretor, continuará tendo um entrave<br />

ao desenvolvimento do seu mercado<br />

segurador. Canais diretos como a venda<br />

pelas seguradoras via internet não devem<br />

resolver isso”, frisa Miro Cequinel, professor<br />

da Escola Nacional de Seguros.<br />

Além disso, o país já passou pela<br />

fase de realizar a abertura da indústria<br />

de seguros e de resseguro e permitir a<br />

atuação de seguradoras estrangeiras, o<br />

que dinamizou o mercado. Com isso,<br />

ocorreu o processo de modernização<br />

do setor o qual está inserido hoje em<br />

um mercado globalizado. A grande internacionalização<br />

ocorrida no mercado<br />

de seguros brasileiro de 1994 a 2002 foi<br />

❙❙<br />

Miro Cequinel, da ENS<br />

responsável por várias coisas, como a forte<br />

pressão pela quebra do monopólio do<br />

IRB que veio a ocorrer posteriormente,<br />

explica Cequinel. Os mercados de seguros<br />

chinês, russo e indiano encontram-se<br />

ainda atrasados em relação a esta abertura,<br />

quando comparados às mudanças e<br />

transformações que tivemos no Brasil nas<br />

últimas décadas (ainda que na Rússia as<br />

resseguradoras internacionais já atuem e<br />

a China já conta com uma presença das<br />

seguradoras estrangeiras).<br />

Para Maria Filomena Branquinho,<br />

“Ticks”: um novo motor<br />

de crescimento mundial?<br />

Alguns analistas econômicos estão<br />

deixando de se referir aos Brics como<br />

possíveis motores do crescimento mundial<br />

e referindo-se aos “Ticks” (Taiwan, Índia,<br />

China e Coreia do Sul), sugerindo que o<br />

desenvolvimento tecnológico de Taiwan<br />

e Coreia do Sul prometem um crescimento<br />

acelerado para os próximos anos, que<br />

economias mais focadas em commodities<br />

como Brasil e Rússia poderiam não atingir.<br />

Miro Cequinel, porém, acredito que esta<br />

seja apenas uma questão de momento,<br />

levando-se em conta que o próprio crescimento<br />

da China também arrefeceu nos<br />

últimos anos.<br />

“Assim que Rússia e Brasil acentuem<br />

o ritmo de recuperação econômica, claramente<br />

os analistas voltarão a dar destaque<br />

aos Brics e talvez possamos ver estes países<br />

fazendo algo mais tangível em nível de<br />

parcerias e cooperação”, afirma.<br />

❙❙<br />

Maria Filomena Branquinho, do Sincor MG<br />

presidente do Sindicato dos Corretores<br />

de Seguros de Minas Gerais (Sincor-MG)<br />

e vice-presidente da Federação Nacional<br />

dos Corretores de Seguros (Fenacor), o<br />

Brasil é, de fato, entre os países do Brics,<br />

aquele onde o mercado de seguros tem<br />

maior potencial para crescer nos próximos<br />

anos. Primeiro porque o consumidor<br />

mudou e hoje tem uma percepção melhor<br />

da importância do seguro, que era sentida<br />

apenas no momento da reposição do bem<br />

na ocorrência de um sinistro e, agora, já<br />

é percebido como um instrumento indispensável<br />

de prevenção.<br />

“Vários fatores contribuíram para<br />

isso. O mercado investe mais em divulgação.<br />

Embora possa avançar bastante nessa<br />

questão, há uma disseminação maior de<br />

produtos e serviços diferenciados, até pela<br />

entrada de vários grupos estrangeiros no<br />

mercado local; e há uma conscientização<br />

dos consumidores, sobretudo os mais<br />

jovens, de que tão importante quanto<br />

resguardar o patrimônio é proteger a si<br />

mesmo e o futuro da família com a contratação<br />

de seguros de vida ou saúde e de<br />

planos de previdência privada” justifica.<br />

São justamente os mais jovens que<br />

irão conduzir o crescimento do ramo de<br />

Pessoas, que no primeiro semestre deste<br />

ano gerou um volume de prêmios maior<br />

que os riscos patrimoniais, alcançando<br />

um fato inédito no mercado. “Os jovens<br />

têm mais acesso à informação, principalmente<br />

pela internet, e percebem o quanto<br />

é importante investir na prevenção e na<br />

proteção do seu futuro. A educação financeira<br />

vem se disseminando aos poucos, o<br />

que é uma excelente notícia”, comemora<br />

Maria Filomena.<br />

38


39


saúde | operação<br />

Sistema de gestão ajuda<br />

seguradoras e operadoras a<br />

reduzir custos dos planos<br />

Saúde Concierge<br />

desenvolveu método<br />

de gestão de saúde<br />

através de tecnologia<br />

que utiliza Inteligência<br />

Artificial e Big Data<br />

para diminuir o índice<br />

de sinistralidade das<br />

carteiras<br />

Uma das maiores questões do<br />

mercado de saúde suplementar<br />

atualmente é a equalização<br />

dos custos. Se de um lado os<br />

usuários não conseguem bancar os sucessivos<br />

aumentos, sejam eles nas carteiras<br />

de produtos individuais ou corporativos,<br />

de outro, as operadoras veem seus custos<br />

operacionais aumentando e a impossibilidade<br />

de total repasse destes valores, sob<br />

pena de perda dos clientes.<br />

Para trabalhar a mediação desta relação,<br />

a Saúde Concierge atua no segmento<br />

corporativo como um parceiro estratégico<br />

das operadoras e seguradoras de saúde e<br />

do RH das empresas. Seu foco é o uso<br />

consciente dos recursos do benefício de<br />

saúde. Por meio de um sistema tecnológico<br />

simples de usar, a empresa é capaz<br />

de dar suporte a processos complexos que<br />

visam cuidar da saúde dos indivíduos.<br />

Como consequência, os custos com o<br />

benefício de saúde das cinco mil vidas<br />

que a empresa administra atualmente<br />

apresentaram redução de até 30% às<br />

operadoras.<br />

Para atingir este resultado, a Saúde<br />

Concierge atua sob os pilares de tecnologia,<br />

profissionais especializados e<br />

método de gestão. A tecnologia integra<br />

dados coletados e armazenados via APP,<br />

40<br />

web e no sistema operacional<br />

da empresa para análise e<br />

monitoramento da condição<br />

de saúde dos pacientes em<br />

tempo real. Além disso, uma<br />

equipe multidisciplinar capacitada<br />

acompanha o indivíduo<br />

durante todo o processo de<br />

melhoria dos seus indicadores<br />

clínicos. O método de gestão<br />

baseado em processos qualitativos<br />

aperfeiçoa o atendimento<br />

de maneira contínua e,<br />

com o auxílio da inteligência<br />

artificial, pode prever e agir<br />

antecipadamente a alterações clínicas.<br />

“Nossa atuação acontece por meio<br />

de multicanais, seja via visitas presenciais<br />

de profissionais credenciados, tais como<br />

médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,<br />

enfermeiros, ou pelo atendimento<br />

humanizado da nossa equipe própria<br />

que interage remotamente via central<br />

de atendimento”, explica Tatiana Giatti,<br />

❙ ❙<br />

Tatiana Giatti, diretora executiva<br />

da Saúde Concierge<br />

diretora executiva da Saúde Concierge.<br />

A empresa possui mais de 20 mil<br />

profissionais de saúde espalhados pelo<br />

País. Somando a atuação desses ao trabalho<br />

via central telefônica, a empresa realiza,<br />

em média, 600 atendimentos diários.<br />

Isso garante uma visão geral da carteira<br />

de saúde para os clientes corporativos.<br />

A estrutura de atenção primária e<br />

analítica, combinada com as informações<br />

e tecnologias de análise, permitem a indicação<br />

de cenários preditivos. “Temos<br />

um grande banco de dados gerado por<br />

meio do monitoramento do dia a dia<br />

do paciente, que inclui tudo que ele fez<br />

durante um período, como consultas,<br />

exames, casos de atendimento em prontos-socorros,<br />

internações. Este sistema<br />

nos permite extrair uma série de dados<br />

preditivos que, por sua vez, nos ajudarão<br />

a saber antes de aplicar qual a melhor<br />

conduta ou tratamento a ser seguido em<br />

um universo de pessoas que apresentam<br />

sintomas semelhantes, que efeitos surtiu o<br />

tratamento aplicado ou se não deu efeito”,<br />

diz Tatiana.<br />

Para desenvolver a healthtech foi<br />

investido R$ 1,5 milhão em recursos<br />

próprios dos fundadores e mais R$ 1,5<br />

milhão de investidor anjo. A expectativa<br />

da empresa é nos próximos 24 meses<br />

crescer uma média de 30% ao ano.


41


seguros | economia<br />

Resiliência à prova<br />

Seguradoras<br />

cortam projeção de<br />

desempenho para 2018<br />

pela metade, em um<br />

movimento que visa<br />

a inserir a realidade<br />

da previdência<br />

privada nos números.<br />

Com a redução dos<br />

juros e a volatilidade<br />

nos mercados, a<br />

rentabilidade dos<br />

planos foi ladeira abaixo<br />

e levou consigo a<br />

arrecadação dos planos<br />

no semestre, enquanto<br />

a economia segue sem<br />

forças para engrenar<br />

um ritmo de retomada<br />

do crescimento mais<br />

parrudo<br />

42<br />

Manuela Almeida<br />

O<br />

baque no setor de previdência<br />

privada associado a uma<br />

economia ainda frágil e que<br />

demora a engrenar foram<br />

capazes de postergar novamente a expectativa<br />

do mercado de seguros voltar<br />

a encostar nos sonhados dois dígitos de<br />

crescimento. Ficou para 2019, considerando<br />

um olhar otimista. Executivos não<br />

esperavam um primeiro semestre fácil,<br />

levando em conta o ritmo de atividade do<br />

País. A economia não vinga. As empresas<br />

e famílias já estão com orçamentos<br />

enxutos e, portanto, itens até então preservados<br />

como, por exemplo, o seguro,<br />

passam a estar na mira dos ajustes fiscais<br />

domésticos. O índice de desemprego<br />

demonstra sinais de trégua. Mas, ainda<br />

assim, são 13 milhões de pessoas sem<br />

trabalho no País. Do lado corporativo, a<br />

instabilidade política em meio às eleições<br />

presidenciais mais fragmentadas da história<br />

brasileira posterga os investimentos<br />

e adiciona uma dose a mais de cautela nas<br />

empresas, que seguem em compasso de<br />

espera em busca de mais clareza no cenário<br />

atual. “Muitos segurados que ainda<br />

priorizam o seguro, e que antes pagavam<br />

à vista, estão parcelando a renovação de<br />

suas apólices em dez ou 12 vezes. Já as<br />

empresas têm reduzido as coberturas de<br />

frotas, contratando somente para terceiros”,<br />

conta o corretor de seguros Leandro<br />

Moriya, da Moriseg Seguros.<br />

O cenário tem como ator principal<br />

um Produto Interno Bruto (PIB) que não<br />

reage. O segundo trimestre veio acompanhado<br />

de uma expansão tímida de 0,2%<br />

em relação aos três meses anteriores,<br />

segundo dados do Instituto Brasileiro<br />

de Geografia e Estatística (IBGE). Não<br />

bastasse isso, com o impacto negativo<br />

da greve dos caminhoneiros, em maio,<br />

o crescimento de janeiro a março deste<br />

ano foi revisado de avanço de 0,4% para<br />

apenas 0,1%. Assim, o PIB brasileiro<br />

caminha para repetir mais um ano de<br />

“Os seguros de vida e<br />

de viagem têm crescido<br />

neste ano. O último<br />

muito motivado pela<br />

variação do dólar – em<br />

meio à volatilidade com<br />

as eleições e fatores<br />

externos – que motiva os<br />

prêmios para cima”<br />

Leandro Moriya, da Moriseg Seguros


produto | riscos cibernéticos<br />

baixo crescimento como já ocorreu no<br />

ano passado a despeito de dois anos<br />

consecutivos de recessão. As projeções de<br />

economistas apontam para um intervalo<br />

de expansão de 1,0% a 1,5% em 2017<br />

contra uma expectativa que chegava a<br />

3% no início do ano.<br />

Com o pano de fundo nada favorável<br />

da economia brasileira no primeiro semestre,<br />

o mercado de seguros teve suas<br />

expectativas frustradas no período. De<br />

janeiro a junho, o setor entregou tímido<br />

crescimento de 1,6% em termos de faturamento<br />

(sem saúde e DPVAT) comparado<br />

com o mesmo período do ano passado,<br />

totalizando quase R$ 116 bilhões<br />

em prêmios de seguros no período, de<br />

acordo com dados da Susep compilados<br />

pela CNseg. Foi menor, inclusive, que a<br />

taxa de expansão registrada na primeira<br />

metade de 2014, quando o segmento<br />

apresentou avanço de 3,0%, patamar esse<br />

que já tinha sido recorde de baixa desta<br />

indústria. Pelos dados da consultoria<br />

Siscorp, que considera o conceito seguro,<br />

incluindo o VGBL, mas sem previdência,<br />

capitalização e saúde, a alta nominal no<br />

primeiro semestre do ano foi ainda mais<br />

sútil, de apenas 0,3%, também a menor<br />

taxa desde 2014, quando o setor sentia<br />

reflexos do mercado de previdência por<br />

conta da mudança nas regras de alocação<br />

de recursos. Não bastasse um “guinness”<br />

às avessas nos mais variados recortes do<br />

segmento na primeira metade do ano, o<br />

desempenho consolidado do setor desencadeou<br />

uma revisão geral nas perspectivas<br />

para o ano. As seguradoras esperam<br />

que, na melhor das hipóteses, o mercado<br />

cresça até 6,2% em 2018. No cenário<br />

pessimista, entretanto, a expansão não<br />

passa dos 3,4%, praticamente metade da<br />

taxa de expansão vista no ano passado,<br />

de 6,6%, segundo a CNseg.<br />

Apesar disso, o presidente da Confederação,<br />

Marcio Coriolano, tem defendido<br />

que esta é apenas uma fotografia do<br />

mercado de seguros e que é preciso, antes<br />

de tudo, avaliar o filme do segmento,<br />

principalmente, sob a ótica individual<br />

de cada ramo. “O mercado de seguros<br />

está crescendo abaixo da inflação, mas<br />

não dá para olhá-lo como uma coisa só”,<br />

atenta ele. Chama atenção, por exemplo,<br />

para o desempenho do mercado de seguro<br />

❙❙<br />

Marcio Coriolano, da CNSeg<br />

de automóveis que no primeiro semestre<br />

cresceu 7,5%, variação essa que pode chegar<br />

aos 9,0%, conforme o cenário otimista<br />

projetado pela CNseg para 2018. O crescimento,<br />

garante Coriolano, não tem como<br />

mola mestra apenas os movimentos de<br />

reprecificação que as seguradoras fizeram<br />

para compensar os juros baixos e também<br />

o ambiente de riscos mais agravado. De<br />

fato, a base de veículos segurados aumentou.<br />

Aqui, também, vale uma ressalva.<br />

Boa parte do crescimento do setor neste<br />

ano, de acordo com o presidente da alemã<br />

HDI, Murilo Riedel, tem sido puxado por<br />

locadoras de veículos. Ou seja, ainda que<br />

a indústria automobilística já estimule<br />

ventos mais favoráveis para o setor de<br />

seguros, o segmento ainda não recuperou<br />

todo o seu vigor no Brasil.<br />

Tanto é que a Porto Seguro, líder<br />

do seguro de automóvel no Brasil, tem<br />

como seu principal “calcanhar de aquiles”<br />

voltar a expandir a sua frota, que<br />

encerrou junho com queda de 0,7% ante<br />

um ano. Impactada principalmente pela<br />

marca premium da companhia, a base<br />

de veículos segurados não voltará a se<br />

expandir, contudo, conforme o diretor<br />

geral de Relações com Investidores da<br />

Porto Seguro, Marcelo Picanço, caso<br />

inverter a chave signifique sacrificar a<br />

rentabilidade da companhia. “Fazer a frota<br />

de veículos segurados voltar a crescer<br />

é o nosso principal calcanhar de aquiles.<br />

Precisamos entender como o mercado<br />

vai se comportar. Se for mais agressivo,<br />

vamos perder frota, mas se a competição<br />

for racional podemos recuperar”, diz o<br />

diretor da Porto Seguro.<br />

Os guidances<br />

Quem também adicionou uma disciplina<br />

a mais em precificação e subscrição<br />

de risco foi a Bradesco Seguros. Como<br />

consequência, os prêmios de seguro<br />

de automóvel tiveram pequena queda<br />

no semestre. No entanto, pesou, principalmente,<br />

na decisão da companhia<br />

de revisar para baixo a sua projeção de<br />

faturamento em 2018, de acordo com o<br />

novo diretor presidente da companhia,<br />

Vinicius Albernaz, o desempenho do<br />

setor de previdência. A Bradesco Seguros<br />

espera elevar seus prêmios neste ano entre<br />

2% e 6%, contra intervalo anterior que<br />

indicava para crescimento de 4% a 8%.<br />

Albernaz explica que foi uma pequena<br />

revisão que buscou reconhecer uma realidade<br />

de mercado. No primeiro semestre,<br />

“Crescer no mercado<br />

de risco é fácil. Crescer<br />

com rentabilidade, com<br />

resultado sustentável é<br />

o jogo que queremos<br />

jogar. A revisão do<br />

guidance é também<br />

reconhecer que o<br />

mercado como um todo<br />

está um pouquinho<br />

mais desafiador”<br />

Vinicius Albernaz, presidente da<br />

Bradesco Seguros<br />

43


economia<br />

❙❙<br />

Werner Süffert, da BB Seguridade<br />

a captação líquida da previdência privada<br />

aberta despencou em cerca de 30% ante<br />

um ano, para próximo de R$ 17 bilhões,<br />

conforme a Federação Nacional de Previdência<br />

Privada e Vida (FenaPrevi). Com<br />

a queda dos juros e a volatilidade nos<br />

mercados futuros, a rentabilidade dos fundos<br />

tem sido impactada, o que assusta os<br />

detentores de planos que procuram outros<br />

investimentos de maior retorno. “O segundo<br />

semestre costuma ser melhor. Temos<br />

uma sazonalidade favorável. É um pouco<br />

por isso que fizemos esse ajuste pequeno<br />

(no guidance), porque está embutida uma<br />

previsão de crescimento para o período”,<br />

explica o presidente da Bradesco.<br />

Outra companhia que também foi<br />

obrigada a revisar para baixo a sua projeção<br />

de desempenho (guidance) para<br />

o ano foi a BB Seguridade, holding de<br />

seguros do Banco do Brasil. A companhia<br />

espera que seu lucro líquido ajustado<br />

caia até 6,0% e, na melhor das hipóteses,<br />

diminua até 4% neste ano ante faixa que<br />

indicava queda de no máximo 2% a alta<br />

de até 2%. Segundo o diretor de Gestão<br />

Corporativa e Relações com Investidores<br />

da BB Seguridade, Werner Romera<br />

Süffert, os resultados da holding, que<br />

recentemente anunciou um novo acordo<br />

com a espanhola Mapfre, foram afetados<br />

por uma atividade econômica um pouco<br />

mais fraca do que o previsto.<br />

Aqui também um desafio<br />

Essa postura mais racional das seguradoras<br />

também tem por trás a falta<br />

de um resultado financeiro mais robusto<br />

para servir de suporte para tropeços do<br />

44<br />

lado operacional. Com a queda dos juros<br />

básicos do País, a Selic, que segue em<br />

6,5% ao ano – até a reunião de agosto,<br />

os resultados financeiros das seguradoras<br />

continuaram minguando. Na primeira<br />

metade do ano, a linha encolheu em mais<br />

de 13% ante um ano, para R$ 17,3 bilhões,<br />

segundo a Susep. A queda foi ainda<br />

maior que a vista na primeira metade de<br />

2017 frente a 2016, quando o resultado<br />

financeiro combinado das seguradoras<br />

se reduziu em 9,95%, uma vez que a<br />

Selic média neste ano está menor que no<br />

exercício passado.<br />

Mas essa é uma realidade que atravessa<br />

as fronteiras do mercado brasileiro.<br />

Em sua 50ª edição, o estudo Sigma, do<br />

Swiss Re Institute, atenta para o fato de a<br />

rentabilidade das seguradoras ao redor do<br />

mundo continuarem sob pressão devido<br />

às taxas de juros baixas, ao aumento da<br />

concorrência e também às alterações<br />

regulatórias. “O ambiente contínuo de<br />

taxas de juros baixas permanece sendo<br />

uma grande preocupação para a rentabilidade”,<br />

ressalta o economista-chefe do<br />

Swiss Re Group, Jérôme Haegeli.<br />

Com a pressão do financeiro, as<br />

seguradoras estão tentando compensar<br />

com resultado operacional e, portanto,<br />

debruçadas no aumento dos prêmios.<br />

“O resultado operacional vai ser a maior<br />

alavanca do resultado para o futuro”, diz<br />

Süffert, da BB Seguridade.<br />

Apesar da pressão por rentabilidade,<br />

de acordo com a diretora executiva da<br />

corretora de seguros Marsh, Paula Lopes,<br />

o mercado continua com bastante capacidade,<br />

o que gera muita competitividade e<br />

❙❙Jérôme Haegeli, do Swiss Re Group<br />

❙❙<br />

Paula Lopes, da Marsh<br />

queda dos preços. “A tendência era que<br />

isto seria revertido ao longo deste ano por<br />

conta da queda da taxa de juros e sinistros<br />

ocorridos no ano passado, mas não houve<br />

mudança e as seguradoras permanecem<br />

com muita capacidade e bem agressivas”,<br />

observa ela.<br />

De negativa para estável<br />

A segunda metade do ano, porém,<br />

tende a ser aquecida, conforme tradicionalmente<br />

ocorre no setor de seguros. Cálculos<br />

do economista Francisco Galiza, da<br />

Rating de Seguros, mostra que na última<br />

década, o faturamento do segundo semestre<br />

superou o do primeiro. Apesar de ter<br />

conseguido superar a inflação no período,<br />

o crescimento no comparativo semestral<br />

do mercado vem perdendo força. Em 2018,<br />

porém, a segunda metade do ano pode<br />

ser mais aquecida não só pela fraca base<br />

de comparação bem como a definição no<br />

campo político e as perspectivas de dias<br />

melhores do lado econômico.<br />

Tanto é que a agência de classificação<br />

de risco Moody’s alterou a perspectiva<br />

para a indústria de seguros brasileira para<br />

os próximos 12 a 18 meses para estável<br />

de negativa. A decisão, explica a classificadora,<br />

está respaldada no aumento no<br />

volume de prêmios e rentabilidade estável<br />

na esteira de uma melhor disciplina<br />

de subscrição, apesar do crescimento<br />

econômico lento. “Embora o atual ambiente<br />

econômico no Brasil limite as<br />

perspectivas de crescimento para as<br />

seguradoras, o setor, de um modo geral,<br />

tem crescido a um ritmo mais rápido que<br />

o da economia”, lembra o vice-presidente


45


economia<br />

O ciclo<br />

Mercado de seguros revisa projeções após desempenho abaixo do esperado<br />

na primeira metade do ano e instabilidade no segmento de previdência privada.<br />

Além das condições específicas de cada ramo, falta o combustível essencial para<br />

motivar o setor: emprego e renda<br />

Faturamento engatinha<br />

Primeiro semestre foi o de menor crescimento semestral desde 2014, quando<br />

já havia quebrado o recorde de 2009, momento em que o mundo sofria os reflexos<br />

da crise financeira global<br />

Arrecadação (em bilhões R$)<br />

1º Semestre 2014 2015 2016 2017 2018<br />

Mercado (s/Saúde e s/ DPVAT)* 88,79 101,56 108,16 113,93 115,79<br />

% 3,0% 14,4% 6,5% 5,3% 1,6%<br />

Período<br />

Prêmio Emitido Líquido (PEL)<br />

R$ mil Variação<br />

Jan a Jun 2014 76.055.146 3,5%<br />

Jan a Jun 2015 88.159.042 15,9%<br />

Jan a Jun 2016 95.516.351 8,3%<br />

Jan a Jun 2017 100.328.985 5,0%<br />

Jan a Jun 2018 100.637.260 0,3%<br />

Financeiro não ajuda<br />

Com a queda dos juros, aos 6,5% ao ano, o resultado foi junto<br />

2018 2017 2016<br />

janeiro 950.921.505 1.177.381.611 1.041.914.915<br />

fevereiro 1.605.842.487 2.048.051.405 2.076.150.342<br />

março 2.551.304.542 3.091.815.532 3.130.188.209<br />

abril 3.445.018.228 3.733.572.651 4.174.779.452<br />

maio 3.881.455.130 4.536.856.605 5.254.974.549<br />

junho 4.870.091.133 5.314.560.509 6.440.007.270<br />

17.304.633.025 19.902.238.313 22.118.014.737<br />

CNSeg<br />

Siscorp<br />

❙❙<br />

Diego Kashiwakura, da Moody’s<br />

da Moody’s, Diego Kashiwakura.<br />

Além disso, os mercados emergentes<br />

tendem a continuar, de acordo com o<br />

estudo Sigma, como molas propulsores<br />

do crescimento dos prêmios globais. No<br />

ano passado, o faturamento global do<br />

mercado de seguros foi de quase US$ 5<br />

trilhões, com desaceleração no crescimento,<br />

para 1,5% ante 2,2% em 2016. Com<br />

dois dígitos, a China é um dos destaques<br />

e, economista-chefe do Swiss Re Group,<br />

Jérôme Haegeli, deve continuar a ter forte<br />

peso nos prêmios globais devido às obras<br />

de infraestrutura em andamento. É possível,<br />

conforme o especialista, inclusive, que<br />

a região supere as expectativas na próxima<br />

década. “Nas décadas seguintes, outros<br />

mercados como Índia, Indonésia, Brasil,<br />

México, Paquistão, Nigéria e Quênia podem<br />

se tornar mais importantes”, conclui<br />

o especialista.<br />

Ao longo do tempo, a penetração<br />

(prêmios/PIB) tem aumentado, segundo<br />

o estudo da Swiss Re, consistentemente<br />

em economias emergentes. Com a crise<br />

no Brasil, o peso do mercado de seguros<br />

segue ao redor dos 6% do PIB. Se de um<br />

lado mostra um mercado resiliente, mas<br />

no mesmo patamar, do outro representa<br />

um mar de oportunidades para as seguradoras<br />

por aqui instaladas, tão logo as<br />

condições macroeconômicas bem como<br />

melhora do emprego e renda permitam.<br />

“O setor de seguros tem muito potencial<br />

no longo prazo, uma vez que representa<br />

cerca de 6% do Produto Interno Bruto<br />

(PIB)”, avalia a diretora da agência Fitch<br />

Ratings, Esin Celasun, que acrescenta:<br />

“É muito pequeno”.<br />

46


serviço | classic<br />

Corretora investe na<br />

experiência do cliente<br />

Classic Seguros aposta<br />

em plataforma digital<br />

de vendas através de<br />

parceria com empresa<br />

de tecnologia, para ter a<br />

robustez necessária ao<br />

comércio online<br />

Hoje, mais do que em nenhum<br />

outro período desde a Revolução<br />

Industrial, é essencial<br />

que a experiência do cliente<br />

e o processo de realização de compra<br />

seja rápido, prático e seguro. Por essa<br />

razão, a Classic Seguros lançará, ainda<br />

em 2018, sua plataforma de e-commerce,<br />

cuja infraestrutura arrojada e processos<br />

otimizados têm como objetivo melhorar<br />

a experiência de navegação e suporte ao<br />

consumidor final.<br />

Para a estruturação dessa plataforma,<br />

a Classic Seguros fechou um joint<br />

venture com a Ifaro Soluções Tecnológicas,<br />

empresa paulista especializada<br />

em tecnologia da informação e desenvolvimento<br />

de plataformas projetadas<br />

com tecnologia de ponta. Hélio Loreno,<br />

CEO da Classic Seguros, acredita que um<br />

setor tecnológico bem estruturado tem a<br />

capacidade de potencializar a operação<br />

de sua plataforma digital, pois processos<br />

automatizados e mais ágeis facilitam e<br />

estreitam o relacionamento com o cliente.<br />

Novas práticas<br />

Nos últimos anos, a empresa passou<br />

por um processo de transformação, apresentando<br />

sua nova marca, site e posicionamento<br />

sem deixar de lado a manutenção<br />

dos bons relacionamentos e parcerias<br />

estratégicas. Seus principais diferenciais<br />

em relação à concorrência continuam os<br />

mesmos: agilidade, desempenho, proximidade<br />

do cliente e experiência.<br />

Novos públicos<br />

O novo consumidor é exigente,<br />

criterioso e possui acesso ilimitado às<br />

informações sobre qualquer produto e<br />

serviço. O objetivo da Classic Seguros<br />

é atender as necessidades particulares<br />

desses novos perfis através da realização<br />

de venda consultiva, assertiva e mais<br />

humana, mesmo que ela se dê de forma<br />

❙❙Hélio Loreno, CEO da Classic Seguros<br />

digital, seja por meio da plataforma e-<br />

-commerce, site, blog ou redes sociais.<br />

“Eu acredito que o maior de todos os<br />

desafios seja o fato de que o brasileiro, diferente<br />

do japonês, americano e europeu,<br />

ainda não descobriu o real valor de se ter<br />

uma previdência privada e um seguro<br />

de vida, mas é apenas uma questão de<br />

tempo até que ele tome conhecimento da<br />

importância desse investimento. Em relação<br />

ao mercado, a Classic Seguros tem<br />

uma posição de vanguarda e está sempre<br />

atenta aos momentos e às oportunidades<br />

que se apresentam”, avisa Loreno.<br />

“Por isso, reformulamos toda a estrutura<br />

da empresa, criando um plano que<br />

inovou processos, produtos e serviços.<br />

Entendemos que com uma empresa bem<br />

estruturada, uma equipe capacitada e<br />

com seguradoras parceiras que também<br />

trilham o caminho da inovação, o<br />

consumidor, sobretudo o jovem de hoje,<br />

se sentirá mais motivado a investir na<br />

proteção de sua vida, sua família, seus<br />

sonhos e seu futuro. Quando ele estiver<br />

pronto para comprar, buscará por uma<br />

consultoria que lhe proporcione, além<br />

de uma transação rápida e acessível,<br />

uma experiência fantástica de compra”,<br />

garante o executivo da Classic.<br />

47


produto | bike<br />

Proteção sobre duas rodas<br />

Bicicletas e ciclistas também necessitam de<br />

proteção. Argo Seguros aposta neste mercado e<br />

apresenta novo produto para bikes elétricas, com<br />

contratação ágil e 100% digital<br />

Lívia Sousa<br />

Trocar o carro pela bicicleta se<br />

tornou uma prática comum<br />

entre as pessoas que moram nos<br />

grandes centros, especialmente<br />

depois que as ciclovias foram expandidas.<br />

Um estudo feito pelo Portal G1 e Globo-<br />

News junto a prefeituras de 26 cidades<br />

brasileiras e o governo do Distrito Federal<br />

revela que, nos últimos quatro anos,<br />

a malha cicloviária das capitais saltou<br />

133%, passando de 1.414 quilômetros<br />

de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas em<br />

2014, para 3.291 quilômetros em julho de<br />

2018. A prefeitura da maior metrópole do<br />

País, São Paulo, já apresentou um novo<br />

plano cicloviário para a criação de mais<br />

1.420 quilômetros de ciclovias até 2028.<br />

Embora sejam uma alterativa mais<br />

sustentável dentro da mobilidade urbana,<br />

as “magrelas”, assim como os automóveis,<br />

necessitam de proteção. Isso porque o<br />

padrão das bicicletas evoluiu e muitas<br />

delas não saem por menos de R$ 5 mil.<br />

Alguns modelos, inclusive, chegam a custar<br />

tanto quanto um automóvel popular<br />

zero quilômetro.<br />

Atenta aos movimentos deste mercado,<br />

a Argo Seguros ampliou a gama<br />

de ofertas e lançou recentemente uma<br />

proteção para bicicletas elétricas com<br />

acelerador, com potência nominal abaixo<br />

de 800 watts. O produto cobre roubo e<br />

furto qualificado ocorrido dentro ou fora<br />

da residência do segurado, além de danos<br />

ocasionados durante viagens aéreas em<br />

território nacional. “O dono pode estar<br />

passeando, treinando, em competição,<br />

viajando pelo Brasil com a sua bicicleta,<br />

ou até mesmo dentro de casa. Não<br />

importa onde ele esteja, a apólice cobre<br />

todas essas situações. Funciona como um<br />

seguro pessoal da bike”, garante Janete<br />

Tani, gerente de Riscos Patrimoniais da<br />

48<br />

companhia. O seguro destina ainda 100%<br />

do valor da bike exclusivamente para<br />

danos materiais e corporais causados a<br />

terceiros (Responsabilidade Civil). “Se<br />

a bicicleta custa R$ 10 mil, o segurado<br />

terá mais R$ 10 mil para cobrir o terceiro.<br />

O limite da apólice será de R$ 20 mil”,<br />

reforça.<br />

Crescem os sinistros<br />

relacionados a acidentes<br />

Para os ciclistas que contratam um<br />

seguro, a maior preocupação é com os<br />

roubos e furtos. E não é para menos. De<br />

acordo com o Cadastro Nacional de Bicicletas<br />

Roubadas, uma bicicleta é roubada<br />

a cada 30 minutos na capital paulista. Por<br />

outro lado, quem opta por este modal fica<br />

ainda mais suscetível a acidentes – também<br />

cobertos pela apólice.<br />

“O ciclista profissional pedala em<br />

uma velocidade maior, passa por percursos<br />

acidentados, está exposto a mais<br />

riscos. Mas os acidentes também tomam<br />

um espaço grande no dia a dia do ciclista<br />

amador”, lembra Janete, revelando<br />

que em março deste ano esses eventos<br />

atingiram entre 55% e 57% da mesa de<br />

sinistros analisados pela empresa. “É<br />

importante que o corretor utilize esse<br />

argumento como apelo de venda, pois a<br />

importância de estar protegido geralmente<br />

só é considerada depois que acontece<br />

alguma coisa”.<br />

Ainda não há uma cobertura somente<br />

para acidentes que possa ser contratada<br />

separadamente pelos ciclistas tradicionais,<br />

mas isso deve acontecer em breve.<br />

A Argo já ensaia um produto similar<br />

em competições do segmento das quais<br />

patrocina. Desenhado para os competidores<br />

que não tiveram acesso ao seguro<br />

convencional, o Bike 24 Horas garante<br />

❙❙<br />

Janete Tani, da Argo Seguros<br />

ao segurado a cobertura apenas durante<br />

o percurso que será realizado nas provas.<br />

Para isso, a seguradora fechou uma parceria<br />

com os corretores para que os ciclistas<br />

adquiram o produto no evento ou antes<br />

da competição. “Estamos observando<br />

essa fatia de mercado e como isso se<br />

comporta. Até o momento, o produto foi<br />

muito bem aceito”, afirma Janete.<br />

Agilidade na contratação<br />

As proteções voltadas para bikes<br />

comercializadas pela Argo Seguros podem<br />

ser contratadas com poucos cliques,<br />

por meio do Protector Bikes, plataforma<br />

digital desenvolvida com o propósito de<br />

trazer uma melhor experiência para segurados<br />

e corretores. Neste espaço, também<br />

é possível fazer uma simulação do seguro<br />

e conferir as condições contratuais e as<br />

coberturas oferecidas por cada produto.<br />

Em fevereiro deste ano, uma nova<br />

funcionalidade foi adicionada à plataforma:<br />

o endosso online. Segundo a gerente,<br />

98% dos ciclistas trocam os acessórios<br />

da bicicleta após a compra. “O sistema<br />

fornece uma relação de aproximadamente<br />

15 itens em que o cliente indica as peças<br />

que foram trocadas. Automaticamente é<br />

gerado um endosso, que vai para a nossa<br />

análise. Nós devolvemos o seguro com<br />

o novo valor da bicicleta, visto que as<br />

trocas podem incrementar o preço da<br />

bike”, conclui Janete.


49


produto | regulação<br />

Qualidade para regular sinistros<br />

Multinacional americana expande negócios na<br />

América Latina e vê no Brasil uma oportunidade<br />

para colocar sua expertise em prática: regular<br />

sinistros com qualidade<br />

LINHA DO TEMPO<br />

McLarens é<br />

fundada na Escócia<br />

1931<br />

1982<br />

Maxson Young é<br />

criada nos EUA<br />

McLarens & Maxson<br />

Young se unem na<br />

McLarens Young<br />

International (MYI)<br />

2004<br />

A<br />

McLarens começou sua<br />

história há mais de 80 anos.<br />

Ela é conhecida por entregar<br />

as melhores práticas na<br />

regulação de sinistros, com presença<br />

global e conhecimento local sobre os<br />

vários mercados em que atua, ou seja,<br />

40 diferentes países.<br />

Isso é possível porque a empresa já<br />

conta com mais de 1,2 mil funcionários<br />

com distintas especializações, como os<br />

sinistros de linhas especiais (construção<br />

e engenharia, recursos naturais e gestão<br />

de crise, marítimo, FAJ & Specie (perdas<br />

de obras de arte, joalheria e valores).<br />

Aqui no Brasil, a empresa iniciou<br />

suas atividades em janeiro de 2011, no<br />

Rio de Janeiro, prestando serviços para<br />

resseguradores internacionais. A estratégia<br />

para o País faz parte de um planejamento<br />

para a América Latina, região<br />

na qual a empresa atua há 30 anos. Os<br />

escritórios estão estrategicamente localizados<br />

na Argentina, Chile, Colômbia,<br />

México, Panamá e Brasil, cujo escritório<br />

paulista foi inaugurado no ano passado e<br />

já há presença também em Porto Alegre.<br />

50<br />

Já são mais de 70 reguladores de<br />

sinistros atendendo a região. Para se ter<br />

uma ideia, a experiência de regulação da<br />

McLarens inclui o terremoto de 2010, no<br />

Chile, o furacão Odile, no México em<br />

2014 e, recentemente, o furacão Maria,<br />

em Porto Rico e Ilhas Virgens.<br />

De acordo com Clodoaldo Azevedo,<br />

gerente regional da McLarens no Brasil<br />

, como a empresa é formada por reguladores<br />

independentes, ela propõe um<br />

trabalho justo, fazendo valer o contrato<br />

de seguros firmado entre a seguradora<br />

e o segurado. “Apuramos e recomendamos<br />

o pagamento exato do prejuízo<br />

sofrido, no menor tempo possível”,<br />

ressalta Azevedo.<br />

Na carteira de clientes da McLarens<br />

já aparece um lista com todas as grandes<br />

companhias de seguros do mercado<br />

brasileiro. Para realizar um trabalho<br />

com alta qualidade, a reguladora utiliza<br />

um sistema global de sinistros, com a<br />

consolidação de dados em relatórios customizados,<br />

relatórios diários de perdas,<br />

rastreamento e monitoramento agregados.<br />

Tudo disposto em nuvem.<br />

2011<br />

2012<br />

MYI adquire<br />

Norcross<br />

Fusão da<br />

McLarens/Agrical<br />

Fusão da<br />

MYI/Airclaims<br />

2011<br />

MYI muda sua marca<br />

para McLarens<br />

2013


51


evento | legislação<br />

O direito do seguro<br />

Haüptli Advogados<br />

& Associados reúne<br />

especialistas para<br />

debater assuntos<br />

relevantes ao mercado<br />

de seguros<br />

Lívia Sousa<br />

O<br />

ramo de Responsabilidade<br />

Civil fechou o ano de 2017<br />

com uma produção de R$<br />

806 milhões. O D&O alcançou<br />

R$ 405 milhões no mesmo período.<br />

As cifras milionárias, divulgadas pela<br />

Superintendência de Seguros Privados<br />

(Susep), evidenciam a força do segmento<br />

dentro do mercado segurador. Ao mesmo<br />

tempo, mostram que faltam discussões<br />

mais aprofundadas sobre o direito do<br />

seguro nesta carteira. “O seguro de RC é<br />

muito ligado ao livre arbítrio e ainda não<br />

está padronizado em termos de risco. Se<br />

três subscritores se reunirem para olhar<br />

um risco, prever uma cláusula e colocar<br />

um preço, garanto que cada um vai estabelecer<br />

uma cláusula diferente, com preços<br />

e franquias diferentes”, afirmou Márcio<br />

Guerrero, superintendente de Responsabilidade<br />

Civil da HDI Global Seguros.<br />

Se é preciso debater essas questões<br />

com mais afinco, a Haüptli Advogados<br />

& Associados, mais uma vez, fez sua<br />

parte. Pelo segundo ano consecutivo, o<br />

escritório realizou, na capital paulista,<br />

o Seminário de Seguros. Como representante<br />

da área de subscrição de risco e<br />

um dos palestrantes do evento, Guerrero<br />

enfatizou a dinamicidade do segmento.<br />

“Quem está na subscrição não vê o detalhe<br />

todo, porque o seguro de RC não é<br />

uma foto. É uma espécie de filme, ele vai<br />

se movimentando. São vários os cenários,<br />

os personagens e as oportunidades”,<br />

disse, alertando que o mercado precisa<br />

se especializar. “A legislação é severa,<br />

mas nosso principal problema é a falta<br />

de punição. Temos que estar preparados<br />

para atender um sinistro ou até mesmo<br />

para nos defendermos judicialmente”.<br />

Ao lidar com situações novas a<br />

cada dia, a carteira de Responsabilidade<br />

Civil se reinventa. A questão é em qual<br />

patamar se encontra a gestão do risco<br />

de um seguro tão dinâmico. Segurado<br />

e seguradora estão nesse mesmo dinamismo,<br />

gerindo seu próprio risco? Com<br />

uma visão otimista sobre o assunto,<br />

o executivo já nota a consolidação de<br />

parcerias entre seguradoras e empresas<br />

especializadas em determinados ramos<br />

– engenharia ambiental ou área medica,<br />

por exemplo – na busca por apoio tanto na<br />

“O seguro de RC é<br />

muito ligado ao livre<br />

arbítrio, ainda não está<br />

padronizado em termos<br />

de risco”<br />

Márcio Guerrero, da HDI Global Seguros<br />

subscrição como na regulação do sinistro.<br />

O recado de Guerrero é simples: ao fazer<br />

sua própria gestão de risco, a seguradora<br />

torna-se mais ousada e evita até mesmo<br />

o fechamento de carteiras. “Ao estabelecer<br />

parcerias e utilizar informações<br />

relevantes, a seguradora consegue, além<br />

de gerir seu próprio risco, se manter por<br />

“Não estamos<br />

questionando<br />

a Decisão de<br />

Repercussão Geral,<br />

mas sim os efeitos<br />

catastróficos que<br />

uma interpretação<br />

equivocada e<br />

extensiva pode<br />

gerar”<br />

Fabio Spínola, da Haüptli<br />

Advogados & Associados<br />

Fabio Spinola, da Haüptli e Bruna Fonseca, da Chubb<br />

52


“Praticamente<br />

todos os países<br />

reprovaram ou<br />

editaram a lei [do<br />

Contrato de Seguro].<br />

Nós empacamos,<br />

mais por conflitos<br />

entre lideranças do<br />

que problemáticas<br />

propriamente ditas”<br />

Ernesto Tzirulnik, do IBDS<br />

Compõem a mesa Bruno Lacerda Gusmão, Daniel Bellini, Hilton Gomes dos Santos e Ernesto Tzirulnik<br />

mais tempo ou se manter mais saudável<br />

no mercado”, garantiu.<br />

Decisão do STF preocupa<br />

seguradoras brasileiras<br />

Em maio de 2017, o Supremo Tribunal<br />

Federal (STF) bateu o martelo:<br />

conflitos que envolvem extravios de bagagem<br />

e prazos prescricionais ligados à<br />

relação de consumo em transporte aéreo<br />

internacional de passageiros passariam a<br />

ser resolvidos pelas regras estabelecidas<br />

pela Convenção de Montreal, e não pelo<br />

Código de Defesa do Consumidor. As<br />

mudanças devem impactar o mercado de<br />

ressarcimento de seguros de transportes<br />

internacionais e acendem o sinal de alerta<br />

do mercado segurador brasileiro. “Em<br />

alguns aspectos, elas conflitam com as<br />

normas já existentes”, afirmou a advogada<br />

responsável pela área de ressarcimento da<br />

Chubb Seguros, Bruna Fonseca.<br />

Com as modificações, o prazo prescricional<br />

para ressarcimento passou de cinco<br />

para dois anos a partir da data da chegada<br />

ao destino. A Convenção estabelece ainda<br />

um teto de 1000 Direitos Especiais de<br />

Saque (o equivalente a R$ 4.519,12) como<br />

limite total de indenização em caso de<br />

danos às bagagens, sem vinculação com<br />

o peso. A limitação tarifária não se aplica<br />

a eventuais danos morais suportados pelos<br />

passageiros pelas incidências ocorridas em<br />

transportes internacionais.<br />

“A Convenção não é aplicável ao<br />

transporte de cargas, em que há especificidades<br />

incomparáveis a bagagens de<br />

passageiros. É importante afirmar isso<br />

para evitar algum tipo de entendimento<br />

diferente por parte do Supremo, causando<br />

outra problemática, outros conflitos<br />

e delongas processuais”, complementou<br />

Bruna. Segundo ela, o ideal é que as companhias<br />

seguradoras criem fóruns e grupos<br />

de discussão junto a resseguradoras<br />

e advogados para entendimento do tema<br />

e antecipação a eventual manifestação,<br />

ampliando essa aplicabilidade. “Esperamos<br />

alguma manifestação do Supremo<br />

Tribunal de Justiça (STJ) e do STF nos<br />

próximos dois ou três anos, uma vez que a<br />

decisão da limitação é recente”, declarou.<br />

Membro da Haüptli Advogados &<br />

Associados, Fabio Spínola confirma a<br />

apreensão do mercado. “É comum nos<br />

depararmos com decisões em que o STF<br />

julga procedente a ação, mas deve ao<br />

portador indenizar a transportadora com<br />

base na Convenção”, pontuou, alegando<br />

que essas decisões são rasas e necessitam<br />

de postura combativa dos advogados que<br />

atuam na área de ressarcimento. “Não<br />

estamos questionando Decisão de Repercussão<br />

Geral, e sim os efeitos catastróficos<br />

que uma interpretação equivocada<br />

e extensiva pode gerar”, esclareceu. A<br />

expectativa é boa na medida em que é<br />

plenamente defensável a tese de que a<br />

decisão não vai prejudicar os interesses<br />

das seguradoras, de importadores e<br />

exportadores. Se assim for, os prejuízos<br />

financeiros serão milionários.<br />

Lei do Contrato de Seguro<br />

Há quase 15 anos, tramita no Brasil<br />

o projeto de lei que busca regulamentar<br />

os contratos de seguros privados firmados<br />

no país. A proposta avançou no Congresso<br />

e, após passar por alguns ajustes,<br />

se encontra em discussão no Senado. “É<br />

um projeto bastante maduro. Acho até<br />

que passou do tempo, de tão maduro<br />

que está”, declarou Ernesto Tzirulnik,<br />

advogado especialista em Direito do Seguro<br />

e presidente do Instituto Brasileiro<br />

de Direito de Seguro (IBDS), instituição<br />

responsável por elaborar o texto original,<br />

apresentado em 2004.<br />

Em terceiro painel no evento, foram<br />

tratados assuntos polêmicos do projeto<br />

relacionados aos processos de regulação<br />

de sinistro, com a participação de Daniel<br />

Bellini, superintendente comercial da<br />

Pottencial Seguradora; e Hilton Gomes dos<br />

Santos, diretor de Sinistros da Swiss Re.<br />

As sugestões foram alvo de polêmica,<br />

principalmente no que diz respeito às<br />

arbitragens e mediações. A alegação é de<br />

que a proposta seria incompatível com a<br />

legislação processual que dá prioridade<br />

aos métodos alternativos de solução de<br />

conflitos. Por outro lado, o IBDS defende<br />

que as normas vão proteger o consumidor<br />

e diminuir os conflitos judiciais.<br />

Para Tzirulnik, considerado o pai<br />

da proposta, “houve muita polêmica por<br />

nada”. “O Brasil ainda está com isso<br />

passível. Praticamente todos os países<br />

reprovaram ou editaram a lei. Portugal já<br />

tem uma lei e a Alemanha está em sua segunda<br />

lei, por exemplo, e nós empacamos<br />

mais por conflitos entre lideranças do<br />

que problemáticas propriamente ditas”,<br />

sentenciou Tzirulnik, que não se arrisca<br />

a dizer se a proposta será aprovada em<br />

breve. “Pode ser rápido como pode levar<br />

mais 15 anos”, concluiu.<br />

53


comunicação e expressão<br />

por J. B. Oliveira*<br />

Esclarecendo um<br />

mal-entendido...<br />

Meu artigo anterior, “Porque os homens não<br />

estão amando mais as mulheres”, suscitou um<br />

tremendo mal-entendido entre algumas leitoras!<br />

Uma disse: “Que triste ler esse tipo de<br />

conteúdo”.<br />

Então vamos explicar. Além de escritor,<br />

mestre de cerimônias, jornalista e advogado, sou<br />

professor de oratória.<br />

No curso, ensino que o início de uma comunicação<br />

deve ser original, chocante até, para provocar<br />

impacto! Esse recurso chama-se exórdio,<br />

e foi definido pelo notável orador Cícero como<br />

“a parte do discurso que motiva a ouvir a mensagem”.<br />

Deve, portanto, instigar a curiosidade!<br />

Foi o caso do título de meu artigo... só<br />

que o CONTEÚDO era exatamente o oposto:<br />

mostrava como a mulher - lutando contra tudo<br />

e contra todos - superou as barreiras e travas<br />

colocadas pelo homem e passou gradativamente<br />

a ocupar postos de comando em todas as áreas<br />

da atividade humana! Mostro como estão elas<br />

comandando totalmente um dos poderes da<br />

nação: o Judiciário, presidindo o Supremo Tribunal<br />

Federal (até o mês de setembro); o Superior<br />

Tribunal de Justiça; a Advocacia-Geral da União<br />

e a Procuradoria-Geral da República! Isso é<br />

sensacional! A conclusão é esta chave de ouro:<br />

“Por tudo isso é que os homens não estão<br />

mais AMANDO AS mulheres. Hoje, mais<br />

do nunca, os Homens estão A MANDO DAS<br />

mulheres!”<br />

O que meu artigo demonstrou foi que o<br />

empoderamento da mulher foi tão notável que<br />

os Homens estão sob seu MANDO!<br />

Entendo que a leitura de um texto sempre<br />

passa pelo filtro das experiências das pessoas.<br />

Cada um tem sua própria forma de interpretação,<br />

que pode ser influenciada por fatores<br />

externos, como as informações que recebe<br />

diariamente, cenário político e social daquele<br />

instante.<br />

Por sua vez, o escritor também é moldado<br />

de acordo com aquilo que viveu e o conhecimento<br />

que adquiriu. Nesta comunicação direta<br />

com o leitor, é difícil garantir que a mensagem<br />

chegue exatamente como ele criou, pois vários<br />

ruídos podem interferir neste ato e alterar a<br />

compreensão.<br />

De qualquer forma, ressalto que sempre<br />

me pautei pelo respeito às mulheres e às suas<br />

conquistas, por isso mesmo sempre disse<br />

que homens e mulheres devem caminhar<br />

juntos, com apoio mútuo. Porque as pessoas,<br />

independentemente de gênero, credo ou raça,<br />

devem andar unidas, contribuindo umas com<br />

as outras para que o mundo seja um espaço<br />

melhor para todos.<br />

Nota da Editora: É importante ressaltar<br />

que o autor é constantemente convidado para<br />

participar de eventos estritamente femininos,<br />

como os do Conselho da Mulher Empresária<br />

(Associação Comercial de São Paulo); Encontro<br />

da Mulher Securitária (do Sindicato dos<br />

Securitários de São Paulo); da Comissão da<br />

Mulher Advogada (OAB); BPW – Associação<br />

das Mulheres de Negócios e Profissionais etc.<br />

Ele também já recebeu o Diploma de Amigo<br />

do Batalhão Feminino da Polícia Militar de<br />

São Paulo.<br />

* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />

É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />

www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />

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