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A Revista Mariana Histórica e Cultural é uma publicação eletrônica criada pelo professor
Cristiano Casimiro dos Santos em parceria com Associação Memória, Artes, Comunicação e
Cultura – AMACULT de Mariana. O periódico mensal tem por objetivo divulgar matérias, artigos,
ensaios, entrevistas e resenhas sobre a cultura e história da cidade de Mariana.
A Revista mostra a cultura de uma forma leve e traz histórias e curiosidades que marcam estes
322 anos da cidade de Mariana. A revista é um passo importante para a divulgação e pesquisa de
conteúdos sobre a cidade. Esperamos que as matérias publicadas possam contribuir para a
formação de uma consciência de preservação e que incentivem pesquisas. Neste mês de julho, a
Revista Mariana Histórica e Cultural em parceria com a MASTERIX Sistemas está disponibilizando
na rede mundial de computadores o site: www.marianahistoricaecultural.com.br. A finalidade
desta plataforma é permitir ao público o acesso virtual e gratuito às informações sobre cultura,
história e turismo de Mariana.
A revista eletrônica, a edição especial de Julho (impressa) e a plataforma de pesquisa (site) não
receberam nenhum recurso ou apoio dos governos municipal, estadual ou federal.
Assim, agradeço, imensamente, a todos que colaboram com esta publicação. A revista impressa
do mês de julho destinará o lucro das vendas para a Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais - APAE Mariana.
Cristiano Casimiro dos Santos
Revista Mariana histórica e Cultural
ORGANIZAÇÃO PESQUISA AGRADECIMENTOS
Antônio Carlos de Oliveira
Bruna Santos
Cássio Sales
César do Carmo
Deyvson Ribeiro
Eliete da Silva Lopes
Fábio Júlio
Felipe Avelar
Fernando Marques de Souza
Flávio Brigoline Neme
Arquivo Casa Setecentistas de Mariana
Arquivo do Museu da Música de Mariana
Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Mariana
Arquivo Eclesiástico – Arquidiocese de Mariana
Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal
Livro Termo de Mariana I /ICHS UFOP
Livro Casa de Câmara e Cadeia de Mariana /UFMG
George César da Silva
Gislaine Padula
José Eduardo Liboreiro
Josinéia Godinho
Luciano Laje Torres Alves
Márcio Eustáquio de Souza Lima
Rhelman Urzedo de Queiroz
Sandra Aparecida dos Reis
Sinésio Silva Cunha
Vitor Gomes
Diagramação e Arte: Cristiano Casimiro dos Santos
Revisão: Thália Gonçalves e Sandra Aparecida dos Reis
Fotografias: Photocarmo : César do Carmo, Fábio Júlio, Vitor Gomes
Arquivo Márcio Lima, Avelarsports, Márcio Eustáquio de Souza
Lima e Cristiano Casimiro dos Santos.
Capa: Cristiano Casimiro dos Santos
Tiragem: 1.000 exemplares
Gráfica: Gráfica Ed Del Rey Ind. comércio Eireli
Rua Geraldo Antonio de Oliveira, 88
Bairro Inconfidentes - Contagem/MG
Índice:
MARIANA: ENTRE O PASSADO E O FUTURO 02
Antônio Carlos de Oliveira
MARIANA 322 ANOS 06
Cristiano Casimiro dos Santos
307 ANOS DA CÂMARA DE MARIANA 28
Deyvson Ribeiro
PRIMEIRA ELEIÇÃO EM MINAS 32
Cristiano Casimiro dos Santos
UMA ESCUTA GUIADA PELO MUSEU DA MÚSICA DE MARIANA 34
Vitor Gomes
16 ANOS DA 16 DE JULHO 44
Acervo: Márcio Lima
MARIANA: ENTRE O PASSADO E O FUTURO
Antônio Carlos de Oliveira
Promotor de Justiça Aposentado
Em uma sociedade denominada
líquida, porquanto permeada por
valores que se volatilizam muito
repentinamente, uma questão que deve ser
pautada o quanto antes, tanto pelos nossos
governantes quanto pelas comunidades é a da
preservação do patrimônio histórico.
Esse termo – patrimônio histórico – nos remete
tanto a uma instituição quanto a uma mentalidade.
Designa-se “patrimônio histórico” como bens
destinados ao usufruto de uma sociedade
constituída pela cumulação continua de uma
diversidade de objetos matérias e imateriais
que se aglutinam por seu passado comum
sejam eles obras, edifícios, lugares, objetos e
trabalhos de todos os saberes.
Desde logo o problema que se apresenta é o
financeiro. Por que se investir nessa causa
diante de um quadro de tantas carência sem
outras searas públicas tão sensíveis como a
saúde, a segurança pública, a educação, os
esportes, etc.
Diante da mediocridade dos serviços públicos
em geral – por escassez mesmo ou, muitas
vezes, pela malversação dos recursos públicos
-porque se preocupar com velhos prédios que
se desmancham em ruínas ou com tradições
locais?
Num mundo pontuado pelos valores econômicos
tal questão é preponderante nessa discussão.
Mas, além dessa questão prática há, ainda, a
ausência de compreensão por parte da imensa
maioria das pessoas da comunidade da importância
mesma da preservação como forma de
identificação social e provocação de discussão
dos valores sociais arraigados e materializados
simbolicamente nesse patrimônio.
E são esses dois pontos que instauram a
problemática do patrimônio histórico: para que
se preservar o patrimônio sem, muitas vezes,
não encontrar respaldo na coletividade? Seria
mesmo possível se estabelecer uma efetiva
proteção desse patrimônio sem o aval e a
participação das pessoas das comunidades em
que se estabelecem ?
02
Qual seria a razão última de uma proteção com
reduzida legitimidade social ?
Hoje, mais do que nunca, é preciso refletir sobre
tais questões.
Penso que a resposta a esses questionamentos
deva perpassar dois pontos de vista: o
filosófico e o econômico.
Sob o ponto de vista filosófico os questionamentos
sobre o patrimônio histórico acabam
por revelar as condições intrínsecas de uma
sociedade que se apresenta deteriorada e
esgarçada em seus valores e que é, portanto,
incapaz de estabelecer um itinerário seguro
entre o seu passado e o seu futuro.Não me
parece possível que osindivíduos e a sociedade
consigam desenvolver e aprimorar a sua
identidade senão pela duração e pela memória.
Com efeito, uma comunidade alheia à sua
história próxima ou remota, aos valores que
fundaram a vida de seus antepassados, sem
identidade originária, é incapaz de criar estruturas
discursivas que permitam questionar
valores éticos e morais que se perpetuam no
tempo e espaço, por vezes rompendo com os
mesmos, num movimento dialético que assuma
e ultrapasse seu sentido histórico original.
Ou, na boca do poeta:“Quando eu penso no
futuro, não esqueço o meu passado.”
O patrimônio histórico pode servir, assim, como
uma alegoria destinada ao aprendizado desse
novo paradigma: perceber além daquilo que se
vê.
Pois, sim, um prédio, um sítio arqueológico,
uma atividade religiosa, carregam em si mesmos
conteúdos valorativos e afetivos inimagináveis
aos olhos despreparados. E aprender a
ver e a sentir precisamos todos, todos os dias.
E a educação patrimonial pode ser uma maneira
efetiva de se criar uma mentalidade voltada
para a internalização de valores que se desejam
em uma comunidade.
Refiro-me, aqui, a uma educação verdadeira e
não à meramente formal. A “paidéia” dos
nossos antepassados gregos.
Uma abertura de consciência para uma nova
visão de mundo em que se estabeleçam
premissas que se pretendam consolidadas em
nosso futuro: o cuidado para com as coisas e
para com os outros; à escuta do diferente; a
atenção e o respeito à história em geral e, em
decorrência, às histórias de cada um.
A internalização constante desse novo paradigma
deve ser concretizada na efetiva participação
das pessoas no cuidado diário e constante
do patrimônio cultural que lhes pertence porque,
mais do que prédios e tradições, há, agora,
histórias povoadas de valores ali simbolizadas.
A legitimação desse cuidado passará, ainda,
por um envolvimento na causa, através da
utilização desse patrimônio no dia-adia,permitindo-se
uma adequação de uma
história a um presente, vívido e interessante.
Exemplo dessa utilização pode-se encontrar
mundo afora. Veja-se, por exemplo, o que se fez
em Buenos Aires, transformando-se um antigo
e abandonado porto num local aprazível e
destinado a encontros a participação social:
Puerto Madero.
Mas além do discurso teórico, a questão é:
como se avançar nesse desiderato?
A intervenção do Poder Público é fundamental,
por meio de adequação dos currículos escolares,
com o fomento de palestras e atividades
culturais específicas, audiências públicas de
debates, criação de grupos de estudos, e,
convênios com a UFOP que sedia nesta cidade
um curso de história e, por meio de extensão
universitária pode desenvolver projetos nesse
sentido envolvendo não só os jovens escolares
como também as comunidades em diversos
rincões.
Veja-se que são atividades que demandam
muito mais visão e vontade política do que
recursos propriamente ditos.
Também a comunidade, por meio de lideranças
comunitárias, pode se envolver em projetos.
Numa cidade como esta de tantos bens patrimoniais
não se tem uma organização social
ativa em defesa do patrimônio histórico!
Não creio que não haja pessoas preocupadas
com esse assunto. A mim me parece que
carecem de uma liderança que as uma num
propósito efetivo de concretização de uma
política protecionista baseada na legitimação
popular.
Talvez o Conselho do Patrimônio de Mariana
possa servir de catalizador nesse sentido,
estimulando lideranças nesse propósito,
03
auxiliando-o, inclusive.
Sob o ponto de vista econômico a relevância é
inconteste. Mariana vive às custas de uma
atividade econômica minerária que, à par de
discussões éticas e ambientais, impertinentes
para esta oportunidade, lhe rende recursos de
monta, e oferece oportunidades de trabalho.
História recente, todavia, mostrou que se trata
de atividade precária e que pode deixar a
cidade em situação de extrema dificuldade.
Além da possibilidade de desastres ambientais
ou quedas nos comodities internacionais, há,
ainda, o inexorável exaurimento das reservas,
cedo ou tarde.
Ainda assim não se vêm atitudes no sentido de
preservar, valorizar e estimular fortemente o
turismo na região, seja ele histórico, religioso ou
ecológico.
Sabidamente o turismo vem sendo em muitos
países a mola propulsora da economia, gerando
riquezas de forma limpa e altamente capilar
– hotéis, restaurantes, etc.etc.
As cidades históricas podem ser transformadas
em produto de consumo cultural, desde que
passem, por óbvio, por estudos criteriosos,
unindo-se a sua preservação e participação da
comunidade local a uma fonte de renda, num
círculo virtuoso.
Ora, a preservação patrimonial tem, assim,
residualmente, um papel importante no futuro
de Mariana, aglutinando ao mesmo tempo uma
forte fonte econômica a valores de sensibilidade,
especialmente estéticos.
E não se vê atitude concreta quer seja por parte
dos governantes, quer seja por parte do empresariado
local, no sentido de se estimular essa
atividade. Incompreensível essa cegueira.
Quando se perceber essa importância talvez
seja tarde demais e somente restarão ruínas,
pouco atrativas aos turistas.
Mariana se encontra numa encruzilhada entre
o seu passado e o seu futuro e decisões precisam
ser tomadas urgentemente.
Qual cidade desejaremos viver daqui a vinte,
trinta anos ? Qual civilização estamos criando ?
Quais valores sociais e culturais estamos
cultivando ?
Essa é uma dentre tantas questões importantes
que se apresentam em nossa cidade.
Editorial
Foto: AvelarSports
Ela é mãe de toda Minas
Ela é Maria e Ana.
É a primeira...
Na suas brumas a história de Minas foi tecida.
Nas suas montanhas as ideias de liberdade
foram lançadas.
Em teu ribeirão-ventre, Minas nasceu.
Mariana, onde Minas Mostra seus Segredos.
Cristiano Casimiro
Mariana 322 Anos
EEm 16 de julho será celebrado o aniversário de 322
anos de Mariana, a primeira cidade de Minas
Gerais. Conhecer e orgulhar da nossa história é,
também, um exercício de reflexão para o futuro.
A história de Mariana começa assim:
As notícias da descoberta de ouro na região do Sertão
dos Cataguases, atual Minas Gerais, se espalharam
pelo Brasil e chegaram a Portugal, motivando milhares
de pessoas a acorreram à região em busca de riqueza.
Entre as pessoas que foram para a região estavam os
bandeirantes paulistas, liderados por Salvador
Fernandes Furtado de Mendonça, que encontraram
ouro em um rio que batizaram de Ribeirão Nossa
Senhora do Carmo em homenagem à virgem do monte
Carmo. O capelão da comitiva, Padre Francisco
Gonçalves Lopes, ergueu o primeiro altar da terra
mineira, em uma tarde de Domingo, no dia 16 de julho
de 1696.
Às suas margens, nasceu o arraial de Nossa Senhora
do Carmo que logo assumiria uma função estratégica
no jogo de poder determinado pelo ouro. O local se
transformou em um dos principais fornecedores desse
minério para Portugal.
Entre 1708 e 1710, ocorreram vários conflitos armados
na zona aurífera, envolvendo de um lado paulistas e do
outro portugueses e sujeitos vindos de diversas regiões
do Brasil. Esses conflitos ficaram conhecidos como
Guerra do Emboabas. Os episódios deste conflito
levaram a Metrópole (Portugal) a desmembrar do Rio de
Janeiro a capitania constituída por São Paulo e Minas
Gerais, a fim de melhor policiar a região, enviando para
o primeiro povoamento em 1709, o Arraial do Ribeirão
do Carmo, o governador Antônio de Albuquerque
Coelho de Carvalho, que ali fixou residência,
conseguindo, em pouco tempo, serenar os espíritos e
estabelecer a ordem.
Em 1711, sendo já considerável o desenvolvimento do
arraial, um ato do citado governador, de 8 de abril,
elevou-o à categoria de vila, sob a denominação de Vila
de Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo de
Albuquerque. O nome foi modificado por dom João V,
em 14 de abril de 1712, para Vila Leal de Nossa
Senhora do Ribeirão do Carmo. Esse acontecimento
exigiu a implantação, segundo as determinações
metropolitanas, de uma estrutura administrativa e
judiciária. Assim, em 04 de julho de 1711, foi criada a
primeira Casa de Câmara das Minas do Ouro na Vila do
Carmo, tendo o mesmo status da Câmara da cidade do
Porto em Portugal.
07
Mapa da Capitania de São Paulo e Minas do Ouro
Detalhe: Vila de Nossa Senhora do carmo
A vila, em pouco tempo, transformou-se em principal centro de
comércio das Minas Gerais. O sucessor de Albuquerque, Dom
Brás Baltazar, encontrou várias dificuldades em solucionar a
cobrança do quinto por bateia utilizada na exploração do ouro.
Temendo uma guerra civil, comunicou-se o governo metropolitano,
que ordenou fosse o imposto cobrado sobre o montante
do metal extraído e sobre as indústrias e profissões. Essa
providência acalmou momentaneamente os ânimos.
Retirando-se Dom Baltazar e tendo assumido o governo Dom
Pedro de Almeida Portugal, Conde de Assumar, rompeu-se o
equilíbrio penosamente mantido pelos seus antecessores,
lavrando nos espíritos o incêndio da revolta. Assumar pede ao
Rei de Portugal tropas para conter o grande fluxo de pessoas e
a instabilidade da região. Em 1719, chegam a Minas Gerais
duas companhias de dragões enviadas de Lisboa, que constituíram
os famosos Dragões Reais de Minas ou Tropa de
Dragões do Conde de Assumar. Os soldados “Dragões”
tiveram um papel importante na revolta de Vila Rica, motim
chefiado por Filipe dos Santos. Como decorrência desse
acontecimento foi criada, em 2 de dezembro do mesmo ano, a
capitania Independente de Minas Gerais.
No dia 29 de outubro de 1730, João Lopes de Lima estabeleceu
uma linha de Correio Ambulante entre Rio de Janeiro-São
Paulo-Minas do Ouro, a fim de que, dada a extensão do
crescimento demográfico da nova terra descoberta: o eldorado
mineiro que atraía numerosas caravanas de aventureiros à
cata de ouro, pudesse ter melhores e mais rápidos meios de
comunicação, sendo, então, a Vila do Carmo o ponto convergente
de todo o movimento extrativo do ouro.
Em 1745, por ordem do rei de Portugal D. João V, a Vila de
Nossa Senhora do Ribeirão do Carmo foi elevada à cidade
com o nome de Mariana – uma homenagem à rainha Maria
Ana D'Austria, sua esposa. No mesmo ano, pela bula Candor
lucisaeternae, o Papa Bento XIV criou a diocese de Mariana,
desmembrada do Rio de Janeiro, juntamente, com a diocese
de São Paulo e as prelazias de Goiás e Cuiabá. A criação
dessa diocese marca um novo momento na geopolítica da
colonização do sertão mineiro. Com sua instalação, modificam-se
as relações entre as diversas esferas do poder. Tornase
mais complexo o quadro de forças políticas configurado
pela atuação das irmandades, câmaras locais, clero e autoridades.
A igreja matriz dedicada à Nossa Senhora da Conceição foi
elevada à categoria de catedral de Nossa Senhora da
Assunção. Transformando-se no centro religioso da capitania
das Minas do Ouro, nessa mesma época, a cidade passou a
ser sede do primeiro bispado mineiro.
09
“Mapa da Cidade de Mariana” que se encontra na Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro.
José Fernandes Pinto Alpoim - Nasceu em Viana do Castelo (Portugal) a 14 de julho de
1700. Foi um militar português e um dos principais nomes da arquitetura do século XVIII no
Brasil colonial.
Estudoou na Academia de Viana do Minho, e posteriormente aprofundou seus estudos na
Academia Militar em Lisboa. Nos Arquivos Nacionais da Torre do Tombo encontra-se a carta
patente de Alpoim como sargento-mor de Artilharia, datada de 19 de agosto de 1738.
Chegou ao Rio de Janeiro em 1738, passando a trabalhar em estreita colaboração com o
governador Gomes Freire de Andrade. Trabalhou no Rio, em Minas Gerais e no Rio Grande
do Sul. Em 1760, foi promovido a brigadeiro.
Entre suas obras no Rio de Janeiro contam-se a reforma do Aqueduto da Carioca e a
edificação do convento de santa Teresa, do convento da Ajuda, da Casa dos Governadores
(Paço Imperial), a igreja de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte, entre muitas outras
obras.
Em Minas Gerais, desenhou a planta da Cidade de Mariana (antiga Vila do Ribeirão do
Carmo) e o Palácio dos Governadores de Ouro Preto. Morreu em 1765 no Rio de Janeiro.
Para isso, foi enviado, do Maranhão, o
bispo D. Frei Manoel da Cruz. Sua jornada
entre São Luis do Maranhão até a
Mariana, realizada por terra, durou um
ano e dois meses e foi considerada uma
epopeia. A chegada do bispo as terras
mineiras foi celebrada com a maior festa
do período colonial: O Áureo Trono
Episcopal – festa ocorrida em Mariana
para homenagear o primeiro bispo de
Minas.
Um projeto urbanístico se fez necessário
para a Primeira Capital das Minas Gerais,
sendo elaborado pelo engenheiro militar
José Fernandes Pinto de Alpoim. Ruas
em linha reta e praças retangulares são
características da primeira cidade planejada
de Minas e uma das primeiras do
Brasil. O livro, Temo de Mariana I, publicado
pelo departamento de história da
Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP), descreve o espaço urbano da
nova cidade:
“Nesta época alguns preceitos e procedimentos
da “escola” de engenharia militar
portuguesa são incorporados às cartas
régias, como normas a serem seguidas
na fundação de cidades. Os documentos
mencionam a determinação de um local
para uma praça e para os principais
edifícios públicos e faz-se exigências
quanto a abertura de ruas, que deveriam
ser “largas e direitas”, e quanto ao aspecto
das moradias, “...sempre fabricadas na
mesma figura uniforme pela parte
exterior, ainda que na outra parte interior
as faça cada um conforme lhes parecer
para que desta sorte se conserve sempre
a mesma formosura da Villa e nas ruas
della a mesma largura ”. Dom João V não
fez grandes exigências em relação à
forma que deveriam ter as habitações em
Mariana. A ideia da época era que todas
as casas fossem iguais, apesar do plano
em Mariana não ser tão detalhado como
em outros locais, os quais chegavam a
metrificar a fachada dos edifícios.”
Em Mariana, há uma exceção à regra
geral das fachadas mineiras: a Rua
Direita. O antigo “caminho de cima” só
recebeu sua feição atual a partir de 1745,
quando foi “arruado” (regularizado)
segundo o plano de Alpoim. Havia um
documento, um acórdão da Câmara, o
qual determinava que todos os pretendentes
a edificações do lado esquerdo da
rua as fizessem “de maior nobreza” dando
os fundos para o Palácio de Assumar, que
se tornou mais tarde residência episcopal.
Assim, até hoje, podemos perceber
que desse lado da rua as casas têm, em
geral, dois andares e sacadas, enquanto
do lado oposto, são em geral, casas mais
baixas, de um só pavimento.
Com a instalação da Diocese de Mariana
as preocupações do Clero em formar
padres e a carência de um estabelecimento
para ensino levaram o Bispo Dom
Frei Manoel da Cruz, em 20 de dezembro
de 1750, a criar em Mariana o Seminário
Nossa Senhora da Boa Morte, primeira
instituição formal de ensino da capitania
das Minas do Ouro.
O Seminário Menor de Mariana prestou
relevantes serviços à educação, tanto na
época da colônia como em todo o século
XIX. O edifício apresenta a elegante
disposição em dois blocos enquadrando a
capela, formando um E. Sua construção é
de grande simplicidade, com as numerosas
janelas de guilhotinas com vãos de
vergas retas. Possui uma pequena
escada de entrada, no ângulo das alas do
Seminário coberto por alpendre. O
Seminário Menor de Mariana prestou
relevantes serviços à educação, tanto na
época da colônia como em todo o século
XIX. O edifício apresenta a elegante
disposição em dois blocos enquadrando a
capela, formando um E. Sua construção é
de grande simplicidade, com as numerosas
janelas de guilhotinas com vãos de
vergas retas.
11
Barão de Eschewege
Ludwig von Eschwege, conhecido entre os mineiros como o Barão de
Eschwege. Eschwege nasceu em Hessen, na Alemanha, formou-se nas
universidades de Gottingen, de Marburg, e na Academia de Minas de Clausthal.
Em 1802, foi contratado pelo governo português, tendo trabalhado sob a
direção de José Bonifácio, então Intendente Geral das Minas e Metais do Reino.
No início de 1810 embarcou para o Rio de Janeiro, aonde chegou em 29 de
março, recebendo a patente de Sargento Mor do Real Corpo de Engenheiros.
Quando os depósitos de ouro aluvinoar
(ouro retirado do rio) começaram a escasseara,
no final do século XVIII, a situação
econômica da região se deteriora, iniciando
um período de estagnação, com predominância
da economia agrícola de subsistência,
em solo revolto de terras ferrosas,
montanhosas e pouco produtivas, por mãos
i n á b e i s a o c u l t i v o d o s o l o .
Consequentemente houve, o enfraquecimento
dos governos, o empobrecimento e a
miséria da população o abandono parcial da
cidade de Mariana.
A abundância do metal, antes farto no leito
dos rios, passou a ser rarefeito nos filões
incrustados na rocha dura das serras íngremes,
tornando difícil a extração, à luz da
pouca tecnologia lusitana na colônia.
A presença da Corte Portuguesa no Brasil, a
partir de 1808, e as políticas adotadas por D.
João VI introduziram profundas transformações
no Sistema Colonial como a tecnologia
na mineração. Em 1811, buscando uma
alternativa para a mineração de ouro que se
encontrava em decadência, convidou a se
instalar no Brasil o engenheiro alemão
Willein Von Eschewege, que veio com o
propósito de estabelecer uma indústria
siderúrgica na região central de Minas
Gerais.
Em 1817 é editada a Carta Régia escrita
com a colaboração de Eschewege, que
dispõe sobre os procedimentos legais para
formação e funcionamento das sociedades
de mineração no Brasil.
O Barão de Eschewege, estabeleceu-se em
Mariana em 1819 e aproveitando dos dados
coletados por seus sócios ingleses da
Geological Royal Society, adquiriu diversas
frentes de lavra mineral na região. Até
meados de 1821, lavrou ouro a céu aberto e
iniciou a lavra de subsolo no antigo arraial de
São Vicente, hoje, atual distrito de
Passagem de Mariana, tendo fundado ali a
primeira empresa de mineração do Brasil – a
Sociedade Mineralógica de Passagem.
Em 1859, Eschewege cedeu os direitos da
Sociedade Mineralógica de Passagem, ao
sócio inglês Thomas Bawden. Bawden,
identificado historicamente como Senador
Bawden, por sua passagem no Senado da
Câmara de Mariana no final do século XIX,
dedicou-se à formação do povoado de
Passagem de Mariana, rompendo com a
ocupação do morro de São Vicente e trazendo
o núcleo urbano para mais próximo da
jazida de ouro.
Neste período a mineração de ouro estava
em pleno vapor e a região começou a prosperar
novamente. Assim, ocorreu uma
modificação significativa na educação em
Mariana com o início das atividades do
Colégio Providência, em 10 de março de
1850, sendo o primeiro Estabelecimento de
Ensino Secundário para a juventude feminina
de Minas Gerais. O Colégio Providência é
parte da obra de doze irmãs Filhas da
Caridade, enviadas como missionárias para
o Brasil, a pedido do Bispo de Mariana D.
Viçoso.
Mariana - Primeiro descobrimento, primeira
vila, primeira cidade, primeiro Bispado e
Arcebispado, primeira Comarca Judiciária,
primeira Câmara Municipal, primeira cidade
na instalação da escola primária e normal,
primeira Capital de Minas e a pioneira no
setor das comunicações, em Minas Gerais,
ao receber a instalação do Correio
Ambulante.
A Cata do ouro em águas cristalinas no
Ribeirão do Carmo fez surgir os primeiros
povoamentos das Minas Gerais. A fé do
povo e a riqueza do ouro criaram um dos
mais importantes cenários da religião,
cultura e arte.
Professor Cristiano Casimiro
Termo de Mariana I
Arquivo Eclesiástico de Mariana
Arquivo Histórico da Câmara Municipal
de Mariana
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Primeiro Povoamento de Minas Em 16 de
julho de 1696, bandeirantes paulistas,
liderados por Salvador Fernandes Furtado
de Mendonça, encontraram ouro em um rio
que batizam de Ribeirão Nossa Senhora
do Carmo. Às suas margens, nasceu o
arraial de Nossa Senhora do Carmo que
logo assumiria uma função estratégica no
jogo de poder determinado pelo ouro. O
local se transformou em um dos principais
fornecedores deste minério para Portugal.
Primeira Vila Entre 1707 e 1709, ocorreram
vários conflitos armados na zona aurífera,
envolvendo de um lado paulistas e de outro
portugueses e sujeitos vindos de vários
pontos do Brasil. Esses conflitos ficaram
conhecidos como Guerra do Emboabas.
Sendo já considerável o desenvolvimento
do Arraial do Ribeirão do Carmo, o governador
Antônio de Albuquerque Coelho de
Carvalho, em 8 de abril de 1711, elevou-o à
categoria de vila, sob a denominação de
Vila de Nossa Senhora do Ribeirão do
Carmo de Albuquerque.
Primeira Câmara Esse acontecimento
exigiu a implantação, segundo as determinações
metropolitanas, de uma estrutura
administrativa e judiciária representada
pela Casa Câmara e Cadeia na Vila de
Nossa Sra. do Ribeirão do Carmo. Assim,
em 04 de julho de 1711, foi criada na Vila de
Nossa senhora do Carmo a primeira
Câmara de Minas Gerais com mesmo
status da Câmara da cidade do Porto em
Portugal.
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Primeira Eleição nas Minas Gerais Na
eleição da Câmara da Vila do Carmo, em
1711, foram eleitos: O capitão Mor Pedro
Frazão de Brito, para juiz mais velho,
Joseph Rebello Perdigão, para juiz mais
moço, Manoel Ferreyra de Sá, para vereador
mais velho, Francisco Pinto de
Almendra, para segundo vereador, Jacinto
Barboza Lopez, para terceiro vereador e
Torquato Teyxeira de Carvalho, para
procurador.
Primeira Comarca judiciária nas Minas
Com a eleição da Câmara da Vila do
Carmo foi também estabelecido o poder
judiciário em Minas, sendo o quadro de
camaristas eleitos membros da primeira
comarca judiciária da capitania.
Primeira Sede de Governo da Capitania
Os episódios da Guerra dos Emboabas
levaram a Metrópole (Portugal) a desmembrar
do Rio de Janeiro a capitania constituída
por São Paulo e Minas Gerais, a fim de
melhor policiar a região, enviando para ao
1º povoamento de minas , em 1709, o
governador Antônio de Albuquerque
Coelho de Carvalho, que ali fixou residência,
conseguindo, em pouco tempo, serenar
os espíritos e estabelecer a ordem
Primeiro Quartel Militar Em 20 de junho de
1719, por Carta Régia do Dom João V
mesmo ano, cria-se na Vila de Nossa
Senhora do Carmo, duas Companhias de
Cavalaria criadas e o Primeiro Quartel de
Dragões da Capitania de Minas Gerais
para abrigar as referidas Companhias de
Cavalaria.
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Primeira linha de Correios Em 29 de outubro
de 1730, João Lopes de Lima, morador
em Atibaia - SP,de comum acordo com o
Governador Arthur de Sá Menezes, estabeleceu
a primeira linha de Correio Ambulante
entre Rio- São Paulo-Mariana
Primeira Cidade de Minas A Carta Régia
de 23 de abril de 1745, expedida por dom
João V, elevou a vila à categoria de cidade,
com o nome de Mariana, em homenagem à
rainha dona Maria Ana d'Áustria. Mariana
foi a primeira vila de Minas Gerais e a
primeira localidade da capitania a receber
foros de cidade.
Primeira Cidade Planejada de Minas Um
projeto urbanístico se fez necessário para a
Primeira Capital das Minas Gerais, sendo
elaborado pelo engenheiro militar José
Fernandes Pinto de Alpoim. Ruas em linha
reta e praças retangulares são características
da primeira cidade planejada de Minas.
Primeiro Bispado Em 6 de dezembro de
1745, foi criado o primeiro bispado das
Minas Gerais, mediante bula do papa Bento
XIV, sendo seu primeiro titular Dom Frei
Manuel da Cruz. Foi ele o responsável pela
conclusão da Sé, a fundação do seminário e
o lançamento da pedra fundamental da
igreja de São Francisco.
Primeira Escola Superior Em 20 de
dezembro de 1750, foi criada em Mariana a
primeira Escola Superior em Minas Gerais.
O Seminário de Mariana foi instituído pelo
seu primeiro bispo, dom Frei Manoel da
Cruz, no auge do ciclo do ouro, sob a proteção
de Nossa Senhora da Boa Morte.
Inicialmente foi confiado à direção da
Companhia de Jesus, no entanto, com a
perseguição do Marquês de Pombal e a
consequente expulsão dos jesuítas, o
Seminário foi entregue aos cuidados do
próprio clero local.
13
14
15
16
Primeira Empresa de Mineração do Brasil
Por sugestão do Barão Eschwege, o Rei
Dom João VI publica, em 12 de agosto de
1817, Carta Régia que apresenta os estatutos
das sociedades de mineração, que
estabeleciam as bases para a fundação da
primeira companhia mineira do Brasil. Em
1819, foi criada a primeira companhia de
mineração, pelo Barão Eschwege - a
Sociedade Mineralógica - para explorar o
ouro da mina de Passagem em Mariana.
Primeiro Arcebispado de Minas Pelo
decreto Sempiternumhumani generis da
então Congregação Consistorial, datado de
1º de maio de 1906, a diocese de Mariana
foi elevada à categoria de arquidiocese,
tendo como sufragâneas as dioceses de
Goiás, Diamantina e Pouso Alegre, e Dom
Silvério constituído seu primeiro arcebispo
Primeira Escola para Mulheres em Minas
Colégio Providência iniciou suas atividades
no dia 10 de março de 1850. É o primeiro
Estabelecimento de Ensino Secundário
para a juventude feminina de Minas Gerais.
O Colégio é parte da obra de doze irmãs
Filhas da Caridade, enviadas como missionárias
para o Brasil, a pedido do Bispo de
Mariana D. Viçoso. Estas Irmãs ministravam
as aulas curriculares, bem como aulas
de piano, pintura, desenho e outros.
Dia do Estado de Minas Na constituição do
Estado de Minas Gerais, no artigo 256 –
considera magna do Estado – Dia de Minas
o dia 16 de julho;
§ 1º - As semanas em que recaírem os dias
16 de julho é denominadas Semana de
Minas e constituirão períodos de celebrações
cívicas em todo o território do Estado.
§ 2º - A Capital do Estado será transferida
simbolicamente para a cidade de Mariana
no dia 16 de julho.
Águas Claras
Foto: AvelarSports
Pico do Itacolomi
As Terras do Ribeirão Carmo
Foto: Márcio Lima
A ocupação das Terras do Ribeirão do
Carmo se deu a partir de 1696 quando
houve a divisão das terras descobertas,
assim os homens que lideram as bandeiras
e os primeiros camaristas apossaram
das novas terras e criando pequenos
povoados destinados à mineração e
agricultura.
Tomando posse da região do Ribeirão do
Carmo e nele iniciando a mineração,
Salvador Fernandes levantar as primeiras
cabanas ao longo da praia, no Matacavalos
(bairro Santo Antônio), assim a
capela que foi dedicada inicialmente ao
Menino Jesus, sendo mudada a invocação
sucessivamente para Nossa Senhora
do Bom Sucesso e Nossa Senhora da
Conceição, nela oficiando a primeira
missa o Capelão da comitiva, padre
Francisco Lopes Gonçalves. Salvador
Fernandes regressou depois disso a São
Paulo , de onde retornou, em 1699, em
companhia do guarda-mor Garcia
Rodrigues, para a medição e distribuição
dos descobertos, o que foi feito, começando-se
pelo de Miguel Garcia, no
ribeirão que antes já havia encontrado e
no qual fundou o arraial da Vargem do
Itacolimi, e seguindo-se no ribeirão do
Carmo, onde feita a meditação em nome
de Manoel Garcia de Almeida.
Outros povoados vieram depois, e novos
arraiais foram surgindo, tais como o de
Camargos, fundado por Tomaz Lopes de
Camargo e seus irmãos, Cachoeira do
Brumado, por João Pedroso; São
Sebastião, por Sebastião Fagundes
Varela; Furquim, e Bento Pires, que
recebeu o nome do seu próprio fundador.
Alastrou-se em pouco tempo por toda a
área do ribeirão do Carmo uma grande
área de mineração.
A coroa Portuguesa voltou assim a suas
atenções para as Minas e resolveu criar a
nova Capitania de São Paulo e Minas de
Ouro, separada do Rio de Janeiro, sendo
nomeado primeiro governador o capitãogeneral
Antônio Albuquerque Coelho de
Carvalho, que logo promoveu a criação
das três primeiras vilas em Minas Gerais,
a saber, a Vila de Nossa Senhora do
Carmo de Albuquerque, a vila Rica, e a
vila de Sabará, esta última na região do rio
das Velhas, onde o ouro já havia sido
também descoberto.
Ocorreu isto em 1711: E o governador
Antônio Albuquerque, assim como os
seus sucessores, D. Braz Baltazar da
Silveira e D. Pedro de Almeida Conde de
Assumar, apesar de ser em São Paulo a
sede da Capitania, tiveram de fixar
residência em ribeirão do Carmo, pois a
mineração do ouro havia deslocado
quase por completo o centro de interesse
da Coroa Portuguesa para as Minas
Gerais. Não tardaram a surgir as lutas e
os conflitos na residência oposta aos
rigorosos métodos adotados na fiscalização
da saída do ouro, para a cobrança
dos pesados tributos exigidos pelo Rei de
Portugal.
Foto: Márcio Lima
Igreja Nossa Senhora da Conceição - Camargos
Cristiano Casimiro
Ÿ
Ÿ
Ÿ
Ÿ
.Formação Administrativa de Mariana
Elevado à categoria de vila com a
denominação de Albuquerque, em 08-
04-1711. Instalada em 05-08-1711 ou
22-01-1712.
Pela carta régia de 14-04-1712, a vila
de Albuquerque tomou o nome de
Ribeirão do Carmo.
Pela lei provisão de 16-02-1718 e
também 1740, foram criados os
distritos de Barra Longa, Furquim,
Piranga, Nossa Senhora de Nazaré do
Inficionado, Santa Rita Durão e
Sumidouro e anexados ao município
d e R i b e i r ã o d o C a r m o ( e x -
Albuquerque).
Elevada à condição de cidade com a
denominação de Mariana, pela carta
Régia de 23-04- 1745.
Ÿ Pela lei provincial nº 50, de 08-04-
1836, e lei estadual nº 2, de 14-09-
1891, foram criados os distritos de
Camargos e São Caetano do Ribeirão
Abaixo e anexados ao município de
Mariana.
Ÿ Pela lei provincial nº 209, de 07-04-
1841, e lei estadual nº 2, de 14-09-
1891, é criado o · d i s t r i t o d e S ã o
Sebastião e anexado ao município de
Mariana.
Ÿ Pela lei provincial nº 471, de 01-06-
1850, e lei estadual nº 2, de 14-09-
1891, é criado odistrito de Cachoeira
do Brumado e anexado ao município
de Mariana.
Ÿ Pela lei provincial nº 1262, de 19-12-
1865, e lei estadual nº 2, de 14-09-
1891, é criado o distrito de Conceição
do Turvo e anexado ao município de
Mariana
Ÿ Pela lei provincial nº 1537, de 20-07-
1868, desmembra do município de
Mariana osdistritos de Piranga e
Conceição do Turvo, para constituir a
nova vila de Piranga
Ÿ Pela lei provincial nº 2085, de 24-12-
1874, e lei estadual nº 2, de 14-09-
1891, é criado o distrito de São
Gonçalo do Ubá e anexado ao
município de Mariana.
Ÿ Pela lei provincial nº 2762, de 12-12-
1881, e pela lei estadual nº 2, de 14-
09-1891, foram criados os distritos de
São Domingos e Vargem Alegre e
anexado ao município de Mariana.
Ÿ Pela lei provincial nº 3798, de 16-08-
1889, e lei estadual nº 2, de 14-09-
1891, é criado o distrito de Boa Vista e
anexado ao município de Mariana.
Ÿ Pelo decreto estadual nº 23, de 01-03-
1890, desmembra do município de
Mariana o distrito de Vargem Alegre,
para constituir a nova vila de São
Domingos do Prata.
Ÿ Pelo decreto estadual nº 155, de 26-
07-1890, e lei estadual nº 2, de 14-09-
1891, é criado o distrito de Passagem
e anexado ao município.
Ÿ
Pela lei municipal de 22-06-1895, o
distrito de Nossa Senhora de Nazaré
do Inficionado tomou o nome de Santa
Rita Durão.
Em divisão administrativa referente ao
ano de 1911, o município é constituído de
13 distritos: Mariana, Barra Longa, Boa
V i s t a , C a c h o e i r a d o B r u m a d o ,
Camargos, Furquim, Passagem, Santa
Rita Durão, São Caetano do Ribeirão
Abaixo, São Domingos, São Gonçalo do
Ubá, São Sebastião e Sumidouro.
N o s q u a d r o s d e a p u r a ç ã o d o
recenseamento geral de 01-09-1920, o
município é constituído de 13 distritos:
Mariana, Barra Longa, Boa Vista,
Cachoeira do Brumado, Camargos,
Furquim, Passagem, Santa Rita Durão,
São Caetano (ex-São Caetano do
Ribeirão Abaixo), São Domingos, São
Gonçalo do Ubá, São Sebastião e
Sumidouro.
21
Foto: Cristiano Casimiro
Igreja de São Caetano - Monsenhor Horta
Ÿ Pela lei estadual nº 843, de 07-09-1923,
o município de Mariana sofreu as
seguintes modificações: o distrito de
Barra Longa foi transferido de Mariana
para o município de Ponte Nova; os
distrito de Boa Vista, São Domingos e
São Gonçalo do Ubá. Em divisão
administrativa referente ao ano de 1911,
o município é constituído de 13 distritos:
Mariana, Barra Longa, Boa Vista,
Cachoeira do Brumado, Camargos,
Furquim, Passagem, Santa Rita Durão,
São Caetano do Ribeirão Abaixo, São
Domingos, São Gonçalo do Ubá, São
Sebastião e Sumidouro.
N o s q u a d r o s d e a p u r a ç ã o d o
recenseamento geral de 01-09-1920, o
município é constituído de 13 distritos:
Mariana, Barra Longa, Boa Vista, Cachoeira
do Brumado, Camargos, Furquim,
Passagem, Santa Rita Durão, São Caetano
(ex-São Caetano do Ribeirão Abaixo), São
Domingos, São Gonçalo do Ubá, São
Sebastião e Sumidouro.
Ÿ Pela lei estadual nº 843, de 07-09-1923,
o município de Mariana sofreu as
seguintes modificações: o distrito de
Barra Longa foi transferido de Mariana
para o município de Ponte Nova; os
distrito de Boa Vista, São Domingos, São
Gonçalo do Ubá e São Sebastião tiveram
seus nomes mudados para Cláudio
Manuel, Vasconcelos, Acaiaca e
Bandeirantes, Respectivamente.
Ÿ Pela lei estadual nº 1048, de 25-09-1928,
o distrito de Vanconcelos (ex-São
Domingos) recebeu a denominação de
Diogo de Vanconcelos.
Ÿ Em 1933, o município é constituído de 12
distritos: Mariana, Acaiaca (ex-São
Gonçalo do Ubá), Bandeirante (ex-São
Sebastião), Cachoeira do Brumado,
Camargos, Cláudio Manuel (ex-Boa
Vista), Diogo de Vasconcelos (ex- São
Domingos),Furquim, Passagem, Santa
Rita Durão, São Caetano (ex-São
C a e t a n o d o R i b e i r ã o A b a i x o ) e
Sumidouro.
Ÿ
23
Ÿ Pelo decreto-lei estadual nº 148, de 17-
12-1938, é criado o distrito de Mainart e
anexado ao município de Mariana o
distrito de Passagem tomou o nome de
Passagem de Mariana e o distrito de
Sumidouro foi extinto por este mesmo
decreto-lei, sendo sua área anexada ao
distrito sede do município de Mariana.
No quadro fixado para vigorar no período de
1939-1943, o município é constituído de 12
distritos: Mariana, Acaiaca, Bandeirante,
Cachoeira do Brumado, Camargos, Cláudio
Manuel, Diogo de Vasconcelos, Furquim,
Mainart, Passagem de Mariana (ex-
Passagem), Santa Rita Durão e São
Caetano,
Ÿ Pelo decreto-lei estadual nº 1058, de 31-
12-1943, o distrito de São Caetano
passou a denominar-se Monsenhor
Horta.
Ÿ No quadro fixado para vigorar no período
de 1944-1948, o município é constituído
de 12 distritos: Mariana, Acaiaca,
Bandeirante, Cachoeira do Brumado,
Camargos, Cláudio Manuel, Diogo de
Vasconcelos, Furquim, Mainart,
Monsenhor Horta (ex-São Caetano),
Passagem de Mariana e Santa Rita
Ÿ
Durão.
Pela lei nº 336, de 27-12-1948, o distrito
de Mainart tomou a denominação de
Padre Viegas e cria o Sub-distrito de
Mainart.
Ÿ Em divisão territorial datada de 01-07-
1950, o município é constituído de 12
distritos:
Mariana, Acaiaca, Bandeirante, Cachoeira
do Brumado, Camargos, Cláudio Manuel,
D i o g o d e Va s c o n c e l o s , F u r q u i m ,
Monsenhor Horta, Padre Viegas (ex-
Mainart), Passagem de Mariana e Santa
Rita Durão.
Assim permanecendo em divisão territorial
datada de 01-07-1960.
Ÿ Pela lei estadual nº 2764, de 30-12-1962,
desmembra do município de Mariana os
distritos de Acaiaca e Diogo de
Vasconcelos. Elevados á categoria de
município.
Igreja Nossa Senhora de Nazaré - Santa Rita Durão
Foto: Márcio Lima
Assim permanecendo em divisão territorial
datada de 01-07-1960.
Ÿ Pela lei estadual nº 2764, de 30-12-1962,
desmembra do município de Mariana os
distritos de Acaiaca e Diogo de
Vasconcelos. Elevados á categoria de
município.
Em divisão territorial datada de 31-12-1963,
o município é constituído de 10 distritos:
Mariana, Bandeirante, Cachoeira do
Brumado, Camargos, Cláudio Manuel,
Furquim, Monsenhor Horta, Padre Viegas
(ex-Mainart), Passagem de Mariana e Santa
Rita Durão.
Ÿ Em 2016 o sub-distrito de Águas Claras
foi elevada a categoria de Distrito pela
C â m a r a M u n i c i p a l d e M a r i a n a .
Esperando a outorga do Estado de Minas
Gerais
Arquivo Público Mineiro
Livro: Termo de Mariana I (ICHS -UFOP)
Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Mariana
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros
Foto: César do Carmo
05 Casa Lugares de Câmara para e visitar Cadeia em Julho
Praça Minas Gerais
É reconhecida como um dos conjuntos arquitetônicos mais notáveis do Brasil por reunir em um só espaço
construções singulares: a Casa de Câmara e Cadeia (1768), as igrejas da ordem terceira de São
Francisco de Assis (1763) e Nossa Senhora do Carmo (1784) e também um pelourinho. Com a construção
dos três monumentos, a praça passou a congregar os símbolos de justiça e dos poderes civil e religioso,
apontando assim as elites que compunham a sociedade da época.
Cristiano Casimiro
Mina da Passagem
A Casa Capitular, onde está instalado o Museu
Arquidiocesano de Arte Sacra de Mariana, é um dos mais
belos edifícios em estilo Rococó do Brasil.
O Museu de Arte Sacra se encontra na Categoria de
Acervo Histórico e Artístico, tendo como temática a Arte
Sacra criada em Minas Gerais no período áureo do
Barroco Mineiro; formado por peças oriundas das Igrejas,
Capelas, Seminários e Palácio Episcopal, bem como
doações e legados.
3
Rua Frei Durão, 49 | Centro |Mariana
Telefone: (31) 3557-2581
Terça a Domingo, de 9h às 12h e de 13h às
17h
Há taxa de entrada.
Maior mina de ouro aberta a visitação do mundo,
a Mina da Passagem guarda segredos e
mistérios que encantam a todos. A descida para
as galerias subterrâneas se faz de modo
incomum, através de um trolley. O percurso tem
315 metros de extensão e chega a 120 metros
de profundidade, onde se vê um maravilhoso
lago de águas cristalinas
2
Aberto : todos os dias
Verificar taxa de visitação
https://mariana.minasdapassagem.com.br/
Museu Arquidiocesano de Mariana
Márcio Lima
Cristiano Casimiro Cristiano Casimiro
Museu da Música de Mariana
De importância ímpar para música brasileira,
seu acervo de manuscritos musicais, o Museu
da Música de Mariana recebeu, do Programa
Memória do Mundo da UNESCO, o Diploma
do Registro Regional para a América Latina e
o Caribe (MOWLAC) denominado Memória
do Mundo, tornando-se, assim, a primeira
instituição brasileira do gênero com esse tipo
de distinção.
4
Vitor Gomes
O Museu da Música está aberto para visitação:
Terça a Sexta-feira: 8:30h às 12:00h /
13:30h às 17:00h
Sábados: 8:30h às 12:00h
Entrada: Gratuita
http://www.mmmariana.com.br/
Estação de Mariana e Trem Turístico Mariana - Ouro Preto
Fábio Júlio
5
A imponente estação ferroviária de Mariana em estilo
eclético é o local de embarque para o passeio de uma
hora conta com uma vista exuberante das paisagens
do trecho, bem como narrativas sobre a história do
trem, da ferrovia e das duas cidades que juntas
constituem um dos pontos turísticos mais
expressivos da estrada real: Mariana primeira capital
mineira cujo centro histórico de majestosa
arquitetura e Ouro Preto, tombada pela UNESCO
como Patrimônio Cultural da Humanidade.
O trem passou por reformas para receber um sistema
de áudio moderno e melhorias infraestruturais, mas
ainda conta com sua ambientação clássica de
móveis compostos por bancos, piso, maleiro e
janelas de madeira mantidos desde a década de 30.
Uma novidade recente é a presença de uma cafeteria
nos passeios, que trouxe a sofisticação de poder
saborear um café, capuchino, chás ou uma cerveja
artesanal a bordo dos vagões panorâmico ou
convencionais, adquirindo-se o bilhete tanto pela
internet quanto pessoalmente na bilheteria.
Tarifa Comunidade Aplicável somente na classe
Convencional - Os naturais de Ouro Preto e Mariana
que apresentarem comprovante de residência, em
nome da pessoa que está solicitando o bilhete e
documento de identificação com foto terão descontos
nas passagens:
Ida: R$ 20,00 Ida e volta: R$ 29,00
http://www.vale.com/brasil/PT/business/logistics/rail
w a y s / t r e m - t u r i s t i c o - o u r o - p r e t o -
mariana/Paginas/default.aspx
Foto: AvelarSports
307 anos da Câmara de Mariana
As Câmaras Municipais, também conhecidas como “Domus Municipalis”, eram
a sede da administração e da justiça, sempre construída em um local nobre da
cidade, na praça central ou do mercado.
Em geral, seus traços marcantes são os pórticos destinados às feiras e
mercados; as escadarias na entrada do edifício e as varandas para pregões. Ao
centro do edifício, geralmente, colocava-se a torre de sinos. Sinos estes que
controlavam a vida da cidade, com o toque de recolher, o anúncio de mortes, de
celebrações, dentre outros acontecimentos.
Cristiano Casimiro
A Primeira Câmara de Minas
E
Em 1711, com o fim da Guerra dos
E m b o a b a s , D o m A n t ô n i o d e
Albuquerque, com o intuito de
conseguir um maior controle da região
mineradora, criou as primeiras vilas. Nessa
época, o arraial do Carmo contava com uma
numerosa população, o que justificava a
ascensão a um novo patamar: o de vila.
Assim, em abril daquele ano, o povoado
passou a Vila de Nossa Senhora do
Ribeirão do Carmo de Albuquerque.
A primeira providência a ser tomada quando
da criação de uma vila era a determinação
do seu termo, ou seja, as fronteiras do novo
município, e a delimitação do rossio, terreno
público administrado pela Câmara,
segundo as Ordenações do Reino. Outras
premissas para criação de uma Vila eram a
construção de uma casa para abrigar a
Câmara e a Cadeia, a edificação de um
pelourinho, símbolo da justiça e da
autonomia do município, e a adequada
conservação da Igreja Matriz.
Deyvson Ribeiro
Vice-presidente da Câmara de Mariana
A Câmara Municipal de Mariana foi fundada
em 1711 sendo, portanto, a mais antiga de
Minas Gerais. No dia 4 de abril de 1711,
convocou-se a junta para se preparar a
eleição da nova Câmara de Vila do Carmo.
Exatamente três meses depois, dia 4 de
julho, ocorreu, no Palácio em que morava o
Governador e Capitão Geral Antônio de
Albuquerque Coelho de Carvalho, a
primeira eleição livre do Estado de Minas
Gerais e, no dia seguinte, tomaram posse
os eleitos: o Capitão-Mor Pedro Frazão de
Brito para juiz mais velho, Joseph Rebello
Perdigão para juiz mais moço, Manoel
Ferreyra de Sá, para vereador mais velho,
Francisco Pinto de Almendra, para segundo
vereador, Jacinto Barboza Lopez, para
terceiro vereador e Torcato Teyxeira de
Carvalho, para procurador. As eleições dos
membros da Câmara no Reino e nas
colônias seguiam as Ordenações do Reino.
A Câmara de Mariana, a primeira de Minas
Gerais, tinha o mesmo “status” da Câmara
do Porto de Portugal, e foi uma das mais
importantes Câmaras do período colonial .
Acervo: Márcio Lima
O Prédio da Casa de Câmara e Cadeia de
Mariana na Praça Minas Gerais, projetado
por José pereira dos Santos e construído
por José Pereira Arouca completa neste ano
250 anos do início da construção ( 1768 –
2018). É um modelo das prisões brasileiras
existentes do período colonial. A Cadeia
Pública dividia o mesmo prédio com a
Câmara Municipal, possuindo dois
pavimentos, sendo o primeiro ocupado pela
cadeia e o segundo pela Câmara.
O interior das prisões possuía alguns
compartimentos, como as enxovias, salas e
celas onde ficavam os presos. Para
penetrar no seu interior, era necessário
descer por escadas de mão móveis. Havia
as salas-livres, indicadas pela Justiça para o
cumprimento de prisão fora do cárcere, e as
salas fechadas ou salas fortes para
guardarem presos. Ainda existia uma sala
denominada de segredo ou moxinga, onde
eram realizados interrogatórios - podendo
ser aplicado torturas -, de presos que
tivessem cometidos crimes graves.
Planta baixa do prédio de Casa de Câmara e Cadeia de Mariana
Biblioteca Nacional - Rio de Janeiro
31 21
Primeira Eleição em Minas
EEm
04 de julho de 1711, ocorreu na Vila
de Nossa Senhora do Ribeirão do
Carmo a primeira eleição livre em
Minas Gerais, sendo que os eleitos tomaram
posse para Câmara da Vila do Carmo.
As Câmaras eram formadas por seis integrantes:
o "mais velho" e o "mais moço"
eram os juízes, que dividiam a presidência
da Casa, três vereadores e um procurador.
A eleição era feita no sistema Chamado
Ordenação de Pelouro, um sistema eleitoral
estabelecido em Portugal por Dom João I,
em 1391, considerado o mais antigo e
clássico sistema eleitoral.
A Ordenação dos pelouros normatizava a
eleição do corpo político camarário (juízes,
vereadores e procuradores) que presidia e
representava a comunidade. A Lei dos
Pelouros determinava que em cada vila ou
cidade se organizassem, permanentemente,
listas de pessoas idôneas ao exercício
dos referidos cargos, chamados “homens
bons”. Cada nome aí recenseado seria
escrito em papel, recolhido numa bola de
cera e guardadas numa arca dos pelouros,
onde se fazia o sorteio.
A eleição era indireta, competia ao corregedor
chamar à Câmara juízes, vereadores,
procurador e homens bons para escolher
seis pessoas, que duas a duas, separadamente,
indicariam pessoas idôneas para o
exercício dos cargos, em rol distinto para
cada um deles. Ao corregedor régio, mas
também ao ouvidor, em terras de donatário
ou ao juiz mais velho na falta de magistrado
régio letrado na terra, competia, associando
os votos, selecionar os mais votados, apurando
uma lista "pauta" dos eleitos. Cada um
dos nomes da pauta era encerrado num
pelouro, guardado em uma arca, para
oportuno sorteio por uma criança de até 7
anos de idade. (O nome pelouro advém do
formato das bolas de cera que eram similares
ao feitio de projéteis usados em certas
armas de artilharia.).
Símbolo da primeira eleição em Minas
Gerais, a urna de madeira utilizada na
votação de 1711 é uma das relíquias preservadas
pelo Museu Arquidiocesano de Arte
Sacra em Mariana. O objeto, segundo a
entidade, foi esculpido em cedro com detalhes
em ouro, é de origem portuguesa.
(Foto)
Foto: Cristiano Casimiro
Inspiradas na organização política que
existia em Portugal na época, as antigas
Câmaras concentravam funções dos atuais
Três Poderes: Executivo (executar obras e
administração da localidade), Legislativo
(fazer leis)e Judiciário (julgar sentenças).
Assim, era a Câmara quem punia, fiscalizava,
criava as leis e ainda administrava a vila,
como também, o camarista, senador ou juiz
(nomes dados aos integrantes das Câmaras
do período colonial até o início do século XX)
tinham poderes bem amplos.
Em uma época em que ainda não havia a
separação dos poderes, as câmaras
possuíam amplas funções: cuidavam das
leis gerais e das posturas do Município, dos
abastecimentos de gêneros alimentícios, da
higiene e da saúde local, da segurança, das
obras e construções de necessidade, da
assistência social e fiscalização e cobrança
de taxas.
As atas de reuniões da Câmara de Mariana
que estão no Arquivo Histórico da Câmara
Municipal de Mariana (AHCMM) revelam
detalhes curiosos sobre as funções dos
vereadores, que se reuniam às quartasfeiras
e sábados e trabalhavam de graça.
Era um trabalho voluntário, exercido
geralmente por pessoas mais velhas e que
usufruíam de “certo” respeito na vila.
Ata da primeira eleição da
Casa de Câmara da Vila de
Nossa senhora do Carmo
04de julho de 1711
Termo eleição da Câmara da Vila de Nossa Senhora do Monte Carmo
Aos quatro dias do mês de mil e setecentos e onze nesta Vila de Nossa Senhora do Carmo de Albuquerque,
novamente erigida neste Arraial do distrito do Ribeirão de Nossa Senhora do Monte Carmo. No Palácio em que
mora o Senhor Governador e Capitão Geral Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho , sendo ali convocado o
povo e principal nobreza deste distrito, foi por ele dito Senhor Governador dito geralmente a todos se devia fazer
eleição para a governança e oficiais da Câmara da dita Vila, pois se achava levantada na forma das ordens de Sua
Majestade que deus guarde, assim lhe recomendava votassem e chegassem a seis sujeitos capazes para eleitores
, e se fazer a dita eleição na forma e como dispõe a ordenação do Reino, e sendo por todos a mais votos eleitos
o Capitão-Mor Pedro Frazão de Brito, Manoel de Campo, Domingos Fernando Pinto, José Rebelo Perdigão, José
de Campos, Paulo da Costa e Rafael da Silva. (as) os quais o dito Senhor Governador e Capitão Geral lhe (s) deu
logo o juramento na forma do estilo, e divididos na mesma casa dois a dois, fizeram seus róis que, digo, assinados
que apresentaram ao dito Senhor Governador, o qual conferindo-os , conformando –se com os votos, melhor
conhecimento dos sujeitos, e atendendo ao mais conveniente( como constados mesmos róis) ficaram eleitos para
servirem n Câmara o presente ano: para Juiz mais Velho Pedro Frazão de Brito, e mais moço José rebelo
Perdigão, vereador mais velho Manuel Ferreira de Sá, 2º francisco Pinto de Almeida, 3º Jacinto Barbosa lopes, e
procurador Torquarto Teixeira de Carvalho, e de como assim fez, e finda a dita eleição, mandou o senhor
Governador e Capitão Geral fazer aqui neste termo, que assinou, ordenando-me remetesse logo a cópia dele para
registrar nos livros da Câmara assim que os oficiais dela procurarem: e eu Manuel Pegado, secretário deste
governo o escrevi – Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho.
Transcrição: Revista do Arquivo Público Mineiro, 1897- Ano 2
atualização: Gustavo Campos Vieira- Revisão Ronald Polito
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Referência:
Arquivo Público Mineiro
Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Mariana
ESCUTA GUIADA
Museu da Música de Mariana
Foto:Vitor Gomes
Uma Escuta Guiada pelo
Museu da Música de Mariana
Vitor Gomes
Músico - Mestre em Educação
Ofazer musical na cultura brasileira
tem grande importância, basta
notarmos como seu uso se capilariza
por diversas instâncias das nossas
interações. É possível compreender a
música como produto da convivência e
explicar aspectos importantes do desenvolvimento
humano ao observar o costume
musical dos indivíduos. Há lugares, espaços
físicos que definem as categorias das
quais a música faz parte. Embora não seja
simples, é possível perceber que cada
espaço de encontro possui sua sonoridade,
parâmetros de intensidade, duração e uma
ou mais músicas que lhe são recorrentes.
A relação com o trabalho musical, dinâmica
nos espaços em que a música soa, demanda
sujeitos que se ocupem do seu preparo e
execução. A obra, determinada pela linguagem
que concerne à música enquanto arte,
desencadeia sentidos subjetivos nos integrantes
da cadeia, ouvinte, intérprete,
compositor dentre outros, pelos quais o som
é intencionalmente dirigido. Muito é tematizado
no conteúdo dessas obras musicais,
fala-se do próprio homem, sobre o bem, o
mal, a vida, a morte, o amor, o encontro, a
separação, Deus, deuses e tudo que é
desencadeado pela sua existência. Por isso
a música é pré-histórica no que diz respeito
aos sujeitos, suas invocações e inspirações,
seja pela textualidade verbal ou essencialmente
musical.
No Museu da Música de Mariana é possível
vivenciar, por meio de fontes documentais,
experiências musicais muito atípicas. É
como transitar em meio a uma prática
musical que não coexiste em nosso tempo.
Percebe-se a força de um antigo meio de
transmissão das obras que, sobretudo com
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a simplicidade do acesso ao registro eletrônico
digital, se tornou específico e sinônimo
da alta erudição no tempo presente: a
cultura manuscrita musical.
O Museu da Música de Mariana é uma
instituição fundada em 06 de julho de 1973,
por Dom Oscar de Oliveira, terceiro
Arcebispo de Mariana. Por isso, há uma
prévia vocação ao recolhimento de documentos
musicais, partituras e instrumentos
do contexto da Igreja Católica, que tiveram
lugar no ciclo do ouro. Estima-se que a
primeira coleção de fontes musicais do
contexto colonial recolhidas ao Arquivo
Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, de
onde se desmembrou o Museu da Música,
foi proveniente da Catedral de Mariana.
O início da história da instituição é marcado
pela série de 13 artigos intitulados “música
sacra e liturgia” publicados por Dom Oscar
de Oliveira no jornal marianense “O
Arquidiocesano”, pela qual tornou-se
amplamente conhecida na região arquidiocesana
a iniciativa deste Museu. Tal divulgação,
associada às visitas pastorais do
Arcebispo às mais de 180 paróquias da
Arquidiocese na década de 1970, possibilitou
a integração de fundos documentais
provenientes de outras 29 localidades da
região mineradora central do estado, tornando
a Coleção Dom Oscar de Oliveira
uma das mais importantes seções documentais
sobre a produção da música sacra
dos séculos XVIII e XIX.
Dada a condição singular das fontes que
compõem tal acervo, a Unesco atribuiu-lhe,
em 2010, o importante Registro Regional da
América Latina e o Caribe.
Foto:Vitor Gomes
Após quase 50 anos sucessivos de sistemática
organização e da passagem de inúmeros
especialistas, cruciais à organização do
Acervo do Museu da Música, a Coleção
Dom Oscar de Oliveira, bem como outras
seções integradas a posteriori, chegaram
ao século XXI sob devido tratamento arquivístico-musical,
contando com a publicação
de 10 livros, 09 álbuns musicais, a abertura
e expansão de módulos expositivos destinados
mediação das fontes documentais,
onde o visitante pode ter impressões sonoras
e visuais adjacentes ao conteúdo musical
que ora se apresentaria apenas manuscrito
ou impresso no documento.
Quando um lote de manuscritos chega ao
Museu da Música, vem ainda envolvido pelo
trato de seu arconte primário, conduzido
pela essência arquivística do mesmo. Na
apreensão desse sentido também se
estende o ato educativo: discutimos, para
além do valor estético destas fontes musicais,
seu teor educativo na atualidade.
O conceito de exposição adotado pelo
Museu da Música possibilita atualmente
que os visitantes percorram quatro salas,
sendo apresentados, na primeira, a antigos
livros que serviram à organização musical
do calendário litúrgico. Trata-se de livros
vindos de Portugal a partir de 1745 que,
datados entre o século XVI e o século XX,
contêm a mais elaborada prática de notação
musical do Canto Gregoriano.
O canto Gregoriano é o canto próprio da
Igreja Católica, composto sobre textos
bíblicos, orações e salmos. Originalmente,
tem a função de aumentar o decoro das
ações litúrgicas convocando a atenção dos
fiéis aos textos sagrados. É um gênero de
música vocal monofônica, monódica, tem
ritmo livre e não medido, seguindo o ritual
litúrgico católico romano. Um dos aspectos
que tornam tão singular o vislumbrar dos
livros de canto, missais e graduais está no
fato de serem muitos deles manuscritos,
apresentando neumas correntes desde a
idade média.
Desde 1711, a edificação que viria ser a Sé
marianense, recebeu o título de Matriz
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c o n s a g r a d a a N o s s a S e n h o r a d a
Conceição. Em 1745, com a criação da
Diocese de Mariana, a matriz foi elevada a
Catedral tendo como orago Nossa Senhora
da Assunção. Não é possível um entendimento
claro sobre o patrimônio históricomusical
brasileiro, sem abordarmos nossa
história eclesiástica já contada a partir de
pesquisas realizadas e textos já escritos.
Dom Frei Manoel da Cruz, o primeiro bispo
de Mariana, ainda no ano de sua chegada,
passou à constituição do cabido: quatro
dignidades (arcediago, arcipreste, chantre e
tesoureiro mor); dez cônegos; doze capelães;
um mestre de cerimônias do bispo; um
mestre de cerimônias do cabido; quatro
moços de coro, um sacristão, dois mestres
de capela, um organista, dois sacristãos e
um porteiro de massa. A esse Cabido, o
agrupamento de cônegos e outros sacerdotes,
instituído para assegurar o serviço
religioso e colaborar no governo da diocese,
serviram os livros que ora estão em exposição.
O canto gregoriano, no contexto teórico
musical, é também usado para a análise da
condução e abertura das vozes, o exercício
do contraponto e o desenvolvimento da
polifonia que, na música chamada ocidental,
após uma extensa transformação,
acarreta práticas específicas de afinação e
harmonização, cuja normatização ainda
vigora até o presente. Dada sua conformação
litúrgica, tais livros serviram de fonte
primária aos compositores que de alguma
maneira se vincularam ao contexto eclesiástico
catedralício de Mariana e seu
entorno, para criar e adaptar as belíssimas
obras polifônicas da música colonial.
Na segunda sala, onde é possível ver de
perto e ouvir a música grafada nos manuscritos
dos séculos XVIII e XIX, hoje soam
como inéditos. Vê-se o texto musical gregoriano,
seus neumas e melismas, vigentes na
Europa no século XVIII, lado a lado a exemplos
de seu respectivo uso na polifonia
transcrita pelos músicos mineiros.
Foto:Vitor Gomes
Nesta sala, figura a continuidade de uma
incrível trajetória, a da cultura do escrito
musical que, em terras mineiras, tem aspectos
próprios a começar pelos sujeitos que se
ocuparam, exclusivamente, desta forma de
fazer circular a música, fazendo-a educativa
e alcançando seu letramento, sua alfabetização,
seu repertório.
Na terceira sala, ouve-se o conteúdo relacionado
às práticas musicais mineiras já
descontinuadas. Compõe-se de repertório
de peças que problematizam aspectos
identitários vigentes nas representações
culturais feitas nas instâncias domésticas,
nas quermesses, nas danças de salão e,
finalmente, nos coretos das praças. O uso
da música para a educação da mulher no
final do século XIX, a cultura impressa que
relativiza a moda por meio das capas das
peças para piano, uma história da educação
musical pouco explorada, que descortina
outros pontos de partida para a música
popular de hoje.
Na quarta sala, em clássica expografia
desenhada em 2007, é possível conhecer o
maior projeto desenvolvido até os dias hoje
no contexto musicológico brasileiro, pela
qual soa a música de compositores que
atuaram profissionalmente compondo
música para coro e orquestra. Apontam-se
aspectos da sua biografia e do labor para
que fosse composta a sua obra. Ressaltase,
na sua trajetória, o fato de serem negros
e pardos e ascenderem socialmente por
meio do fazer musical, usando elementos
que caracterizam a música mineira pela
sonoridade e pelos traços de quem a faz.
A seguir é possível ainda visitar uma pequena
mostra tridimensional onde estão exibidos
instrumentos de teclado, de uso característico
na região, ver partes do incrível
órgão da Sé, instalado no começo da
segunda metade do século XVIII; e instrumentos
descontinuados, oriundos de
corporações musicais centenárias de
Mariana e do entorno.
Os projetos sociais do Museu da Música, ao
completar 45 anos de sua instituição, tem
como eixo principal ações educativas que
visam mediar as fontes documentais,
situando o público sobre as condições em
que foram produzidas. O resultado almejado
é que o público possa ressignificar esse
espaço e as fontes, criando novos significados
no tempo presente.
Foto:Vitor Gomes
Foto:Vitor Gomes
Foto: Márcio Lima
Órgão Arp Schnitger da Catedral de Mariana
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A catedral da Sé de Mariana guarda um
precioso tesouro musical – um órgão
construído em 1701, em Hamburgo
(Alemanha), por Arp Schnitger (1648-
1719), um dos maiores construtores de
órgãos de todos os tempos. Enviado
inicialmente a uma Igreja Franciscana em
Portugal, o órgão chegou ao Brasil em
1753, como presente da coroa portuguesa
ao primeiro Bispo de Mariana.
É um instrumento de grande importância,
tanto pela sua antiguidade e comprovada
autoria, quanto por ter sido objeto de um
amplo trabalho de restauração. Entre os
órgãos da manufatura Schnitger que
sobreviveram até hoje, esse é um dos
exemplares mais bem conservados e o
único que se encontra fora da Europa. O
instrumento está sendo estudado, a fim
de fazer parte do tombamento internacional
de órgãos da manufatura Arp
Schnitger pela Unesco.
Construído na Alemanha, provavelmente
em 1701, esse órgão passou um período
em Portugal e, tendo sido colocado à
venda em 1747, foi adquirido das mãos do
organeiro João da Cunha pelo Rei D.
João V que pretendeu enviá-lo à Mariana,
mas que faleceu antes disso acontecer.
Assim, seu filho D. José I fez do órgão um
presente à récem criada Diocese de
Mariana que, já em 1748, mantinha, em
sua Sé, um organista: Pe. Manuel da
Costa Dantas e um mestre de capela: Pe.
Gregório dos Reis Melo.
Desde sua instalação, em 1753, o órgão
Arp Schnitger foi o centro de uma intensa
atividade musical na Sé de Mariana, cuja
memória escrita é o acervo de partituras
do Museu da Música, que abriga obras de
compositores do período colonial. São
compositores de várias cidades do
Estado e do país. Após muitos anos de
funcionamento ininterrupto, nos quais por
algumas vezes recebeu algumas modificações
visando adaptá-lo ao gosto
vigente na época, por volta da década de
30 o órgão da Sé parou de funcionar.
Somente na década de 70, após pesquisas
sobre a sua procedência e do reconhecimento
de sua importância para o
acervo de instrumentos musicais não só
brasileiro, mas também mundial, foi feito
um esforço concentrado para a restauração
do instrumento.
Na década de 1970 o organista alemão
Karl Richter esteve em Mariana a convite
do Arcebispo D. Oscar de Oliveira para
fazer uma avaliação do instrumento que
continha, no interior de sua caixa, um
grande número de peças originais preservadas
e considerou esse instrumento um
órgão muito importante, saído provavelmente
da manufatura de Arp Schnitger.
Após essa visita, os elementos musicais
do órgão foram enviados a Hamburgo,
Alemanha, onde foram reformados.
Reinaugurado em 1984 o Órgão Arp
Schnitger voltou a ser centro da vida
musical de Mariana, acompanhando
missas e celebrações litúrgicas, além de
ser apresentado em concertos regulares.
No ano de 1997, ocorreu a outra restauração.
A afinação foi mudada para um
sistema mais condizente com a época de
construção do instrumento e alguns
r e g i s t r o s f o r a m r e c o n s t r u í d o s
Juntamente com a restauração foi refeita
a pesquisa histórica do instrumento,
visando o levantamento de mais dados
desde a sua construção até a chegada em
Minas, assim como suas diferentes
funções ao longo de sua história.
É um instrumento de grande importância,
tanto pela sua antiguidade e comprovada
autoria, quanto por ter sido objeto de um
amplo trabalho de restauração. Entre os
órgãos da manufatura Schnitger que
sobreviveram até hoje, esse é um dos
exemplares mais bem conservados e o
único que se encontra fora da Europa.
Nos últimos anos foi alvo de estudos, a fim
de fazer parte do tombamento internacional
de órgãos da manufatura Arp
Schnitger pela Unesco.
Referência:
www.orgaodase.com.br
16 anos da 16 de Julho
Mariana é a cidade mineira com maior
número de corporações musicas (bandas
sinfônicas) são onze: Três das bandas civis
de Mariana estão localizadas na sede e oito
estão nos distritos.
A aniversariante do mês de julho é a
Sociedade Musical 16 de Julho. Fundada
no dia 16 de julho de 2002, por Nely Gomes
de Freitas, Geraldo Magela Reis, Iraci
Ramos Reis e Magaly do Reis de Freitas,
Parabéns
passou a ter expressiva participação nas
festividades da comunidade.
É uma instituição sem fins lucrativos que
teve como princípio base para sua fundação
o resgate da cultura da banda e um meio de
alegrar e abrilhantar as festividades da
comunidade, é a banda mais nova do
município.
Sociedade Musical 16 de Julho !
Arquivo da Corporação Musical
A Revista Mariana Histórica e Cultural disponibiliza gratuitamente, em parceria com a
MASTERIX Sistemas, o mais completo site sobre a cultura e a história de Mariana na
rede mundial de computadores. A empresa MASTERIX é referência em sistemas
e soluções inteligentes para web há mais de doze anos.
www.marianahistoricaecultural.com.br