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18 Nacional<br />
Foz do Iguaçu, sexta-feira, 5 de outubro de 2018<br />
EDUCAÇÃO<br />
Governo anuncia recursos de<br />
R$ 600 milhões para o ensino médio<br />
O objetivo é mensurar o retorno social do investimento, no combate à reprovação e ao abandono dos estudantes<br />
Andreia Verdélio e<br />
Mariana Tokarnia<br />
Repórter da Agência Brasil<br />
O presidente Michel Temer<br />
e o ministro da Educação,<br />
Rossieli Soares, anunciaram<br />
ontem (4) investimentos<br />
de R$ 600 milhões<br />
para apoiar a implementação<br />
do Novo Ensino Médio<br />
e para a avaliação do impacto<br />
do Programa do Ensino<br />
Médio em Tempo Integral,<br />
em escala nacional. Temer<br />
ressaltou a importância dos<br />
programas, que, segundo<br />
ele, contemplam demandas<br />
educacionais e sociais. "De<br />
um lado, a vertente educacional,<br />
se fica mais na escola,<br />
vai aprender mais. Mas<br />
tem a vertente social, num<br />
país pobre como o nosso,<br />
muitos dos alunos são carentes<br />
são vulneráveis, eles<br />
se alimentam na escola, essa<br />
é a grande vantagem do ensino<br />
integral".<br />
De acordo com o Ministério<br />
da Educação (MEC),<br />
312 escolas públicas de ensino<br />
médio em todos os estados<br />
e no Distrito Federal<br />
poderão participar da pesquisa<br />
de impacto sobre o<br />
tempo integral no ensino<br />
médio. As avaliações serão<br />
feitas no âmbito de qualidade<br />
do aprendizado, rendimento<br />
escolar e redução<br />
de desigualdades entre os<br />
alunos, entre outras variáveis.<br />
O objetivo é mensurar<br />
o retorno social do investimento,<br />
no combate à reprovação<br />
e ao abandono dos estudantes,<br />
e qualificar os<br />
gastos em educação.<br />
"Não dá mais para ter 3,5<br />
milhões de jovens entrando<br />
no primeiro ano do ensino<br />
médio e 1,7 milhão concluindo.<br />
Estamos perdendo<br />
milhões de jovens", disse o<br />
ministro Rossieli Soares.<br />
"Se continuarmos formando<br />
mal os nossos jovens, estamos<br />
jogando fora o futuro<br />
deles", ressaltou.<br />
Para a execução da pesquisa,<br />
o MEC vai disponibilizar<br />
R$ 200 milhões, a<br />
serem pagos ainda em 2018,<br />
às escolas que adotarão o<br />
tempo integral em 2019. A<br />
verba será distribuída de<br />
acordo com a quantidade<br />
Governo federal quer melhorar a qualidade da educação no ensino médio<br />
de alunos matriculados.<br />
As escolas pré-selecionadas<br />
como elegíveis pelo<br />
MEC têm em comum a alta<br />
vulnerabilidade socioeconômica,<br />
o mínimo de 100<br />
alunos matriculados no ensino<br />
médio e ainda não contam<br />
com ensino médio em<br />
tempo integral. Escolas,<br />
mesmo sem a infraestrutura<br />
adequada, podem participar<br />
da pesquisa, mas é requisito<br />
a adequação até<br />
2020. Segundo Soares, os<br />
recursos poderão ser utilizados<br />
para melhorar essa<br />
infraestrutura, em materiais<br />
pedagógicos e formação e<br />
em salários e gratificações.<br />
A portaria de avaliação<br />
de impacto deverá ser publicada<br />
hoje (5) pelo MEC,<br />
e a adesão poderá ser feita<br />
pelas escolas até 19 de outubro.<br />
Para Soares, é preciso<br />
pensar a política pública já<br />
considerando o seu processo<br />
de avaliação. "Isso é muito<br />
importante para que o<br />
Brasil tome decisões mais<br />
acertadas a partir de evidências<br />
claras. Acertando<br />
no uso do dinheiro público",<br />
disse.<br />
"O MEC tem discutido<br />
muito para que, cada vez<br />
mais, a gente avance em<br />
políticas públicas baseadas<br />
em evidencias, sabendo o<br />
que dá certo e porque dá<br />
certo", explicou o ministro.<br />
"Não dá mais para ser como<br />
era, ter uma política pública<br />
sem nenhum acompanhamento,<br />
sem saber se teve<br />
resultado", acrescentou.<br />
Implementação do<br />
ensino médio<br />
Para apoiar a implementação<br />
do Novo Ensino Médio<br />
até 2020, cerca de 5 mil<br />
escolas de ensino médio receberão<br />
R$ 400 milhões do<br />
Programa Dinheiro Direto<br />
na Escola. Os recursos serão<br />
pagos em três parcelas,<br />
a primeira será paga ainda<br />
em 2018 e corresponde a<br />
20% do valor do repasse.<br />
De acordo com o MEC, a<br />
escola terá que cumprir<br />
metas para o recebimento<br />
de cada uma das parcelas.<br />
Os recursos deverão ser<br />
utilizados, preferencialmente,<br />
para adequação da<br />
infraestrutura, aquisição de<br />
equipamentos, projetos pedagógicos<br />
e formação de<br />
professores. Além disso, a<br />
verba também poderá ser<br />
destinada à aquisição de<br />
material permanente e de<br />
consumo, na avaliação da<br />
aprendizagem e do desenvolvimento<br />
de atividades<br />
educacionais.<br />
Soares explicou que escolas<br />
que têm alunos com<br />
perfil de nível socioeconômico<br />
muito baixo ou baixo,<br />
escolas quilombolas, indígenas<br />
e rurais, por exemplo,<br />
receberão um adicional<br />
de 10% do valor. A prioridade,<br />
segundo o ministro, é<br />
investir em escolas que têm<br />
menos de mil horas no currículo<br />
de cada ano do ensino<br />
médio, para que alcancem<br />
essa carga horária.<br />
"Algo que temos que<br />
trazer para o centro [do<br />
debate] é o aprendizado.<br />
Há pouco tempo divulgamos<br />
os resultados da educação<br />
brasileira e eles são<br />
preocupantes, especialmente<br />
em relação ao ensino<br />
médio, que não tem<br />
tido melhoria na aprendizagem.<br />
Os jovens continuam<br />
abandonado a escola e<br />
esse processo de transformação<br />
é muito importante.<br />
A gente precisa colocar<br />
o jovem no centro, trabalhar<br />
o protagonismo da<br />
nossa juventude", disse o<br />
ministro da Educação.<br />
A portaria do Programa<br />
Dinheiro Direto na Escola<br />
para o novo ensino<br />
médio também deverá ser<br />
publicada amanhã (5)<br />
pelo MEC. As escolas terão<br />
de 5 a 25 de novembro<br />
para aderir ao programa.<br />
Piores indicadores<br />
O ensino médio é o grande<br />
gargalo da educação básica<br />
brasileira. É a etapa que<br />
concentra os piores indicadores<br />
escolares: altas taxas de<br />
abandono, alta porcentagem<br />
de repetência e piores índices<br />
de aprendizagem.<br />
De acordo com o Ministério<br />
da Educação, quando<br />
saem da escola, ao final do<br />
ensino médio, sete em cada<br />
10 estudantes não aprendem<br />
o básico em português. O<br />
mesmo número tem aprendizado<br />
insuficiente em matemática.<br />
Na outra ponta, apenas<br />
4,5% dos estudantes alcançaram<br />
um nível de aprendizagem<br />
considerada adequada<br />
pelo MEC em matemática e<br />
1,6% em língua portuguesa.