Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Edição - Junqueira & Carneiro
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4 1 Tecido Epitelial<br />
• Inervação<br />
A maioria dos tecidos epiteliais é ricamente inervada<br />
por terminações nervosas provenientes de plexos nervosos<br />
originários da lâmina própria. Todos conhecem<br />
a grande sensibilidade da córnea, o epitélio que cobre a<br />
superffcie anterior do olho. Essa sensibilidade se deve ao<br />
grande número de fibras nervosas sensoriais que se ramifi<br />
cam entre células epiteliais da córnea. Além da inervação<br />
sensorial, o funcionamento de muitas células epiteliais<br />
secretoras depende de inervação que estimula ou inibe<br />
sua atividade.<br />
• Renovação das células epiteliais<br />
A ma.ioria dos tecidos epiteliais são estruturas dinâmicas<br />
cujas células são continuamente renovadas por atividade<br />
mitótica. A taxa de renovação é variável; pode ser rápida<br />
em tecidos como no epitélio intestinal, que é totalmente<br />
substituído a cada semana, ou lenta, como no fígado e pâncreas.<br />
Em tecidos epiteliais de revestimento cstrati ficados e<br />
pseudoestratificados as mitoses ocorrem na camada basal<br />
do epitélio, a camada mais interna próxima à lâmina basal,<br />
onde se encontram as células-tronco desses epitélios. Nos<br />
epitélios estratificados as novas células continuamente<br />
migram para a superfície ao mesmo tempo que células<br />
superficiais descamam.<br />
4' 0<br />
<strong>Histologia</strong> aplicada<br />
Metaplasia<br />
Em determinadas condições atípicas, um tipo de tecido epitelial<br />
pode transfonnaMe em outro. Esse processo, quando reversível, é chamado<br />
rnetaplasia. Os exemplos seguintes ilustram este processo:<br />
· Em tabagistas que fumam grande quantidade de cigarros, o epitélio<br />
pseudoestratificado ciliado que reveste os brônquios pode transformar-se<br />
em epitélio estratificado pavirnentoso<br />
• Em indivíduos com deficiência crônica de vitamina A, os tecidos epit.eliais<br />
existentes nos brônquios e bexiga urinária são substituídos<br />
gradualmente por epitélio estratificado pavirnentoso.<br />
A rnetaplasia é urna modificação benigna. Ela não se restringe a teódos<br />
epiteliais, podendo também ocorrer no teódo conjuntivo.<br />
• Controle da atividade glandular<br />
Normalmente, as glândulas são sensíveis tanto ao controle<br />
nervoso como ao endócrino. Um desses mecanismos,<br />
no entanto, geralmente predomina sobre o outro. A secreção<br />
no pâncreas exócrino, por exemplo, depende principalmente<br />
do estímulo dos hormônios secretina e colecistoquinina.<br />
As glândulas salivares, por outro lado, estão<br />
principalmente sob controle nervoso (Capítulo 15). O controle<br />
endócrino e nervoso das glândulas se dá pela ação de<br />
substâncias chamadas de mensageiros químicos para os<br />
quais as células secretoras têm receptores em suas membranas.<br />
Esses mensageiros são constituídos por hormõnios ou<br />
por mediadores químicos liberados nas sinapses nervosas<br />
estabelecidas na superfície das células glandulares.<br />
... Alguns tipos característicos<br />
de células epiteliais<br />
• Células que transportam íons<br />
Em mamíferos, a concentração do íon sódio (Na' ) no<br />
fluido extracelular é de 140 mmolJe, enquanto a concentração<br />
intracelular é de 5 a 15 mmol/ R. Além disso, o interior<br />
das células é eletricamente negativo em relação ao ambiente<br />
extracelular. Sob essas condições, Na+ tenderia constantemente<br />
a difundir-se de fora para dentro da célula, a favor do<br />
gradiente elétrico e de concentração.<br />
Todas as células têm a capacidade de transportar certos<br />
íons contra uma concentração e contra um gradiente<br />
de potencial elétrico, de um local menos concentrado<br />
para um local mais concentrado. Esse processo é chamado<br />
transporte ativo, e requer energia para que seja efetivo.<br />
Devemos distingui-lo da difusão passiva, que se dá a favor<br />
de um gradiente de concentração, isto é, de um local mais<br />
concentrado para um menos concentrado, e que não requer<br />
energia ou requer muito pouca energia.<br />
Para manter baixas concentrações intracelulares de sódio<br />
as células usam a energia armazenada no ATP para expulsar<br />
Na• ativamente da célula por meio de uma ATPase Na•/<br />
K+ que é ativada por Mgi.. mecanismo chamado bomba de<br />
sódio (ou bomba de sódio/potássio). Algumas células epiteliais<br />
(p. ex., dos túbulos proximais e distais do rim e dos<br />
duetos estriados de glândulas salivares) usan1 a bomba de<br />
sódio para transferir sódio através do epitélio do ápice para<br />
a base; isto é conhecido como transporte transcelular.<br />
A superficie apical das células dos túbulos proximais<br />
é permeável a Na', que entra livremente na célula. Para a<br />
manutenção do adequado equilíbrio elétrico e osmótico,<br />
quantidades equimolares de cloreto e água acompanham<br />
os íons Na' quando eles entram na célula. A superfície<br />
basal dessas células é muito pregueada (Figura 4.27) e, ao<br />
microscópio eletrônico, observam-se muitas invaginações<br />
da membrana plasmática. Além disso, há complexas interdigitações<br />
entre prolongamentos basais de células adjacentes.<br />
Entre as invaginações há muitas mitocôndrias que<br />
fornecem a energia (ATP) para a extrusão ativa de Na'<br />
da base da célula para o meio extracelular. Cloreto e água<br />
acompanham passivamente o sódio. Desse modo, sódio é<br />
devolvido à circulação e, no caso dos túbulos renais, nâo é<br />
perdido em grande quantidade através da urina.<br />
Junções estreitas têm um papel importante no processo<br />
de transporte. Em razão de sua relativa impermeabilidade<br />
a íons, água e moléculas grandes, elas impedem o retorno,<br />
pelo espaço entre as paredes laterais das células, de grande<br />
parte dos materiais transportados pelo epitélio. Caso contrário,<br />
muita energia seria desperdiçada.<br />
O transporte de íons e o consequente fluxo de fluidos<br />
podem acontecer em direções opostas (apical - basal,<br />
basal - apical) em diferentes tecidos epiteliais. No intestino,<br />
nos túbulos proximais do rim, nos duetos estriados<br />
das glândulas salivares e na vesícula biliar, a direção do<br />
fluxo é do ápice da célula para sua região basal. O fluxo tem<br />
direção oposta em outros epitélios, como no plexo corioide